Capítulo 31Dona Amélia, como sempre, demonstrava elegância e firmeza. Após colocar os óculos e organizar seus pensamentos, decidiu que era hora de esclarecer certas situações que a incomodavam. Ligou para sua amiga Clara com a habitual cordialidade, mas sua voz tinha um tom que deixava claro que a conversa seria direta.- Clara, querida, como está? Precisamos nos ver. Aproveitando, Cecília estará por aí? - perguntou, com uma sutileza calculada.Assim que teve a confirmação, Dona Amélia se arrumou com um toque de sofisticação discreta e foi à casa de Clara. Ao chegar, foi recebida calorosamente, mas não demorou para que o chá das três adquirisse um tom mais sério.Cecília, toda sorrisos e tentando manter as aparências, fazia de tudo para impressionar Dona Amélia. No entanto, a matriarca, sempre observadora, sabia muito bem o que estava por trás daquela fachada encantadora.Após alguns minutos de conversa trivial, Amélia ajeitou os óculos no rosto e olhou diretamente para Cecília, sua
Capítulo 32 Deitada nos braços de Gabriel, Jussara sentia o calor reconfortante do corpo dele contra o seu. A respiração suave dele parecia acalmá-la, mas sua mente estava inquieta. Ela acariciou levemente o braço dele que repousava em sua cintura, perdida em pensamentos. “Como sou sortuda...”, pensou. Desde que chegou àquela casa, Dona Amélia a tratava com um carinho genuíno, quase maternal. Era uma sensação que Jussara não experimentava há tanto tempo. Após perder os pais, ela achou que nunca mais sentiria esse tipo de acolhimento. Agora, cada gesto da futura sogra, cada olhar cheio de ternura, preenchia um vazio que ela nem sabia que ainda existia. Mas, como uma nuvem passageira, um pensamento desconfortável cruzou sua mente. Marcos. Era a segunda vez que o encontrava no mesmo lugar, e dessa vez, dentro da empresa de Gabriel. Ela se remexeu levemente na cama, tentando ignorar a inquietação que isso trazia. “Será que ele trabalha lá? E se sim... Será que Gabriel o conhece?” Ela
Capítulo 33No dia seguinte, Gabriel foi obrigado a retomar suas responsabilidades no trabalho. Embora quisesse passar mais tempo com Jussara, uma reunião importante o tirou de seus braços logo cedo naquela manhã. Após encerrar a reunião, chamou sua secretária para ajustar a agenda do restante do dia. Quando ela saiu do escritório, Marcos entrou. Para a surpresa de Gabriel, pela primeira vez o filho mostrou uma postura educada, ainda que um pouco seca.Marcos entregou alguns documentos e começou a discutir assuntos da empresa com o pai. A conversa foi breve, e ao terminar, ele se levantou para sair. Porém, antes que pudesse deixar a sala, Gabriel o chamou: — Marcos, o que está acontecendo com você? Tem algo que queira me dizer? Marcos hesitou por um momento, mas suspirou e decidiu se abrir um pouco. — Pai, ontem vi... a minha ex. Ela estava aqui na empresa. Gabriel franziu o cenho, atento ao tom do filho, mas não interrompeu. — E então? — incentivou. — Ela está grávida. —
Capítulo 34Dona Amélia bateu suavemente na porta e, ao ouvir o consentimento de Gabriel, entrou com elegância, ajustando a bolsa no braço. — Tudo bem, meu amor? Gabriel levantou os olhos dos papéis, surpreso. — Mamãe? Não esperava vê-la por aqui. Estou ótimo, obrigado. Ela caminhou até ele, analisando-o com o olhar experiente. — Sabe, ainda bem que eu vim. — O que quer dizer? — Deixe comigo, meu querido. Eu resolvo. Ele arqueou uma sobrancelha, mas não insistiu. — Está certo. — Você já almoçou? Parece um pouco abatido. Gabriel suspirou e passou a mão pelo rosto. — Estou um pouco cansado. Ainda não almocei. — Então, somos dois. Vamos aqui pertinho, estou faminta. Ele sorriu e se levantou. — Claro, mamãe. Como a senhora quiser. Dona Amélia lhe ofereceu um sorriso caloroso. — Sempre tão educado. Que orgulho. Completamente diferente de como estava após o acidente, mas te entendo, era difícil tudo aquilo para você, querido. Gabriel parou por um instante
Capítulo 35Dona Amélia estava sentada na sala de estar, conversando ao telefone com Clara. Ela ajeitou o óculos e se recostou no sofá, enquanto ouvia atentamente.— Claro, Clara, será um prazer. A apresentação de ópera? Adoraria. Quando será?Clara, do outro lado da linha, sorriu ao ouvir a resposta positiva de Dona Amélia.— Que bom que você aceitou! Vai ser na próxima sexta-feira. É uma oportunidade perfeita para você se divertir um pouco. Ah, e eu pensei em algo. Que tal convidar seu filho, Gabriel, e a namorada dele para se juntarem a nós?Dona Amélia fez uma pausa, refletindo.— Hmm, acho que seria ótimo. Vou convidá-los e, se puderem, será uma ótima oportunidade para todos nós aproveitarmos uma noite agradável juntos.Clara, satisfeita, respondeu com entusiasmo.— Fico feliz que tenha aceitado o convite! Acho que será uma ótima noite, com boa música e boa companhia.Dona Amélia sorriu, com os olhos brilhando ao imaginar o evento.— Com certeza, Clara. Vou falar com Gabriel sobr
Capítulo 36Gabriel digitou rapidamente no celular, enviando uma mensagem para Jussara:Gabriel:"Oi, amor. Onde você está?"A resposta dela veio pouco depois:Jussara:"Vim ao salão cortar o cabelo e fazer as unhas. Não avisei sua mãe porque ela tinha saído."Gabriel sorriu, imaginando-a se cuidando, e respondeu:Gabriel:"Tudo bem. Aproveite o dia. Só queria avisar que fomos convidados para uma ópera."Jussara:"Ópera? Nossa, que chique! Quando?"Gabriel:"Sexta à noite. Minha mãe quer que a gente vá juntos. Está tudo bem para você?"Jussara:"Claro! Perfeito. Amo você!"Gabriel:"Também amo você. Até daqui a pouco."Ele guardou o celular, satisfeito, e já começou a pensar em como seria sexta à noite com Jussara.Gabriel chamou sua secretária pelo interfone.— Pode chamar o Marcos para vir à minha sala, por favor? — pediu ele, com a voz tranquila, mas firme.Pouco depois, a secretária retornou:— Senhor Gabriel, o Marcos saiu da empresa há pouco. Parece que foi logo depois de conver
Capítulo 37No início da noite, Marcos estava em uma boate, afundado em um sofá de couro na área VIP, com um copo de whisky na mão. Seus olhos estavam vermelhos, não apenas pela bebida, mas também pela raiva e frustração que transbordavam de cada palavra. Ao seu lado, seu amigo Gustavo ouvia atentamente, embora tivesse a expressão de quem estava se divertindo mais com o drama do que oferecendo consolo.- Cara, você não vai acreditar no que aconteceu hoje - começou Marcos, balançando o copo e deixando o líquido âmbar quase transbordar. - Minha vó, a bruxa da Dona Amélia, me fez passar a maior vergonha na empresa.- Como assim? - Gustavo perguntou, rindo de leve enquanto pegava um punhado de amendoins da mesa.- Foi até o RH, cara! RH! Falou que era inadmissível minha atitude. Fez parecer que eu estava tendo um caso ou algo assim. Agora todo mundo tá falando de mim nos corredores, com aqueles olhares de julgamento.- Ah, mano, mas você tava mesmo? - provocou Gustavo, dando uma risadinha
Capítulo 38Na sala de estar, a lareira crepitava suavemente. Gabriel e Jussara estavam sentados lado a lado no sofá, enquanto Dona Amélia já havia se retirado para descansar. Pouco depois, a cozinheira entrou discretamente com um carrinho elegantemente montado, trazendo dois tipos de fondue: queijo e chocolate, acompanhados de frutas, pães, e outros acompanhamentos cuidadosamente dispostos.- Espero que gostem, Sr. Gabriel. Preparei com muito carinho - disse a cozinheira antes de se retirar.Gabriel sorriu e agradeceu com um aceno. Assim que ficaram a sós, ele se virou para Jussara e segurou sua mão com ternura.- Achei que a noite merecia algo especial - disse ele, olhando-a nos olhos. - Você me inspira a querer fazer coisas assim, a querer te mimar sempre.Jussara sorriu, um leve rubor colorindo suas bochechas.- Você já faz tanto por mim, Gabriel. Nem sei como agradecer por ser tão... Amoroso.Gabriel soltou uma risada baixa e pegou uma peça de pão, mergulhando no fondue de queijo