Hiran FuryQuando vi aquele volume todo de água ameaçando tomar todo o navio, a única coisa que pensei foi em salvar a vida de Izys. E ao que parece meu irmão pensou o mesmo, pois nós dois a envolvemos.Nosso poder possui a capacidade de formar escudo, porém não tão potente quanto o de nosso irmão Enry.O volume de água foi contido principalmente por ele e, apesar do alívio, pude ver o pavor estampado na face de Izys. A mulher está uma pilha de nervos e com motivos, porém ela não pode se esforçar nem passar por fortes emoções.— Vamos voltar para o quarto — sugiro, mas os olhos dela estão fixados em Enry. Eu sei que o poder dele pode ser chocante, a dimensão do escudo que produz, e ela nem sabe de tudo que nosso irmãozinho é capaz. Não é à toa que ele é o alfa, o herdeiro que assumiu o posto de nosso pai.— O que vocês são? — inquire com a voz trêmula, ainda sentada no chão.Enry ouve a sua voz e se aproxima. Permito que ele conte a ela, pois nós já contamos muita coisa, pode ser bom
Terra de LunaKillan FuryNão posso negar que no mundo humano há muitas facilidades que no meu mundo não tem, uma delas é o carro. Estamos em uma carruagem guiada por dois cavalos. Meu pai está na frente com o cocheiro e Enry. Na parte de trás estamos Hiran, dona Yolanda, Izys e eu. A pouca bagagem está no chão da carruagem disputando espaço com nossos pés.Conversamos um pouco durante a viagem. Izys fez algumas perguntas, e tentei responder com ajuda de Hiran. Mas eu sei que será um choque para ela viver em um mundo sem todas as coisas que ela está acostumada. Mas tudo o que puder fazer para ajudá-la a se ambientar, eu farei.A carruagem para e descemos. Estamos no limite da floresta para a nossa aldeia. Izys olha tudo com espanto, sei que lhe parece como a sua mãe descreveu: saído dos livros de história.Pego a sua bolsa e jogo sobre os ombros e seguro em sua mão.— Chegamos, quer conhecer a minha casa e minha família? — inquiro e ela olha brevemente para mim com um sorriso e logo d
Izys GhalagerQuando ouço da boca da mulher que o plano do bruxo havia dado certo, tudo o que passa pela minha cabeça é o que pode ter acontecido a Nanda e Layla? E os filhos delas? As duas eram boas amigas e tinham suas famílias. Eu me salvei, mas todos ficaram para trás. Elas morreram ou se tornaram escravas? Não sei se ficar viva e se tornar escrava de um bruxo maldoso pode ser melhor que estar morta.— Izys — ouço a voz preocupada de Killan, que me guia a uma cadeira, onde me sento e tento me equilibrar sobre o móvel.— Eu vou pegar um copo com água — Hiran diz e sai do cômodo.— Estou bem, foi só... — Estremeço apenas de pensar. — Só o impacto da notícia, do que significa para mim.— Você veio do mundo humano? — a mulher de olhos azuis inquire.— Sim — sussurro. Hiran me entrega um copo de cerâmica cheio de água fresca. Dou um gole. — Minas amigas e sua família... Elas morreram ou são escravas agora.Sinto uma mão sobre meu ombro e quando elevo o olhar, vejo a mãe dos meninos me
Hiran Fury Já se passaram mais de vinte anos desde que a profecia e maldição da antiga Rainha Alfa Vik, mais conhecida como a mãe maluca da Naiara, foi lançada sobre o bruxo supremo.Só havia escutado sobre isso uma vez e acho que, assim como eu, ninguém pensava que fosse se concretizar.— Pela deusa, Yan — minha mãe diz alarmada e vai na direção do meu pai, apoiando suas mãos pequenas em seus ombros largos. — Quando a deusa falou comigo, ela me mandou ficar com o rei e disse que o descendente de nosso filho salvaria o seu povo.O olhar de meu pai reflete o dela, e dessa história não me lembro. Meus pais contaram muitas coisas, mas este pequeno detalhe deixaram escapar.— Ela me disse que o futuro estava garantido, que não deveria me preocupar — Yan revela mais uma coisa de que nunca ouvimos falar.Os olhos dos dois voltam-se para o alta da escada. Enry está descendo as escadas com um sorriso que ilumina todo o seu rosto.— Vocês não vão acreditar, recebi o maior dos presentes ao ret
Terra SupremaHandallO orgulho me invade. Valeu a pena todo esse tempo.Caminho entre os escombros e o barulho do trabalho dos humanos ao meu redor me deixa maravilhado. Como não havia pensado nisso antes? Alguns percalços surgem para mostrar a nós um caminho mais vantajoso.— Senhor, ela está passando mal — ouço uma voz aguda em meus ouvidos, mas não me importo. Quando eu era escravo alguém se importava com as minhas súplicas? Não!— Deixe-a e volta a trabalhar — exijo ao observar a mulher com aspecto cansado, pele pálida e suja de terra e poeira.— O sol está muito forte, só precisamos de água, senhor! — pede outro e reviro os olhos. Povo fraco.Me abaixo, ficando de cócoras, e encaro o homem com a picareta em mãos. Ele está dentro de um buraco que estava sendo feito para a fundação do muro que quero construir.— Eu já fui escravo — revelo e ele espanta-se. — Sabe o que me diziam quando eu falava que estava quente, que estava com sede, que só queria um copo de água? — O homem balan
Izys Ghalager Tem uma semana que estou em Terra de Luna, é como aqueles filmes de fantasia em que o protagonista volta no tempo e precisa se adaptar com a falta de tecnologias. Não há carro, telefone, televisão... nada do que tínhamos em Terra de Eva. Mas não posso dizer que é ruim. É uma vida simples, mas muito agradável.Na aldeia do clã dos Fury, todos tem suas funções. Há os guardas, as cozinheiras, aqueles que cuidam da plantação e assim sucessivamente. Como um membro estranho na família, fiquei com a tarefa de ajudar Marry na casa. Minha mãe fez amizade com umas senhoras que produzem roupas, e ela deve estar com elas neste momento.Estou descascando batatas quando Naiara, a esposa de Enry, entra na cozinha e se senta à mesa.— Como está se sentindo, Naiara? — Marry inquire, enquanto limpa a ave que será preparada em breve.— Bem melhor, minha sogra. Aquele seu chá foi maravilhoso — agradece, pois ela acordou vomitando esta manhã. — Enry disse que é uma menina — comenta exultant
Killan FuryEnry estava tão feliz com a descoberta que seu bebê seria uma linda menininha que resolveu fazer um banquete para toda a aldeia. Saímos com ele para caçar e colher legumes e verduras.Em forma de lobo, corremos por toda a floresta e abatemos três cervos. Na plantação colhemos tudo o que precisaríamos e nos cercados de criação, pegamos algumas aves para complementar. Mas o serviço ainda não terminou, além de termos que limpar toda a caça, ainda precisaremos coletar lenha para a grande fogueira.Será uma noite de festa, muita comida, bebida e dança.Quando retornamos, completamente nus devido ao fato de termos caçado na forma de lobo, passamos primeiro no poço, nos lavamos e nos vestimos. Pelo menos Hiran e eu fizemos isso, pois minha mãe não fica nem um pouco feliz com a sujeira que fazemos, porém, meu pai e Enry mal se lembraram de vestir uma capa, e isso porque Izys e dona Yolanda estão na casa. Minha mãe diz que eles são dois sem vergonhas.Ao retornarmos, vejo Izys enca
Izys GhalagerQuando abro a porta do meu apartamento, acho tudo muito estranho. Geralmente é muito silencioso, pois meu noivo está no trabalho a essa hora, mas há um som vindo do quarto.O apartamento é pequeno, apenas um refúgio que meu noivo e eu achamos necessário para nos encontrarmos e ter algum momento juntos, porém com toda a minha rotina de trabalho e cuidados com minha minha mãe, idas e vindas a hospitais, poucas foram as vezes que desfrutamos da privacidade deste apartamento.Caminho cautelosamente até o quarto, o som está mais alto. Primeiro notei o som de uma música sensual, depois ouvi gritos, mas não de dor, eram gritos de prazer e isso fez meu estômago pesar, meu coração se apertar e fiquei estagnada na porta, tomando coragem para abrir.De certa forma eu já sabia o que estava acontecendo ali dentro, mas abrir e ver, tornaria aquilo tudo real demais. Porém, respiro fundo tomando coragem, e abro a porta.Albert leva um susto e a mulher cai de bunda no chão.— Izys... o qu