Izys GhalagerPisco os olhos e o ambiente claro, que conheço bem, toma forma na minha frente. Estou em um dos quartos particulares do hospital.“O que estou fazendo aqui?” a pergunta mental se forma e em seguida a resposta: eu vi Hiran e alguém que parece ser a sua cópia fiel. Eu deveria estar alucinando, é isso, uma alucinação. E depois de vê-los, desmaiei.Me forço para me sentar e ouço passos aproximando-se de mim rapidamente.— Não se esforce, Izys — ouço a voz masculina, e quando viro-me na sua direção, contemplo o belo homem de olhos azuis e cabelos escuros soltos, rebeldes, e não trançados como havia visto antes.— Hiran... — sussurro seu nome. Fico surpresa em como minha voz soa fraca aos meus ouvidos. — O que houve? Eu acho que vi coisas, minha mente deve estar pregando peças em mim.Ele fica em silêncio, não responde de imediato e isso me preocupa.— Você desmaiou, e... precisamos conversar. — Ele se aproxima lentamente e se senta ao meu lado. Seus dedos calejados passam por
Killan FuryMeu irmão e eu conversamos bastante enquanto Izys estava adormecida. O médico explicou que quando seu corpo se recuoerasse do choque, ela despertaria. E também, ela estava fraca e pouco hidratada, o que levou o médico a administrar uma bolsa de soro.Izys etá grávida.Essa frase não deixa a minha cabeça por nenhum segundo.Ela foi para a cama com Hiran, achando que tinha me reencontrado. Meu irmão não tem culpa. Izys não também não, e nem eu. Fomos vítima de uma grande confusão e agora temos um bebê no meio disso tudo.Izys se mexe na cama hospitalar e meu irmão se aproxima apressadamente.— Acho melhor você esperar lá fora — sugere ele e me irrito.— O quê? — inquiro um pouco alto demais e ele faz um gesto de silêncio.— Fala baixo, Killan! Eu só quero que ela não se assuste!Analiso-o e ele tem razão.— Não vai mentir a ela, dizendo que viu coisas e que...— Não! — Hiran me interrompe. — Jamais faria isso. Eu só quero prepará-la para que entenda que somos gêmeos, ela ac
Terra de LunaEnry Kall FuryNaiara e eu tivemos uma tarde quente, e ela agora se encontra aninhada em meus braços. Passo os dedos em seus cabelos cacheados, sentindo a delicadeza deles.Tem quase dois anos que estamos casados e ela ainda não concebeu. Sei que a deusa tem os seus planos, mas minha esposa fica ansiosa. Cada atraso em sua menstruação, Naiara acredita que pode estar grávida, e toda vez que o sangue desce, é uma frustração muito grande. Eu sinto a dor dela dentro do meu coração.Ela tenta esconder que está chorando quando chego no quarto de surpresa, e eu finjo não perceber sua tristeza para não aumentar o seu desconforto. Mas ela colocou na cabeça que deveríamos tentar mais, que deveríamos estar nos amando muito pouco para que um bebê fosse gerado. E quem sou eu para contradizer as palavras da minha mulher.Mas enquanto estou abraçado a ela, sinto algo que me chama. O chamado vem da floresta. O que pode estar acontencendo? Desde o retorno da Margot que nada de estranho t
Terra de EvaIzys GhalagerPassei um dia inteiro em observação, fui consultada pela obstetra e agora só resta realizar o ultrasson para ver se está tudo bem com o bebê. Se confirmar que meu filho e eu estamos bem, serei liberada. Estou ansiosa.Hiran e Killan estão do meu lado na sala do exame. Disse à médica que o pai do meu bebê é Hiran, mas que eu gostaria que Killan também estivesse presente. Ela não me questionou, apenas orientou que fizéssemos silêncio.Ainda estou confusa com relação a Killan e Hiran, não sei o que vou fazer com esses dois.O exame começa, o gel gelado é espalhado por minha pele e o aparelho desliza mostrando na tela uma imagem borrada que não compreendo.— Vou poder ver meu filho nessa tela? — inquire Hiran.A médica desvia o olhar rapidamente para o pai do meu filho, seus olhos claros o encaram sobre as lentes de seus óculos com armação fina e dourada.— Quando ele for maior vão conseguir vê-lo perfeitamente. Nesta fase da gestação ele é pouco mais do que um
Killan FuryMe preocupo com seu estado. Izys precisa de repouso pelo bem do bebê, que felizmente está bem, mas temo que esse abalo emocional possa ser prejudicial.Seu corpo treme com as lágrimas que ela verte, e imediatamente meu corpo é levado a abraçá-la, confortá-la.— Ficará em observação por mais um dia, e se manter estável amanhã, receberá alta — declara a médica, ainda falando com Izys. — Mas deverá ir para casa, fazer o máximo de repouso possível, e tomar as vitaminas que vou prescrever — orienta a médica.— Mas doutora, eu não tenho ninguém para ajudar. Minha mãe está hospitalizada, preciso trabalhar para pagar as minhas contas e em casa... — o desespero está presente em sua voz trêmula e eu a abraço com força, tentando passar segurança.Meu irmão também se aproxima dela, depositando um das mãos em seu ombro, passando um pouco mais de apoio. Ela precisa sentir que estamos do lado dela.— Nós cuidaremos dela, doutora — declara Hiran e Izys olha para ele, chocada.— Muito bem
Hiran FuryFiz questão de comprar um lindo buquê de flores para a mãe do meu filho, representando não só a mim, mas também meu irmão.A médica disse que depois do exame ela seria liberada, se a condição de Izys estivesse estável. Abro a porta de seu quarto sem bater, mas dou de cara com uma senhora de cadeira de rodas. Olhando para a mulher, os olhos claros muito semelhantes ao de Izys e o formato do nariz me dizem que essa mulher pode ser a sua mãe. Porém, a mulher está chocada ao nos ver. Posso dizer que este não é o melhor momento para conhecer a avó do meu filho.— Me desculpe, não sabia que estava com vistas — digo me lembrando das cortesias do mundo humano.— Hiran — Izys pronuncia com caltela. Percebo que ela está tensa com o espanto da mãe. — Killan, esta é a minha mãe, dona Yolanda.Killan encurta o espaço rapidamente, com o sorriso galante que ele possui e estende a mão para a senhora que ainda mantém a boca aberta e os olhos nos percorrendo.— Eu sou Killan, é um prazer con
Izys GhalagerTem uma semana que estou na casa dos gêmeos. Os dois foram um amor comigo. Se preocupam, sempre me ligam ou mandam mensagem para saber como estou me sentindo e cuidam da minha alimentação.Layla é uma mulher de uns quarenta anos que eles contrataram para cuidar de mim e da casa, mas confesso que não aguento mais ficar na cama o dia inteiro. Eu preciso me levantar e fazer alguma coisa.Calço a meia nos pés, pois hoje está frio. Visto o casaco e saio da cama, indo até a cozinha onde provavelmente Layla está fazendo o almoço.Não tenho sentido cólicas ou dores que podem ser preocupantes, apenas o enjoo e as tonturas persistem. Caminho lentamente até as escadas, desço com cautela e já avisto a mulher de cabelos pretos presos em um coque apertado, usando luvas enquanto limpa a casa no andar de baixo.— Senhora Izys — ela diz espantada ao me ver e já retira as luvas, vindo na minha direção. — O piso está molhado, se escorregar e cair, o senhor Hiran come meu fígado.— Não exag
Killan FuryEstávamos trabalhando no hospital quando o abalo aconteceu. O hospital estava longe o suficiente do centro da magia para ser atingido por ela, por enquanto. Só sentimos o golpe da magia em nossos corpos, foi instantâneo. Hiran estava do outro lado do pátio, mas me olhou no mesmo momento que senti aquela onda de poder.Os bruxos atacaram. O que eles vão fazer agora não sabemos, mas temos uma suspeita. Pelo menos isso indica que o navio está aqui, e que poderíamos entrar clandestinamente na embarcação para voltarmos até Terra de Luna, mas agora tudo mudou. Tem Izys e o bebê.Abandono meu serviço e vou até meu irmão, que abandonou o trabalho dele também para vir falar comigo.— Você sentiu? — inquire ele, prendendo o cabelo com a tira de couro velho dele.— Senti, foi longe daqui, mas pode ter sido perto da nossa casa — sugiro.— Izys pode estar em perigo — pondera e é o mesmo que penso.— Sim, irmão, pensei isso. Melhor irmos logo, antes que venha outra onda de poder ainda m