Hiran FuryFiz questão de comprar um lindo buquê de flores para a mãe do meu filho, representando não só a mim, mas também meu irmão.A médica disse que depois do exame ela seria liberada, se a condição de Izys estivesse estável. Abro a porta de seu quarto sem bater, mas dou de cara com uma senhora de cadeira de rodas. Olhando para a mulher, os olhos claros muito semelhantes ao de Izys e o formato do nariz me dizem que essa mulher pode ser a sua mãe. Porém, a mulher está chocada ao nos ver. Posso dizer que este não é o melhor momento para conhecer a avó do meu filho.— Me desculpe, não sabia que estava com vistas — digo me lembrando das cortesias do mundo humano.— Hiran — Izys pronuncia com caltela. Percebo que ela está tensa com o espanto da mãe. — Killan, esta é a minha mãe, dona Yolanda.Killan encurta o espaço rapidamente, com o sorriso galante que ele possui e estende a mão para a senhora que ainda mantém a boca aberta e os olhos nos percorrendo.— Eu sou Killan, é um prazer con
Izys GhalagerTem uma semana que estou na casa dos gêmeos. Os dois foram um amor comigo. Se preocupam, sempre me ligam ou mandam mensagem para saber como estou me sentindo e cuidam da minha alimentação.Layla é uma mulher de uns quarenta anos que eles contrataram para cuidar de mim e da casa, mas confesso que não aguento mais ficar na cama o dia inteiro. Eu preciso me levantar e fazer alguma coisa.Calço a meia nos pés, pois hoje está frio. Visto o casaco e saio da cama, indo até a cozinha onde provavelmente Layla está fazendo o almoço.Não tenho sentido cólicas ou dores que podem ser preocupantes, apenas o enjoo e as tonturas persistem. Caminho lentamente até as escadas, desço com cautela e já avisto a mulher de cabelos pretos presos em um coque apertado, usando luvas enquanto limpa a casa no andar de baixo.— Senhora Izys — ela diz espantada ao me ver e já retira as luvas, vindo na minha direção. — O piso está molhado, se escorregar e cair, o senhor Hiran come meu fígado.— Não exag
Killan FuryEstávamos trabalhando no hospital quando o abalo aconteceu. O hospital estava longe o suficiente do centro da magia para ser atingido por ela, por enquanto. Só sentimos o golpe da magia em nossos corpos, foi instantâneo. Hiran estava do outro lado do pátio, mas me olhou no mesmo momento que senti aquela onda de poder.Os bruxos atacaram. O que eles vão fazer agora não sabemos, mas temos uma suspeita. Pelo menos isso indica que o navio está aqui, e que poderíamos entrar clandestinamente na embarcação para voltarmos até Terra de Luna, mas agora tudo mudou. Tem Izys e o bebê.Abandono meu serviço e vou até meu irmão, que abandonou o trabalho dele também para vir falar comigo.— Você sentiu? — inquire ele, prendendo o cabelo com a tira de couro velho dele.— Senti, foi longe daqui, mas pode ter sido perto da nossa casa — sugiro.— Izys pode estar em perigo — pondera e é o mesmo que penso.— Sim, irmão, pensei isso. Melhor irmos logo, antes que venha outra onda de poder ainda m
Killan FuryCarrego Izys no colo até a caverna onde Hiran e eu ficamos até conseguirmos nos integrar na sociedade humana, mas sempre que sentíamos falta do nosso lado lobo, era para cá que vínhamos. Aqui podíamos caçar, correr, beber água direto do rio e dormir sob a luz da lua.Nunca imaginei trazer uma mulher para cá, mas no momento é nossa melhor opção. Se o bruxo atacou, ele vai focar na cidade, onde a maior parte das pessoas vivem.Se não conseguirmos voltar para Terra de Eva, nossa melhor opção é o interior.Coloco Izys em pé diante da caverna. Ela usa uma camisola, meias e um casaco. Com o dia frio, isso é pouco para aquecê-la.— Onde vamos ficar? Não há nada aqui! — diz enquanto seus olhos vagueiam pelas árvores e pedras ao redor.— Tem certeza que não tem nada por aqui? — inquiro, achando graça do que diz. Quando as pessoas estão tão acostumadas a cidade, não conseguem perceber nada de natural.Ela continua olhando ao redor, procurando, mas balança a cabeça, convicta que não
Hiran FuryDeixo Layla em sua casa, que por sorte era afastada o suficiente para não ser atingida. Foi um alívio vê-la bem e abraçada a seus filhos, mas minha missão ainda não havia acabado. Precisava ir até o hospital ver se a mãe de Izys está bem e avaliar se seria melhor deixá-la ou retirá-la de lá.As áreas mais afastadas da cidade não foram atingidas, mas o hospital sentiu os abalos, embora não tenha causado nenhum grande transtorno. Me aproximo do quarto da mulher e sou autorizado a entrar.Dona Yolanda percebe minha chegada rapidamente. Para uma mulher idosa e doente ela me parece bem.— Está tudo bem com Izys? — A preocupação na voz da mulher é evidente. Felizmente posso dar a ela uma boa notícia.— Sim, senhora. Meu irmão e eu conseguimos resgatá-la a tempo.Não entro em detalhes para não deixar a mulher mais abalada. Com certeza isso seria prejudicial a sua saúde.— Ah, que bom — a mulher diz com tom de alívio. — Ela tem feito o repouso direitinho? Tem se alimentado bem? Ela
Izys GhalagerVi que Killan deixou a caverna aparentemente preocupado e fiquei curiosa, por isso o segui. Mas não esperava ver o que vejo agora: três lobos enormes como aqueles dos filmes, e que jamais imaginei ver na minha frente. O pavor é tão grande que não controlo o grito que sai da minha garganta.Killan será devorado, e depois invadirão a caverna e me devorarão também. Que ideia louca foi essa de se esconder em uma caverna no meio da floresta! Não sei o que é pior, morrer sob escombros ou sob os dentes de lobos gigantes.Corro para dentro da caverna e me escondo no fundo, sei que é questão de tempo até que me encontrem. Meu corpo treme, e meu estômago se aperta com a possibilidade do que está por vir.Ouço passos apressados na caverna e vejo Killan se aproximar a passos largos.— Izys — ele fala com urgência e me abraça. — Acalme-se, você está tremendo.A voz dele está cheia de preocupação.Viro-me entre seus braços e passo as mãos por seu corpo e rosto, analisando se está feri
Enquanto Killan estava fora com os outros dois homens, Hiran ficou comigo para fazer companhia, mas sinto que há algo mais.— Precisamos conversar um pouco, tudo bem? — Hiran se aproxima e se senta ao meu lado.— Tudo bem — sussurro.Estou bem mais calma do que antes, mas bastou ele falar daquela maneira que meu estômago volta a se apertar com medo e ansiedade.— Nós viemos de longe, e isso você já sabe — ele começa e eu aceno em concordância. — Você já ouviu falar em Terra de Luna?— Já, mas ninguém foi para lá. Na escola ensinavam que é um lugar de lendas e absurdos sobrenaturais — explico tudo o que sei sobre o lugar.— Em parte a descrição está certa. — Encaro-o diante sua afirmação. O que ele quer dizer com isso? — É um lugar de seres sobrenaturais como lobisomens e bruxas.— Bruxas — murmuro com a lembrança dos boatos sobre os bruxos, mas depois do ataque as coisas voltaram a ser como antes, como se nada tivesse acontecido. — Você fala sobre aqueles que nos atacaram há dois anos
Killan FuryPreparei uma cama o mais confortável possível para Izys, e depois que ela se alimentou e bebeu mais da água que pegamos na fonte, utilizando os cantis de água que meu pai e meu irmão trouxeram consigo nas suas coisas, ela adormeceu. A cobri com a capa de meu pai, para que o corpo dela se mantenha aquecido. E agora com ela adormecida, podemos conversar melhor e entender o que está acontecendo.— De quem é a fêmea? — meu pai inquire direto, enquanto mastiga e a observa dormir.— De ninguém — respondo seco, pois é a verdade. Embora Izys esteja grávida de Hiran, ela não o escolheu.— Ela tem o cheiro dos dois — rebate meu pai.— Impossível — Hiran discorda. — Ela espera meu filho, não teve nenhum contato mais íntimo com Killan, ela não pode ter o cheiro dele também.Hiran parece alterado, ainda não tinha visto meu irmão assim. Mesmo quando falávamos de Izys, ele nunca se exaltou.— Mas tem. — Dessa vez quem afirma é meu irmão Enry e o encaro, mas prefiro não alimentar a discus