Izys GhalagerVi que Killan deixou a caverna aparentemente preocupado e fiquei curiosa, por isso o segui. Mas não esperava ver o que vejo agora: três lobos enormes como aqueles dos filmes, e que jamais imaginei ver na minha frente. O pavor é tão grande que não controlo o grito que sai da minha garganta.Killan será devorado, e depois invadirão a caverna e me devorarão também. Que ideia louca foi essa de se esconder em uma caverna no meio da floresta! Não sei o que é pior, morrer sob escombros ou sob os dentes de lobos gigantes.Corro para dentro da caverna e me escondo no fundo, sei que é questão de tempo até que me encontrem. Meu corpo treme, e meu estômago se aperta com a possibilidade do que está por vir.Ouço passos apressados na caverna e vejo Killan se aproximar a passos largos.— Izys — ele fala com urgência e me abraça. — Acalme-se, você está tremendo.A voz dele está cheia de preocupação.Viro-me entre seus braços e passo as mãos por seu corpo e rosto, analisando se está feri
Enquanto Killan estava fora com os outros dois homens, Hiran ficou comigo para fazer companhia, mas sinto que há algo mais.— Precisamos conversar um pouco, tudo bem? — Hiran se aproxima e se senta ao meu lado.— Tudo bem — sussurro.Estou bem mais calma do que antes, mas bastou ele falar daquela maneira que meu estômago volta a se apertar com medo e ansiedade.— Nós viemos de longe, e isso você já sabe — ele começa e eu aceno em concordância. — Você já ouviu falar em Terra de Luna?— Já, mas ninguém foi para lá. Na escola ensinavam que é um lugar de lendas e absurdos sobrenaturais — explico tudo o que sei sobre o lugar.— Em parte a descrição está certa. — Encaro-o diante sua afirmação. O que ele quer dizer com isso? — É um lugar de seres sobrenaturais como lobisomens e bruxas.— Bruxas — murmuro com a lembrança dos boatos sobre os bruxos, mas depois do ataque as coisas voltaram a ser como antes, como se nada tivesse acontecido. — Você fala sobre aqueles que nos atacaram há dois anos
Killan FuryPreparei uma cama o mais confortável possível para Izys, e depois que ela se alimentou e bebeu mais da água que pegamos na fonte, utilizando os cantis de água que meu pai e meu irmão trouxeram consigo nas suas coisas, ela adormeceu. A cobri com a capa de meu pai, para que o corpo dela se mantenha aquecido. E agora com ela adormecida, podemos conversar melhor e entender o que está acontecendo.— De quem é a fêmea? — meu pai inquire direto, enquanto mastiga e a observa dormir.— De ninguém — respondo seco, pois é a verdade. Embora Izys esteja grávida de Hiran, ela não o escolheu.— Ela tem o cheiro dos dois — rebate meu pai.— Impossível — Hiran discorda. — Ela espera meu filho, não teve nenhum contato mais íntimo com Killan, ela não pode ter o cheiro dele também.Hiran parece alterado, ainda não tinha visto meu irmão assim. Mesmo quando falávamos de Izys, ele nunca se exaltou.— Mas tem. — Dessa vez quem afirma é meu irmão Enry e o encaro, mas prefiro não alimentar a discus
Izys GhalagerEles estavam discutindo quando acordei. Nunca imaginei que dormiria muito bem em uma caverna sobre uma cama de palha coberta com uma capa de couro forrada, mas o som de vozes meio exaltadas me fizeram despertar.Era Killan e Hiran, ainda não tinha visto os dois discutirem. Na verdade eu nem os imaginava discutindo, pois um refletia as vontades do outro como se estivem nas mentes um do outro e em perfeita harmonia.Me sento na cama de palha e chamo a atenção deles para que parem de brigar, seja lá qual for o motivo.— O que aconteceu? — inquiro. — Teve mais algum abalo?Imediatamente os dois voltam a sua atenção para mim.— Ainda não — Hiran responde. — Precisamos partir em breve, temos que te tirar daqui, Izys.Ele vem até mim com urgência e toca o meu rosto, depois meu ventre ainda reto.— Como vocês estão? — pergunta carinhoso.— Estamos bem. Não sinto nada. Nenhuma dor nem sangramento — respondo, me sentindo aliviada também.— Precisa manter o descanso — orienta.Vejo
Hiran FuryEnry sabe como me tirar do sério, fica falando que Izys tem o cheiro do meu irmão, fica dizendo que ela é a fêmea dele... Tudo isso para me provocar, eu sei. Mas no momento tenho coisa mais importante para pensar: buscar a mãe de Izys no hospital e fugir antes que o pior aconteça. Estamos contando que Handall não fará nada agora, que está concentrando suas forças e preparando suas estratégias.— Izys — Me abaixo diante dela para falar com a mãe do meu filhote. — Meus irmãos e eu iremos ver a sua mãe e trazê-la conosco. Meu pai vai ficar com você — aviso, segurando firme em sua mão, pois não é tudo. Ela precisa se acostumar com a nossa forma.— Tudo bem — responde tranquila, pelo menos não está alarmada em saber que vai ficar sozinha com meu pai.— Tem uma coisa que precisa saber, ele vai ficar na forma de lobo para que você se acostume com nossa forma. E se você estiver confortável, ele poderá te mostrar a forma semilupina.Sinto suas mãos tremerem quando menciono que meu p
Izys Ghalager“Você tem um cheiro sob o seu próprio e o dos meus filhos, de onde vem?” a pergunta reverbera em minha mente, me pegando de surpresa. Yan estava em silêncio por longos minutos e o tédio já me dava sono.— O quê? — minha atenção volta-se para ele agora. — Eu não sei, nem sabia que dava para sentir tantos cheiros em uma pessoa.“Na minha forma de lobo é mais fácil sentir os cheiros, e há um bem fraco em você”Talvez ele esteja falando da praga do meu ex-noivo.— Eu era noiva, talvez seja o cheiro do canalha que me traiu na minha própria cama! — exclamo com ódio de me lembrar daquele traste.Yan estava deitado no chão da caverna. Ele se ergue, ficando muito maior do que eu. Seu focinho toca minha pele, ele inspira várias vezes e se afasta.“Não é um cheiro de amante. O cheiro está no seu sangue, e é de um ômega” revela e eu não faço ideia do que ele diz.— Um... o quê? Não faço a menor ideia do que isso significa — respondo.“Entre os lobos existem posições hierárquicas. Os
Izys GhalagerPreciso ir com calma, se foi difícil para mim, administrar toda essa novidade em pouco tempo, imagino para minha mãe como será. Se eu conseguir me manter forte e confiante, será mais fácil para minha mãe aceitar.— Explica essa história direito, Izys? Não estou entendendo nada!Ajeito-me melhor na minha cama de palha, puxando a minha capa mais para cima, na minha cintura.— Mãe, a senhora sabe de alguma história do passado do papai? — inquiro, pois daí eu posso ir desenrolando toda a história.Seus olhos claros me analisam.— Sabe que seu pai não era de falar da vida dele — responde, apertando os dedos e olhando para baixo. — O pouco que ele falava era da mãe, da vida miserável que tinham e de como ela morreu jovem.— Ele só falou da minha avó uma vez, disse que eu me parecia com ela — comento e ela balança a cabeça em confirmação.— Ele me disse isso uma vez também.— A senhora nunca desconfiou o motivo pelo qual ele evitava falar da sua vida? — pergunto, pois eu mesma
Killan FuryComo esperado, lidar com dona Yolanda foi mais difícil que lidar com Izys. A mulher ficou em choque, depois decidiu que iria embora e a única coisa que a impediu foi a decisão de Izys de não ceder aos pedidos desesperados da mãe. Por fim, depois de algumas horas, ela demonstrou derrota e cansaço, o que não significava um convencimento genuíno, mas serve por enquanto.A noite chegou, estamos sentados em torno da fogueira, comendo ensopado de carne de cervo com raízes e folhas que encontramos pela floresta. A panela de ferro trazida pelo meu pai foi uma grande ajuda para preparar uma refeição grande.Quando estava no hospital, a amiga de Izys me entregou uma bolsa com roupas e outros pertences dela que estavam no hospital, o que foi de grande ajuda. Amanhã pela manhã quando deixarmos a caverna, ela terá algo mais adequado para se vestir.Comemos em silêncio, a mãe de Izys sempre muito desconfiada. Conversamos assuntos aleatórios, principalmente respondendo perguntas do meu p