Izys GhalagerPreciso ir com calma, se foi difícil para mim, administrar toda essa novidade em pouco tempo, imagino para minha mãe como será. Se eu conseguir me manter forte e confiante, será mais fácil para minha mãe aceitar.— Explica essa história direito, Izys? Não estou entendendo nada!Ajeito-me melhor na minha cama de palha, puxando a minha capa mais para cima, na minha cintura.— Mãe, a senhora sabe de alguma história do passado do papai? — inquiro, pois daí eu posso ir desenrolando toda a história.Seus olhos claros me analisam.— Sabe que seu pai não era de falar da vida dele — responde, apertando os dedos e olhando para baixo. — O pouco que ele falava era da mãe, da vida miserável que tinham e de como ela morreu jovem.— Ele só falou da minha avó uma vez, disse que eu me parecia com ela — comento e ela balança a cabeça em confirmação.— Ele me disse isso uma vez também.— A senhora nunca desconfiou o motivo pelo qual ele evitava falar da sua vida? — pergunto, pois eu mesma
Killan FuryComo esperado, lidar com dona Yolanda foi mais difícil que lidar com Izys. A mulher ficou em choque, depois decidiu que iria embora e a única coisa que a impediu foi a decisão de Izys de não ceder aos pedidos desesperados da mãe. Por fim, depois de algumas horas, ela demonstrou derrota e cansaço, o que não significava um convencimento genuíno, mas serve por enquanto.A noite chegou, estamos sentados em torno da fogueira, comendo ensopado de carne de cervo com raízes e folhas que encontramos pela floresta. A panela de ferro trazida pelo meu pai foi uma grande ajuda para preparar uma refeição grande.Quando estava no hospital, a amiga de Izys me entregou uma bolsa com roupas e outros pertences dela que estavam no hospital, o que foi de grande ajuda. Amanhã pela manhã quando deixarmos a caverna, ela terá algo mais adequado para se vestir.Comemos em silêncio, a mãe de Izys sempre muito desconfiada. Conversamos assuntos aleatórios, principalmente respondendo perguntas do meu p
Hiran FuryA chuva não deu trégua. Os golpes gelados das gotas grossas e pesadas em meu focinho por vezes o deixou dormente. Balançava a cabeça para espantar a sensação e vi que meu irmão fazia o mesmo movimento vez ou outra.Mas nada nos fazia diminuir a velocidade ao qual percorremos todo o caminho.— Vamos parar sob qualquer lugar seco para permitir que as fêmeas se alimentem e bebam água — ouço a voz preocupada e cuidadosa do meu pai.Mais a frente há uma caverna, uma que Killan e eu já usamos uma vez quando estávamos explorando a área. Meu irmão informa a existência da caverna e nos direcionamos para lá.O local está seco e totalmente abandonado.Izys é colocada no chão, depois Enry faz o mesmo com a sua mãe. As duas se abraçam.— Está se sentindo bem, mãe? — ouço-a perguntar.— Sim... Sim, estou bem.— Comam alguma coisa — Enry diz e Killan vira a sua bolsa de couro na direção de Izys.Me aproximo dela que está abrindo a bolsa e retirando de dentro um pouco de carne de cervo ass
Izys GhalagerO banho relaxante na banheira, o roupão confortável e a boa comida não espantam a ansiedade. Fomos muito bem recepcionadas pelo dono do navio, mas o fato de deixar toda a minha vida para trás para ir a um lugar que não conheço e que ainda há uma centena de boatos ruins sobre ele... Isso não facilita as coisas.Ouço uma batida na porta. Minha mãe está dormindo desde que chegamos, mas eu não consigo dormir.— Entra — permito e a porta se abre lentamente.— Como você está se sentindo? — Killan inquire ao entrar no quarto com uma bandeja nas mãos.— Bem — respondo e pondero o que vou dizer a seguir. — Um pouco ansiosa, não sei como será quando chegarmos no seu mundo.Ele traz a bandeja até mim e acomoda sobre minhas pernas que estão cobertas com uma manta azul escura do próprio navio. Killan se senta na beirada da cama e toca a minha face delicadamente.— Está com medo de Terra de Luna? — inquire.— Não é medo, mas... só não sei o que esperar — respondo. Não quero deixá-lo o
Hiran FuryQuando vi aquele volume todo de água ameaçando tomar todo o navio, a única coisa que pensei foi em salvar a vida de Izys. E ao que parece meu irmão pensou o mesmo, pois nós dois a envolvemos.Nosso poder possui a capacidade de formar escudo, porém não tão potente quanto o de nosso irmão Enry.O volume de água foi contido principalmente por ele e, apesar do alívio, pude ver o pavor estampado na face de Izys. A mulher está uma pilha de nervos e com motivos, porém ela não pode se esforçar nem passar por fortes emoções.— Vamos voltar para o quarto — sugiro, mas os olhos dela estão fixados em Enry. Eu sei que o poder dele pode ser chocante, a dimensão do escudo que produz, e ela nem sabe de tudo que nosso irmãozinho é capaz. Não é à toa que ele é o alfa, o herdeiro que assumiu o posto de nosso pai.— O que vocês são? — inquire com a voz trêmula, ainda sentada no chão.Enry ouve a sua voz e se aproxima. Permito que ele conte a ela, pois nós já contamos muita coisa, pode ser bom
Terra de LunaKillan FuryNão posso negar que no mundo humano há muitas facilidades que no meu mundo não tem, uma delas é o carro. Estamos em uma carruagem guiada por dois cavalos. Meu pai está na frente com o cocheiro e Enry. Na parte de trás estamos Hiran, dona Yolanda, Izys e eu. A pouca bagagem está no chão da carruagem disputando espaço com nossos pés.Conversamos um pouco durante a viagem. Izys fez algumas perguntas, e tentei responder com ajuda de Hiran. Mas eu sei que será um choque para ela viver em um mundo sem todas as coisas que ela está acostumada. Mas tudo o que puder fazer para ajudá-la a se ambientar, eu farei.A carruagem para e descemos. Estamos no limite da floresta para a nossa aldeia. Izys olha tudo com espanto, sei que lhe parece como a sua mãe descreveu: saído dos livros de história.Pego a sua bolsa e jogo sobre os ombros e seguro em sua mão.— Chegamos, quer conhecer a minha casa e minha família? — inquiro e ela olha brevemente para mim com um sorriso e logo d
Izys GhalagerQuando ouço da boca da mulher que o plano do bruxo havia dado certo, tudo o que passa pela minha cabeça é o que pode ter acontecido a Nanda e Layla? E os filhos delas? As duas eram boas amigas e tinham suas famílias. Eu me salvei, mas todos ficaram para trás. Elas morreram ou se tornaram escravas? Não sei se ficar viva e se tornar escrava de um bruxo maldoso pode ser melhor que estar morta.— Izys — ouço a voz preocupada de Killan, que me guia a uma cadeira, onde me sento e tento me equilibrar sobre o móvel.— Eu vou pegar um copo com água — Hiran diz e sai do cômodo.— Estou bem, foi só... — Estremeço apenas de pensar. — Só o impacto da notícia, do que significa para mim.— Você veio do mundo humano? — a mulher de olhos azuis inquire.— Sim — sussurro. Hiran me entrega um copo de cerâmica cheio de água fresca. Dou um gole. — Minas amigas e sua família... Elas morreram ou são escravas agora.Sinto uma mão sobre meu ombro e quando elevo o olhar, vejo a mãe dos meninos me
Hiran Fury Já se passaram mais de vinte anos desde que a profecia e maldição da antiga Rainha Alfa Vik, mais conhecida como a mãe maluca da Naiara, foi lançada sobre o bruxo supremo.Só havia escutado sobre isso uma vez e acho que, assim como eu, ninguém pensava que fosse se concretizar.— Pela deusa, Yan — minha mãe diz alarmada e vai na direção do meu pai, apoiando suas mãos pequenas em seus ombros largos. — Quando a deusa falou comigo, ela me mandou ficar com o rei e disse que o descendente de nosso filho salvaria o seu povo.O olhar de meu pai reflete o dela, e dessa história não me lembro. Meus pais contaram muitas coisas, mas este pequeno detalhe deixaram escapar.— Ela me disse que o futuro estava garantido, que não deveria me preocupar — Yan revela mais uma coisa de que nunca ouvimos falar.Os olhos dos dois voltam-se para o alta da escada. Enry está descendo as escadas com um sorriso que ilumina todo o seu rosto.— Vocês não vão acreditar, recebi o maior dos presentes ao ret