Depois que ela, contra minha vontade, acerta nossa conta, saímos em direção ao seu motorista, que nos espera encostado ao carro, ela passa a folha com minhas anotações para ele, que está atento as suas indicações.
Vamos conversando durante todo o trajeto, ela me conta um pouco sobre sua ida para Nova York, e que nunca teve pretensão de seguir a carreira de modelo, cada minuto que passo ao seu lado, me encanto mais com sua simplicidade e humildade.
Começo a divagar, lembrando a minha história com Beto, minha viagem sem, ao menos, ter trocado nem que fosse uma palavra, faz com que meu coração se aperte um pouco, volto à realidade quando ela me chama.
— Ei, que carinha é essa? — diz chamando minha atenção. — É coração, né? Eu sei como isso pode machuca
BetoNervoso.Preocupado.Angustiado.Esses podem ser alguns adjetivos que posso usar para me definir assim que o avião pousa no aeroporto de Confins, não vejo a hora de verificar qual o problema na obra e resolvê-lo o mais rápido possível. Só de imaginar que algo possa ter passado despercebido por mim, podendo colocar não somente o meu nome, mas também o de Edu em jogo, não me deixa numa situação muito confortável.Assim que chego ao salão de desembarque, vejo que tem um rapaz com uniforme de uma locadora de automóveis parado próximo à porta, com uma plaquinha com meu nome.— Boa tarde — digo estendendo a mão para ele, que pega prontamente. Gosto muito da hospitalidade mineira.— O carro, como o senhor pediu, está no estacionamento, pode me acompanhar, por favor. &mda
BetoSei que logo terei minha loirinha em meus braços e nunca mais vou sair do lado dela. Resolvo mandar uma mensagem para a minha mulher.— Você lembra o caminho? — Edu me tira dos meus pensamentos— Mais ou menos.— Tá certo. Eu vou na frente, e você me acompanha. Pode ser? — Apenas confirmo com a cabeça, ligo o rádio e espero que ele vá me guiando.Uma música começa a tocar e, por coincidência, ou sei lá, providência de Deus, é a mesma música que enviei para Ágata no início da semana.****ÁgataAcho que andei demais no sol e estou tendo visões, penso, ainda com os olhos fechados. Ouço alguns murmúrios próximos a mim, mas não tenho coragem de verificar quem está ao meu lado.Passam-se alguns segundos e sinto que alguém se aproxima de mim, tirando um fio de cabelo do meu rosto, abro os olhos devagar e encontro Roger me encarando, assim que ele vê que acordei, abre um sorriso.— Ela acordou, Melissa — fala olhando para trás, não consigo vê-la, pois ele está em minha frente. — A senho
Ágata— Me desculpe, Ágata, eu juro que não queria fazer isso com ninguém. Peguei Beto de surpresa, e ele nem teve tempo de reagir. — Coloca o dedo em meu queixo, levantando meu rosto, fazendo com que eu a olhe, ela também tem lágrimas por todo o rosto. — Se tem uma coisa que eu tenho certeza, é de como Beto te ama, ele está desesperado, Ágata. Não consegue pensar direito com você longe, está desesperado por pensar que você o quer somente como amigo. Eu entendo essa sua decepção por ter se entregado a um homem que te machucou, eu também passei por isso e sei que é tudo, menos agradável. Mas não foi a culpa do Beto — termina de falar entre lágrimas, e se ainda restasse um pouco de dúvidas a respeito de tudo, agora elas foram para o ralo. Puxo Mel para um abraço e choramos juntas.— Bem... — falo tentando ficar em pé novamente, mas dessa vez minhas pernas já não estão tão moles, mas mesmo assim me apoio na cadeira. — Preciso ir, acho que já temos tudo resolvido sobre o coquetel e eu pre
ÁgataNão demora muito e Roger chega ao endereço onde ela mora, o trânsito hoje está ajudando bastante e nem de perto lembra a primeira vez que estive aqui.Mel insiste para que eu tome um banho e até escolhe a roupa dentro da minha mala, enquanto tomo banho.Depois que passou o susto, estou até gostando dessa nossa interação, sempre quis saber o que é ter uma amiga ou até mesmo uma irmã, mas não tive essa oportunidade e estar com Mel assim, é realmente agradável para mim.Ela dispensa o Roger assim que chegamos, dizendo que voltaria de táxi depois. Chegando à portaria, ela fala com alguém e logo sai me arrastando para dentro do barzinho, mal consigo olhar ao meu redor.Sentamos em uma mesa próxima do pequeno palco, um garçom se aproxima nos oferecendo o cardápio, peço um suco, faz tempo que comi e não quero dar vexame ao lado dela, sou muito fraca para bebida.— Você vem sempre aqui? — pergunto curiosa, já que parecia que ela conhecia a pessoa que estava na portaria.— Que isso, Ág?
BetoEstar com ela em meus braços é maravilhoso...Estava conversando com o Edu e estremeci quando identifiquei a melodia, desde que minha irmã me mostrou essa música, vivo escutando-a, pode até parecer coisa de mulherzinha, mas até baixei em meu celular.Nenhuma das sensações que havia sentido até agora, me preparou para a emoção quando as primeiras palavras começaram a ser cantadas, era ela... eu tinha tanta certeza, que saí da mesa, deixando Edu falando sozinho... E vê-la de olhos fechados cantando a nossa música, me tirou do chão, não consigo descrever o que estou sentindo, mas tenho uma certeza, nada e ninguém vai tirá-la de mim novamente.— Está vendo. — Ouço uma voz logo depois do pigarro que nos fez sair de nossa bolha. Contra minha vontade, solto os lábios de Ág e olho ao lado vendo Mel e Edu sorrindo para nós dois. — Eu sabia que daria certo. A sua mulherzinha é um ótimo cúpido — Mel fala batendo palmas, como se tivesse ganhado seu doce favorito, então, minha ficha realmente
BetoTento pegar o papel antes dela, mas não consigo, ela abre o papel que diz:“Uma voz tão linda quanto à dona”Ela me olha sorrindo.— Não está assinado e mesmo que tivesse, estou com você, entendeu? — diz me dando um selinho rápido.Ela olha para Mel e entrega o papel. Elas vão se unir contra nós? Estamos ferrados. Tanto Mel como Ág, tem o gênio forte — olho para Edu que está tão pasmo quanto eu diante da cumplicidade delas, parecem que se conhecem há anos.Melissa repete o que está escrito no papel fazendo com que Edu comece a sorrir.— Breguinha, hein? — Edu fala olhando pra mim.— Pois é, conseguimos fazer melhor do que eles — respondo para Edu, sem dar atenção para Ág.
ÁgataTento abrir meus olhos, mas não tenho forças, ouço a voz do Beto longe... Meu estômago está revirando — será que estou morrendo? — penso. Forço para abrir novamente os olhos e finalmente consigo.— Ai, Deus! Ainda bem que você acordou. — Estou deitada no colo da Mel, olho ao redor tentando identificar onde estou. — Como você está?— A... cho... que bem. — Minha boca está seca.— Você desmaiou — ela abaixa o tom da voz — de novo. Estamos te levando ao hospital.Olho para ela tentando entender o que é tudo isso, ela aperta minha mão.— Chegamos. — A voz do Beto me faz olhar em sua direção. — Você acordou, loirinha... venha. — Ele me pega no colo. — Vamos ver um médico.Edu e Mel entram corre
Beto— Está feliz? — Edu me pergunta, estamos os dois feitos bobos admirando nossas meninas.— Sim, muito — olho para ele —, nem sei como agradecer vocês dois.— Sendo feliz, vocês dois merecem essa felicidade que está estampada em seus olhares.Elas se aproximam e Ág vem direto para os meus braços, sua pequena mala está com um dos seguranças da Melissa.— Pedi para o Roger levar vocês até o pub — ela fala, abraçando Edu. — Edu comentou que você alugou um carro e deixou lá.— Obrigado, Mel — falo, sincero. — Por tudo... — Ela não diz nada, somente sorri.— Vamos, loirinha? — Ela assente e vejo que as duas fazem uma troca de olhar, como se conversassem entre si, a interação entre elas é realmente impressionan