Ágata
Depois de muita insistência de Olívia acabei aceitando tomar café com ela hoje, marcamos de nos encontrar numa cafeteria que serve café colonial, a manhã está tão agradável que resolvo ir caminhando, o lugar não fica muito longe do apartamento que estou morando agora, tia Márcia quis comprá-lo, mas eu não quis... não quero morar para sempre em apartamento, quero ter uma casa com um lindo jardim.
Distraio-me olhando as pessoas caminhando despreocupadamente, crianças brincando, que quando dei por mim, estava quase em frente da cafeteria.
Entro e logo avisto Olívia e, como eu já tinha imaginado, Beto está com ela, confirmando minhas suspeitas dele ter algo a ver com esse pedido de café da manhã.
Estou gostando muito dessa nova versão dele, está sendo bom conhecê-lo melho
ÁgataDisfarço para que ele não me veja que estou babando e tomo um gole do meu café, está começando um filme na TV.— Ainda não está muito tarde, se importa se eu ficar para ver esse filme? Faz tempo que estou querendo ver e não tive oportunidade ainda — pergunta fazendo cara de cachorro que caiu da mudança.— Imagina, claro que não — respondo, sem ao menos prestar atenção em qual é o filme. Assim que começa, me arrependo de ter concordado.— Ahh não, Beto! Filme de terror? Eu morro de medo, ainda mais com essa boneca! — Ele ri e me puxa para seus braços.— O nome dela é Annabelle, e olha como ela é bonitinha.— Só se for no seu mundo, olha a cara dessa boneca?— Shiuuu, vamos prestar atenção.Passo a maior parte do filme
ÁgataTinha acabado de colocar os pés nos degraus da saída da faculdade olhando meu telefone, notando as chamadas não atendidas, quando ela me ligou, novamente, esbaforida.Não preciso ressaltar que as outras quatorze chamadas em meu aparelho eram dela também, não é? Sinceramente, eu achei que alguém tinha morrido, ela nem conseguia respirar direito.— Respira, mulher, pelo amor de Deus, você está me deixando nervosa. O que aconteceu? — pergunto aflita, andando um pouco mais rápido em direção ao carro de Ana, que estava estacionado na rua da frente, tínhamos combinado de almoçar juntas hoje.Paty respira diversas vezes, eu posso escutar a sua respiração subindo e descendo rapidamente até que ela se acalma, tomando uma grande lufada de ar antes de começar a dizer.
Ágata— Jesus! Você já saiu da roça, sabia? Puta merda, Ág, você não se adapta a civilização, não?Chamou-me de roceira. Acho que ela está realmente um pouquinho brava.— Me desculpe se eu não sei quem é, Melissa Dias, e minha única surpresa é saber como ela conseguiu meu e-mail direto.— Dá licença, sai daí. — Puxou meu corpo para cima, tirando-me da cadeira. — Eu vou te mostrar quem ela é. Quer dizer, o Google vai mostrar.Rapidamente, de forma que eu nem consigo ver os seus dedos digitando, aparece um tanto de links na página de navegação do Google.Caraca!Paty não está exagerando dessa vez. Aparece fotos da menina, em todos os ambientes possíveis: na praia, passarela, com neve a
ÁgataCompro um lanche natural na lanchonete da esquina e levo para viagem, posso dizer que estou curiosa para ver se a tal de Melissa Dias respondeu meu e-mail.Volto para o buffet em tempo recorde, Paty saiu para almoçar e estou sozinha no escritório com um misto de ansiedade e medo de abrir meu e-mail e ver se já tem alguma resposta.Abro meu sanduíche dando uma grande mordida e tomo um pouco do meu suco de acerola.Sem conseguir mais manter minha curiosidade resolvo abrir meu e-mail, e como imaginei, a tal Melissa já respondeu.De: Melissa DiasPara: Ágata AzevedoAssunto: Festa de inauguração (Re)Gostei da sua resposta. Estou vendo que nosso trabalho vai ser muito bem concluído e com competência. Preciso dizer que eu também adoro desafios?No meu próximo e-mail irei anexar &ag
Ágata— Você não sabe o que está falando — Beto fala indo em direção de Ditinho, que acaba de se levantar e dá um soco nele, mas desta vez, Ditinho está preparado e revida dando um soco em Beto.Pessoas começam a fazer tumulto, e o segurança da faculdade é chamado e isso pode ser problema para Beto, que está batendo em um aluno dentro da faculdade.— Chega! — grito fazendo com que os dois se virem para mim. — Vamos embora agora, Beto! Com você, eu me acerto depois — falo olhando para Ditinho, vejo que os seguranças estão próximos, seguro no braço de Beto e vou puxando-o para fora da faculdade, ele está com um pequeno corte no supercílio.Vamos para o seu carro em silêncio, mas sinto que ele está bufando de raiva, então, o melhor que
Beto— Você não pode me abandonar agora, eu estou grávida!!!— Grávida de um filho que não é meu!— Idiota. — A porta bateu fazendo com que as paredes tremessem. Me vi sozinho e, só então, entendi que minha família havia acabado.Sento-me na cama, minhas mãos tremem e o suor deixa um rastro em meu rosto, faz tempo que não lembro desse dia.Durante boa parte da minha adolescência, esse episódio fez com que eu mudasse totalmente a maneira de pensar e passasse a desconfiar de qualquer mulher que tentasse se aproximar, com exceção de Luana, que acabei confundindo sentimentos, porém não passava de carência e hoje estou feliz por vê-la em um relacionamento com meu amigo, Rodrigo.Meus pais se separaram, porque quando meu pai mais precisou de apoio, minha mãe, achou mais prático pular no colo daquele que era o melhor amigo do meu pai e acabou engravidando.Não comento com ninguém, porém essa atitude da minha mãe mexe comigo até hoje, tanto que, mesmo sem ter culpa do que aconteceu, não consi
BetoDepois de algum tempo, Vitor me chama e começo meu espetáculo, nunca estive tão nervoso, mas o Ademir e Vitor que me aguardem, eles ainda vão me pagar caro, graças a Deus as únicas pessoas conhecidas aqui são Rodrigo, Ademir e Vitor. Graças a Deus, o restante do pessoal não pode comparecer, seria bem pior se o time estivesse completo.Uma música qualquer começa a tocar, canto alguns trechos dançando, as crianças acompanham batendo palmas.Sentada no chão no meio das crianças, avisto aqueles cabelos loiros que me chamaram atenção logo que cheguei, ela está rindo enquanto bate palmas com as crianças no ritmo da música, parece estar bem familiarizada em lidar com todos esses pequenos seres.Termino minha apresentação e a busco com os olhos, mas ela não está mais no mesmo lugar, após procurar um pouco, a encontro distribuindo pequenas sacolas com guloseimas para as crianças que estão todas à sua volta, quase derrubando-a. Chego perto e chamo atenção delas para mim, converso com os pe
ÁgataJá faz algumas semanas que deixei meu pai sozinho e vim para a cidade grande, morar com a minha tia. Ela tem um pequeno Bufê e vim para ajudá-la e, se tudo der certo, fazer a minha tão sonhada faculdade.Nasci numa cidadezinha do interior, meus pais eram caseiros em numa fazenda e, depois de um tempo com a morte do proprietário, as terras foram divididas e meus pais ganharam um pedacinho da terra e uma cabeça de gado pelos serviços prestados. Tínhamos uma pequena plantação, isso era nosso sustento. Quando tinha oito anos, minha mãe engravidou novamente e ganhei um irmão. Aurélio era lindo, um menino de ouro. Crescemos sem luxo, mas nunca nos faltou amor, éramos muito unidos, até que um dia vimos nossa família desmoronar...Meu pai e eu tínhamos ido à cidade comprar alguns mantimentos que estavam faltando, era o dia do nosso piquenique na beira do lago, estava ansiosa, pois isso era nossa maior diversão, após fazer todas as compras, fomos embora num carro velho do meu pai.Meu ma