BetoAssim que entro, Ágata começa a falar sem parar dos planos para a inauguração, nunca me senti tão à vontade com uma mulher e tudo isso que estou sentindo me deixa um pouco apavorado, não quero me apaixonar, não posso...Nunca vou ser capacho na mão de nenhuma mulher.— Gostaria de ir a algum lugar em especial para almoçarmos?— Não. Surpreenda-me. — Se você soubesse a maneira que gostaria de te surpreender, não me daria essa opção, garota! Penso.— Já sei aonde vamos, gosta de comida indiana? — Ela pensa antes de responder.— Nunca comi, mas adoraria experimentar.Seguimos em silêncio, quer dizer, quase em silêncio, pois quando Ágata parou de falar, ela ligou o rádio e começou cantar alguns pagodes que estão em minha playlist, não consigo me segurar e acabo acompanhando-a em algumas músicas, ela tem uma voz maravilhosa.“Tô muito felizHoje encontrei alguém que pensa igual a mimÉ amor demaisQue chegou na hora certa, e me trouxe a pazCom você, faço planos e não tenho medo de me
Ágata— Droga! Droga! Droga! — falo, assim que entro em casa. — Como você pode ser tão estúpida Ágata Valentina, em achar que ele poderia sentir algo por você, é muita ingenuidade mesmo. O que ele acha que ia conseguir colocando aquela música?Vou para a cozinha fazer biscoitos, um vício que tenho sempre que estou nervosa. Fico menos estressada quando vejo que tenho todos os ingredientes em casa, coloco tudo sobre a mesa e começo a trabalhar.Depois de algumas horas, algumas fornadas e cinco potes cheios de biscoitos, me sinto mais calma, arrumo a bagunça que deixei na cozinha, resolvo tomar um banho, mas antes meu celular toca e é uma mensagem de Alice dizendo que irá passar em casa dentro de quarenta minutos.****— Já estou saindo! — grito para minha tia, que está colocando roupa na máquina de lavar.— Vai com Deus, filha! Se cuida. — Ela sempre fala isso quando vou sair, como uma verdadeira mãe.— Pode deixar, não demoro — falo, trancando a porta.Entro no carro de Alice, ela está
ÁgataAlgum tempo depois, sinto mãos em meu quadril, abro os olhos e tento, em vão, me soltar.— Oi, gata... tô de olho em você há um bom tempo... — Sinto cheiro de bebida nele.— Me solta... — Tento me virar e não consigo, pois ele segura firme meu quadril e agora se esfrega. Consigo soltar meus braços e acerto meu cotovelo em seu estômago.— Sua vadia, volta aqui. — A pista está muito cheia e ele consegue me agarrar novamente e quando vai me beijar, é puxado para trás.— Ela já disse não! Será que não consegue entender isso? — Reconheço a voz de Beto, ele já está em cima do cara, socando seu rosto. — NUNCA MAIS ENCOSTE UM DEDO NELA! — Beto grita, furioso, uma roda já se abriu onde estávamos e um segurança consegue tirá-lo de cima do homem, que está quase desacordado. Beto conversa rapidamente com os seguranças e olha em minha direção, ele continua furioso e se aproxima de mim, dou um passo para trás.— Você vai embora comigo. AGORA! — ele fala alto e fico com medo dele, nunca vi al
BetoDou um soco no volante assim que vejo Ágata entrando em sua casa, isso não podia ter acontecido, mas o tapa que ela me deu fez com que todo meu controle de me manter longe dela fosse para o espaço, mas eu não sou bom o suficiente para ela e não posso iludi-la.Pego o celular e ligo para a única pessoa que pode me ajudar nesse momento.— Oi, tudo bem? Preciso muito conversar com você. Ok! Chego aí em quinze minutos. — Desligo o celular, ligo o carro e sigo em sua direção.Assim que chego em frente ao Boemia, Ana já está me esperando.— Boa noite — ela diz, assim que entra no carro. — O que aconteceu para você me ligar a essa hora? Não era para você estar com alguma peguete? — ela pergunta séria.— Boa noite, Aninha, e não, hoje não tive encontro nenhum, quer dizer... Estava cuidando de uma garota.— Você, cuidando de uma garota? E o que aconteceu? Ela fugiu de você? — Ela está rindo e fecho a cara dando partida. — Hei... tô com fome! Quero comer um hambúrguer e hoje vai ser por su
ÁgataJá se passaram trinta dias que encontrei o Beto, pedi para Alice me representar nas poucas vezes que foi preciso uma vistoria na obra, fiquei sabendo que ele achou estranho quando via Ali chegando sozinha e chegou a perguntar por mim algumas vezes.Tenho saído mais com Alice agora que seu irmão saiu do coma e Luana viajou, ficamos muito amigas e até conheci alguns amigos dela. Um deles, em especial, me chamou muito atenção, seu nome é Samuel, mas nós o chamamos de Samuca, ele é promotor e um gato também, mas mesmo sendo uma boa pessoa, um cara sensacional, no fundo, não é o que quero para mim, mesmo não vendo mais o Beto, ele continua se mantendo presente todas as noites em meus sonhos e isso está me deixando louca!Minha sorte é que quase não tenho tempo para pensar, daqui a cinco dias é a inauguração do nosso salão, do “Bufê Doce Mel”. Estamos todos correndo para que tudo saia perfeito, minha sorte foi que as aulas da faculdade foram adiadas, vão começar três dias depois do co
Beto— Você não pode me abandonar agora, eu estou grávida!!!— Grávida de um filho que não é meu!— Idiota. — A porta bateu fazendo com que as paredes tremessem. Me vi sozinho e, só então, entendi que minha família havia acabado.Sento-me na cama, minhas mãos tremem e o suor deixa um rastro em meu rosto, faz tempo que não lembro desse dia.Durante boa parte da minha adolescência, esse episódio fez com que eu mudasse totalmente a maneira de pensar e passasse a desconfiar de qualquer mulher que tentasse se aproximar, com exceção de Luana, que acabei confundindo sentimentos, porém não passava de carência e hoje estou feliz por vê-la em um relacionamento com meu amigo, Rodrigo.Meus pais se separaram, porque quando meu pai mais precisou de apoio, minha mãe, achou mais prático pular no colo daquele que era o melhor amigo do meu pai e acabou engravidando.Não comento com ninguém, porém essa atitude da minha mãe mexe comigo até hoje, tanto que, mesmo sem ter culpa do que aconteceu, não consi
BetoDepois de algum tempo, Vitor me chama e começo meu espetáculo, nunca estive tão nervoso, mas o Ademir e Vitor que me aguardem, eles ainda vão me pagar caro, graças a Deus as únicas pessoas conhecidas aqui são Rodrigo, Ademir e Vitor. Graças a Deus, o restante do pessoal não pode comparecer, seria bem pior se o time estivesse completo.Uma música qualquer começa a tocar, canto alguns trechos dançando, as crianças acompanham batendo palmas.Sentada no chão no meio das crianças, avisto aqueles cabelos loiros que me chamaram atenção logo que cheguei, ela está rindo enquanto bate palmas com as crianças no ritmo da música, parece estar bem familiarizada em lidar com todos esses pequenos seres.Termino minha apresentação e a busco com os olhos, mas ela não está mais no mesmo lugar, após procurar um pouco, a encontro distribuindo pequenas sacolas com guloseimas para as crianças que estão todas à sua volta, quase derrubando-a. Chego perto e chamo atenção delas para mim, converso com os pe
ÁgataJá faz algumas semanas que deixei meu pai sozinho e vim para a cidade grande, morar com a minha tia. Ela tem um pequeno Bufê e vim para ajudá-la e, se tudo der certo, fazer a minha tão sonhada faculdade.Nasci numa cidadezinha do interior, meus pais eram caseiros em numa fazenda e, depois de um tempo com a morte do proprietário, as terras foram divididas e meus pais ganharam um pedacinho da terra e uma cabeça de gado pelos serviços prestados. Tínhamos uma pequena plantação, isso era nosso sustento. Quando tinha oito anos, minha mãe engravidou novamente e ganhei um irmão. Aurélio era lindo, um menino de ouro. Crescemos sem luxo, mas nunca nos faltou amor, éramos muito unidos, até que um dia vimos nossa família desmoronar...Meu pai e eu tínhamos ido à cidade comprar alguns mantimentos que estavam faltando, era o dia do nosso piquenique na beira do lago, estava ansiosa, pois isso era nossa maior diversão, após fazer todas as compras, fomos embora num carro velho do meu pai.Meu ma