BetoMarquei de me encontrar com Janaína no Boemia, ela insistiu para que eu fosse buscá-la em seu apartamento, mas neguei. Quero deixar claro que o que aconteceu conosco nunca mais irá acontecer, já que sabia muito bem das minhas condições quando aceitou sair comigo, para evitar que ela faça qualquer charme para que eu a leve embora, resolvo ir de táxi. Para a minha felicidade, assim que entro no Boemia, percebo que não está muito cheio e acho perfeito, pois se Janaína pensar em criar qualquer cena, menos pessoas irão presenciar. Léo está encostado no bar conversando com uma de suas garçonetes e, pelo olhar dela, deve ser uma bronca, pois ela está com o rosto corado e parece envergonhada.— Fala, Léo! — cumprimento-o, dando um tapinha em suas costas.— Beto, como vai? — Ele se vira para mim e a pobre garçonete aproveita para desaparecer da frente dele.— Ah, cara, indo né... Tudo o que aconteceu com Rodrigo tirou a gente do eixo...— Eu sei, agora mesmo estava conversando com Alice
BetoA mesa onde nos sentamos dá uma visão clara da mesa de Alice, peço uma dose de uísque para mim e um suco para Janaína, já vi que ao contrário do que imaginava, irei precisar de uma dose de álcool em minha corrente sanguínea para encarar essa conversa com ela.Não consigo desviar meus olhos de Ágata e ela também me olha ocasionalmente, Janaína está alheia ao que está acontecendo e começa a tagarelar sem parar, até que depois de um bom tempo, percebe que não tem minha atenção e vira para trás seguindo meu olhar, e descobre quem detém toda a minha atenção.— Roberto! — Muda o tom da voz, tentando fazer com que eu olhe para ela. — Você ouviu o que eu falei? Já contei sobre meu dia, agora quero saber o que você quer tanto falar comigo, até agora não entendo o motivo de estarmos aqui e não em uma cama!Sério que você ainda não percebeu? Então essa é a oportunidade que estava esperando para fazer com que ela entenda de uma vez por todas.— Olha... — digo olhando para ela enquanto termin
ÁgataFico paralisada vendo aquela mulher beijando o Beto, não entendo o motivo de não conseguir tirar meus olhos daquela cena, até que ele se vira e olha em minha direção me obrigando a desviar o olhar.― Ele devia escolher melhor as companhias ― Alice fala, percebendo que estava olhando para o casal. ― Tem mania de não se apegar, ele sofreu demais quando os pais se separaram. ― Ela pensa no que falar, enquanto eu termino de tomar meu suco. ― Ág, cuidado para não se machucar.― Não sei do que você está falando ― digo, séria.― Tá bom, vou acreditar ― fala, revirando os olhos. ― Nunca vi o Beto acompanhado mais de uma vez pela mesma mulher e...― Vamos mudar de assunto ― digo firme, realmente, falar da vida sentimental dele é a última coisa que quero neste momento.― Tudo bem, mas você tem consciência de que agora com Rodrigo internado você vai estar mais próxima a ele, não é? ― Sei que ela tem razão, não consigo entender o motivo de ter ficado tão incomodada por estar acompanhado, af
BetoAcredito que vou ter um ataque de pânico antes de ouvir sua resposta, acho que a peguei de surpresa, pois está me olhando como se não acreditasse no que acabou de ouvir e a espera está me matando.— Esquece, vamos fazer a vistoria na obra, quero ver se você aprova algumas modificações que planejei. Houve uma mudança na planta original e...— Tudo bem, aceito.— Espero que voc... O que você falou? — pergunto, atônico, ela está rindo da minha expressão.— Eu disse que aceito seu convite para o almoço. — Abre um sorriso maravilhoso, um sorriso que me tira totalmente do eixo.— Então... Vamos? — Minha voz vacila, pois achei que ela não aceitaria meu convite.— Sim, estou pronta — fala, indo em direção à janela, fechando-a, e olha a agenda, com certeza verificando se há algum compromisso marcado, a maturidade dela às vezes me espanta. É nova e tão madura para a idade, preciso dar um jeito de apresentar Liv para ela, tenho certeza de que a pirralha vai adorar Ágata. Sorrio com o pensam
BetoAssim que entro, Ágata começa a falar sem parar dos planos para a inauguração, nunca me senti tão à vontade com uma mulher e tudo isso que estou sentindo me deixa um pouco apavorado, não quero me apaixonar, não posso...Nunca vou ser capacho na mão de nenhuma mulher.— Gostaria de ir a algum lugar em especial para almoçarmos?— Não. Surpreenda-me. — Se você soubesse a maneira que gostaria de te surpreender, não me daria essa opção, garota! Penso.— Já sei aonde vamos, gosta de comida indiana? — Ela pensa antes de responder.— Nunca comi, mas adoraria experimentar.Seguimos em silêncio, quer dizer, quase em silêncio, pois quando Ágata parou de falar, ela ligou o rádio e começou cantar alguns pagodes que estão em minha playlist, não consigo me segurar e acabo acompanhando-a em algumas músicas, ela tem uma voz maravilhosa.“Tô muito felizHoje encontrei alguém que pensa igual a mimÉ amor demaisQue chegou na hora certa, e me trouxe a pazCom você, faço planos e não tenho medo de me
Ágata— Droga! Droga! Droga! — falo, assim que entro em casa. — Como você pode ser tão estúpida Ágata Valentina, em achar que ele poderia sentir algo por você, é muita ingenuidade mesmo. O que ele acha que ia conseguir colocando aquela música?Vou para a cozinha fazer biscoitos, um vício que tenho sempre que estou nervosa. Fico menos estressada quando vejo que tenho todos os ingredientes em casa, coloco tudo sobre a mesa e começo a trabalhar.Depois de algumas horas, algumas fornadas e cinco potes cheios de biscoitos, me sinto mais calma, arrumo a bagunça que deixei na cozinha, resolvo tomar um banho, mas antes meu celular toca e é uma mensagem de Alice dizendo que irá passar em casa dentro de quarenta minutos.****— Já estou saindo! — grito para minha tia, que está colocando roupa na máquina de lavar.— Vai com Deus, filha! Se cuida. — Ela sempre fala isso quando vou sair, como uma verdadeira mãe.— Pode deixar, não demoro — falo, trancando a porta.Entro no carro de Alice, ela está
ÁgataAlgum tempo depois, sinto mãos em meu quadril, abro os olhos e tento, em vão, me soltar.— Oi, gata... tô de olho em você há um bom tempo... — Sinto cheiro de bebida nele.— Me solta... — Tento me virar e não consigo, pois ele segura firme meu quadril e agora se esfrega. Consigo soltar meus braços e acerto meu cotovelo em seu estômago.— Sua vadia, volta aqui. — A pista está muito cheia e ele consegue me agarrar novamente e quando vai me beijar, é puxado para trás.— Ela já disse não! Será que não consegue entender isso? — Reconheço a voz de Beto, ele já está em cima do cara, socando seu rosto. — NUNCA MAIS ENCOSTE UM DEDO NELA! — Beto grita, furioso, uma roda já se abriu onde estávamos e um segurança consegue tirá-lo de cima do homem, que está quase desacordado. Beto conversa rapidamente com os seguranças e olha em minha direção, ele continua furioso e se aproxima de mim, dou um passo para trás.— Você vai embora comigo. AGORA! — ele fala alto e fico com medo dele, nunca vi al
BetoDou um soco no volante assim que vejo Ágata entrando em sua casa, isso não podia ter acontecido, mas o tapa que ela me deu fez com que todo meu controle de me manter longe dela fosse para o espaço, mas eu não sou bom o suficiente para ela e não posso iludi-la.Pego o celular e ligo para a única pessoa que pode me ajudar nesse momento.— Oi, tudo bem? Preciso muito conversar com você. Ok! Chego aí em quinze minutos. — Desligo o celular, ligo o carro e sigo em sua direção.Assim que chego em frente ao Boemia, Ana já está me esperando.— Boa noite — ela diz, assim que entra no carro. — O que aconteceu para você me ligar a essa hora? Não era para você estar com alguma peguete? — ela pergunta séria.— Boa noite, Aninha, e não, hoje não tive encontro nenhum, quer dizer... Estava cuidando de uma garota.— Você, cuidando de uma garota? E o que aconteceu? Ela fugiu de você? — Ela está rindo e fecho a cara dando partida. — Hei... tô com fome! Quero comer um hambúrguer e hoje vai ser por su