MARY COLLINS Levo minhas mãos na minha cabeça, sentindo como se essa pesasse toneladas, agravando-se após os três espirros seguidos que soltei. Meu olfato está sensível, como se eu tivesse passado alguns minutos inalando uma substância forte.Bastou poucos segundos para que eu recordasse de tudo que aconteceu, trazendo o medo ao meu coração. Meu subconsciente grita uma série de perguntas, forçando o meu cérebro a trabalhar, aumentando minha dor de cabeça ao mesmo tempo.Abro os meus olhos, demorando um pouco para conseguir me acostumar com a claridade irritante. Assim que consigo, respiro fundo, ficando sentada na cama de casal extremamente confortável, em um quarto elegante, grande e com aparência de caro. Esse, com toda certeza, não se parece em nada com os cativeiros de filmes. Varro o quarto todo com o olhar, percebendo como tudo é estranhamente familiar. Muito se parece com o meu quarto na casa antiga, onde morava com os meus pais antes de me mudar para a casa do meu tio. Tio.
MARY COLLINS Assim que adentro o escritório, vi o meu pai sentado na cadeira e minha mãe de pé ao seu lado. Os dois com um enorme sorriso no rosto, sentindo-se vitoriosos. Aquela pequena esperança que eu mantinha foi embora, enchendo o meu coração de decepção. _ Mamãe, papai.- Finjo alívio no mesmo momento.- Vocês estão aqui para me salvar, né? Vão me livrar desses sequestradores malucos e me levar para longe daqui, longe do William e desse pesadelo todo._ Querendo ir para longe do seu amor, querida?- Minha mãe fala em tom de deboche, trocando um olhar cúmplice com o meu pai._ William me traiu.- Desvio o meu olhar para o chão, usando toda a tristeza que eles estão me causando para encher os meus olhos de lágrimas.Sim, eu sei que ele não fez isso comigo e me arrependo tanto de ter saído que nem louca ao invés de ter cumprido com a minha promessa. Se eu tivesse sido um pouco mais racional, teria percebido como muitas coisas não pareciam certas. Eu só deveria ter tirado aquela mulhe
WILLIAM MARTINSAbro o whatsapp e releio a mensagem da mulher que amo. Anteontem, assim que eu li, o desespero me tomou e não consegui pensar em mais nada. Mas agora, relendo isso com calma, consigo notar algumas irregularidades. Como, por exemplo, a linguagem extremamente formal e como ela mandou tudo em um texto só, sendo que ela tem o hábito de enviar mensagens em diversas linhas. Toda vez que penso sobre esse texto, tenho a impressão de que não foi ela que escreveu.Sem contar que fizemos uma promessa um ao outro. Não importa o que aconteça ou o que a gente veja, nem o quão incriminadora seja essa imagem, iremos sentar e conversar. Entendo que na hora da raiva ninguém pensa nesse tipo de promessa, apenas age pela emoção. Mas eu conheço Mary, ela leva suas promessas a sério demais, então, assim que sua cabeça esfriasse, ela entraria em contato e conversamos. Por isso esperei mais de vinte e quatro horas, contando do momento que ela me mandou mensagem, ficando decepcionado quando
WILLIAM MARTINSMinha mente grita em letras garrafais, tirando o meu ar em poucos segundos. Subo as escadas rapidamente, adentrando o nosso quarto. Vou até a escrivaninha dela, abro o seu notebook e coloco a senha. Sempre compartilhamos as nossas senhas de tudo, deixando total acesso um para o outro. Nunca tivemos nada a esconder um do outro.Abro o google, coloco no instagram e entro no que já está logado. O ar foge dos meus pulmões no exato momento em que entra na página dos textos, a que acabou de postar o último. Abro o drive dela e vejo todos os textos escritos, mas o que me chama a atenção são as nossas fotos anexadas no fim de cada um. Cada palavra que ela escreveu, desde que nos reencontramos, foi pensando em mim. Por isso me tocavam tanto e se encaixavam no que estávamos passando.É por isso que esse me tocou tanto… ela escreveu para mim.É ela! Mary é a autora anônima._ Se ela queria falar comigo, por que não me mandou mensagem diretamente ao invés?- A pergunta grita.Pego
MARY COLLINS Saio da banheira, pego o meu pijama de cetim e o visto, voltando para a cama logo em seguida. Alguns minutos depois, escuto o som da porta ser aberta, barulho de passos e alguém para ao meu lado, repousando a bandeja de comida na mesinha de cabeceira.Nem me dou ao trabalho de levantar a cabeça e ver quem trouxe, muito menos qual é a comida. A única coisa que faço é virar minha cabeça na direção contrária, puxar o edredom caro e cobrir meu rosto com ele, deixando o ambiente ainda mais escuro.Não sei quantos dias estou nesse lugar, é impossível ter qualquer noção de tempo que seja, eles cortaram qualquer contato meu com o mundo lá fora. As janelas vivem fechadas, assim não consigo ver se é dia, noite ou tarde. Obviamente não tenho nenhum acesso a aparelhos eletrônicos como tablet, celular ou notebook. Mas não entendo porque nem a televisão posso assistir. Minha forma de saber um pouquinho mais sobre o mundo é Cy, mas ainda assim não é muito. Ele vive com aquele ponto de
MARY COLLINSEle me prometeu isso lá no início, quando não tinha nem um mês que havíamos retornando para a vida um do outro. Eu ainda tinha dezessete anos, o primeiro beijo não tinha rolado e nem tínhamos assumido os nossos sentimentos. Éramos apenas tio e sobrinha, sem essa relação pecaminosa e deliciosa que nos envolve. Mesmo sem esse vínculo ainda mais forte, ele me prometeu e William nunca quebra as suas promessas, espero que não comece a fazer isso agora._ Filha, por favor, coma.- Escuto a voz do meu pai.Eles aqui? isso sim é novidade. Desde que me trouxeram para esse lugar, só nós vimos aquela vez que eles me contaram do casamento que fui obrigada a concordar. _ Não estou com fome.- Sussurro._ Impossível. _ Você está a dois dias inteiros sem comer e beber água, apenas tomando banho e voltando para essa cama.- Minha mãe fala e sinto a cama se afundar ao meu lado.- Você nunca ficou tanto sem se alimentar._ Como vocês saberiam? Nunca estiveram em casa de verdade.Solto um sus
WILLIAM MARTINSUma semana. A porra de uma semana inteira desde que o meu irmão, se é que posso chamalo assim, se meteu na minha vida e trouxe as trevas para o que era luz. Que ele foi capaz de sequestrar a própria filha.Sete dias que eu não vejo a mulher que amo, sinto o seu cheiro, seu abraço, beijo e carinhos. Sete dias que não vejo os seus olhos brilharem todas as vezes que se encontram com os meus, ou que não contemplo o sorriso tão lindo que enfeita os seus lábios sempre que sussurro o quanto a amo. Cento e sessenta e oito longas horas que ela está longe de mim e estou prestes a morrer de tamanha preocupação. Não sei como Mary está e isso me mata por dentro, uma sensação tão angustiante quanto a de ficar sem ar. Não sei se ela está comendo, se estão a maltratando e muito menos como está o seu emocional. Porra, os proprios pais estão fazendo isso com ela, é o suficiente para surtar e todos a entender. Qualquer pessoa, em seu lugar, poderia ficar mal. Sem contar a força absurda
WILLIAM MARTINSParamos em frente a entrada da enorme casa, saindo do carro e correndo para dentro. Fiquei entre o meu amigo e seus soldados, eles possuem mais experiência do que eu e não sou orgulhoso- e tolo- o suficiente para me achar melhor que eles. Tiro a arma do cinto e a destravo, pronto para atirar se for necessário.A casa é ainda maior por dentro, por isso estamos com muitos soldados.Tentamos de tudo, mas não conseguimos nenhuma pista de onde Mary e Liam estão sendo mantidos cativos.Por esse motivo tantas pessoas, assim conseguimos nos dividir e cobrir mais território. Pegamos as escadas e subimos para a ala dos quartos. Tem uma equipe atrás dos pais, eu estou indo atrás da minha menina. Pegamos o corredor do lado esquerdo e entramos em todos os quartos, sem sucesso em nenhum deles. Foi assim mais uma vez,até que entramos em um que,logo na entrada, uma equipe de segurança estava segurando um homem alto e forte que está tentando entrar em um dos quartos. Ele luta ferozme