- Bom dia, senhor Ricci – disse formalmente, evitando a todo custo me olhar.- Bom dia, Patrícia - respondi citando seu primeiro nome para demonstrar intimidade. Ainda não entendia sua reação. - Fico feliz que o senhor esteja de volta, tenho várias demandas que precisam do seu aval para serem resolvidas – declarou, colocando as mãos sobre as pernas e mexendo na bolsa que carregava. - É mesmo? Carlos não conseguiu resolvê-las? – disse para provocar. - A maioria sim, mas as demandas do novo projeto, Carlos achou melhor esperar a sua volta. É preciso reorganizar sua agenda, alguns compromissos foram adiados na sua ausência – Patrícia falava sem parar olhando para o celular e não para mim.- Podemos começar pela demanda que tem prioridade e não pode mais ser adiada – falei e fechei a divisória do carro, precisava resolver minha situação com ela. - Sim, eu deixei anotado aqui as mais urgentes – falou olhando para o celular. - Eu decido o que é mais urgente - disse com ar arrogante, o
No dia em que voltei tive muito trabalho e reuniões. Uma delas foi com meus advogados, sendo que Carla compareceu por fazer parte do jurídico, quando ela chegou perto de mim, a encarei de forma firme, fiquei irritado por ela abrir a boca.Ela entendeu o recado e não se aproximou, participou da reunião como secretária de Carlos e foi embora.No entanto, mais tarde retornou tentando conversar, eu a recriminei na hora.- Carla, vamos ser sinceros, aquele noite foi nossa última juntos! Foi um erro assim como o nosso caso e não vai se repetir. Aparti de agora você se porta como minha funcionária e nada mais ou será demitida – falei firme.- Mas Bruno...- disse fazendo biquinho.- Nem mais uma palavra sobre esse assunto, agora pode se retirar que tenho muito o que fazer – pronunciei já olhando para a tela do meu computador.Ela saiu batendo os pés muito irritada, passei a mão nos cabelos, aquela noite fora um erro idiota, que merda!Até a Beatriz estava azeda comigo pelo que eu tinha apront
- Calma, me ouve. Eu fui fraco, fui um cafajeste - revirei meus cabelos de tanto passar as mãos, sentia minha respiração acelerada, o nervosismo me consumia. - Mas isso foi antes de te conhecer melhor, antes de passar um tempo com você, nosso final de semana foi maravilhoso, temos uma química excepcional desde a primeira vez e eu preciso mais de nós dois juntos - disse com sinceridade, mergulhado no castanho de seus olhos.O que sinto por Patrícia ainda é contraditório, mas extremamente forte, seria um eufemismo dizer que tenho sentimento por ela. Por isso preciso dela tão perto pois sou incapaz deixá-la ir. Imaginar que outro ocupe o espaço que ela me deu de corpo e alma me dói profundamente.Patrícia é uma armadilha da qual não consegui escapar mesmo lutando com todas as minhas forças. Ela me fez duvidar e ir contra todos os princípios que defendi desde que me entendo por gente, preciso urgentemente entender toda essa situação.- É mesmo? - perguntou com sarcasmo, ela
No primeiro dia que vi Bruno depois de quase uma semana foi difícil me controlar, manter a postura e demonstrar indiferença. Porém, sempre que pensava em vacilar, lembrava nele e na arrogante da Carla, a raiva e a indignação voltavam com força.Entendia que não tínhamos nenhum compromisso, mas estar com ela um dia antes de viajar comigo, uma viagem programada, foi demais. Senti que ele ficou irritado com a minha rejeição, já era um começo, embora não tivesse mais certeza se queria lutar por um homem que nitidamente me faria sofrer.O problema era meu coração que teimava em disparar sempre que o via. Às vezes eu pensava em fraquejar e foram muitas, porque Bruno vinha tentando de todas as formas chamar minha atenção e falar do assunto “nós”.Eu liguei para Beatriz, ela me apoiou e disse que devia deixá-lo rastejar, se o fizesse quem sabe me mereceria. Sabia que ele pediria por mais uma noite, isso ficou claro em todas as vezes que tentou conversar comigo, porém me mantive
Ao final, mais uma vez, mantive a postura e disse que precisava ir. Ele insistiu para que conversássemos.Quando Bruno chegou perto me cheirou, depositou beijos no meu pescoço e enfim me beijou... Nada mais importava, só o momento, só o sentir, só matar a fome que meu corpo tinha do dele.Bruno sabia como seduzir uma mulher e eu estava me entregando sem pestanejar, suas mãos grandes já estavam nos meus seios, os massageando e trazendo uma sensação deliciosa. Até que o celular dele tocou, como por um passe de mágica, a realidade voltou com força total e mesmo contra a vontade dele, me desvencilhei.- Patrícia, vem cá - ele disse enquanto o telefone tocava sem parar.- Não, atende logo...- Preciso mesmo atender, é minha mãe – explicou.Saí de perto dele, procurei o banheiro e entrei para recuperar minha dignidade e retocar o batom. Quando voltei ele estava sentado no sofá.- Vamos? – perguntei.- Patrícia, sente-se aqui - pediu batendo com a mão no est
Bruno não insistiu, voltamos para o escritório em um silêncio ensurdecedor, eu não falei mais nada e nem ele, quando estacionamos eu quis sair rapidamente, mas ele segurou meu braço.- Patrícia, eu não vou desistir. Pense em como somos bons juntos.Não respondi nada e não o esperei, não havia o que falar nessa situação, estávamos em um impasse, eu queria algo que ele era incapaz de me dar e jamais aceitaria o que me era oferecido eu precisava demais, eu merecia mais.Sentei-me na minha mesa e entrei de cabeça no trabalho, esquecendo de Bruno e da sua proposta descabida. Como ela esperava que eu aceitasse algo como aquilo, eu não poderia ser só mais uma quando meu coração desejava ser a única.No final da tarde ele me informou que estava indo embora e que eu estava liberada, curto e grosso. Tinha ativado seu modo CEO e eu me mantive focada, só desejei boa noite.Estava arrumando minhas coisas quando meu telefone tocou. Era Beatriz perguntando se ainda estava na em
- Calma! - Beatriz respondeu. – Dá licença? – falou abrindo sua bolsa enorme e exagerada. – Aqui!- Como assim? - pegou o cartão amassado.- Eu vi que você não tinha lido, estava lacrado, peguei no lixo e guardei - falou dando de ombros. - Você não existe!- Agora abre logo que estou curiosa - levantou-se rapidamente, correu para trás de mim e leu junto comigo:Patrícia... Sinto falta do seu cheiro, do seu sorriso, dos seus beijos, do seu calor. Queria que você estivesse aqui comigo, mas também precisava de um tempo para raciocinar, adorei cada momento a seu lado. Estou louco para te ver de novo.BrunoObs: escolhi a flor pensando em você e nos momentos que vivemos, retorne minha ligação para que a gente possa conversar melhor. - Uau! - Beatriz gritou.Eu fiquei muda, lendo e relendo.- Eu acho que ele estava muito sensível.- Que seja! Ele escreveu isso para você! – exclamou tocando no meu ombro.- E agora? – indaguei sentando na cadeira.- Vamos atacar e partir para o tudo ou nada
Na despedida, Bruno foi mais simpático que o normal, mas não chegou a jogar charme. A mulher, que agora sabia se chamar Julia, era séria e não pareceu se abalar com tamanha atenção masculina, possivelmente estava acostumada.Aquilo mexeu comigo e com meu ego. Para piorar, naquele mesmo dia Bruno não me chamou mais e não tentou conversar como nos dias anteriores. Cheguei em casa arrasada, chorei um pouco, olhei para os céus e pedi uma luz.Não quis ligar para Beatriz porque não queria atrapalhar seu trabalho. Para espairecer resolvi ir para a cozinha, sempre me distraia fazendo doces e resolvi que os faria. Fiquei até tarde fazendo massas e recheios variados.Lembrei de um livro de receita antigo que tinha na cozinha, meu pai havia dado de presente para minha mãe pois ela sempre gostou de cozinhar. Comecei a procurar receitas diferentes que pudessem me dar uma ideia de um recheio especial.No meio dele achei uma folha de papel, com uma citação:“Caminho leve. Leve