Quando Ana Paula e Mel pagaram o estacionamento, recolheram o ticket liberado pela máquina e foram caminhando, lado a lado, até o carro.
Quando ambas abriram a porta e entraram no carro, Ana Paula ligou o veículo e deu partida, parando em frente à cancela e inserindo o ticket a fim de que liberassem a saída do automóvel.
Enquanto ambas se dirigiam para casa, colocaram uma música do estilo MPB e ficaram ouvindo em um volume baixo, de modo a não incomodar nem Mel, nem a concentração de Ana Paula, que estava enfrentando um grande engarrafamento em uma das vias expressas da cidade do Rio de Janeiro, mais conhecida como Linha Amarela. Enquanto ficaram paradas no engarrafamento, elas preferiram gastar esse tempo olhando tudo ao redor, os outros carros parados. E a iluminação da cidade que era tão bonita, que ficava até fácil de esquecer o tanto de violência e crimes que aconteciam diariamente e que prejudicavam tanto a imagem da cidade maravilhosa ao redor do mundo.
Depois de alguns longos minutos no engarrafamento, elas chegaram em casa. E Ana Paula disse, o que você acha de fazer o d******d de um aplicativo de mensagens instantâneas? Vai te ajudar muito na comunicação com as pessoas.
– Você e esses aplicativos. O seu nome deveria ser “A Ana dos Aplicativos”. – Disse Mel debochando da amiga,
– Mas é verdade. Você fica debochando, mas é verdade. É muito importante e muito utilizado nos dias atuais. Se você quiser, eu posso te ajudar a baixar. É gratuito, pode ficar tranquila.
– Mas esses aplicativos são excelentes em tomar o nosso tempo. Depois que a gente faz, nossa! Não saímos mais da Internet.
– É só você se controlar. Tudo na vida é uma questão de equilíbrio.
– Nossa! Você realmente é mais centrada e equilibrada do que eu imaginava.
– Quer que eu te ajude a baixar?
– Está bem, vai. Quero.
– Vou te ajudar. Só aguarda um momento eu terminar de estacionar aqui. – Disse Ana Paula concentrada e focada a sua frente para não bater em nenhum frade ou cone que estivesse demarcando os limites das calçadas dela com a do seu vizinho.
– Pronto. Me dá o seu celular aqui que vou configurar.
– Ah, é! Bem lembrado. Eu não saberia fazer isso sozinha também. O que seria de mim sem você, minha amiga?
– Amiga, você precisa estar mais atenta as novas tecnologias! Não pode parar de se atualizar, caso contrário a gente fica para trás.
– Eu sei. Você tem razão. – Disse Mel pegando a caixa que guardava o celular novo.
Quando Mel entregou o celular nas mãos de Ana Paula, ela pegou o aparelho, ligou e se lembrou de um detalhe muito importante para a segurança da bateria do celular: – Não posso configurar agora o aparelho.
– Por que não?
– Porque você precisa deixá-lo carregando na tomada por pelo menos doze horas. Caso eu mexa nele agora sem carregá-lo antes, posso viciar a bateria e te dar problemas.
– Entendi. Não tinha pensado nisso.
– Coloque-o para carregar agora quando chegar em casa, e amanhã eu te ajudo a configurar. Você vem aqui na minha casa e me chama, ou eu vou até a sua casa. É só marcar o horário.
– Está bem. Acho que de tarde é bom para nós duas. E até lá o telefone já vai ter ficado carregando durante as doze horas necessárias.
– Verdade.
– Então até amanhã. – Disse Mel, dando dois beijos no rosto de Ana Paula, abrindo a porta e descendo do carro. Depois de ter fechado a porta, atravessou a rua e caminhou para o portão de sua casa, que ficava bem em frente à casa de Ana Paula.
Quando Mel chegou em casa, imediatamente conectou o celular novo na tomada, conforme Ana Paula havia instruído. E o deixou carregando. Como Mel tinha feito um bom lanche no shopping, não quis jantar e nem se preocupou em fazer nada na cozinha. Apenas tomou o seu banho, trocou de roupa, vestiu um pijama bem folgado, arrumou a cama, se deitou e logo pegou no sono, pois estava muito cansada. Aquela sexta-feira havia sido muito movimentada e muito estressante devido ao comportamento nada agradável de seu chefe.
No dia seguinte, como era sábado e elas não tinham expediente aos finais de semana, tanto a Mel quanto a sua amiga Ana Paula acordaram bem tarde, por volta das dez horas da manhã. Bem mais tarde em comparação aos outros dias de semana. Em seguida, Mel preparou o seu café da manhã, com duas fatias de pão de forma sem açúcar, a fim de compensar a imensa glicose ingerida no lanche do dia anterior. Além disso, comeu uma fatia de queijo com meia xícara de iogurte. Depois de tomar esse café da manhã com bastante tranquilidade, levou as louças sujas até a cozinha a fim de lavá-las, pois Mel não gostava de acumular louças na pia, nem de acumular outros serviços domésticos, e também Mel apreciava o fato de ajudar os seus pais.
Depois de ver a pia da cozinha limpa, percebeu que estava em dia com os serviços domésticos, pelo menos até aquele momento, então pensou em tomar um banho caprichado para que o seu dia começasse da melhor forma possível.
Separou uma roupa bem folgada e bonita para passar o dia, pois depois do almoço, estaria indo para a casa da Ana Paula, de modo que Ana a ajude com a configuração do celular, conforme elas haviam conversado no dia anterior.
Cerca de duas horas depois, Mel que já estava pensando no que tinha combinado com a amiga, resolveu preparar a comida o mais cedo possível para que ela almoçasse e já fosse para a casa de Ana Paula, pois o quanto antes Mel pudesse resolver a questão da configuração do telefone mais cedo ela poderia colocar a sua vida em ordem novamente.
Então Mel depois de almoçar, foi até o banheiro escovou os dentes e avisou aos seus pais que já tinha almoço pronto, que era só esquentar na hora em que eles fossem comer. Em seguida, Mel desceu suas escadas e foi até o portão da casa de Ana Paula e gritou o seu nome. Nesse momento, Ana Paula atendeu, chegando até a janela e pediu para que a amiga subisse e aguardasse um pouco, pois ela acordou muito tarde, e por isso ainda estava tomando o seu café da manhã. Então, Mel respondeu:
– Não se preocupe, eu posso voltar depois, pois estarei o dia inteiro em casa. Não quero te atrapalhar, não.
– Imagina, não está atrapalhando nem um pouco. – Disse Ana Paula caminhando até o portão e abrindo-o para que a amiga entrasse. – É porque eu me atrasei mesmo. Acabei acordando mais tarde hoje. E eu não gosto de acordar muito tarde. Acho que o dia não rende direito. Vem, pode entrar. – Disse Ana abrindo a porta para a amiga entrar e apontando para a cadeira que estava próxima à mesa da cozinha. – Pode ficar à vontade. Senta aí. – Concluiu ela.
– Obrigada, mas não quero comer nada não. Acabei de almoçar. Me adiantei toda hoje. E só para constar, eu amo acordar tarde. – Disse Mel, rindo e se sentindo um pouco sem graça por ter respondido algo tão diferente da amiga.
– Eu sou mais de acordar cedo mesmo, mas tem gente que não gosta, né. É assim mesmo. – Disse Ana Paula se sentando de novo e comendo seu último pedaço de pão. – Depois de uma pausa, ela prosseguiu. – Deixa eu só escovar os meus dentes e trocar de roupa rapidinho que eu já volto para olhar o seu celular. – Disse ela se levantando da cadeira e se dirigindo ao banheiro.
– Tudo bem. Sem pressa. – Respondeu Mel.
Depois de um tempo, Ana Paula retornou e disse:
– Deixa eu ver o celular. Você o deixou ligado a noite toda como eu te disse?
– Deixei. Depois que eu o tirei da tomada, nem mexi. Trouxe direto para você ver. – Respondeu Mel, tirando o celular da sacola.
– Está bem. – Disse pegando o celular e tentando ligá-lo.
Depois de alguns minutos, configurando o aparelho. Ana Paula fez algumas perguntas para a Mel, pois ao longo do processo de configuração são solicitadas algumas informações como nome completo, data de aniversário, idade, e-mail, enfim, dados importantes e que geralmente são solicitados na hora de fazer o cadastro de alguma coisa e os quais são necessários para a configuração e personalização do aparelho, conforme o gosto de cada um. Depois de pedir as informações principais, chegou a hora de escolher uma senha para desbloqueio do aparelho, o que gera mais segurança.
Depois de tudo ter sido feito corretamente, Ana Paula pediu para que Mel ligasse novamente o telefone e colocasse a senha e cadastrasse a biometria para facilitar o acesso e desbloqueio do telefone a cada vez que ele fosse ser utilizado. Feito isso, elas instalaram a Internet no aparelho através dos dados móveis que a operadora havia dado de bônus devido à compra do celular.
Quando elas ativaram a Internet, Ana Paula se lembrou de baixar o aplicativo de mensagens instantâneas, o que era de suma importância para a comunicação da amiga com as outras pessoas, inclusive com o pessoal do trabalho. Mas a advertiu: – Não perca a hora se distraindo nesse aplicativo, porque muitas pessoas reclamam de que quando o instalam, perdem a noção do tempo e acabam deixando de fazer as suas atividades mais importantes para ficar batendo papo com as pessoas. Ter rede social é muito bom, uma maravilha, mas tudo na vida deve ser dosado.
– Sim, concordo. Pode deixar que eu não vou ficar o tempo todo com o celular na mão, não.
– Está bem. – Disse Ana Paula rindo. Mas de qualquer forma, você faz o que você achar melhor. Eu só estou te aconselhando. Longe de mim querer m****r em alguém.
– Eu sei que você só quer o meu bem. Eu te entendo. – Disse Mel rindo do jeito de falar da amiga.
– Ah! E pensa direitinho no que eu te falei sobre o aplicativo de relacionamentos. Vai te ajudar a conhecer pessoas novas.
– Está bem. Vou pensar, sim.
– Ele não é difícil de instalar, não.
–Tudo bem. Depois eu resolvo isso. Vou indo, então. Muito obrigada pela ajuda, minha amiga.
– De nada. Sempre que precisar, estou aqui.
– Muito obrigada mais uma vez. Beijos.
– Beijos. – Disse Ana Paula, conduzindo a amiga até a porta de casa. E Mel foi embora.
Depois de terem passado alguns meses, já próximo à virada do ano de 2019 para o ano de 2020, foram noticiados alguns casos, isolados no mundo, a respeito da descoberta de um novo vírus, o qual depois de alguns estudos foi possível verificar que ele apresentou um potencial pandêmico, o que estava gerando grande preocupação ao redor do mundo.Devido à velocidade de contágio entre as pessoas, vários países foram levados a tomar difíceis decisões, o que poderia afetar significativamente a economia, mas que eram medidas necessárias para conter o avanço do novo vírus.A Ana Paula, quando assistia a essas notícias, se via tomada pelo medo, pois muitos telejornais alertavam a evidência, com base nos estudos científicos sobre a existência de pessoas que compunham um grupo de risco, o que preocupou muito Ana Paula, pois ela tem os seus p
Mel ficou na agência bancária o tempo todo preocupada com o vírus e com a consequente doença que estava parando todas as atividades ao redor do mundo, aos poucos, e tirando a vida de muitas pessoas.Então, Mel, depois de ter ficado aguardando pela sua vez de ser atendida por mais ou menos duas horas, ela finalmente se sentiu aliviada por estar saindo daquela agência, a qual estava representando perigo para a sua saúde, como várias outras atividades e locais que pudessem incluir outras pessoas além dela. Quando ela finalmente saiu pela porta giratória, foi caminhando até o ponto de ônibus para esperar o transporte coletivo, o qual não demorou muito a chegar.Alcançando a porta de casa, ela deixou os seus sapatos do lado de fora e foi imediatamente caminhando para o banheiro a fim de lavar as mãos com sabão e, em seguida, tomar um banho, tendo em mente o má
Passados mais ou menos, catorze dias, Mel começou a desenvolver alguns sintomas que poderiam ser relacionados à doença associada ao novo corona vírus. Como ela estava sentindo fortes dores de cabeça e dores no corpo, os quais eram alguns dos sintomas desencadeados pela nova doença que, ainda que fosse considerada uma grande incógnita para os médicos e cientistas, tais sintomas já serviam como um sinal de alerta. E como Mel já estava bastante familiarizada com o seu celular novo, e a cada dia mais evoluída quando o quesito é fazer uso da tecnologia, pensou em enviar uma mensagem, através do aplicativo de mensagem instantânea, para a sua amiga Ana Paula, perguntando:– Oi amiga, tudo bem por aí? Estou sentindo muitas dores no corpo e na cabeça. Você acha que eu devo procurar um médico agora ou aguardar mais alguns dias? – Perguntou Mel, preocup
Depois de dois dias, Mel percebeu que a sua respiração piorou um pouco mais, novamente. Estava se sentindo ainda mais cansada mesmo sem fazer qualquer esforço. Mesmo deitada, percebeu que estava se sentindo ofegante, então tomou a decisão de consultar novamente o aplicativo e acrescentar o novo sintoma que havia se manifestado, mas que vinha se intensificando cada vez mais.Percebendo que a dificuldade para respirar estava se agravando a cada dia e que as dores, tanto que ela sentia na cabeça quanto a que ela sentia no corpo, não estavam sendo enfraquecidas pelo remédio, cujo uso ela acreditava que fosse permitido pelos médicos, então estava se sentindo mal constantemente. Além das dores, Mel começou a sentir que seu corpo estava ficando quente, e quando ela colocou o termômetro, viu que a temperatura estava cerca de 38 graus, o que já poderia ser considerado febre.C
Cerca de meia hora depois, Douglas chegou e estacionou o carro em frente à casa de Mel a fim de levá-la para o hospital, conforme ela havia pedido.Quando eles estacionaram em frente ao hospital, Douglas se virou para trás e disse:– Mel, não vou poder ficar aqui te esperando até você ser atendida, pois um passageiro tinha me ligado ontem marcando para hoje uma corrida. Não posso me atrasar, porque ele me avisou com antecedência.– Tudo bem, Douglas. Não precisa se preocupar. Eu te agradeço muito por ter me trazido. – Disse ela, ainda sentada no banco de trás e se sentindo com um pouco de fraqueza.– Imagina. Não precisa agradecer. – Douglas ficou um tempo olhando para o banco de trás, onde Mel estava sentada e perguntou: – Você está bem mesmo para ficar aqui sozinha? Qualquer coisa me liga que eu tento dar um jeito de
Quando um homem alto, forte, de cabelo castanho claro e que usava óculos passou por uma porta estreita e veio andando em direção a Mel, ela ficou admirada. – será que esse homem é o médico que vai me atender? – Pensou Mel perguntando-se a si mesma, querendo que a sua intuição estivesse correta. E ele, alguns instantes depois, surpreendendo-a, chamou-a pelo nome, e fazendo gestos com as mãos para que ela pudesse ir caminhando até ele, indicando que era a sua vez de ser atendida.Então ela foi em direção a ele. E naquele momento o médico disse:– A senhora se chama Mellany Campbell?– Sim. Mas todos me chamam de Mel.– Pode me acompanhar, por favor, até aquela sala. – Disse ele, sorrindo e apontando para uma porta localizada mais ao interior do corredor. E Mel assentiu com a cabeça, enquanto ia caminhando ao lad
Quando Mel saiu do consultório, pegou o celular que estava dentro de sua bolsa, a fim de enviar uma mensagem para o seu amigo Douglas, que dizia:– Acabei de ser atendida. Você está muito ocupado agora?Douglas demorou um pouco para responder a mensagem de Mel, o que a fez aguardar um pouco na sala de espera do hospital. Como ela estava encantada pelo médico, ela aproveitou esse tempo para tentar a sorte de conseguir vê-lo novamente, ainda que seja de longe e de forma rápida, pois ele só iria até a sala de espera a fim de chamar outro paciente para ser atendido.Então o celular de Mel a tirou de seus devaneios quando emitiu uma notificação de mensagem, que quando Mel olhou, e verificou que era de Douglas, o que fez Mel se sentir aliviada, pois estaria indo embora do hospital e iria direto para a sua casa. Mas ao mesmo tempo em que ela estava se sentindo assim, também estava t
Quando ela chegou em casa, deixou os sapatos do lado de fora, cujo hábito estava sendo desenvolvido na pandemia, visando a proteção de si mesma e de todos que residiam em sua casa. Em seguida, ela se dirigiu para o banheiro a fim de tomar um banho. Depois de se sentir bastante relaxada, foi para a cozinha preparar um lanche, pois estava há algumas horas sem comer, enquanto estava no hospital aguardando atendimento daquele médico que encantou Mel em sua primeira aparição.Mel, enquanto estava na cozinha, preparou um copo de leite e misturando-o ao achocolatado, degustou e viu que estava maravilhoso. Em seguida, cortou um pedaço de bolo, cujo sabor era cenoura com uma avantajada cobertura de chocolate, o qual era o seu sabor preferido.Enquanto fazia esse lanche, Mel se lembrava de como tinha sido o seu dia até aquele momento. E pensou naquele médico novamente. Não sabia se teria a oportunidade