Karina acreditava em si mesma. Porém, ela não conseguia acreditar em Ademir. Assim que ele soubesse, que tinham um filho, ele não a perdoaria! — Não, não... — Karina temia essa sensação e, instintivamente, balançou a cabeça. Karina não queria isso. Não era isso o que já havia decidido? Ela só queria saber quem era o pai do filho... Apenas isso. Agora, por ser Ademir, ela deveria aceitá-lo? — Mas, não é igual, não é a mesma coisa. Ademir sabia da existência daquela criança, e ele deveria ter o direito de saber, ele era o pai do filho! O que fazer? Por que tinha que ser ele? Além disso, quem era a pessoa desconhecia usando o modulador de voz? Como ela sabia a verdade? E por que, afinal, teve que revelar a verdade para ela? Ele estava atrás dela ou de Ademir? Seria inimigo? Ou aliado? Karina sentia uma dor de cabeça intensa, incapaz de tomar uma decisão. Ela permaneceu ali, imóvel, o vento frio do inverno a envolvia, mas ela mal sentia o frio. O inverno
Por lá, Bruno desceu as escadas, muito confuso, e fez uma ligação para Ademir:— Sr. Ademir.Ademir estava comendo quando recebeu a ligação de Bruno, e logo pensou que algo tivesse acontecido com Karina.— O que aconteceu com a Karina?— Nada, a Karina está bem.Então, isso significa que...Ademir levantou um canto da boca, com um sorriso que misturava curiosidade e ironia.— A Karina disse para você não mandar comida, mais uma vez?— Também não. — Bruno também achava aquilo estranho. Naquela época, ele estava seguindo as instruções do Ademir e mandando a comida para a Rua de Francisco Antônio em todas as refeições.Toda vez, Karina dizia que não precisava mais.Mas, Bruno disse:— Sr. Ademir, hoje a Karina não falou nada.Ademir ficou surpreso por um momento.— É sério?— Sim. — Bruno queria falar mais, mas havia algo a mais que ele precisava contar. — E, além disso, hoje a Karina perguntou por você.Quando ouviu isso, Ademir ficou ainda mais inquieto, a ponto de perder a fome.— O q
Karina recebeu e leu a mensagem. No entanto, não sabia como responder. Desde que descobriu que ele era o pai biológico da criança, ela ficou um pouco perdida sobre como se relacionar com ele. Naquele momento, não respondeu e acabou esquecendo. Depois, ficou ocupada. Isso porque Catarino teria que ser internado. Lucas a ligou, dizendo que tudo estava organizado por lá e que ele estava pronto para ser internado. Ele pediu para ela não se preocupar com os detalhes do que aconteceria na parte dele, apenas que ela cuidasse bem de Catarino. Assim, Karina foi até a Villa verão. A cirurgia não era complicada, mas depois dela, Catarino precisaria ficar internado por algum tempo. Ela teve que organizar todos os aspectos da sua vida. Esse era o lado mais objetivo, mas o primeiro procedimento cirúrgico de Catarino exigia a companhia da irmã. Dessa forma, ele não ficaria tão nervoso, preocupado ou ansioso. Cecília havia arrumado tudo: — Sra. Barbosa, poderia verificar, p
Ademir respondeu com dificuldade. Na verdade, ele não queria admitir, pois achava que Karina estava se equivocando... De fato, assim que ele assentiu, Karina sorriu: — Claro, a Vitória está ocupada e não é conveniente, você deveria cuidar disso. — Karina... — Ademir sentiu uma dor no peito. Embora sua voz fosse suave e sua expressão tranquila, ele ainda achava que as palavras dela eram cruéis! — O que houve? — Karina esperou um momento e, vendo que ele não dizia nada, apontou para o quarto. — Se não for nada, eu vou ficar com o Catarino. — Karina! — Ademir de repente segurou o pulso dela. Sua expressão estava confusa e cheia de vergonha, mas também com um toque de ressentimento. — Eu não sabia que você e o Catarino estavam aqui, senão eu não teria ficado indiferente. Após ouvir isso, Karina deu um suspiro profundo: — Eu sei, não se desculpe, nem sinta que tem algo a ver comigo. Eu não te contei de propósito. Ademir ficou sem palavras. Então, ouviu Karina continuar
— Eu? — Karina ficou chocada, não entendendo o que ele queria dizer. — Sim. — Ademir levantou o queixo e apontou para o leito de Catarina. — Você sabe, quando estava consolando a Catarina, parecia que uma luz a envolvia. Era como se, no futuro, você fosse uma ótima mãe. Enquanto falava, seus olhos caíram sobre a barriga dela. Embora Ademir tivesse falado de forma casual, Karina ouviu com muita atenção. Ela ficou parada, pensando... Uma boa mãe? Se fosse pensar bem, Ademir sempre foi muito gentil com essa criança. Ele parecia nunca tê-la rejeitado, nunca expressado desgosto. Por quê? Era porque ele foi educado dessa forma desde pequeno, ou seria essa uma influência mágica vinda do sangue? Os dois continuaram a caminhar, e Karina, de repente, fez uma pergunta: — Se, eu digo se, você se casasse com alguém grávida, mas não fosse eu, você também a aceitaria? E cuidaria da criança... O quê? Ademir parou de repente. — Você sabe o que está perguntando? Karina foi de
Karina sorriu e pediu a opinião dele.O homem engoliu em seco, demonstrando uma paciência fora do comum, e respondeu:— Está bem.— Agora eu já entendi. Quando um casamento não pode continuar, o melhor é encerrá-lo de forma adequada. Não é necessário que duas pessoas se tratem como inimigos. — Karina sorriu levemente e falou com suavidade. — Vamos nos comportar de maneira amigável daqui em diante.Após essas palavras, Karina o observou em silêncio.Karina pensou consigo mesma que Ademir deveria ter entendido.De fato, Ademir havia compreendido, mas ele parecia congelado, como se estivesse paralisado, e não fez nenhum movimento, nenhuma reação.Já Karina... Ela não mencionou nem uma vez que Ademir havia dado em cima dela.Não era isso uma forma sutil de rejeitá-lo novamente?"Vamos nos comportar de maneira amigável?" Quão agradável parecia essa frase, mas não era isso um modo educado de terminar? “Bom, que seja, vamos tentar nos comportar de maneira amigável!”Ao pensar assim, Ademir,
— O quê? — Patrícia atendeu o telefone, e sua expressão mudou imediatamente. — Mãe, não chora, eu já estou indo! Espera eu chegar, aí a gente conversa. Ela desligou rapidamente. — O que aconteceu? — Karina percebeu que Patrícia estava pálida e visivelmente angustiada. — Karina... — Ao contrário de Karina, Patrícia era uma pessoa que se emocionava facilmente. Assim que abriu a boca, as lágrimas começaram a cair. — Meu irmão... Ele foi levado para a delegacia! — O quê? Acontece que alguém da família Santos foi cobrar uma dívida. O irmão de Patrícia, Paulo Santos, foi impulsivo e acabou se envolvendo em uma briga com a pessoa. Paulo era jovem, muito forte e já havia sido militar, então a outra pessoa não tinha como vencer. Foi espancado até ir parar no hospital! E Paulo, logo depois, foi levado para a delegacia. Patrícia se apressou a trocar de roupa, pegar sua bolsa e as chaves. — Patrícia, eu vou com você. — Karina estava preocupada. — Não precisa. — Patrícia recusou
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!