POUCO ANTES DE CHEGAR EM N-F22 FIQUEI EM UM ACAMPAMENTO. Lá conheci um ex-soldado, Jansen. Ele tinha uns trinta, cabelos loiros bem claros e sabia fazer armadilhas para esquilos com as fivelas de seu uniforme do exército canadense, mas tinha o péssimo hábito de cuspir no chão enquanto estava conversando.
Jansen nocauteou um homem que queria me forçar a chupá-lo usando apenas sola de uma bota. Foi gentil de sua parte, porque ele não tinha nada a ver comigo e nem precisava me ajudar, eu não tinha nada a oferecer e Jansen não tinha interesse em garotos, nem mesmo os que se pareciam com uma garota.
Depois, Jansen me ensinou como socar a garganta de alguém para me defender, ele disse que mãos delicadas como as minhas não seriam capazes de matar alguém, então que eu precisava usá-las para saber fugir. Jansen tinha mãos grandes e pesadas como um martelo, ele tinha matado muitas pessoas. Ainda olho para minhas mãos pensando se ele as visse agora, se ele saberia quantas pessoas eu matei sem usá-las.
Olhando para as mãos de Logan enquanto ele coloca gentilmente uma mala marrom no chão, eu sei que ele é um soldado. Sentado em uma das poltronas da sala de estar, percorro Logan com os olhos. Ele está com um colete de poliéster e um suéter impermeável, parece bem à vontade com o clima polar. Ele sorri, meio sem jeito e de forma até lisonjeira demais, seus olhos azuis percorrendo toda a sala de estar, com vislumbre.
— Ele realmente pode ser definido como um metro e oitenta e cinco de músculos definidos, cabelos claros e olhos azuis. — Brenda, sentada no braço da poltrona do meu lado, comenta. Pelo visto, a notícia viaja rápido pelas paredes do castelo.
— Aposto que você adorou. — Lanço um sorriso para ela. — Mas conheço um lobo que ficará enciumado se te ouvir falar assim.
— Não seja estúpido. — Ela revira os olhos, cruzando os braços por cima da jaqueta de couro marrom. Brenda está de calça jeans, bota e uma camiseta quentinha, acabou de chegar em casa. Ela faz um horário misto e como um lobo, descansa no máximo quatro horas por dias e tira umas sonecas.
— Kateus! Kateus! — Escuto as vozes finas de minhas irmãs, empolgadas com a chegada de Kateus.
Lauralyn e, especialmente, Thalise correm para a porta interceptando-o antes mesmo que ele consiga entrar na sala. Elas os abraçam.
— Nada mal seu irmão também. — Brenda diz.
Analiso Kateus com curiosidade, ele é um homem com mais de cinquenta anos, em forma, de cabelos curtos e grisalhos, com olhos grandes e negros. Ah, até me esqueci, ele é humano, ele envelhece. Kateus sorri, recebendo os abraços, olhando para suas irmãs com um pouco de espanto.
— Lauralyn, Thalise! Vocês não mudaram nada! — Ele faz a observação óbvia, com tom de elogio, abraçando-as, uma de cada lado.
— Você continua lindo, meu irmão! — Lauralyn comenta sorrindo, ela está com um vestido curto na frente com a saia mais comprida atras, mostrando as pernas, acho que se vestiu mais para Logan que Kateus.
— Seja bem vindo, meu irmão. — Danielle fica de braços cruzados diante deles, como quem está brava, ela está com um shorts curto e uma blusinha regata, de salto alto, bem vestida, mas não se produziu toda quanto Lauralyn.
— É isso, Danielle? Não vai abraçar seu amado irmão? — Kateus não se abala, sorrindo para ela. Ele está de terno cinza e uma jaqueta branca dobrada no braço que ele estica, na direção de Danielle, solicitando o abraço. — Estou morrendo de saudades.
Ela obviamente se dobra e aceita, sorrindo. Eles se abraçam, sorrindo um para o outro com alegria.
— Se tinha tantas saudades por que não veio antes?
Lauralyn e Thalise dão espaço para Danielle e voltam-se para o amigo de infância. Devon e Jay estão perto dele, cumprimentando-o com formalidade.
— Lauralyn! — Logan parece especialmente feliz em encontrá-la, abraçando-a com carinho. — É muito bom vê-la. Você continua a mesma gostosa, seria ótimo reviver os velhos tempos.
Lauralyn fica especialmente desconcertada, acho que até ponderando a proposta, mas cai na risada e dá um tapinha no ombro de Logan, que mantém a mão em sua lombar.
— Você não tem jeito, Logan, eu sou uma mulher casada. — Ela exibe o anel e ele ri.
— Meus parabéns! Aliás, ouvi que você tem quatro filhos, uau. — Logan responde, ainda agarrado a ela. — Isso que eu chamo de produção!
Não consigo evitar em revirar os olhos, esse cara apenas chegou e eu já quero que ele vá embora da minha casa.
— E você deve ser Milan. — Kateus para na minha frente, abraçado com Danielle. — Ou Zane? Como prefere que te chame?
— Ah. — Desapoio o cotovelo do braço do sofá e fico em pé estendendo a mão. É tão estranho finalmente olhar para ele. — Tanto faz na verdade, o senhor pode me chamar do que preferir.
— Muito bem. — Kateus segura na minha mão, olhando firme para mim e eu sei que ele me hostiliza. — Vou chamá-lo de "queridinho", já que minhas irmãs demonstram uma grande preferência por você.
— Não é nada disso, tudo o que elas fazem é falar do senhor. — Solto sua mão, com um sorriso forçado.
— Claro que Milan também é muito querido! — Danielle passa um de seus braços com o meu, tomando meu lado. — Você vai ver.
— Não se faça de durão, sabemos como você se esforçou para este dia chegar. — Lauralyn segura no meu outro braço.
— Ei, podem parar! Todo mundo sabe que a favorita sou eu! — Thalise se intromete no abraço, chamando atenção para si.
— Você é mesmo, Thalise. — Kateus sorri amavelmente para ela, segurando em seu rosto. Danielle e Lauralyn sorriem para Thalise, achando graça em sua carência e logo se abraçam com ela também. As três são extremamente unidas, eu me sinto até deslocado nesse momento.
— Conheça minha irmã, Brenda. — Aponto com a mão para Brenda, que se apoia no meu ombro, com as mãos juntas.
— Muito prazer. — Kateus a reverencia. — Ouvi falar de você, a irmã adotiva.
— Hm. — Brenda não diz nada, só analisando. Acho que ela não se impressionou com ele.
— Com licença, senhores. — Jaylee se aproxima, Devon vem atrás dela.
— Kateus, essa é Jay, minha mãe adotiva. — Apresento-os.
— Encantado, senhora. — Kateus é cortês com ela, segurando sua mão e dando um beijo respeituoso.
— Encantada.
— Estava curioso para conhecê-lo, Kateus. Eu sou Devon. — Meu pai estende a mão para Kateus, adiantando-se antes que eu o apresente.
— Ah, sim. — Com seriedade, Kateus segura na mão do meu pai. Quando suas mãos se encontram em um aperto de mão escuto até um “plaft” vigoroso. — O homem que sequestrou, quer dizer, encontrou Milan.
— E você o homem que o perdeu. — Devon retruca. Conheço muito bem esse timbre em Devon e boa coisa não é, acho que ele se ofendeu.
— Você deve estar cansado, Kateus. — Jay interfere, antes que Devon inicie alguma divergência e piore a situação. — Acho melhor mostrar aos hóspedes seus quartos, certo, Danielle?
— Será um prazer, venha Kateus eu te acompanho. — Danielle segura no braço de Kateus.
— Com licença. — Ele pede, educado.
— Você vai adorar o quarto que preparamos para você, tem uma vista maravilhosa para o jardim e acabamos de adquirir uma linda coleção de estátuas para decorar, devem chegar na semana que vem! — Thalise fala empolgada, sorrindo, segurando no outro braço de Kateus.
Logan faz menção em pegar as malas, mas os criados se aproximam e pegam primeiro, ele fica meio sem jeito e segue Kateus e as meninas, aproximando-se de Danielle.
— Vai me mostrar onde é o seu quarto, Danielle?
— Certamente meu marido teria prazer em lhe mostrar seu lugar. — Danielle responde endurecida e sem paciência.
— Você não mudou nada, Danielle, sempre tensa. — Logan dá um sorriso para ela, de quem está se divertindo.
Devon coloca a mão no meu ombro e Jay fica de braços cruzados esperando Kateus ser escoltado pelas meninas. Um pequeno silêncio alastra-se na sala, enquanto esperamos eles saírem. Jay já tinha solicitado que os criados arrumassem dois quartos na Ala de Bawarrod, que é a mais vazia no castelo e onde ficam a maior parte dos quartos de hóspedes.
— Nossa, ele é um poço de simpatia! — Brenda menciona irônica. Sabia que ela ia dizer isso! Sorte que não tem mais ninguém na sala.
— Não diga isso, Brenda. — Jay a repreende. — Kateus é nosso convidado e devemos mostrar-lhe respeito.
— Mostrarei respeito a ele quando ele demonstrar um pouco a mim! Maldito! — Ela rosna, com o maxilar travado.
— Ele não gosta muito de mim. — Afirmo.
— O que é isso, meu bem? — Jay vira-se para mim com um olhar afável, segura em meu rosto e me puxa, para me dar um beijo na bochecha. — Todo mundo gosta de você, tenho certeza que é só estresse da viagem.
— Você diz isso, mas é uma mãe coruja. — Penso em Gavril quando digo isso.
— Não sou, não! — Jay me empurra queixando-se. — Dê tempo para que Kateus conheça você, além do mais, ele veio de muito longe para te conhecer.
— Tenho que concordar com sua mãe. — Devon se manifesta me dando dois tapinhas nas costas. — Não se precipite à nenhum julgamento agora.
— Eu sei. — Resfolego. — É só que… Acho que criei muitas expectativas.
— Não se preocupe, maninho, você ainda é meu irmão preferido. — Brenda belisca minha bochecha.
— Melhor que eu seja, mesmo. — Estreito os olhos para ela, exigente.
— Querida, peça à Patuk para servir um almoço no quarto aos nossos convidados e que diga para ela apresentar a eles os horários da casa. — Devon exige, colocando a mão no ombro de Jay, que olha para ele absorvendo as palavras como uma ordem. — Eles precisam se acostumar com os horários que fazemos.
— Claro, meu amor. — Jay sorri, entendendo onde Devon quer chegar com isso.
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— Enquanto estávamos caminhando pelo bosque, Thalise, que sempre foi muito distraída, deu de cara com o tronco de uma árvore. — Kateus está sentado no maior sofá de uma das salas de estar do castelo, Danielle está do seu lado, Lauralyn do outro e Thalise sentada ao chão, segurando em seus joelhos, por cima do tapete felpudo. — Tive que segurá-la antes que desmaiasse!
As risadas ecoam pelas paredes. A sala está cheia, todos os sofás e poltronas estão ocupados. Não é exatamente uma festa de recepção, mas quando minhas irmãs começaram a apresentar seus filhos e maridos, tornou-se. Todos se juntaram, houve uma extensa e enfadonha troca de elogios.
— Sempre fui muito distraída, mesmo, mas minha percepção melhorou um pouco! — Thalise se defende, rindo e ao mesmo tempo cruzando os braços por cima de um vestido azul claro.
— Não sei, Thalise, você ainda tropeça nas pedras e fica suja de terra! — Lauralyn dá uma risada exagerada, dessas de quem gosta de chamar atenção e que se sobropõe a qualquer conversa ou barulho ambiente. — Uma paspalhona mesmo!
— Pare de pegar no meu pé! — Thalise torce a boca.
— Mas em compensação, não existe pessoa mais bondosa que Thalise. — Kateus segura no rosto de Thalise fazendo um carinho e ela se derrete, abrindo um sorriso brilhante e segura na mão do irmão. Lauralyn parece um pouco enciumada por isso, olhando firme e cruzando os braços. — Estou surpreso que seja a única a não ter filhos, algum motivo especial?
— Oh, bem... — Thalise olha para Román de canto, eu acabo olhando também, Ele está com os braços fortes apoiados no encosto da poltrona em que Henri está sentado, ambos ao lado de Logan, na poltrona ao lado rindo e comendo amendoins da mesa aparadora ao centro. — Eu e Román não podemos ter filhos.
— Sinto muito, Thalise! — Kateus dá tapinhas na mão de Thalise, sobre seus joelhos. — Eu sei o quanto isso é importante para você.
— Até gostaria de adotar, mas...
— Adotar? Seria ótimo e é a sua cara! — Kateus abre um sorriso largo e que incentiva a ideia, ele olha para Román. — Thalise sempre gostou de ajudar os animais que estivessem injuriados e tinha sempre algum passarinho de asa machucada ou cachorrinho abandonado de quem ela estivesse cuidando.
— Ah, disso nós sabemos! — Segurando uma taça de vinho e em pé, perto de uma mesa com um abajur, Caedyn comenta. Seus cabelos vermelhos estão trançados, por cima do ombro e seu vestido é curto e de saia translúcida. — Não era ela que preferia as latinhas amassadas no supermercado? Eu me pergunto se são só latinhas! — Provocativa, ela ainda olha para Román, que estica as sobrancelhas entendendo o recado e depois repousa os olhos Kaiser, que está afastado do grupo bebericando vinho perto da janela. A conversa chama imediatamente sua atenção.
— Eu me lembro de querer jogar fora um brinquedo que tinha quebrado e Thalise retirá-lo do lixo dizendo que iria cuidar dele. — Kateus continua, dando uma risada alegre e divertida, como quem admira e ao mesmo tempo debocha da irmã.
— Claro! Ele estava se sentindo tão sozinho e abandonado, um pouco de carinho era o que ele precisava. — Thalise segura na mão de Kateus quando diz isso e acho que ela está dizendo sobre ele, especialmente quando ele junta os lábios e faz uma expressão de silencioso agradecimento. Danielle e Lauralyn se entreolham constrangidas, o que acentua a impressão.
— Sempre a defensora dos fracos e oprimidos! — Román faz o comentário ácido que estava faltando na noite, virando o rosto ofendido.
Não evito em olhar para Kaiser, ele está fulminando Román com os olhos vermelhos. Possivelmente o “fraco e oprimido” foi tomado como uma ofensa, mas me surpreende que ele não reaja de imediato dando uma resposta a altura e prefira desviar-se da conversa, dando um gole no vinho e arrumando no corpo o paletó cinzento.
— Não pensem que ela era a única a ter seus momentos, oh não! — Kateus dá as mãos com Danielle e Lauralyn, elas acabam sorrindo para ele, que beija as costas das mãos primeiro de Danielle e depois de Lauralyn. — Essas duas aqui. — Ergue as mãos delas, exibindo. — Sempre foram muito apegadas e uma vez foram ao Templo de Aesis na Celebração da Primavera, ocasião em que fazemos oferendas à Deusa, com flores e doces...
— Oh, não, meu irmão não comece! — Danielle abre bem os olhos, já antecipando o constrangimento, dando uma olhadinha de canto para Dorian, que está sentado ao lado de Izobel e com Liv ao colo. Dorian reage apenas interessando-se na conversa, ajeitando o braço pela cintura pequena de Liv.
— Ah, deixa ele contar! — Thalise pede em deleite.
Kateus olha para Danielle, como se pedisse permissão para contar e ela concorda, acenando que sim com a cabeça. Ele continua:
— Nossa mãe pediu para que elas fossem até o Templo e levassem alguns doces e flores, mas por algum motivo, elas entederam tudo errado e ao invés de deixarem lá as oferendas, trouxeram as oferendas de outras pessoas para casa! — Ele gargalha, batendo a mão na perna e a maioria das pessoas na sala acompanham com uma risada, inclusive Lucretia, se dobra rindo, apertando as mãos nos meus ombros, sentada ao meu lado. — Tivemos que devolver tudo no dia seguinte, foi terrível!
— Eu e Danielle sempre estávamos juntas e aprontando alguma coisa! — Lauralyn comenta, lembrando-se com nostalgia, ela dá um tapinha na cabeça de Thalise, como quem adula um animal. — Thalise morria de ciúme, vivia reclamando que a excluíamos.
— É mesmo? — Izobel pergunta como se não acreditasse, balançando sua taça quase sem vinho. Atrás dela, Caedyn segura a garrafa servindo mais a mãe. — Sempre achei que você fosse a mais apegada a Thalise, Lauralyn! Não sabia que você e Danielle eram tão grudadas!
— Eu diria inseparáveis! — Kateus salienta. — Embora acredito que essa relação tenha se abalado quando disputaram um amor… Mas eu compreendo suas razões, elas o amavam. — E ele dá uma olhada para Logan, como se insinuasse alguma coisa.
Ficamos sabendo que Danielle e Lauralyn disputaram a atenção do amigo de infância no passado, aliás, esse assunto é um motivo de estresse para os homens possessivos da família.
— Ah, eu me lembro daqueles dias como se fosse ontem. — Logan reflete, olhando para cima acessando as memórias, mas imediatamente se repreende. — Mas tenho por mim que a disputa entre as duas se encerrou, afinal, ambas encontraram muitas felicidades por aqui.
— E era bonito esse cara? — Mia, a filha mais velha de Lauralyn, pergunta interessada, fazendo Henri, seu pai, se mexer como se o paletó incomodasse seu pescoço agora.
— Era um gato! — Logan responde brincando, falando obviamente de si mesmo. — Boatos de que ele ainda é.
— Pelo que ouvi falar é uma bela obra-de-arte! — Mordendo uma uva de forma sensual enquanto caminha na frente de Logan, passando até Caedyn, Brenda dá uma olhada de baixo para cima em Logan.
Caedyn estica a mão puxando-a pelo braço e as duas se unem rindo, divertindo-se com a situação, obviamente. Meninas malvadas! Jaylee as repreende baixinho, ela está perto delas e do lado do meu pai, ambos sentados em um sofá, Devon com Dean no colo enquanto Gavril e Derek brincam de bater carrinhos no pufe, alheios à conversa.
— Mia! Acho que você é muito nova para pensar essas coisas. — Lauralyn a repreende de imediato.
— Mamãe, Nysia e Lane pensam nessas coisas. — Mia coloca uma mão no ombro e chicoteia os cabelos castanhos escuros para trás. — Eu e Ethan, fazemos essas coisas.
Seus irmãos, sentados com ela apertados em um sofá de dois lugares apenas dão risada. Mia é a mais bocuda deles, desde criança e sempre tirou Henri e Lauralyn do sério com seu jeitinho difícil e de menina mimada. Sabe, ela me lembra de Lucretia quando estávamos na escola, uma verdadeira princesa Zegrath.
— Mia! — Lauralyn abre a boca assustada, como se ela estivesse sendo mal-educada. — Tenha modos!
— Ora, deixe a garota ter um pouco de diversão. — Caedyn se intromete. — Além do mais se puxou a tia e a mãe, sabemos que ela terá!
— Caedyn. — Dorian chama a atenção dela com seus olhos laranja flamejando. — Respeite suas tias.
— Eu respeito. — Caedyn responde enviesada. Tenho certeza que minha prima se refere à mesma coisa que ele, porém, o que para Dorian pode ser ofensivo, para Caedyn é admirável. Já disse que minha família é um tanto machista? Pois é.
— E tem toda razão! — Kateus ri, chamando a atenção de todos para si. — Se havia alguém que sabia se divertir, era Danielle e Lauralyn! Sempre iam às festas e dançavam até ficarem com calos nos pés!
Mais risadas pela sala.
— Sem contar o número de paqueras! — Kateus continua listando. — Acho até estranho que tenham se casado tão jovens, achei que iriam curtir mais a vida.
É uma reação unânime entre Henri e Dorian, os dois incomodados com os comentários de Kateus, mas é possível ver que estão se contendo em suas reações. Ah, já falei que minha família é um tanto dramática também? Eu sei que eu sou.
— Bem, soa uma vida realmente memorável. — Lucretia resolve participar da conversa, ela está com as pernas dobradas de forma elegante, mas balaça o pé, despojada. — Parece-me que vocês viveram bem, até mesmo com o terror da Guerra.
— Desculpe, irmão, estou monopolizando o tópico da conversa? — Kateus olha para nós, transformando um comentário inocente em afronta. Não gosto muito de como ele faz isso, mas confesso que a primeira impressão que Lucretia causa nas pessoas nem sempre é muito boa. Ela tem um ar imponente e frio, às vezes acaba sendo interpretada de forma equivocada como presunçosa. — Diga-me como está se saindo como Imperador, irmãozinho?
Tomo fôlego e abro a boca, mas antes que eu responda, Kaiser arfa e se intromete, ainda que distante:
— Como o esperado para alguém que usurpou o trono, é claro.
Ai, lá vem!
Essa história de novo? Queria entender o que se passa nessa cabeça débil dele, de verdade, já disse que se ele quiser a coroa, ele pode tê-la novamente, mas quando eu pensei em renunciar, ele negou.
— Como assim, usurpou? — Kateus pergunta interessado e ao mesmo tempo, surpreso com tal acusação.
Kaiser balança sua taça de um jeito elegante e ao mesmo tempo afetado, e se aproxima de nós, um sorriso de canto típico de alguém pronto para estragar um momento. Ele faz isso, é por diversão e eu detesto que ele faça agora, quando temos visitas:
— Suas irmãs falharam em te contar que caí em conspiração do tipo mais vil. — Ele olha para mim ao dizer isso, me fazendo ranger os dentes.
— Guarde suas teorias ridículas para você, Kaiser. — Devon se intromete, mas Kaiser ergue a mão para ele como se não quisesse sua opinião.
Maldita hora em que resolvemos unir os brasões de Riezdra e Bawarrod nesse castelo, pois eu adoraria que Kaiser fosse para outro lugar agora. Um lugar preferencialmente bem distante.
— Você é o arquiteto desse golpe, Lorde Riezdra. — Kaiser acusa. — Aos olhos dos outros, talvez seu filho adotivo pareça apenas um rapaz inocente, mas foi uma peça num complô bem elaborado, deprimente e desonesto.
— Deprimente é alguém que prefere ficar cego à verdade. — Não aguento simplesmente, estou farto dessas acusações impregnadas de estupidez. — Você deve estar senil. Isso explica porque não se lembra do quanto implorava pela minha atenção e meus beijos.
— Zane! — Izobel coloca a mão nas orelhas de Liv. — Há crianças na sala!
— Se fosse algo assim tão especial, certamente me lembraria. — Kaiser ri com desprezo.
Ouch! Esse foi tiro no meio da minha testa! Não vou deixar barato.
— Você mesmo viu as memórias de todos e sabe que era o que fazia. — Respondo, ventando, meio rindo. Lucretia coloca as mãos na boca, não se se está segurando uma risada, ou apenas horrorizada por eu estar respondendo.
— Ainda que seja verdade, estou convencido que se deve a depravação que aflora em você, criatura! — Kaiser retruca com uma expressão de nojo e dá um gole em seu vinho.
— Pode negar o quanto quiser, velhote, mas quase todo mundo aqui nessa sala conhece sua obsessão por garotos. — Pontuo com uma irritante revirada de olhos.
— Você mancha a honra do Grande Império quando se comporta como uma prostitutazinha se enlaçando pelas salas do castelo! — Kaiser eleva a voz.
— Sua prostituta só se for! — Falo no mesmo tom.
— Zane. — Devon me passa um aviso.
Que eu ignoro como sempre, óbvio:
— Sua integridade não é imaculada como você quer fazer parecer. Lembro-me bem das vezes que tive que amarrar pedras no seu pênis(1) enquanto você delirava de prazer. — Dou risada, debochando e cruzando os braços. — Uma lástima não haverem câmeras, pois eu adoraria ter filmado aquilo.
Há um segundo de silêncio que percorre as bocas entreabertas e os olhos assombrados de todos os que estão na sala. Inclusive Kaiser precisa de um momento para colocar-se em ordem novamente.
Ele sorri:
— Ora vamos! Para um vigarista como você, não deve ser de longe a pior coisa que você já fez.
— Se fosse menos esclerosado, você saberia bem. — Sentencio.
— Por favor, já basta. — Thalise se levanta e segura de forma carinhosa no braço de Kaiser, fazendo-o olhar para ela, que se aproxima de forma íntima, como para confidenciar um segredo. — Já conversamos sobre isso, venha… — E o puxa, acho que para arrastá-lo para fora da sala, já vai tarde, em minha opinião.
Lucretia segura em meu braço e me puxa, para sussurrar ao meu ouvido:
— Não devia falar assim tão abertamente de suas intimidades, meu amor.
— Ele estava basicamente pedindo por isso. — Resmungo, continuo de braços cruzados.
— Tire as mãos dele Thalise! — Román se adianta, aproximando-se.
— Román, por favor, não vamos começar. — Thalise estende a mão, para afastá-lo.
Román puxa Thalise com força pelo braço, é tão violento que ela fica branca e todo mundo se assusta de imediato, ficando um tanto alerta. Danielle fica em pé, preparada para interferir.
— Ai, Román, está me machucando. — Ela força os braços para que ele a solte.
— Desculpe. — Román abre bem os olhos de duas cores e faz como ela pediu, soltando-a.
— Não é desse jeito que se trata uma mulher. — Com uma pegada forte na gola da farda, Kaiser dá um empurrão violento em Román.
— Cale sua boca! — Román puxa o braço para trás para dar um soco. Sua pele e manga da farda viram pedra e ele soca o maxilar de Kaiser com força.
O impacto é tão brutal que é possível ouvir os ossos quebrando. Kaiser cai para trás e segura o rosto, há sangue escorrendo de sua boca e ele cospe alguns dentes. Todos que até o momento estava sentados, se levantam. Eu também.
— Vamos, crianças, para fora. — Jay diz, segurando Dean nos braços ele está chorando assustado.
Román sobe em cima de Kaiser para socá-lo mais, Dorian e Devon interferem, segurando-o e puxando-o, é um trabalho difícil, pois o homem é um brutamontes. Román se parece como um touro enraivecido que foi enlaçao e luta para se soltar, enquanto é arrastado para longe de Kaiser. Jaylee foge pela porta com os mais novos, porém, Mia, Derek e Isis também a seguem amedrontados.
— O que você está fazendo, Román? — Segurando a saia do vestido, Lucretia corre para socorrer Kaiser. Ela se ajoelha ao lado dele, verificando sua saúde, mas ele empurra-a com força, jogando-a sentada no chão, para que ela saia da frente dele.
— Ahhhh! — De repente, Román berra. Dorian e Devon o soltam, sem entender, mas Román cai no chão de joelho com as duas mãos na cabeça, como se sentisse uma dor excruciante.
Enlaço meus braços pelos ombros de Lucretia e a puxo para cima, colocando-a de pé, ela dá alguns passos para trás, se afastando da cena, com a mão na boca e os olhos cheios de lágrimas, certamente abalada pelo empurrão que levou de Kaiser.
— Román! — Thalise grita entre lágrimas, querendo correr na direção dele, mas Danielle e Lauralyn a seguram pelos braços.
Kaiser fica em pé e escutamos os estalar dos ossos regenerando devagar, seus olhos mantendo contato visual com Román e causando uma dor tão intensa que todos os músculos do rosto de Román respondem aos espasmos.
— Pare! Pare, por favor! — Thalise grita em desespero, escapando das irmãs. Thalise se abraça com Román. — Pare! Você vai matá-lo! — Ela grita exasperada, mas Román continua berrando.
Não consigo ver mais disso. Simplesmente alcanço um dos muitos copos de cima da mesa lateral do sofá e atiro o conteúdo branco no rosto de Kaiser. Ele pisca, quebrando o contato visual e vira para mim.
— Ops! Foi sem querer. — Minto, clar, forçando um sorriso.
Kaiser range os dentes enquanto finjo que não importa e solto o copo vazio de volta na mesa.
— Não encoste em mim, sua imunda! — Assim que a dor cessa, Román empurra Thalise com força.
Thalise titubeia para trás, mas firma o pé, uma comoção de mulheres atrás dela, prontas para ampará-la, mas Thalise espalma a mão na cara de Román com um “plaft” audível. Uma marca vermelha fica no rosto dele, mas por pequenos segundos e a força foi tão grande que ele virou o rosto de lado. Román fica em pé e todos se assustam com isso, ele olha bem para Thalise.
— Quando te conheci pensei ter encontrado a pessoa certa, imaginei que fosse me fazer feliz e entreguei meu coração a você. — Ele diz. Lágrimas escorrem dos olhos dela. — Nunca estive mais enganado. Você não passa de uma mulher fácil, uma víbora! — Ele aponta o dedo no nariz dela. — Não fale mais comigo, te proíbo de sequer mencionar o meu nome.
— É melhor assim, você provou que realmente não me merece. — Thalise chora mais forte, cobrindo o rosto.
Román vira as costas, passa por Kaiser dando uma ombrada e sai da sala. Kateus abraça Thalise, Danielle e Lauralyn se juntam a eles.
— Por favor, nos desculpe. — Izobel pede à Kateus. — Somos bem tranquilos em geral.
Ele não responde, sério demais. Talvez assustado? Fica fazendo carinho na cabeça de Thalise.
— Você venha comigo agora! — Não consigo acompanhar a sala, Devon me puxa pelo braço como uma criança malcriada e me leva até outra sala do Castelo. Ele me joga para dentro de forma violenta e fecha a porta, cambaleio um pouco sem equilíbrio, mas não caio no chão nem nada do tipo.
— Ai, para com isso!
— Você pare com isso. O que foi aquela cena na sala? — Seus olhos pegam fogo enraivecidos. Onde está Jay para me salvar dessa fúria toda agora?
— Ele provocou, eu só respondi! Não vou deixar que fique fazendo acusações a você e a mim quando é um hóspede nessa casa! — Coloco as duas mãos na cintura, como símbolo de que eu tenho razão.
— Escute aqui, mocinho! — Com as mãos firmes e fortes, Devon segura em meus braços, apertando e me balançando. Ele venta ar quente no meu rosto, é um tanto incômodo, sei que ele está bravo. Ele reagiu dessa mesma forma quando descobriu que eu estava morando com um soldado em N-F22. — Fez mesmo aquelas coisas nefastas que falou na sala?
— Não te interessa.
— Responda-me! — Ele me chacoalha violentamente, gritando. — Não me faça perguntar duas vezes, Zane, você sabe o quanto me tira do sério.
— Fiz. — Respondo entredentes.
— Você é uma vergonha! — Ele berra, irado, tão acho que todo mundo que estiver na sala ao lado pode ouvir. — Não foi para desgraçar essa família que eu te criei.
— O que houve com o “sempre tive orgulho de você”, hein? — Eu o enfrento nesse momento. — Pelo visto não se aplica quando se trata de minhas preferências. Aquilo não é nem um terço do que eu fiz e eu gostei na maiora das vezes!
Com raiva, Devon me envia um choque energético e me joga com força para trás. Perco o equilíbrio e caio no chão, sinto um pouco de tontura com a voltagem, coloco a mão no coração que acelerou de repente, com adrenalina. Meu fraco coração.
Devon vira de costas, posso escutá-lo respirando forte e pesado, tentando se controlar, seu corpo inteiro vibra, os zumbidos de estática ao redor dele. Sinal de que o deixei realmente irado. Encaro suas costas, ele coloca uma mão na cintura e a outra na testa, abaixando a cabeça, se controlando e pensando. Ele vira-se, me encarando, a face impassível, mas seus olhos são duas bombas nucleares que explodem em mim.
— O que me constrange não são suas preferências sexuais, como você pensa, mas sim a imoralidade de suas ações. Nunca mais na sua vida ofenda alguém dessa maneira tão imunda. Especialmente quando é alguém a que você deve respeito e gratidão por ter se sacrificado pela sua vida. Está me ouvindo?
— Sim, claramente, senhor. — Prendo a respiração.
As lágrimas ardem nos meus olhos. Ele tem razão. Por mais que eu tenha raiva e sinta-me frustrado, Kaiser deu sua vida por mim e merece meu respeito e gratidão. Eu quem sou o lixo imundo e ele tem seus motivos para me ofender.
— Vá para o seu quarto e não saia de lá até eu m****r te chamar. Tenho um incêndio para apagar. — Devon ordena e sai pela porta, batendo-a, me deixando sozinho.
No instante em que ele sai, Brenda entra, me pegando com as lágrimas escorrendo.
— Oh, Zane. — Ela fecha a porta depressa e se aproxima. Brenda se ajoelha do meu lado e segurando no meu ombro. Prendo a respiração, mas Brenda me abraça forte e coloca a mão na minha cabeça. — Está tudo bem, meu irmão, você pode chorar agora.
Eu a abraço, enganchando meus braços em seus ombros e choro aos soluços. Choro por ter dito coisas horríveis às pessoas que eu amo, por ter visto raiva nos olhos de Kaiser quando antes ele foi o único que não me abandonou. Eu não tenho sequer o direito de lembrar um passado que foi importante para mim. Kaiser tem razão e eu não ser nada além de um usurpador, uma droga de um instrumento no plano de Devon, por ter traído aquele que confiou a mim seu coração.Choro principalmente pela Guerra que sou incapaz de vencer.
(1) Uma tara sexual que leva o nome de: Adstringopenispetrafilia.
— KATEUS ALFINETOU A TODOS E OS ÂNIMOS ESTAVAM ALTERADOS POR ISSO. — O vento atiça os cabelos compridos e loiros de Brenda. Deitada de bruços sobre as flores de lavanda, ela estreita os olhos para me enxergar melhor na luz solar. — Ele veio para infernizar todos, mande ele de volta para a maldita aldeia de onde ele veio, Zane!— Não posso fazer isso, ele é meu irmão e quero conhecê-lo. — Junto ramos de flores na mão.Brenda resfolega contrariada, balançando as pernas. Uma rajada de vento gelado joga uma mecha de cabelo sobre meus olhos.— Certo, você tem esse direito. — Ela diz.Tiro os cabelos do rosto e sorrio para ela, Brenda passa o braço por meus ombros e ficamos olhando o vento balançar as flores. Até onde estão as margens das montanhas, onde ficam as árvores de folhas alaranjadas, amarelas
— BOA NOITE, THALISE! — LUCRETIA A CUMPRIMENTA assim que deixamos o quarto e pisamos no corredor.— Como está Román? — Pergunto com um sorriso esperançoso, querendo ouvir que eles fizeram as pazes.— De ressaca. — Thalise dá de ombros, com o rosto sério de quem não gostou da pergunta. Seus cabelos ruivos estão soltos e ela está com um vestido luxuoso para enfrentar o cotidiano no castelo, exceto pelo mau-humor aparente, parece normal.— Não estão se entendendo?— Não quero me entender com ninguém, Zane, só comigo mesma. — Ela responde impassível e se adianta, passando por nós.— Que coisa, achei que eles teriam feito as pazes. — Lennon comenta, encostando os braços no meu ombro, se apoiando, seu cabelo castanho está solto com fios compridos e cheiros
AS MESAS QUE LOGAN RESERVOU FICAM bem de frente ao palco onde haviam shows de dança. Quando chegamos o palco ainda estava vazio e portanto nos sentamos para beber alguma coisa e conversar.— É um stripclube para mulheres? — Lucretia sussurra espantada.— Pelo visto, sim. — Estranho um pouco a situação. — Nem acredito que escolheram vir num lugar assim, quer dizer, sei que elas querem se vingar, mas parece demais.— Thalise escolheu com a ajuda de Kateus, ele disse que ela precisa se libertar do passado. — Lennon revela. — Passei uma lista de lugares para eles e sei que aqui tem os melhores dançarinos do Império.— De fato, parece que sim. — Kateus surge ao nosso lado, com um sorriso.Lucretia e Lennon saem na frente, indo sentar-se a mesa com os outros. Eu fico um pouco com Kateus, esperando que ele justifique a escolha do local.
GOTAS GELADAS RESPINGAM NO MEU ROSTO. Não é o frio que me acorda, meu corpo está aquecido. Sinto-me cansado como há muito eu não me sentia e minha respiração está fraca e lenta. Sons confusos, respirações calmas e espassadas, um ronco estranho. Sinto que estou me movendo involuntariamente, para cima e para baixo, acompanhando essas respirações, como almofadas peludas em baixo de mim.Abro os olhos tentando reconhecer onde estou, mas há escuridão, tudo negro como se meus olhos ainda fossem humanos. Que saco, devo estar mesmo fodido. Parece que estou dentro de uma caverna, há som de água ecoando, mas vem do lado de fora, como uma cachoeira.Eu me sento, coçando os olhos e bocejo, sonolento. O que aconteceu?— Grrrrr… — Escuto um rosnado e ergo a cabeça.As almofadas peludas? Na verdade são l
UMA LAMBIDINHA GELADA TENTA ME MANTER ACORDADO. É um dos filhotes de Cornelia lambendo meu nariz. Abro os olhos, mas o que vejo são apenas silhuetas de árvores passando, o som da neve amassando por baixo das patas dos lobos. Está frio e a neve cai por cima de nós.A sensação de desconforto é tamanha que meu coração parece que vai parar de bater, mesmo estando sobre a lombar de Jonas, com o rosto semi-enterrado em seus pelos cinzentos e grossos.— Estou bem. — Digo baixinho para o filhote que lambeu meu rosto e faço um carinho em sua orelha, coçando, ele balança a pata traseira, contente.Coço os olhos, observando onde estou. Não sei quantos quilômetros já percorremos, mas parecem muitos, olhando para as estrelas, fico com a sensação de que já estamos bem perto. Lobos-Metamorfos são mais r&a
A CRIMINALIDADE EM N-D44 CONSISTE EM FURTO E ROUBO. Alguns se tornam latrocínios, mas dificilmente há um assassinato. Especialmente se ocorre dentro da Sociedade dos Vampiros.Governar uma sociedade mista entre vampiros e humanos não é uma tarefa fácil, mas pela última década deu muito certo até que a fome, a doença e o medo assolou a população. Minha nação é um cachorro acuado no canto de uma jaula. Os alienígenas são como o chicote do adestrador: ou matam de medo, ou criam fúria.Não é bonito e nem agradável de assistir. A opressão faz coisas terríveis com a alma. Humanos e vampiros tornam-se monstros e as leis dos mais fortes imperam como na selva.As áreas mais pobres são as mais afetadas e é comum vampiros quase mortos de fome atacarem humanos, sugarem suas Últi
A LÍNGUA QUENTE DE LUCRETIA PERCORRE A MINHA BOCA, DEBRUÇADA por cima de mim, ela me beija com volúpia. Minha cabeça está apoiada em seu colo, minhas pernas por cima de Lennon, enquanto ele lê um livro com a capa preta e dourada. Estamos os três em um dos bancos de ferro e madeira do jardim, rodeados pelas estátuas sinistras que Lucretia comprou. Esse parece ser o seu pedaço favorito da casa agora e sei que ela está plantando roseiras para compor a decoração.Não gosto muito dessas estátuas, elas parecem nos olhar fixamente. São monstruosas, como as quimeras que costumavam existir em Notre Dame, com caretas de horror, bocas abertas, dentes grandes e corcundas.Uma brisa fresca congela minhas bochechas e me faz tremer de frio, eu devia mandar buscar um cobertor.— Ele está escondendo alguma coisa de mim. — Interrompo o beijo,
— NÃO, VOCÊ NÃO PODE PARTICIPAR VAI USAR TELECINESE E MANIPULAR OS RESULTADOS. — Kateus me acusa.Estamos no salão de arqueria do castelo para um disputa de arco-e-flecha que aparentemente eu e Kateus combinamos quando eu estive naquela boate. Apesar de não me recordar muito, topei, adoro disputas, mas detesto ficar fora delas. Cruzo os braços indisposto.— Tá, mas então Lucretia vai competir no meu lugar. — Ela é bem melhor que Lennon em acurácia, afinal das contas e não sou bobo.— Eu quero ficar no time de Danielle! — Lauralyn ergue a mão, adiantando-se.— Ah, que injusto, por que você sempre escolhe ela? — Thalise reclama, colocando as duas mãos na cintura.— Você sempre escolhe Kateus. — Lauralyn responde na lata, fazendo cara de desprezo.— Deve ser porq