beijo pareceu ter durado apenas alguns míseros segundos, estávamos o mais perto que conseguíamos estar um do outro e mesmo assim ainda não era o suficiente. Possivelmente eu nunca estaria completamente satisfeita.
Notei que Leinad me analisava, havia um sorriso microscópico surgindo em sua boca.
- O que foi? - perguntei.
- Pode me explicar tudo isso? não que eu não tenha gostado... só... me pegou completamente de surpresa...
Fitei o chão por um momento, sentindo minhas bochechas queimarem sem que eu pudesse impedir.
- Hey... - ele disse enquanto pegava minha mão delicadamente - não se preocupe com isso está bem? deixa pra lá, acho que... se explicar perde a graça.
Sorri.
- Você disse a mesma frase que Daniel me disse uma vez... exatamente a mesma frase... me diga Leinad, você é o Daniel?
-
Estava na porta da casa de Lucy, tentando me convencer de que era o certo a fazer... por que sem ela, sinceramente? não estava dando. Uma semana havia se passado após o meu pequeno contra tempo com Leinad, não havíamos nos visto desde então, e eu preferia que fosse assim. Bati na porta, antes que meu cérebro tivesse tempo para desistir. Por sorte, foi Lucy quem atendeu. - O que você quer? - ela disse séria, mas notei que ela estava feliz por me ver. - quero minha amiga de volta... - pensei que não fosse dizer nunca! -Disse, meio séria e meio brincalhona. - amigas de novo? - perguntei? - fazer o que né? Abri os braços e a puxei para um abraço, o cheiro de Lucy me invadiu, e eu senti um alivio imenso por tê-la comigo. De repente, eu já não estava mais sozinha. Eu tinha Lucy,
Dirigir até Brighton foi mais difícil que pensei... eu não funciono muito bem sob pressão. Mary permaneceu calada durante toda a viagem, não ousei olhar pelo retrovisor para vê-la, não que eu estivesse com medo do que ela poderia fazer... eu estava com medo do que eu poderia fazer e das consequências disso. Tentei me concentrar na ideia de que um tiro não me mataria, e que afinal de contas, eu era forte o bastante para deter Mary se quisesse... Esses pensamentos foram interrompidos por um baque metálico, o barulho ensurdecedor de dois carros se chocando. Meu corpo foi lançado para frente, percebendo tarde demais que estava sem cinto de segurança. Os dois carros giraram na pista. Dizem que, quando você está a beira da morte, você consegue ver toda a sua vida passar como um flash em sua mente... mas tudo em que consegui pensar foi em Daniel. O cheiro de fumaça me invadiu
Passei pela grande porta de entrada, Leinad se jogou no sofá e acenou para que eu fechasse a porta, a casa parecia vazia, já que um silêncio pairava por lá. - onde está sua família? - perguntei. - estão viajando, voltam logo. - logo quando? Ele revirou os olhos e sorriu. - logo... não vai se sentar? - quero ir para casa. - respondi de imediato. - ok... que tal fazermos um acordo? - Qual acordo? - Você se senta aqui e fica quietinha até que seja seguro sair, e eu lhe conto coisas sobre mim. - que tipo de coisas sobre você? - perguntei, tentando parecer desinteressada. - o que você quiser saber... - disse ele sorrindo. - Dominic e John estão em perigo? - nem perto disso.
Leinad pediu a pizza, como havia dito que faria. De repente eu já não me sentia mais tão segura naquela casa. Não com ele. Fingir que estava tudo bem foi mais difícil que eu esperava, eu simplesmente não sabia mentir. Quer dizer, mentir era fácil, o difícil era lidar com a culpa que aumentava a cada sorriso falso e forçado que eu cedia a ele. Enquanto comíamos em silêncio, deixei que meus pensamentos navegassem até Dominic... Ele estaria me procurando nesse momento? Mary talvez o tivesse pego. Ou quem sabe, John e ele estivessem em perigo... e eu ali. Sem fazer nada para ajudar. - Quero procurar meus amigos. - falei no tom mais casual possível. - Como? - Quero ir atrás de Dominic e John. Agora. - Eles não sabem com o quê estão lidando, é mais seguro que você fique comigo... Mas não se preocupe, eles estão bem. - Desde quando passou a d
Abri os olhos num pulo. - Daniel... - sussurrei, mas eu estava sozinha no quarto. Olhei em volta, reconhecendo aos poucos a mobília. Estava na casa de John. Não sei como e nem quando, mas ele havia me encontrado, e me trazido de volta em segurança. As lembranças do que havia acontecido antes de eu desmaiar me atingiram como uma onda, e de repente, eu já não sabia distinguir se tudo aquilo teria sido um sonho ou realidade. Mas algo em meu peito, o medo incessante, insistia em dizer que era real, e que talvez meu Daniel estivesse em perigo. Saltei da cama atordoada, de alguma forma meu corpo parecia mais leve que o normal, mais... estranho que o normal. Não tenho ideia de quanto tempo fiquei desacordada, mas algo em mim havia mudado. Fui até o banheiro, talvez um banho ajudasse a minha memória e o meu corpo a voltar ao que eram antes. Gritei antes que
- O quê?!- Mike disse se levantando de imediato - Ficou maluca? Nós dois sabíamos que invadir o inferno com alguns anjos, por menor que fosse o numero, daria inicio a guerra... Se fossemos mesmo entrar, teríamos que estar preparados para o pior. - Eu sei que parece loucura, mas é a nossa única chance... - Nossa única chance? - Minha. - corrigi - minha única chance. - Fiquei curioso... unica chance de quê exatamente? Pedir a ajuda de um demônio me parecia uma coisa inútil a se fazer, epicamente inútil se tratando de Mike. Mas mesmo assim, mesmo sabendo que talvez eu me abrisse em vão, mesmo sabendo que Mike zombaria de mim eternamente e se recusaria a ajudar, eu resolvi ser sincera. - Daniel está em perigo... - falei - por isso preciso entrar lá, preciso salvá-lo. A gargal
Aquela frase me fez tremer por dentro, não sabia ao certo qual a intenção de Mariana ao dizê-la, mas o resultado não havia sido bom... Aquelas palavras ecoaram em minha cabeça várias e várias vezes depois. Naquela noite eu não consegui dormir. &nbs
- Estão todos prontos? - John disse depois de um tempo. Todos nos entreolhamos, estávamos tensos, porém, prontos para lutar. - Ok, como entramos lá? - perguntei, me dirigindo a Mike. - Somos os únicos demônios, eu poderia fazer sozinho mas são muitos anjos para levar, você vai precisar me ajudar... É bem simples na verdade. Gelei ao pensar naquilo, ir até o inferno já me parecia arriscado demais, mas era razoavelmente fácil já que eu contava com a promessa de ele me levar até lá. Agora ter que levar os outros já parecia uma tarefa difícil a ser feita, levando em conta que eu jamais conseguiria fazer o que quer que fosse. - Eu não... sei se consigo Mike... - falei, a voz transparecendo minha frustração. - Consegue. - ele respondeu de imediato, como se tivesse tanta certeza que eu conseguiria quanto sabia a cor do céu. - mas..