Amores Mafiosos - Família Calderón
Amores Mafiosos - Família Calderón
Por: Ninha Cardoso
Um aviso surpresa

Parte 1...

Camila

Eu tinha acabado de chegar de uma consulta na clínica de sempre, mas era só uma rotina. Como minha perna estava me incomodado um pouco, eu achei melhor falar com o médico.

Eu ainda sentia o eco das palavras do médico na consulta, enquanto o carro percorria as ruas que levavam de volta à nossa casa.

A dor na perna era incômoda, mas suportável. O doutor, como sempre, reforçava que eu precisava manter os exercícios de fisioterapia. Às vezes, eu me perguntava se ele achava que eu era menos teimosa do que realmente sou.

Eu só parei com a terapia, tempos atrás, porque não estava me incomodando. Acho que esses dias eu exagerei na natação.

Assim que entrei na sala de estar, minha mãe estava sentada no sofá, bordando alguma peça de roupa como fazia quando queria distrair a mente. Ela ergueu os olhos e sorriu com ternura, mas não parou o bordado.

— Como foi no médico, querida? - ela perguntou, sem desviar as mãos do trabalho.

— Nada demais. Ele só reclamou da minha falta de paciência com os exercícios - respondi com um meio sorriso, indo até ela para um beijo rápido na testa.

Antes que eu pudesse subir para o meu quarto, a voz grave do meu pai ecoou do escritório. Ele abriu a porta e me chamou.

— Camila, venha até aqui. Precisamos conversar.

Havia algo no tom dele que me fez hesitar por um instante. Minha mãe levantou os olhos novamente, mas não disse nada. Soltei um suspiro, ajeitei a alça da bolsa no ombro e caminhei até a porta entreaberta do escritório.

Ao entrar, vi meu pai em pé ao lado da grande janela, as mãos cruzadas atrás das costas. Seu semblante estava sério, mas não frio, como de costume. Ele parecia estar medindo as palavras que diria.

— Pai? Aconteceu alguma coisa? - eu tentei lembrar se fiz algo de errado.

Ele se virou lentamente, cruzando o olhar com o meu. Minha mãe entrou logo depois, ficando ao meu lado, como se pressentisse que eu precisaria de apoio.

— Camila, você sabe que nossa família sempre teve inimigos. Isso faz parte do que somos, do mundo em que vivemos — começou ele, direto.

Eu senti um frio subir pela espinha. Ele sempre falava sobre a máfia de forma velada, mas naquele momento havia algo mais definitivo na escolha das palavras.

— Sei, pai. Mas... Por que isso agora?

Ele respirou fundo, como quem se prepara para um salto de um penhasco.

— Fiz um acordo com os Calderón. Alejandro Calderón, para ser mais específico.

O nome não me era estranho, mas eu o conhecia mais pelos rumores do que por encontros reais. Nunca o vi realmente.

Ele era o líder de um dos grupos mais poderosos da máfia em Valência, e sua reputação era tão fria quanto perigosa. Não sei se isso vai ser algo bom pra mim.

Olhei para baixo, para meus sapatos de salto baixo que eram confortáveis.

— Um acordo? - repeti, sentindo a tensão se acumular no peito.

Meu pai assentiu.

— Um acordo de união. Um casamento. Entre você e Alejandro.

As palavras pareciam pesadas demais para caberem na sala. Minhas mãos tremiam ligeiramente, mas cruzei os braços, tentando parecer firme. Eu só tenho dezoito anos. Nunca pensei em me casar.

— Pai... Eu só tenho dezoito anos. Não acha cedo demais para falar de casamento?

Minha mãe colocou uma mão leve no meu ombro, mas não disse nada. Meu pai, por sua vez, parecia preparado para o confronto.

— Camila, esse casamento não é apenas uma questão de conveniência. É sobre proteger você e toda a nossa família. Alejandro é um homem poderoso, e com ele ao nosso lado, teremos aliados que nos manterão seguros.

Eu sabia que ele falava a verdade, mas isso não tornava as palavras menos difíceis de ouvir.

— Eu entendo, pai. Sei que você está pensando no melhor para a família, mas... - respirei fundo antes de continuar. — Não posso me casar agora. Preciso de tempo.

Meu pai franziu a testa, mas não interrompeu. Eu aproveitei.

— Me dê até eu completar vinte e um anos. Quero terminar minha faculdade, quero... Ainda viver um pouco antes de me comprometer para o resto da vida.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, e a sala parecia ter parado no tempo. Finalmente, ele assentiu.

— Três anos, Camila. Nada mais do que isso. Aos vinte e um, você será esposa de Alejandro Calderón.

Minha mãe apertou meu ombro com mais força, como se quisesse transmitir apoio. Eu mantive a cabeça erguida, mesmo que meu coração estivesse acelerado.

— Obrigada, pai. Prometo que farei minha parte. - não tive muito prazer em concordar.

Ele assentiu novamente, voltando o olhar para a janela, mas não antes de dizer:

— Aproveite esses anos, filha. Mas não se esqueça do que está em jogo.

Saí do escritório com minha mãe, o peso daquela conversa ainda pairando sobre mim. Eu sabia que a decisão estava tomada, mas pelo menos tinha conseguido um tempo.

Agora, só restava descobrir como viver plenamente esses três anos antes de meu destino ser selado.

********* ***

— Mas como assim, Mila - minha melhor amiga, Malena, estava do outro lado do celular, em uma chamada de vídeo.

— Você sabe como é... - respondi um pouco desanimada — Esse tipo de... Bom, trabalho, que nossas famílias fazem, sempre exige muito.

— Eu sei, mas agora está exigindo mais ainda de você, amiga. Como assim você ter que se casar agora. Pelo amor de Deus, amiga... Você é muito nova ainda.

— É eu sei... - suspirei e me deitei na cama, olhando o lustre bonito em meu teto — Mas pelo menos meu pai não foi totalmente exigente. Ele me deu ainda um tempo.

— Ainda assim... Eu acho que três anos passam muito rápido. E quem é o noivo?

— Alejandro Calderón.

— Não! - ela se expressou com surpresa.

— O que tem ele? - me sentei, preocupada.

— Bom, eu não sei muito, mas ouço às vezes algumas coisas que meu pai conversa com os homens dele... Parece que esse Alejandro é daqueles Don no estilo de antes.

Estilo de antes não me diz muito.

— Você já o viu? - perguntei curiosa.

— Eu não, mas sei que meu pai já fez negócios com a família dele.

— Será que não tem como você descobrir algo sobre ele, com seu pai? - houve um momento de silêncio — Malena? Você travou.

— Ah, não amiga... - ela ajeitou o cabelo meio sem jeito — É que eu estava pensando aqui... Lembro que meu pai disse uma vez que ele era um homem muito inteligente, mas frio e calculista.

— Era só o que me faltava - torci a boca.

— Quantos anos ele tem?

— Não sei, mas é mais velho do que eu.

— Será que é um velho?

Eu franzi os olhos e fiz uma careta. Espero que não. Seria péssimo passar o resto de minha vida ao lado de um homem velho que poderia até ser meu pai.

— Agora você me deixou curiosa.

— Por que não faz uma pesquisa na internet sobre ele?

— E será que tem algo sobre ele?

— Deve ter - ela deu de ombro — Sabe que uma das coisas que mais eles usam, é se passarem por empresários.

— Ok... - soltei o ar desanimada — Depois a gente se fala mais.

— Está bem. Se eu souber de algo, eu te aviso. Melhora essa cara - eu fingi um sorriso e ela riu — Você tem três anos para cair fora desse acordo - piscou o olho.

Autora Ninha Cardoso.

Venha conhecer os membros da família Calderón. Para cada um deles, um amor!

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo