Parte 41...AlejandroRelembrar esse dia era péssimo pra mim, mas foi inevitável. Camila ainda está adormecida e ela nem faz ideia de que eu tive participação no ataque à sua família e que terminou com ela sendo ferida.Desci a mão até seu quadril e senti a pele um pouco mais grossa, no local onde ela tem a cicatriz do tiro. Puxo o ar. Isso me causa irritação e incômodo.Diego ainda está por aí e ele continua tão insano quanto antes. Mesmo agora, que seu grupo e seu poder de barganha é pequeno, ele ainda insiste em ter sua vingança.Só que eu não sabia que ele seria capaz de ferir uma criança como ele fez, apenas para causar dor a Hector, que dias depois, veio até mim para pedir ajuda.Só aí eu entendi que Diego tinha me usado pela arrogância que eu tinha em achar que sabia de tudo.Camila se tornou uma mulher muito bonita. Aliás, quando eu a vi pela primeira vez, foi como se uma nova oportunidade tivesse se aberto para mim. Mas ela não fazia ideia de que eu já a havia visto antes.Me
Parte 42...Alejandro— Adoro sua pele - corro a mão por sua bunda — É tão suave, macia... - aperto seu quadril de propósito. Sinto que fica tensa — O que foi? O que a incomoda agora?— Minha pele não é macia... - ela coloca a mão por cima da minha.— Eu não me importo com sua cicatriz, querida - encosto o nariz em seu cabelo — Eu disse à você antes... Não me importo que você manque... Não me importo que seja teimosa e nem quem tenha fugido de mim...Gosto como ela fica corada, envergonhada, com certeza. Não quero que se sinta tímida com seu corpo. Enfio os dedos em seu cabelo.— Por que não se importa?Meu coração bate acelerado. Gostaria de contar, mas não é hora ainda para isso. Quando tivermos mais tempo juntos, quando as coisas estiverem mais organizadas. Aí sim, posso falar.Eu a viro para mim e seguro sua nuca, a puxando para um beijo. Ela geme contra mim e abre os lábios, me deixando passar.— E por que eu deveria?O som de seu gemido doce passa por mim e chega ao meu pau, me
Parte 1...CamilaEu tinha acabado de chegar de uma consulta na clínica de sempre, mas era só uma rotina. Como minha perna estava me incomodado um pouco, eu achei melhor falar com o médico.Eu ainda sentia o eco das palavras do médico na consulta, enquanto o carro percorria as ruas que levavam de volta à nossa casa. A dor na perna era incômoda, mas suportável. O doutor, como sempre, reforçava que eu precisava manter os exercícios de fisioterapia. Às vezes, eu me perguntava se ele achava que eu era menos teimosa do que realmente sou.Eu só parei com a terapia, tempos atrás, porque não estava me incomodando. Acho que esses dias eu exagerei na natação.Assim que entrei na sala de estar, minha mãe estava sentada no sofá, bordando alguma peça de roupa como fazia quando queria distrair a mente. Ela ergueu os olhos e sorriu com ternura, mas não parou o bordado.— Como foi no médico, querida? - ela perguntou, sem desviar as mãos do trabalho.— Nada demais. Ele só reclamou da minha falta de p
Parte 2...CamilaEu estava saindo da cozinha e ao passar em frente do escritório de meu pai, parei ao ouvir a voz de minha mãe.— Eu sei da importância desse acordo, meu marido... Mas você não acha que ela deveria poder escolher?— Escolher o quê, Valéria? - a voz de meu pai era seca — Nossa filha é aleijada.— Pelo amor de Deus, homem, não fale assim dela - encostei o ouvido na porta ao ouvir minha mãe retrucar — Camila não é aleijada.— E ela manca porque motivo, então? - ouvi um som forte, como uma cadeira sendo arrastada — É um charme dela?Ouvir aquilo me deixou triste. Meu pai nunca aceitou meu problema, que nem mesmo foi criado por mim. Aliás, se existe um culpado disso dentro dessa família, ele é quem deve se sentir assim. Eu fui uma vítima.— Por que você tem que ser frio dessa forma, Hector? Ela é sua filha. Sua única filha!O silêncio que se seguiu foi tão cortante quanto as palavras do meu pai. Encostei a mão na maçaneta, hesitando entre entrar e enfrentar aquela discussã
Parte 3...Três anos depois...CamilaA música pulsava no meu corpo, uma batida forte e animada que parecia combinar perfeitamente com o ritmo da minha vida nos últimos três anos. Malena estava ao meu lado, rindo de algo que um dos nossos colegas tinha dito, e eu não podia deixar de sorrir. Essa era a liberdade que eu tinha decidido abraçar, mesmo sabendo que meu tempo estava contado.Minha taça de vinho rosé já estava pela metade quando senti Malena puxar meu braço.— Vem dançar, Camila! - ela gritou, se inclinando para que eu ouvisse.— Eu já tô indo! - retruquei, apontando para a taça como desculpa e depois para a perna.Ela revirou os olhos, mas foi para a pista mesmo assim. Eu gostava de observá-la se soltar. Malena era minha constante, meu porto seguro nesses anos de independência. Apesar de nunca sair muito, quando ela se jogava, era para valer. E eu também não era de viver em festas e boates, apenas quando tinha um bom convite. Me dediquei mesmo a fazer bom proveito de minha
Parte 4...CamilaMe ajeitei no sofá com uma resistência calculada, tentando não demonstrar a mistura de insegurança e irritação que pulsava em mim. Alejandro me observava como um predador que sabia que eu estava presa ali com ele.Meus amigos estavam lá embaixo, mas com certeza os seguranças dele não iriam deixar que subissem.— Seu pai me disse que você era aleijada - ele repetiu, apoiando o cotovelo no encosto do sofá enquanto me olhava com aquele sorriso que me dava nos nervos.Minha respiração ficou pesada. Odiava aquele termo, mas decidi que não daria a ele o prazer de me ver irritada ou triste.— É mesmo? E o que você acha agora que me viu? - cruzei as pernas.Ele inclinou a cabeça levemente, os olhos se movendo para minha perna e depois para meu rosto.— Acho que ele exagerou. Você mancou, mas não parece ser algo incapacitante.— Que alívio saber que passo no teste - respondi, com sarcasmo escorrendo de cada palavra.Alejandro soltou uma risada baixa, algo entre divertido e in
Parte 5...Camila— Fascinante? - cruzei os braços. — Você está começando a me irritar, sabia?— Não sabia que tinha o temperamento esquentado - disse ele, recostando-se novamente no sofá. — Essa informação não me passaram. Agora, me diga, o que você quer saber?— Quem foi o informante que você colocou para me vigiar? - disparei, sem pensar muito.Alejandro pareceu avaliar se me responderia ou não, mas acabou cedendo.— Um dos seus professores da faculdade. Professor Vasquez. Ele me devia favores.Minha mente girou. Vasquez. O professor de marketing. Ele sempre parecia interessado demais em saber sobre minha vida, perguntando sobre meu futuro, minha família...— Ele me reportava diretamente sobre seus progressos, seus horários, e qualquer problema que surgisse.— Você é inacreditável... Isso é errado - murmurei, sentindo um misto de raiva e incredulidade. — Ficar me vigiando.— Acredite, Camila. Não era só curiosidade. Era proteção.— Proteção? - minha voz subiu que ficou até fina. —
Parte 6...CamilaA noite estava quieta demais, como se o silêncio antecipasse o que eu ia fazer. As luzes amareladas do campus iluminavam o caminho pavimentado, mas eu me mantinha nas sombras, meu coração martelando no peito. Malena estava ao meu lado, os olhos atentos vasculhando o entorno como uma sentinela.— Tudo pronto? - sussurrei, minha voz quase inaudível. Ela assentiu.— O motorista do táxi está te esperando na esquina. As passagens estão no seu bolso, e minhas primas já sabem que você está a caminho.— Não seria melhor se eu me escondesse no fundo de um dos furgões de comida?— Eu chequei isso, não ia dar. Eles são param quando chegam na empresa que fornece a comida para a faculdade. Você ficaria presa lá dentro. O táxi é melhor.— E você? - olhei para ela, meu peito apertando com a culpa. — Não posso te deixar aqui sozinha com tudo isso.— Eu vou ficar bem. - Malena apertou meu braço com firmeza, me forçando a continuar andando. — Eu não posso sair agora, mas você pode. E