As estrelas piscavam no céu distorcido da nova realidade que Clara e Daniel haviam adentrado. O ar tinha uma textura estranha, como se fosse feito de camadas de tempos sobrepostos, e o crepúsculo se estendia interminavelmente, sem nunca se tornar noite. Essa realidade, à beira do colapso, parecia presa entre diferentes versões de si mesma, e os dois sabiam que o próximo artefato estava escondido ali, em algum ponto entre a luz e as sombras."Temos que nos apressar," Clara disse, olhando ao redor. "Se essa realidade desmoronar completamente antes de encontrarmos o artefato, perderemos qualquer chance de manter o multiverso inteiro."Daniel apertou a mão ao redor da espada que havia conseguido no Templo dos Guardiões. Era uma arma antiga, imbuída de parte da energia Primeva que os ajudara a selar o primeiro dos Antigos. Mesmo assim, ele sentia o peso crescente do perigo à medida que avançavam por aquela realidade moribunda."Você sente isso?" Daniel perguntou, franzindo a testa. "Há alg
A realidade ao redor de Clara e Daniel se distorcia em padrões impossíveis, enquanto a entidade do Crepúsculo se manifestava em toda a sua glória sombria. Era uma força que transcendia o tempo e o espaço, e sua presença esmagava o ar ao redor, tornando difícil até mesmo respirar. O salão flutuante parecia pulsar, como se estivesse vivo e respondendo à vontade da entidade."Prepare-se, Daniel," Clara sussurrou, seu olhar fixo na figura nebulosa à frente deles. "Isso vai ser mais difícil do que qualquer coisa que enfrentamos."Daniel assentiu, a mão apertando a espada que emanava uma fraca luz, eco de sua ligação com os Primevos. "Não podemos falhar. O artefato precisa ser nosso."A entidade se moveu, e a distorção da realidade ao redor deles intensificou-se. Fragmentos de outras eras e dimensões piscavam em volta, como se a própria história estivesse sendo desconstruída. "Vocês querem o poder do Crepúsculo," ela disse, sua voz reverberando por todas as direções. "Mas não compreendem o
Com a joia do Crepúsculo em mãos, Clara e Daniel saíram do salão flutuante, atravessando o portal que os trouxe de volta à base da equipe. O mundo ao redor parecia mais sombrio, como se o ato de obter o artefato tivesse trazido uma nova camada de trevas à realidade. Clara sentia o peso da marca em seu pulso como uma corrente invisível, puxando-a para os ecos do tempo."Como você está se sentindo?" Daniel perguntou, com uma preocupação silenciosa. Ele caminhava ao seu lado, atento a cada movimento.Clara hesitou antes de responder. "É como se eu pudesse sentir o passado e o futuro ao mesmo tempo. Cada passo que damos, eu vejo possíveis consequências, fragmentos de realidades que nunca existirão." Ela apertou a mão ao redor da joia, cuja luz roxa agora estava um pouco mais apagada, quase fundindo-se à penumbra ao seu redor.Daniel parou e a olhou diretamente. "Se isso se tornar demais, você não precisa carregar esse fardo sozinha. Estamos nisso juntos."Ela sorriu, mas era um sorriso ca
O clima na base estava tenso. Clara e Daniel haviam retornado exaustos, mas a urgência na sala de comando não deixava espaço para descanso. Irina e o restante da equipe se reuniram ao redor de um holograma flutuante, onde três pontos de luz cintilavam, representando os artefatos que a equipe havia conseguido localizar até o momento. A última luz, o terceiro artefato, pulsava com uma intensidade incomum."Aqui está o problema," Irina começou, apontando para o holograma. "O terceiro artefato está escondido em uma zona fora da nossa realidade conhecida, protegida por uma força que chamamos de Vazio. Ninguém que tentou chegar lá voltou para contar a história."Clara observava o holograma com uma sensação de peso no peito. O Vazio. Já ouvira falar dele em antigos textos durante as viagens pelos Primevos. Era um espaço entre mundos, onde as leis do tempo e do espaço não existiam da mesma forma. Irina prosseguiu: "Os Antigos já estão cientes da nossa movimentação e acreditamos que estão mand
O caminho até a estrutura de pedra se desdobrava como uma ponte feita de nada, levando Clara, Daniel, Irina e Alaric até o coração do Vazio. Cada passo parecia mais pesado, como se o próprio espaço estivesse resistindo à sua presença. O Guardião havia permitido a passagem, mas a sensação de que algo estava à espreita era inegável.O artefato brilhava à distância, pulsando com uma luz incandescente, mas sua energia não era acolhedora. Parecia irradiar uma advertência, uma lembrança de que tudo o que eles procuravam carregar viria com um preço. Clara sentia a joia do Crepúsculo em seu pulso vibrar em sincronia com o artefato à frente, como se ambos pertencessem a algo maior, algo que ela ainda não compreendia completamente."Estamos perto demais agora para hesitar," Daniel disse, sua voz baixa, mas determinada. Ele caminhava ao lado de Clara, o olhar fixo no objetivo. "Esse é o último artefato. Se conseguirmos pegar, finalmente teremos uma chance contra os Antigos.""Mas o que acontece
A nave atravessava o portal dimensional, levando Daniel, Irina e Alaric de volta à sua base de operações. O silêncio dentro da cabine era opressor. Todos estavam digerindo o sacrifício de Clara. Ela havia se tornado parte do ciclo eterno, perdida para eles, mas seu ato de coragem tinha dado a eles a última chave que precisavam para enfrentar os Antigos.Ao redor deles, as estrelas distorcidas indicavam a travessia entre dimensões. Daniel não conseguia parar de pensar em Clara, na promessa que havia feito de continuar lutando. Ele sentia uma mistura de dor e determinação, mas agora a missão era clara: reunir os três artefatos e impedir os Antigos de destruir todas as realidades.“Estamos chegando,” disse Irina, quebrando o silêncio. Sua voz estava tensa, mas sua postura era firme. “Precisamos estar prontos. Os Antigos já devem saber que temos o terceiro artefato.”Alaric assentiu enquanto monitorava os sinais no painel de controle. “Eles não vão esperar. Vamos entrar direto no campo de
A batalha havia terminado, mas o silêncio que se seguiu trouxe um peso inesperado. Daniel, Irina, e Alaric permaneceram no centro da base, observando os céus limpos e sem fendas pela primeira vez em muito tempo. O Nexus dos artefatos brilhava fracamente, como um farol de equilíbrio, pulsando com uma energia suave, mas constante. Era a prova de que haviam cumprido sua missão, mas também lembrava Daniel de Clara. Seu sacrifício ainda ecoava na mente de todos.“Agora o ciclo está seguro,” disse Alaric, sua voz cansada mas cheia de alívio. “Mas isso não significa que as ameaças acabaram. Sempre haverá algo...”Daniel se levantou lentamente, sua espada guardada nas costas. Ele sentia o peso de tudo que havia acontecido, mas algo dentro dele permanecia inquieto. O ciclo estava salvo, as realidades restauradas, mas o vazio que Clara havia deixado era um buraco impossível de preencher.“Clara...” sussurrou Irina, interrompendo os pensamentos de Daniel. “Ela está lá, em algum lugar, não está?”
Com a estabilidade das realidades restaurada e os Antigos finalmente derrotados, a vida na base começou a voltar ao normal. Os membros da equipe, embora cansados, agora trabalhavam na reconstrução, reparando os danos causados pelas batalhas recentes e reforçando as barreiras dimensionais.Mas, para Daniel, a sensação de que algo ainda estava por vir permanecia. Havia um desconforto silencioso, uma inquietação que ele não conseguia ignorar. Os artefatos que eles haviam reunido estavam protegidos no núcleo da base, mas a energia que emanava deles parecia diferente agora — mais forte, mais pulsante, como se estivessem esperando por algo.Certa noite, quando todos estavam recolhidos em seus aposentos, Daniel acordou abruptamente de um sono agitado. Seu corpo estava coberto de suor frio, e o quarto parecia envolto em uma escuridão densa, quase sufocante. Ele sentiu uma presença, algo familiar e, ao mesmo tempo, desconhecido.“Clara?” Ele sussurrou, sem realmente esperar uma resposta. Mas e