O retorno ao templo foi mais tranquilo do que Ísis e Celina esperavam, mas suas almas ainda carregavam as marcas da jornada anterior. O Véu, em sua vastidão enigmática, havia sussurrado segredos durante a travessia de volta. Palavras que pareciam ecoar em lugares mais profundos do que a mente humana poderia alcançar.No salão principal, o ambiente estava mais iluminado, como se o próprio espaço reconhecesse o sucesso delas. Lúcia, que havia permanecido no vilarejo enquanto aguardava notícias, as recebeu com um sorriso caloroso, embora seus olhos transmitissem preocupação.— Vocês conseguiram? — perguntou Lúcia, segurando as mãos de Ísis.— Conseguimos, — respondeu Ísis, sua voz firme, mas carregada de exaustão. — O mundo foi equilibrado, mas a tarefa não foi simples. Cada passo parecia uma luta para manter a harmonia, tanto dentro quanto fora de nós mesmas.Celina assentiu, colocando uma mão sobre o ombro de Lúcia.— O Véu nos deu as ferramentas, mas o equilíbrio só foi possível porqu
O tempo parecia dilatar-se em um silêncio pesado após a derrota de Kael. Ísis e Celina ficaram em pé, lado a lado, observando a torre desmoronar lentamente, seus fragmentos sendo absorvidos pelo Véu. A tensão no ar começava a se dissipar, mas uma sensação de incerteza permanecia, como se o universo ainda estivesse tentando encontrar seu equilíbrio após o choque.Enquanto o Véu se restaurava ao seu estado natural, a paisagem ao redor delas também começava a mudar. As árvores retorcidas começaram a se endireitar, a luz que antes era absorvida parecia agora ser refletida, e o solo, antes sombrio, gradualmente ganhava vida, florescendo com cores vibrantes. No entanto, o que mais chamava a atenção de Ísis e Celina não era a transformação visível ao redor, mas o que se passava dentro delas. A batalha contra Kael havia deixado marcas mais profundas do que elas poderiam ter imaginado.— O que Kael disse… — murmurou Celina, seus olhos voltados para a torre desmoronada. — Ele acreditava que o V
O momento em que Ísis e Celina atravessaram o portal foi como o impacto de uma onda de luz e sombra se colidindo. O ar ao seu redor se transformou em uma substância viscosa, fazendo com que elas sentissem que o tempo estava se distorcendo. Elas não podiam ver, nem ouvir, apenas sentir uma presença esmagadora que se aproximava de todas as direções ao mesmo tempo. O Véu pulsava em suas peles, nas correntes de energia que se entrelaçavam com seus próprios corações, e, pela primeira vez, elas estavam verdadeiramente imersas em seu poder.O mundo ao redor delas começou a tomar forma. As cores explodiram em um caleidoscópio vibrante, criando uma paisagem surreal. O chão sob seus pés parecia flutuar, e os céus acima se desdobravam em camadas infinitas, como um livro que nunca acabava de ser escrito. Elas estavam no centro de uma realidade em constante transformação, onde a lógica não se aplicava e a criatividade era a única regra.— O que é isso? — Celina perguntou, sua voz ecoando pela vast
O silêncio que se seguiu à partida da entidade era profundo, quase palpável. Ísis e Celina estavam sozinhas novamente, mas a sensação de solidão era estranha, como se o Véu as observasse de dentro de suas próprias almas. Elas estavam no coração do que parecia ser um limbo criativo, onde tudo era possível, mas nada estava definido. O espaço ao redor delas ainda se desdobrava como uma tela infinita, com novas formas e paisagens surgindo e desaparecendo a cada segundo, como se o próprio cosmos estivesse esperando que elas dessem o próximo passo.— O que fazemos agora? — Celina perguntou, sua voz baixa, mas firme. Ela sentia a magnitude da decisão que se aproximava, o peso de estar prestes a moldar algo imenso e eterno.Ísis olhou para as linhas brilhantes que se entrelaçavam à sua volta, cada uma representando uma escolha, uma possibilidade. O Véu era uma rede de infinitas oportunidades, mas também de responsabilidades. O equilíbrio entre as forças não era algo que se impusesse, mas algo
O brilho da estrela central do Véu ainda pulsava, como um coração batendo em sintonia com a criação. Ísis e Celina sentiam-se imersas naquela energia, conectadas a tudo o que existia e ao que ainda estava por ser. Não havia como negar o chamado que o Véu fazia a elas: um convite para iniciarem algo novo, um primeiro movimento capaz de ecoar em todas as realidades.— Precisamos decidir juntas, — Ísis disse, com o olhar fixo na projeção do cosmos que ainda flutuava diante delas. — O Véu está nos oferecendo as ferramentas, mas o que construiremos é escolha nossa.Celina respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. A vastidão de possibilidades era avassaladora. Cada linha, cada pulsação naquela projeção representava uma chance de mudar tudo — para o bem ou para o caos.— Se criarmos algo novo, será irreversível, — ela disse, sua voz baixa mas firme. — Precisamos de equilíbrio. Não podemos permitir que o caos se expanda sem controle, mas também não podemos sufocar a criação com uma
O mundo recém-criado ao redor da Árvore do Equilíbrio parecia pulsar com vida própria. Ísis e Celina permaneciam diante dela, observando os galhos se expandirem pelo céu estrelado. Cada folha emitia uma melodia suave, como se contasse histórias de mundos que ainda não existiam, mas estavam prestes a nascer.— É mais grandioso do que eu poderia imaginar, — murmurou Celina, com os olhos fixos na dança das luzes e sombras ao redor da Árvore. — Mas ainda sinto que algo falta.Ísis sentiu o mesmo. O Véu, que vibrava com a energia do novo mundo, parecia aguardar por algo, como se a criação estivesse incompleta.— As raízes, — Ísis disse de repente, aproximando-se da base da Árvore. — Elas estão conectadas ao Véu, mas precisam de um propósito maior.Celina se ajoelhou ao lado dela, tocando o solo brilhante. Assim que o fez, uma visão tomou conta de sua mente. Ela viu as raízes da Árvore se expandindo para além daquele mundo, conectando-se a todos os universos e realidades. Cada raiz era uma
A transição entre os mundos foi como atravessar uma torrente de energia viva. Ísis e Celina sentiram o Véu as envolver, moldando o espaço e o tempo em uma tapeçaria que parecia oscilante, fluida. Quando finalmente chegaram ao destino escolhido, foram recebidas por um ambiente que exalava caos.O lugar era uma mistura de sombras ondulantes e fragmentos de luz que se moviam de forma imprevisível, como se o próprio espaço estivesse vivo, mas desorientado. O chão sob seus pés parecia instável, alternando entre solidez e vazio. No céu, constelações fragmentadas piscavam de maneira irregular, emitindo uma luz pálida e instável.— É aqui, — disse Celina, olhando ao redor com cuidado. — Essa é a ruptura.Ísis assentiu, tentando entender o que via. Mas não havia ordem, não havia lógica. Era como se o universo naquele ponto tivesse se desfeito e agora estivesse tentando se recompor de forma desesperada.— Este lugar... parece estar sofrendo, — Ísis disse, sua voz cheia de empatia. — Precisamos
O Véu parecia vibrar com uma nova frequência enquanto Ísis e Celina retornavam ao fluxo principal da rede. Cada fibra da estrutura agora pulsava com uma energia renovada, como se o universo estivesse agradecendo por sua intervenção no coração do caos.— Sente isso? — perguntou Ísis, a voz cheia de reverência. — O Véu parece mais vivo, mais forte.Celina assentiu, seus olhos brilhando com uma luz interna que parecia refletir o equilíbrio restaurado.— É como se cada decisão que tomamos deixasse um eco, — ela disse. — Algo mudou.Enquanto se moviam através do fluxo do Véu, foram surpreendidas por um espetáculo celestial: constelações inteiras começaram a se formar ao seu redor, desenhando mapas estelares que nunca haviam visto antes. Eram símbolos antigos, cada estrela pulsando com uma história, uma memória que aguardava ser revelada.Uma voz suave, mas poderosa, ecoou pelo espaço.— Bem-vindas, guardiãs. Vocês foram além do caos e agora estão prontas para entender o verdadeiro propósit