O sol começava a despontar no céu da Sibéria, suas primeiras luzes iluminando a paisagem branca e desolada ao redor da antiga estação de pesquisa. Clara, agora com os ombros menos tensos, observava o horizonte, sentindo uma leve brisa que parecia anunciar uma mudança. O caos fora contido, mas seu eco ainda reverberava na realidade. O colapso havia sido evitado, ao menos por enquanto, mas ela sabia que aquilo era apenas uma parte de uma batalha maior.— Conseguimos, mas será que foi o suficiente? — perguntou Sara, enquanto caminhava até Clara. Sua voz trazia o mesmo tom de incerteza que Clara sentia.Clara suspirou, seus olhos fixos na vasta extensão à sua frente.— Não sei, Sara — respondeu, sua voz baixa. — Não sei se algo assim pode ser considerado vencido de verdade. O caos é uma força que nunca vai desaparecer completamente. Mas, por agora, a ruptura está fechada.Sara assentiu, embora uma expressão de preocupação continuasse em seu rosto. Ela olhou para a fenda que uma vez ameaça
O crepitar das fogueiras no acampamento de base iluminava as figuras em silêncio ao redor. Clara estava sentada no limite do campo, seus olhos fixos no céu estrelado, enquanto sua mente vagava pelos eventos recentes. A tranquilidade aparente do momento era uma máscara para a ansiedade que pulsava sob a superfície. O caos fora temporariamente contido, mas Clara sabia que isso era apenas o começo.— Você ainda está pensando no que aconteceu? — Sara se aproximou silenciosamente, oferecendo uma caneca de chá quente a Clara.— Não consigo evitar — Clara suspirou, pegando a caneca e sentindo o calor confortante em suas mãos. — Daniel nos avisou que o caos não se encerraria com a primeira ruptura. Mas o que mais me preocupa agora é o Guardião.Sara arqueou uma sobrancelha, surpresa.— O Guardião? Acha que ele ainda está envolvido nisso?— Acho que ele nunca deixou de estar envolvido. — Clara olhou para o fogo, sua expressão se tornando mais séria. — Ele foi a chave para estabilizar a barreir
A luz da madrugada começava a pintar o horizonte quando Clara e sua equipe retornaram ao acampamento, ainda impactados pelo encontro com o Guardião. As palavras dele ecoavam na mente de Clara, como um enigma que precisava ser decifrado o mais rápido possível. Os fragmentos da Chave Final… pontos de convergência… o Véu. Cada um desses conceitos parecia carregar um peso que ultrapassava a compreensão humana.— Precisamos traçar um plano agora mesmo — Clara disse, sua voz firme, enquanto se aproximava da mesa de comando. — Não temos tempo a perder. O Véu está se aproximando.Sara, que caminhava logo atrás, assentiu com seriedade.— Mas por onde começamos? Não sabemos onde estão esses pontos de convergência, nem o que exatamente estamos procurando.Clara sentiu a pressão sobre seus ombros aumentar, mas sabia que eles precisavam agir. Virou-se para um dos técnicos e pediu os dados mais recentes dos sensores, esperando que algum padrão pudesse emergir da análise. Havia algo de único na ener
A caverna tremeu, ecoando com a reverberação de forças antigas. Clara segurava o fragmento da Chave Final com uma mistura de alívio e terror. O cristal pulsava em suas mãos, emanando uma energia quase viva, como se estivesse ansioso por completar seu papel na linha tênue entre os mundos.— Temos o fragmento — disse Clara, a voz ofegante no comunicador. — Vamos precisar da equipe de volta aqui o quanto antes.Do outro lado da linha, a voz de Sara respondeu com pressa.— O Polo Norte foi um caos, mas conseguimos estabilizar as flutuações. Estamos voltando para a Sibéria. E você?Clara olhou para o cristal em suas mãos, sentindo o peso do que ainda estava por vir.— O Himalaia está estável por enquanto. Temos o fragmento, mas o Véu está mais próximo do que pensávamos. Precisamos reunir todos os fragmentos e ativar a Chave o quanto antes.Sara hesitou por um momento, antes de responder:— Estamos a caminho.Clara desligou o comunicador e voltou-se para sua equipe. Cada membro estava tão e
A sombra pairava sobre eles, uma presença ameaçadora que parecia absorver a luz ao seu redor. Clara sentiu o peso das palavras daquele ser, como se cada sílaba se enraizasse em sua mente, despertando medos que ela tentava suprimir. O Véu, mesmo contido por ora, pulsava ao longe, uma ameaça que não podia ser ignorada.— Quem é você? — Clara perguntou, sua voz firme, mas suas mãos ainda tremiam.A sombra flutuou mais perto, sua forma indistinta ondulando como fumaça ao vento. Ela parecia se deleitar com a confusão e o medo que causava.— Eu sou o eco do caos, a voz daqueles que o Véu consome. Eu sou a Entropia. E estou aqui para testemunhar o fim — a voz soava sedutora e perigosa.Clara estreitou os olhos, recusando-se a ceder àquela presença. Ao seu lado, os cientistas continuavam ajustando os instrumentos, tentando estabilizar a energia do fragmento, mas a tensão na sala era palpável.— Não vamos deixar isso acontecer — Clara afirmou, sua determinação renovada.— Ah, mas vocês já deix
A caverna ficou em silêncio, exceto pelo som da respiração ofegante de Clara e dos cientistas ao seu redor. O cristal ainda pulsava em suas mãos, emitindo uma luz suave, mas não havia mais caos. O Véu havia se retraído, a sombra de Entropia desaparecera, e por um breve momento, a equipe sentiu o peso do sucesso. Mas Clara sabia que não podiam relaxar.— Status das leituras? — ela perguntou, ainda de olhos fechados, tentando recuperar o fôlego.Um dos cientistas, com mãos trêmulas, verificou os monitores.— O Véu está instável, mas contido — ele respondeu. — Pelo menos por enquanto.Clara assentiu, mas sua mente já estava à frente, calculando os próximos passos. Eles haviam ganhado tempo, mas o Véu não estava destruído, apenas enfraquecido. E havia mais: a presença de Entropia, um ser conectado ao caos, indicava que o Véu não era o verdadeiro inimigo. Ele era apenas um sintoma de algo maior.— Daniel, está ouvindo? — Clara falou no comunicador, sua voz grave.— Estou aqui — ele respond
O Deserto de Atacama se estendia diante deles, vasto e desolado, sob um céu que parecia maior e mais vazio do que qualquer outro lugar na Terra. Clara e sua equipe desembarcaram, sentindo o calor seco e a imensidão opressiva ao redor. Havia uma quietude quase sobrenatural ali, como se o próprio tempo tivesse parado naquele canto esquecido do mundo.— Aqui vamos nós — murmurou Clara, olhando para o horizonte onde montanhas áridas se erguiam como sentinelas antigas. Ela podia sentir o fragmento em seu bolso pulsando suavemente, guiando-os até seu próximo destino.Daniel chegou logo depois, vindo de helicóptero. Ele parecia exausto, as marcas de noites sem dormir visíveis em seu rosto, mas seus olhos ainda estavam cheios de determinação.— Clara, essa região está cheia de lendas. Os locais falam sobre uma cidade perdida, um lugar onde o tempo e o espaço se misturam — ele disse enquanto caminhava em sua direção. — Será que o próximo fragmento está escondido lá?Clara olhou para o deserto,
Clara e Daniel correram pelas ruínas da Cidade Perdida, o segundo fragmento da Chave Final brilhando em suas mãos. As figuras sombrias, os antigos habitantes, se moviam ao redor deles como fantasmas, seus olhos vazios de qualquer humanidade, presos em um estado de existência entre as realidades. Cada passo era uma luta contra o medo crescente, enquanto as ruínas ao seu redor pareciam se fechar sobre eles, como se quisessem engolir suas esperanças.— Não vamos conseguir sair por onde entramos! — Daniel gritou, tentando acompanhar Clara enquanto mais sombras surgiam à sua volta.Clara olhou rapidamente para trás, os olhos fixos nos seres que os perseguiam. Aquelas figuras eram um lembrete doloroso do que o Véu poderia fazer: consumir mundos e suas pessoas, deixando apenas fragmentos de vida e memória, distorcidos para sempre.— Tem que haver outra saída — Clara murmurou, olhando para os muros que os cercavam. O pulsar do fragmento em suas mãos parecia guiar seus passos, como se soubesse