Aquele beijo foi muito mais impactante para Eliana do que o gesto incomum de Jacob de chupar o dedo dela para estancar o sangue. A sensação era como um choque elétrico, começando nos lábios e subindo diretamente para o cérebro.Eliana empurrou Jacob com força e, sem hesitar, deu-lhe um tapa no rosto. — Essa foi a primeira e última vez. Se acontecer de novo, não vai ser só um tapa.Sem esperar resposta, ela saiu da cozinha e seguiu direto para a porta. Achava que Jacob iria tentar impedi-la, mas ele não fez nada.O lugar era meio isolado e difícil de conseguir um táxi, então Eliana, sem cerimônia, pegou um dos carros da garagem. Afinal, ele tinha muitos.Jacob, de pé junto à janela panorâmica, observava a mulher se afastar dirigindo um dos seus carros. Ele passou a língua pelo canto da boca, pressionando devagar a bochecha esquerda onde havia levado o tapa.Já se passavam uns bons cinco minutos, e a sensação de dormência ainda persistia, o que mostrava o quão forte havia sido o golpe.
Desde que havia chegado à Mansão Morris, Eliana sempre gostara muito da comida. Achava que o cozinheiro tinha um talento especial, melhor até que o de Andrew.Agora sabia que o "cozinheiro" era Jordan.Jordan sorriu.— Exato. Você percebeu na hora.Apesar de sentir uma sensação calorosa por dentro, Eliana também ficou um pouco desconfortável.— Você não precisa mais fazer isso. Deve ser cansativo.— Não é nada. — Jordan olhava para Eliana com um carinho evidente. — Se você gosta, não me importo de me esforçar um pouco mais.Depois de comer, Eliana acompanhou Jordan até o quarto. Antes de sair, ele perguntou:— Nossos planos mudaram. O que você pretende fazer agora?— Não tem problema. Ainda teremos chances de nos aproximar da família Mason. Nosso novo projeto também precisa do apoio do governo.Na verdade, o plano não tinha sido completamente arruinado, apenas um pouco complicado.Vendo que Eliana não parecia preocupada, Jordan relaxou um pouco.— As coisas podem não ser tão fáceis. Ja
Eliana estava ansiosa pela resposta, mas Jacob ficou em silêncio. Será que ele tinha dormido?Soltando um suspiro pesado, Eliana jogou o celular de lado e tentou dormir.Mas, mesmo assim, não conseguiu pegar no sono. Revirou-se na cama por um tempo até que decidiu ligar para Rafael por chamada de voz.Era tarde, e chamar alguém nesse horário não era o mais apropriado, mas ela fez de propósito. Se não fosse por ele, ela e Jacob nunca teriam cruzado seus caminhos de novo.O telefone tocou algumas vezes, mas Rafael não atendeu. Ele rejeitou a chamada diretamente.Eliana ligou de novo. E ele desligou de novo. Ela insistiu, uma, duas, três vezes, até que na quinta tentativa...— Caramba, você não vai parar, Zita?— Rafael, antes de falar qualquer coisa, dá uma olhada no nome de quem está ligando. — Eliana baixou a voz, tentando alterar seu tom.— T? — Rafael parecia completamente desperto agora. — Por que você está acordada tão cedo?— Claro, queria te dar um bom dia, o mais cedo possível.
Rafael falou um monte, mas Jacob só prestou atenção em uma palavra: — Mulher?— Claro... — Rafael franziu o cenho. — Espera aí, você nem sabe se é homem ou mulher, então por que ela disse que você descobriu as informações dela?Jacob colocou o copo de água na mesa com calma. — Antes eu realmente não sabia, mas agora sei.Rafael ficou confuso. — Então, antes disso, o que você sabia, afinal?— Ela tem o sobrenome Walton.— Quem te contou isso?— Eu adivinhei! — Algumas pessoas têm o hábito de usar uma letra do próprio sobrenome. Por exemplo, Eliana Walton. Uma vez, a avó obrigou Eliana a sair de casa para ir junto com ela a um evento. No caminho, elas encontraram uma menina pedindo esmola na rua. Eliana ajudou a garota ali mesmo, e depois, de tempos em tempos, enviava coisas para a menina, sempre assinando apenas com a letra "T".Por isso, Jacob deduziu, casualmente, que esse "T" também poderia ser de Walton.…Quando Eliana recebeu essa resposta, ficou completamente atordoada. Ele ac
O médico olhou para o relógio, impaciente.— Cadê o marido da paciente? Se ele não vier logo assinar os papéis, vai ser tarde demais.A enfermeira respondeu com um ar de desconforto:— Ele disse que não vai vir. Disse que a paciente pode se virar sozinha, que ele não se importa.Se virar sozinha...Na mesa de cirurgia, coberta de ferimentos e lutando pela vida, Eliana Walton tentou levantar uma das mãos.— Me dá o celular... — Murmurou com dificuldade.A enfermeira, vendo o desespero nos olhos da paciente, rapidamente entregou o telefone.Com o corpo inteiro em agonia, Eliana forçou-se a discar o número que estava gravado em sua memória. O telefone quase desligou automaticamente quando, finalmente, a ligação foi atendida.— Eu já disse que a vida dela não importa para mim. — A voz do homem do outro lado era carregada de impaciência e desprezo.— Jacob... — Cada palavra que saía da boca de Eliana parecia rasgar seu corpo por dentro. — Depois que você levou a Pola, os sequestradores det
Na manhã seguinte.Por causa da dor intensa no ferimento de Pola, ela insistiu para que Jacob ficasse mais uma noite no hospital.A caminho do trabalho, ao passar por um cruzamento, Jacob deu uma ordem repentina ao motorista:— Vá para a Vila Werland.Ele não queria voltar para lá, mas suas roupas já estavam há dois dias no corpo. Era hora de trocá-las.Ao chegar na casa, no entanto, não foi recebido com o calor habitual de uma mulher ansiosa pela sua chegada, mas sim com uma frieza que parecia preencher todo o ambiente.No centro da sala, sobre a mesa de café, estava um documento de divórcio.Jacob olhou para a assinatura no final da página, junto com a chave da casa colocada em cima do contrato. Seus olhos escuros brilharam por um breve momento, com uma emoção difícil de decifrar. Em seguida, ele subiu as escadas em direção ao quarto.Era a primeira vez que Jacob entrava no quarto de Eliana.Durante os últimos três anos, eles haviam vivido como estranhos, dividindo a mesma casa, mas
Cidade B ficava a apenas uma hora e meia de Cidade A de carro.Disfarçada, Eliana chegou à Mansão Mason no horário combinado. Sob o pretexto de tratar uma doença, ela aproveitou o momento em que ninguém estava por perto e hipnotizou Axel Mason, o chefe da família Mason.Infelizmente, ela não conseguiu arrancar nenhuma informação útil dele.Sem ter alcançado o objetivo, Eliana caminhava de cabeça baixa, perdida em pensamentos, até que sentiu uma dor repentina na testa.— Descul... — A palavra ficou presa na garganta quando ela levantou os olhos e viu o rosto de quem havia esbarrado nela.Jacob? O que ele estava fazendo ali? Que ironia do destino!Em questão de segundos, Eliana desviou o olhar e, com o rosto impassível, virou-se e saiu.Jacob ficou intrigado. A princípio, ela parecia que iria se desculpar, mas, ao vê-lo, mudou completamente de atitude. Aquele olhar... Tinha algo de ressentido, como se fossem inimigos.Ele se virou, observando a direção na qual ela caminhava, e ficou sur
— Um bilhão? — Jacob não hesitou nem por um segundo. — Fechado!Três anos atrás, ele havia sido envenenado em uma armadilha. Uma mulher, mesmo gravemente ferida, havia salvado sua vida.Após uma noite intensa, ao acordar, a mulher havia desaparecido sem deixar rastros.A escuridão daquela noite impediu Jacob de ver seu rosto, mas ele se lembrava de um perfume peculiar que exalava dela, algo que parecia com ervas medicinais.Ele mandou investigar, e a busca o levou até Pola Francis, filha da família Francis. Pola sempre fora frágil e doente, vivendo à base de remédios herbais.De acordo com o próprio relato de Pola, no dia em que ele foi atacado, ela havia sido sequestrada. Enquanto tentava escapar, encontrou Jacob e, apesar de suas feridas, colocou sua própria vida em risco para salvá-lo, entregando-lhe até sua virgindade.Naquela época, ela tinha apenas dezoito anos.Pola havia lhe salvado a vida, e ele lhe prometeu casamento. Mesmo com a desaprovação de sua avó, Jacob estava determi