— Desculpa, mas agora estou no horário de trabalho. — Eliana respondeu friamente. Ela mal conhecia Thomas, então não tinha a menor disposição para conversar.A recusa foi tão direta que, embora Thomas já esperasse, ainda assim ficou um tanto desconcertado.Ele deu dois passos à frente e tentou de novo, agora com um tom conciliador:— Srta. Eliana, prometo que não vou tomar muito do seu tempo, no máximo o suficiente para um café.— Não gosto de café.— Se a senhorita não gosta de café, podemos beber outra coisa.— Eu não gosto de beber nada, só água.Dizendo isso, Eliana foi até o bebedouro, encheu um copo e, na frente de Thomas, bebeu tudo de uma vez.— Acabei de beber, então não estou com sede.Eliana admitia para si mesma que estava fazendo de propósito. Se ela não se importava nem com Jacob, por que iria dar alguma importância ao secretário bajulador dele? Além disso, Thomas só podia estar ali a mando de Jacob. Era óbvio. Depois da conversa frustrada com Jordan, com certeza Jacob e
O café estava praticamente vazio, mas Thomas escolheu uma mesa perto da janela. Ele deu uma olhada discreta na rua, onde uma imponente SUV preta estava estacionada. Eliana notou e soltou uma risada silenciosa. Ao se sentar, foi direto ao ponto:— Meu tempo é curto. Fale logo o que você quer.Thomas sorriu.— Sra. Perry, o que a senhora quer beber?Ele sabia que chamá-la assim a irritaria. E, de fato, Eliana franziu a testa. Percebendo isso, Thomas rapidamente se corrigiu:— Sra. Perry, sei que não gosta que eu a chame assim, mas, depois de três anos, é difícil me acostumar a outra coisa. Mesmo que você e o Sr. Jacob tenham se divorciado, para mim, você sempre será a Sra. Perry. E isso nunca vai mudar.Eliana reconhecia que, em momentos assim, o esperado seria que ela ficasse tocada. Mas, ao invés disso, ela preferiu zombar:— Thomas, você combina mais com o papel de secretário frio. Essa sua nova postura... não combina com você.Ela se mexeu desconfortavelmente na cadeira.— Como eu já
Jacob, guiado por seu instinto, sabia que o que Eliana estava prestes a dizer não seria nada agradável. Sem rodeios, ele respondeu:— Não tenho tempo.— Eu acho que você está bem desocupado. — Eliana arqueou as sobrancelhas. — Ou será que não quer ouvir?Sem esperar resposta, ela soltou uma risadinha sarcástica:— Você pode não querer ouvir, mas eu faço questão de falar! Um ex-marido de verdade deveria ser como um peixe morto, completamente inofensivo. E, ultimamente, você tem se mostrado tudo, menos inofensivo.Eliana deu uma última risada e completou:— Faz um favor, tenta ser um ex-marido decente e para de me incomodar. Francamente, está ficando nojento.Ela terminou de falar com um sorriso falso, virou-se e começou a se afastar. Era um dia movimentado na entrada do Grupo Morris, com várias pessoas indo e vindo. Eliana tinha certeza de que Jacob não teria coragem de sair do carro.Mas, quando menos esperava, sentiu alguém agarrar seu braço. Esse homem tinha perdido toda a compostur
A pergunta que Thomas não teve coragem de fazer foi feita assim que Jacob voltou ao escritório. Leyla, que o aguardava, foi direta:— Eu não te disse? Desde o começo falei que a Pola era uma vigarista, mas você não quis acreditar.Leyla havia descoberto sobre o término entre Jacob e Pola através de amigos. Agora, aproveitava a oportunidade para provocar o irmão.— E outra, por que você não me contou logo que terminou com a Pola?Jacob levantou os olhos dos papéis e a encarou com frieza.— Por que eu teria que te contar?— Pra me fazer feliz, é claro! — Leyla o seguiu até a mesa, animada. — Eu esperei por esse momento por mais de três anos!O sorriso de Leyla era tão radiante que quase iluminava o ambiente.— Aquela vadia da Pola achou mesmo que, só porque você se divorciou da minha cunhada, ia se casar com ela? Eu sempre disse que a porta da família Perry estaria fechada para ela. Pena que minha cunhada já se divorciou de você. Se você tivesse descoberto antes quem a Pola realmente era
A mulher era Isabel, mãe de Pola. Ela havia subido sem ser anunciada e estava acompanhada de uma recepcionista, que, ofegante, tentava explicar:— Sr. Jacob, me desculpe. Ela entrou correndo, eu não consegui impedir.Leyla, ainda irritada, estava prestes a se desculpar.— Descul... — Mas, ao perceber quem era, seu semblante mudou instantaneamente. — O que você veio fazer aqui? Não me diga que a Pola se matou e você veio dar a notícia? Se for isso, me desculpe, mas meu irmão não tem mais nada a ver com ela... Aliás, nunca tive! Então, se ela está viva ou morta, isso é problema de vocês.Leyla falou com um tom venenoso, mas Isabel não lhe deu nem um olhar. Empurrou-a de lado e correu em direção a Jacob.— Sr. Jacob, por favor, vá ver minha filha! A Pola está trancada no quarto, sem comer nem beber há dias!Antes que pudesse se aproximar de Jacob, foi interrompida por Leyla novamente.— Ah, minha senhora, a senhora é engraçada. Sua filha está em greve de fome e, ao invés de resolver isso
— Não importa se foi o sequestro que Pola e Eliana sofreram juntas, a vez em que ela drogou Pola em segredo, ou até mesmo quando, dias atrás, ela mandou alguém se passar por Eliana para sequestrar Pola, e depois entregou o pen drive com as provas contra ela para o Sr. Jacob. Tudo foi obra dela.Leyla olhava fixamente para o rosto de Isabel, que, mesmo perto dos cinquenta anos, ainda mantinha uma beleza marcante. Leyla tentava decifrar se ela estava mentindo.O semblante de Isabel não demonstrava nervosismo ou culpa — era a imagem perfeita de compostura. Ou tudo era verdade, ou Isabel era uma atriz excelente. Leyla preferia acreditar na segunda opção, porque não podia aceitar que Pola fosse inocente.Leyla estava prestes a falar, mas Jacob foi mais rápido:— Você já terminou?Leyla olhou para Jacob, incrédula. O mesmo olhar de surpresa estava no rosto de Isabel. Leyla, no entanto, sentiu uma alegria maliciosa subindo pela garganta, quase rindo da situação.Isabel, por sua vez, não espe
Todos os presentes acreditavam que Pola estava condenada, inclusive Jacob, que por fim não conseguiu ficar apático.Ele correu na direção dela para agarrá-la, mas chegou tarde demais.Do 88º andar, todos pensaram que a queda seria fatal. No entanto, para surpresa de todos, após descer apenas três andares, ela foi salva por um limpador de janelas que trabalhava em uma plataforma suspensa. O homem, com uma força impressionante, conseguiu segurá-la com facilidade.Apesar de ter escapado por pouco, Pola machucou o braço esquerdo, e o ferimento não era leve. Isabel queria levá-la ao hospital, mas Pola insistia em recusar.— Mãe, eu não vou ao hospital. — Disse Pola, em um tom que deixava claro que não se importava mais com a vida. — Esse machucado não vai me matar.Pá! Isabel deu-lhe um tapa no rosto:— Por causa de um homem que não se importa com você, vai esquecer até dos seus pais?Pola, chorando, assentiu:— Sim, vou esquecer. Eu não quero mais nada, nem a mim mesma! Mãe, sem ele, eu re
Eliana deu uma risadinha.— Então você pode ir buscá-la.— Elia, você já sabia de tudo? — Andrew soltou uma risada amarga. — Claro, tão inteligente como você, não teria como não saber.— Saber o quê? — Eliana fez uma expressão de confusão. — Eu não sei de nada. Só sei que Clara é um pouco infeliz. E que, por coincidência, ela tem o mesmo sobrenome que você. Fora isso, não sei de mais nada.Andrew suspirou profundamente.— Ela é minha irmã mais velha. Na verdade, sempre quis tirá-la da família Francis, mas tinha medo de te causar problemas...Eliana deu um leve tapa na cabeça dele.— Você acha que eu sou tão inútil assim, que não consigo lidar com uma família Francis?Andrew esfregou o local onde ela o acertou, ainda sentindo um pouco de dor.— Claro que não. Eu só estava evitando complicações. Afinal, você ainda tem grandes vinganças a resolver...— Pare de enrolar! Faça o que quiser no futuro. — Interrompeu Eliana, impaciente. — E o que está esperando? Vai logo buscar sua irmã.Andrew