Capítulo II

Assim, os dias foram passando no mesmo ritmo, consegui vencer vários casos para o escritório e me empenhando cada dia mais para firmar meu nome na empresa com o intuito de conseguir a sociedade, além de me consolidar como uma grande advogada da área criminal.

Precisei levar trabalho muitas vezes para casa, trabalhar finais de semana inteiros em casos complicados, mas que no final de quase um ano de trabalho duro, garantiu meu sucesso e vitória e, uma promessa de sociedade cada vez mais próxima. Porém, apesar de estar bastante feliz com o meu trabalho e o rumo que minha carreira como advogada vinha seguindo sentia-me bastante só emocionalmente, porque não conseguia me envolver com ninguém e das poucas vezes que tentei foi um fracasso tremendo, pois Josh Kent jamais saiu da minha cabeça e do meu coração.  Ainda não entendo que sentimento é esse que parece forte o bastante para resistir com o passar dos anos.

Nunca mais tive notícias dele, a última vez que nos vimos foi na sua última festa em Harvard, na fatídica noite em que dei vazão ao meu amor de infância e que descobri que aquela paixonite de menina, evoluiu e se transformou em algo muito maior, aquém da inocência, evoluindo para um amor carnal.

Não sei por que aquela noite me veio à mente agora, depois de tanto tempo sem saber nada dele, estando aqui sentada na varanda do meu apartamento, com uma taça de vinho na mão, uma música suave tocando ao fundo, vindo direto do sistema de som da minha sala. Era uma noite de sábado, um dos finais de semana em que raramente não trouxe trabalho para casa e que pude realmente relaxar e descansar um pouco de toda a agitação em que se transformou minha vida, mas eu não reclamo por isso, porque significa que minha vida só está seguindo o rumo que sempre almejei para ela.

E nesse devaneio repentino, meus pensamentos me traem e seguem para uma noite de sábado há quatro anos atrás.

***

A sala da fraternidade pigmam estava lotada e barulhenta, minhas amigas Lana e Mary estão por aí em algum lugar, sinceramente não sei porque me deixei convencer a vir a essa festa, até porque eu não gosto de festas e odeio bebidas, mas bem lá no fundo eu sabia o motivo do porquê estar aqui, pois o motivo tinha nome e sobrenome, mais especificamente: Josh Kent. Eu sabia que hoje era a festa de despedida dos veteranos da fraternidade, porque depois de amanhã aconteceria a formatura deles e hoje era a última vez em que eu o veria pela faculdade.

Suspirei tristonha, porque apesar de ter dezessete anos eu ainda nutria o mesmo amor platônico por ele e continuava a observá-lo de longe, tão lindo como sempre, rodeado de mulheres por onde passava, apesar de sempre estar com a garota loira que sempre via com ele. Josh era o cara mais popular da faculdade, idolatrado pelas meninas e admirado pelos meninos, até porque ele era o capitão do time de futebol da faculdade, isso por si só já é motivo de popularidade por aqui, mas além disso ele é lindo e foi ficando mais lindo ao passar dos anos, porque adquiriu músculos e um ar de sensualidade.

Olhei ao redor procurando por minhas amigas, mas não conseguia achá-las, estou no canto da sala, que está lotada de gente dançando e bebendo, o barulho é ensurdecedor e tá me deixando louca. Corro meus olhos por todo o ambiente , procurando-as, porém paro minha procura no instante em que o vejo, Josh, está dançando no meio da pista, rodeado de mulheres, com uma cerveja na mão e sorrindo, eu estanco na mesma hora, fico observando-o por minutos sem fim, eu não sei se foi o meu olhar persistente em cima dele ou se foi por acaso, só sei que ele se vira em minha direção fazendo com que seus olhos colidam com os meus e nessa hora eu paro de respirar, ele me fita com a mesma intensidade em que eu o olho, neste momento não existe mais nada  nem ninguém aqui, só eu e ele. Josh, começa a se esquivar das mulheres que o cercam e vem andando em minha direção com o olhar cravado em mim, não sei o que me dá, mas não desvio um milímetro do seu escrutínio até finalmente tê-lo bem diante de mim, ele passa a mão por meu rosto e eu arfo, por enfim sentir seu toque em minha pele, ele desliza a mão até meus ombros e percorre o meu braço direito até chegar a minha mão me puxando para ir com ele a algum lugar.

Subimos as escadas até a parte de cima da fraternidade onde ficam os quartos, não falamos nada durante todo o trajeto, tornando tudo surreal para mim, além do medo de que isto que está acontecendo acabe e eu volte a ser a garota sem graça e apaixonada que só pode olhar o amor da sua vida de longe sem sequer imaginar um dia ter a atenção do homem que ama mais que tudo no mundo.

Josh, abre uma porta que presumo ser a do seu quarto, eu deveria estar apavorada, mas não tenho medo, porque nada do que fizermos aqui fará com que eu me arrependa, pois eu o amo em silêncio a tempo demais e se eu só terei um único momento com ele em toda a minha vida, valerá a pena porque eu sequer imaginei receber sua atenção quem dirá ser tocada por ele da maneira que está fazendo agora. Entramos no quarto, ele vai até o abajur ao lado da cama e o acende, tornando o ambiente algo mágico com a luz difusa, depois vira- se para mim sem deixar de me olhar intensamente, eu só faço tremer e ansiar por ele. Ao chegar até mim, Josh continua me olhando tão profundamente que faz com que eu perca o ar dos meus pulmões porque, por mais que eu o deseje, é como se ele estivesse desnudado minha alma e todos os sentimentos guardados no fundo do meu apaixonado coração.

Não sei se ele está bêbado ou se só levemente embriagado, eu só sei que o quero como nunca quis algo ou alguém em toda minha vida, por isso não importa o seu estado de embriaguez, só importa o que eu sinto e que meu coração está quase saindo pela boca de tão ansiosa que estou.

- Você é linda. - Afirma com o timbre de voz rouco me olhando de cima a baixo. Meu corpo arrepia inteiro com o seu escrutínio. E é então que ele enfia a mão dentro dos meus cabelos compridos e os segura com força, me mantendo no lugar, para só então desviar seus olhos para os meus lábios os capturando com volúpia e urgência e eu, bem, eu me entrego de corpo e alma gemendo em seus lábios, tremendo e desejosa dele, é como um sonho que se torna realidade. Sentir seus lábios nos meus, sua língua explorando cada cantinho da minha boca, me faz gemer mais ainda e me entregar sem reservas e pudores.

Ele se afasta um pouco de mim,  fazendo  com que eu proteste pelo abandono do seu corpo no meu, porém logo que o vejo tirando a camisa e jogando- a ao longe, o meu lamento desaparece rapidamente, pois estou quase babando em cima dele, porque por mais que já o tenha visto sem camisa de longe, é claro, nada havia me preparado para o abdômen trincado, nem os bíceps rígidos e torneados diante de mim, mas não tive muito tempo para admirar o belo homem em minha frente, pois logo ele já estava enlaçando a minha cintura e devorando os meus lábios com tamanha urgência que se equiparava à fome que eu tinha dele. E foi assim que caminhamos até a cama, nos devorando, e ao sentir a madeira da cama por trás dos meus joelhos eu só me deixei ser deitada e coberta pelo corpo musculoso de Josh, estava nas nuvens, passando as mãos por todo ele, arranhando suas costas, segurando firme seus cabelos e gemendo feito uma louca, tamanho era o fogo que me consumia, neste momento eu só queria senti-lo em cada parte de todo o meu corpo para aplacar essa brasa que me devorava de dentro para fora.

De repente ele para, e começa a levantar minha blusa, eu o ajudo no processo em me despir e,  logo após a blusa, foi- se meu tênis e a calça jeans, ficando apenas de calcinha e sutiã, senti-me embevecida pela fome e desejo que vejo crepitar dos seus olhos ao esquadrinhar meu corpo inteiro, mas esqueço qualquer sentimento de vaidade ao vê-lo  baixar os lábios e sugar meu pescoço descendo as mãos para apertar meus seios fartos e redondos sob a lingerie, eu estou em êxtase total, suplicando por ele. 

- Por favor... Hummm. -Eu suplico em agonia. Ele vai descendo uma trilha de beijos até chegar à calcinha deslizando- a por minhas pernas sem deixar um minuto sequer de fitar meus olhos entorpecidos de desejo e amor.

- Xiuu. Eu vou cuidar de você doce morena. - Ele sussurra beijando-me e se aconchegando-se sobre mim. - Você é linda morena. Além de doce como o mel. - Ele fala sussurrando em meu ouvido, me deixando cada vez mais louca.

- Hummmm, Josh. -Eu estou descontrolada, completamente arrebatada, se eu já amava esse homem com loucura, imagine depois dessa noite e do prazer descomunal a que ele está levando o meu corpo. - Você vai me deixar louca desse jeito. -Meu lamento nada mais é do que um gemido, porque estou em brasa.

Josh pega o preservativo ao meu lado, torna a descer seus lábios carnudos sobre minha boca e nos encaixa, porém o receio bate em mim e eu fico dura.

- Josh, eu preciso te falar uma coisa antes.  -Ele me olha um pouco intrigado e espera que eu termine de falar.

- Pode falar morena. -Ele me instiga percebendo a minha falta de coragem.

- Bom... é que, bom... ai tô nervosa.

- Fale. -Ele sussurra em meu ouvido para me dar coragem.

- Bom... é que eu nunca fiz isso em minha vida. Pronto, falei. -Na mesma hora sinto o corpo dele ficar rígido, então ele ergue o rosto do meu pescoço e sorri lindo para mim e se é que é possível eu me apaixono ainda mais por ele neste momento.

- Fico lisonjeado por ter a honra de ser o primeiro, linda. Mas vamos com calma ok. – Assinto.

Fizemos amor da maneira mais linda que eu poderia desejar. Josh foi extremamente cuidadoso e carinhoso comigo, deixando-me mais apaixonada por ele.

Após, se acalmar ele desabou ao meu lado na cama ofegante também, passados alguns minutos eu olhei para o lado e o vi de olhos fechados respirando calmamente, parecia que tinha apagado, não sei se por causa do que acabamos de fazer ou por causa da quantidade de bebida alcoólica que tinha ingerido a noite toda.

***

Suspirei, porque lembrar dessa noite me fez desejosa dele, além de me fazer recordar a manhã seguinte a essa noite, pois ao acordar a cama e o quarto estavam vazios, nem sinal de Josh, nenhum bilhete, nada, só o silêncio e o meu coração quebrado, porque lá no fundo eu desejei acordar em seus braços e viver um pouco mais do meu sonho encantado. Porém, não foi assim, porque no dia seguinte descobri que ele tinha ido embora da fraternidade junto com a Kelly, a loira que todos diziam ser sua namorada, a mesma que ano após ano estava ao seu lado e que ao que tudo indicava, se encaminhava para ser sua esposa, pois era do mesmo meio e nível social que ele, ou seja, a esposa troféu perfeita.

A mim só restaram as lembranças daquela noite, além de acalentar o amor imenso que tomou proporções gigantescas dentro de mim e que, se antes era de menina, após aquela noite se tornou mais forte e profundo, pois evoluiu para um amor carnal, amor de uma mulher para um homem, para o homem que transformou a menina em mulher.

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