Carlos enfatizou cada palavra, deixando Beatriz sem argumentos.Mesmo sabendo que era inocente, o plano de Débora a tinha colocado na prisão. Se não fosse pela intervenção de Daniel, ela estaria perdida.— Irmão Carlos, o que aconteceu? Você não tinha ido embora?— Quem disse que eu fui? Eu não disse que estava apenas tirando alguns dias de folga? Como não pude ajudar diretamente com sua situação, decidi estabilizar a empresa. Nos dias em que estive fora, não fiquei parado; dei uma palestra na minha antiga universidade e 'convenci' muitas pessoas a virem para cá. O problema com o tecido contaminado já foi resolvido e não está mais associado ao estúdio. Com o tempo, as coisas vão melhorar aqui.— Irmão Carlos...Parece que a única pessoa mesquinha era ela própria. Ela pensava que nem mesmo poderia ser amiga de Carlos.Carlos sorriu: — Eu não sou tão mesquinho. Ainda somos parceiros, e eu ainda sou seu Irmão. Podemos... voltar a ser como antes?Beatriz concordou entusiasticamente. — Obri
— Você... você não tem nada a dizer?Seria uma reação normal se ela o repreendesse ou lhe desse um tapa.Mas, ao contrário, ela estava calma, falava de maneira moderada, e seu olhar era tão indiferente que era assustador.O jeito como ela o olhava agora não era com desgosto ou decepção, mas com uma tranquilidade que não deixava ondas.Como se ela estivesse olhando para um estranho.— Eu tenho que ir, Sr. Silva,— ela disse suavemente.Quando Débora apareceu em seu estúdio fazendo alarde, dizendo que estava disposta a compartilhar um homem com outra mulher e que agora também concordava em ser mantida como amante,Elas podiam se desvalorizar, mas que não viessem incomodá-la.Ela até tentou explicar, mas como as duas não entendiam, por que ela se incomodaria em se comunicar agora? Não seria estúpido?Afonso estava insatisfeito.Débora a via como uma rival amorosa, determinada a competir com ela.Mas ela realmente não se importava com os dois.— Bia, sobre aquilo... — Foi meu erro...As ú
Eles provavelmente se casariam, já que ele a tinha como substituta, e essa substituta até superava a original, por que não poderia continuar substituindo por toda a vida?De repente, ele se lembrou da primeira vez que viu Beatriz, vestida de forma provocante, tremendo de frio, como um cordeiro prestes a ser abatido, sem saber em mãos de qual açougueiro acabaria.Ele ficou deslumbrado à primeira vista, não só porque ela se parecia muito com Débora, mas também porque ela era realmente bonita, até mais que Débora, com uma aparência e feições atraentes.Ele também sentiu compaixão, um sentimento de misericórdia.Inicialmente, ele realmente considerava Beatriz apenas como uma substituta, um consolo para sua saudade.Mas depois, Beatriz se mostrou muito competente, carinhosa, compreensiva e bondosa, nunca lhe causando preocupações.Sua presença lentamente aliviou a dor que o término com Débora havia causado.Na verdade, ele havia terminado com Débora há anos e tinha vivido como um libertino
Seu estômago revirou, a simples ideia do odor já era nauseante, ela apenas havia adicionado um pouco de sal, como poderia engolir algo com um sabor tão forte?Contudo, Débora parecia saborear cada pedaço, naquele momento, Afonso teve uma ilusão, como se ela não estivesse comendo a placenta, mas comendo uma criança.Ele esperou ela terminar antes de descer, fingindo que nada havia acontecido.— Vou indo.— Afonso, espere um momento…— Tem mais alguma coisa?— Esse assunto… não vamos mais falar sobre isso? Se não fosse pelo conflito com Beatriz, o empurrão, o acidente não teria acontecido. Mesmo que ela não tenha sido a mente por trás, ela deve assumir sua responsabilidade. Ela é cúmplice na morte do nosso filho, Afonso… você realmente não vai buscar justiça para nosso filho?Débora derramou duas lágrimas, chorando sinceramente.Nisso, ela nunca perdeu para ninguém, as lágrimas vinham quando ela queria.Afonso franzia a testa, perguntou seriamente: — Então, Beatriz realmente te empurrou?
— Afonso, estando eu nesta condição, você ainda queria encontrar sua antiga amante? — As lágrimas de Débora caíam grossas como grãos.— Débora, as coisas não são como você está pensando. Foi a avó que voltou, queria organizar um jantar de família e pensou em convidar a Beatriz também.— Um jantar de família? Convidando uma estranha?— Débora, a Beatriz e eu ficamos juntos por três anos, a avó não tem estado bem, foi ela quem cuidou e fez companhia, conversando para distrair a velhinha.— Eu também poderia fazer isso, ou você acha que não queria? Por que minha vida tem que ser tão infeliz? Minha família arruinou-se, meus pais me deixaram aos cuidados de sua família. Seus pais, insatisfeitos com a decadência da minha família, me casaram com um estrangeiro, escolhendo para mim aquele marido alcoólatra e abusivo! Meu casamento foi um inferno, pior que a morte! A família Silva me deve, isso não vale mais do que os três anos de dedicação da Beatriz? Agora sou sua esposa, e sua avó ainda se
— Vovó, eu prefiro não ir, afinal, é a festa da sua família. Depois da festa, eu posso convidá-la para jantar separadamente, que tal?— Você também é parte da nossa família!— Vovó, sei que a senhora quer me proteger, mas o Afonso já se casou, e se eu for, o que a Débora vai pensar? Não quero causar problemas.Beatriz não tinha medo dela, apenas não queria vê-la novamente.Débora perdeu o filho, e com isso, já estava derrotada.O verdadeiro objetivo de Débora não era lutar contra mim até a morte, mas sim manter Afonso ao seu lado.Mas ela é incapaz de ter filhos, e a grande fortuna da família Silva precisa de um herdeiro.Débora estava destinada a ser abandonada, não importa quanto Afonso a amasse.Pensando nisso, ela até sentia pena de Débora.— Mas eu convidei vários jovens talentosos para te conhecer, estava pensando em organizar um encontro às cegas para você.— …Esse jantar realmente não seria simples, ainda havia isso esperando por ela.— Eu pensei que a vovó continuaria tentand
— Ah, eu quero me casar com ela, então você fingindo estar doente não é uma pressão sobre mim, mas para fazer com que ela pense que eu tenho uma razão legítima para pedir sua mão. Nestes três anos, eu especificamente mudei você de sanatório, não deixei você morar sozinho, também por causa dela.— Não é à toa, eu detestava aquela velha Adriana, mas você insistiu em me colocar lá. Você estava tão certo de que eu teria algum envolvimento com ela, que gostaria dessa moça? — Fernando perguntou, curioso.— Não exatamente.Daniel também não sabia que as coisas se desenvolveriam desta maneira, ele só esperava poder encontrar-se com ela mais vezes.Sabendo que ela estava cuidando da avó de Afonso naquele sanatório, quando ele voltou ao trabalho, procurou desculpas para visitar mais vezes o avô, assim teria mais oportunidades de encontrá-la. Qualquer chance a mais de vê-la era boa.— Então eu realmente não entendo, já que você estava tão determinado em relação a ela, por que quer se divorciar?
— Como você veio parar aqui? — Daniel perguntou, embora soubesse.— O vovô deve ter ficado confuso por causa da doença e me ligou. Como ele está agora?Daniel balançou a cabeça: — Não sei a situação lá dentro, ainda estão tentando salvá-lo. Mas os médicos disseram que está muito mal, que ele pode...Ele não terminou a frase.Beatriz também vacilou, quase não conseguindo se manter de pé.Ela sabia que esse dia chegaria para o avô, mas não esperava que fosse tão cedo, ainda não fazia um ano.O avô sempre cuidou muito bem dela, mesmo casada com Daniel por tanto tempo, ele sempre foi carinhoso.As pessoas falavam dela, mas ele sempre a protegeu.Ele e a avó de Afonso, que não tinha laços de sangue com ela, deram-lhe o carinho e o amor de uma família.— Daniel... foi por minha causa que o avô ficou doente? — A voz dela tremia com culpa. — Foi porque eu estava brigando com você para nos divorciarmos, que deixei o avô tão zangado, certo? Foi por minha causa que o avô teve um ataque mais ced