Beatriz tentou se soltar, mas ele a segurava tão forte que lhe doía as costelas.— Dói...— Ela mal conseguiu falar, e Daniel imediatamente a soltou, olhando para ela preocupado.— Eu... não foi de propósito, te machuquei, não foi? Vou tomar mais cuidado da próxima vez...— Ele parecia perdido, como uma criança que fez algo errado.— Não tem problema, agora volta para a cama.Daniel obedientemente voltou para a cama.— Está com fome? Passei por uma pastelaria no caminho, estava cheia mesmo sendo tão tarde, deve ser muito boa. Peguei duas porções.Ele acenou com a cabeça.— Por que está sempre me olhando?Ela levantou a cabeça, caindo naquele olhar profundo. Ele a fixava com tanta intensidade que ela se sentiu desconfortável.Ele então desviou o olhar, sem mais encará-la. Parecia não acreditar que ela estivesse ali.— Eu pensei que você ainda estivesse chateada comigo, que não viria me ver.— Estou chateada com você, por não confiar em mim. Se acontecer de novo, não vou perdoar. Daniel, e
— Hoje, Manuel esteve aqui.O coração de Beatriz apertou, ela quase havia esquecido daquilo, pelo visto a aprovação havia saído, e ele recebeu a arma regulamentada.— Eu sei.Ela queria perguntar se ele tinha gostado, mas ao lembrar que ele não costuma celebrar seu aniversário, desistiu. Mas Daniel parecia ter adivinhado seus pensamentos, falou com uma voz suave e gentil: — Eu gostei muito do presente que você me deu.— Que bom que gostou, vamos comer.— Desculpe, eu te decepcionei.— Não tem problema, você deveria ter falado comigo antes, eu não queria ouvir sobre você da boca de Bruna. Você poderia ter me contado, se não quisesse falar... então deixa pra lá, de qualquer forma, eu também não estava tão interessada.Ela sorriu sem dar muita importância. Daniel sentiu como se ela estivesse perto, mas ao mesmo tempo tão distante.Ela não voltou a mencionar o incidente anterior, como se nada tivesse acontecido. Mas ele sabia que essa situação ainda a incomodava, seria difícil superar. Ele
Infelizmente, Beatriz ainda estava pensando na situação com Daniel e não percebeu esse pequeno detalhe.— Veremos, por agora está tudo bem assim, viver a vida com qualquer um, com Daniel é a mesma coisa.Ela baixou a cabeça para trabalhar nos seus esboços de design, sem ver a decepção que passou rapidamente nos olhos de Carlos. Se ele tivesse aparecido antes que Daniel, talvez Beatriz estivesse disposta a compartilhar a vida cotidiana com ele.Carlos sabia que deveria se conformar, afinal, Beatriz era casada, e mesmo que não houvesse muito amor, seria contra a moral e a lei.Mas... ele deveria simplesmente desistir do amor por ter chegado tarde? Ele tinha que tentar.Nesse período, Beatriz estava focada em sua carreira.Independente do que as pessoas pensassem dela anteriormente, era impossível não admirar sua habilidade; uma designer internacional realmente se destaca. E ela não seguia cegamente as tendências da moda, tinha seus próprios conceitos e criações.Beatriz tinha um gosto es
Carlos oportuna e formalmente falou: — Peço desculpas, acabei bebendo além da conta... Tinha a intenção de te passar o celular para você atender, mas acidentalmente acabei atendendo a chamada. Parece que Daniel entendeu mal, seria bom você esclarecer isso para ele depois.— Hum, ele mencionou algum motivo para a ligação?— Queria saber se amanhã você poderia visitar o vovô Fernando.Ao ouvir isso, Beatriz enviou uma mensagem para Daniel: 【Amanhã às dez da manhã, farei a visita, nos vemos lá.】Ela pensou por um momento e adicionou: 【Hoje o irmão Carlos exagerou na bebida, estive ajudando a levá-lo para casa.】Ela ficou olhando o celular por um tempo, mas sem resposta de Daniel, decidiu não insistir mais no assunto.Após o jantar, já passava das onze da noite, Clara insistiu para que ela não voltasse sozinha para casa naquela hora, oferecendo duas opções: ou ela e o pai de Carlos, Cleiton Leite, a levariam para casa de carro, ou ela poderia passar a noite lá, visto que o quarto de hósped
Carlos levou-a até à porta do asilo, quando inesperadamente encontrou-se com Daniel. Ele também acabara de chegar, saindo do carro, reconheceu o veículo de Carlos e seu semblante tornou-se sombrio.— Devo descer e explicar a Daniel o que aconteceu ontem à noite? Caso haja um mal-entendido, seria desagradável.— Não é necessário, ele não é uma pessoa de levar as coisas para o lado pessoal, nem vai... — se importar tanto com ela.Ela deixou a última parte da frase por dizer, em seus pensamentos.Carlos virou o carro e partiu, enquanto Beatriz caminhou em direção a ele.— Como vocês estão juntos?— Meu pneu furou, levei para consertar, estava difícil pegar um táxi pela manhã, então o Irmão Carlos me deu uma carona.— Então, vocês passaram a noite juntos. — A voz de Daniel era fria como gelo.— Ontem à noite, depois de levar o Irmão Carlos para casa, ele sujou minha roupa de vômito, e a tia insistiu para que eu me limpasse antes de ir embora. Mas já era muito tarde, e eles não se sentiram
Isso soava... muito estranho.— Bia, é verdade o que o Daniel disse? Você ficou na casa de um colega de trabalho?Sob imensa pressão, Beatriz queria encontrar um lugar para se esconder. Ela apressadamente explicou a situação da noite anterior.— Ah, entendi, embora haja uma razão, ainda preciso criticá-la. Afinal, você é casada, ficar na casa de um colega de trabalho é um pouco impróprio. Se fosse uma colega, eu não teria nada a dizer.— Vovô, eu prometo que não vai acontecer novamente. — Beatriz assegurou rapidamente.— Vovô, a Bia ainda disse que, se eu insistisse em mal entender, ela não poderia fazer nada. Vovô, será que eu estou sendo muito mesquinho?Beatriz e seu avô pareciam ter visto um fantasma. Daniel não tinha aquela expressão de autocomiseração, apenas uma indiferença fria, sem qualquer sinal de emoção. A temperatura do ambiente parecia cair vários graus, quase congelando.— Você também, fique quieto,— O avô, já sem paciência, disse com um arrepio. — Eu posso repreender a
— Daniel, eu sei que eles não me deixariam morrer de fome, mas quando a fome chega ao extremo, eu perco a capacidade de pensar. Eu só estava com fome há três dias, você não sabe o que é sentir essa fome voraz, mal conseguia andar, via estrelas, até tive alucinações, queria comer qualquer coisa. Parecia que milhares de mãos se estendiam do meu estômago até minha garganta, implorando por comida. Eu só podia beber água, até vomitar, ir ao banheiro. Depois da breve sensação de saciedade, a fome insaciável voltava. Acordava de madrugada de tanta fome, não conseguia mais dormir, só ficava esperando o sono voltar, sonhando com a fome.— Fiquei tão desesperada que resolvi arriscar, fugi pela varanda. Naquele momento, pensei que a ideia de sobreviver sem comida por sete dias era uma mentira, senti que morreria em três dias. Eu precisava fugir, precisava encontrar algo para comer. Mal consegui escapar, mas estava tão fraca, mal podia andar. Pensei que encontraria alguém para me ajudar, mas ao in
Eles ficaram para almoçar, tiraram uma soneca, jogaram xadrez com o avô, fizeram alguns petiscos, preenchendo um dia inteiro e agitado.À noite, Daniel a levou de carro para casa.— Eu esqueci algumas coisas aqui, posso entrar para pegá-las?— Esta sempre foi sua casa.Daniel a seguiu para dentro, mas não esperava encontrar Carlos na sala de estar.— Carlos? Você ainda não foi embora?Beatriz estava surpresa. No final da tarde, a empregada havia ligado dizendo que Carlos havia trazido o carro. Para agradecer, ela pediu que a empregada convidasse Carlos para descansar um pouco dentro de casa.Ela pensou que ele sairia logo, mas ele acabou esperando mais de uma hora.— Eu lembro que você tem algumas edições antigas de revistas de moda da ER que já não são mais vendidas. Pensei em pegar emprestado para dar uma olhada.— Entendi, daqui a pouco eu te levo ao meu ateliê para pegá-las.— Daniel, você vai ficar aqui esta noite?— Sim.— Não.Beatriz e Daniel falaram ao mesmo tempo, com respost