Na manhã seguinte, Sarah despertou nos braços de Thomas, ela sentiu o peso emocional da noite anterior ainda pulsando em seu coração; mais cansada emocionalmente do que fisicamente, não sabia em que momento aquela aproximação havia ocorrido, se partiu dele ou dela.Com cuidado, um misto de hesitação e determinação, afastou-se lentamente, tentando não o perturbar.Thomas dormia profundamente, o rosto estava relaxado e revelava os sinais do desgaste emocional dos últimos meses."Enquanto seus olhos permaneciam fixos nele, reparou em seus traços bem delineados: os cílios longos e escuros que emolduravam os olhos fechados, os lábios cheios e expressivos, a pele firme e o abdômen esculpido com perfeição. Havia uma harmonia inquietante naquela aparência.A lembrança da voz de Thomas chamando por ela em meio aos raros momentos de entrega ecoou em sua mente como um sussurro irresistível. Aquele sussurro que a perseguia era como um eco que não cessava, um ruído íntimo que insistia em enfraquec
No primeiro dia de retorno ao hospital, Sarah percebeu uma mudança no ambiente. Thomas fazia questão de estar presente em sua chegada, cumprimentando-a na entrada com um sorriso que trazia tanto alívio quanto tensão.— Bem-vinda de volta, Dra. Campbell — disse ele, com uma voz gentil, porém firme. — Tenho certeza de que o hospital será melhor com você aqui novamente.Sarah assentiu, mantendo a postura profissional.— Obrigada, Dr. Lewantys. Estou pronta para voltar ao trabalho.Thomas parecia prestes a dizer algo mais, mas foi interrompido pela chegada repentina de Kathalina, que entrou na recepção com a energia de sempre.— Thomas! — exclamou ela, ignorando Sarah momentaneamente. Depois, voltou-se para ela com um sorriso forçado. — Sarah, que surpresa vê-la aqui. Voltou ao trabalho, então?— Sim — respondeu Sarah educadamente, embora sentisse a tensão no ar.Kathalina lançou um olhar brincalhão para Thomas antes de prosseguir.— É ótimo. Isso significa que vocês dois poderão passar a
O dia seguinte trouxe uma nova dinâmica ao hospital, especialmente para Sarah. Com seu retorno ao trabalho, a tensão entre ela, Thomas e Kathalina aumentava a cada interação. Enquanto Sarah tentava se concentrar em suas responsabilidades, a presença de Arthur se tornava um refúgio seguro e reconfortante.Em uma manhã ensolarada, Sarah e Arthur estavam revisando relatórios na sala de descanso. A conversa fluía naturalmente, e as risadas compartilhadas eram um bálsamo para a alma de Sarah. Quando Arthur fez uma piada sobre um caso recente, o riso de Sarah ecoou pelo ambiente, atraindo a atenção de Thomas que passava por ali.Thomas parou na porta, observando a cena com um olhar que misturava surpresa e ciúmes. O sorriso de Arthur ao interagir com Sarah parecia iluminar o ambiente, enquanto Thomas sentia uma pontada no peito. Ele não gostava de ver outro homem se aproximar dela, mesmo que fossem apenas amigos.— Parece que você está gostando — disse Thomas, tentando soar indiferente, mas
O Hospital Lewantys, além de ser uma referência em cuidados médicos, também era uma instituição que oferecia cursos de graduação e especializações na área de saúde. O baile de gala anual era um evento tradicional, destinado a celebrar a formatura dos alunos e a excelência da instituição.Era uma noite de reconhecimento, networking e glamour – um momento em que médicos, estudantes e figuras importantes do setor se reuniam para homenagear as conquistas do ano.O salão estava resplandecente, iluminado por lustres de cristal e preenchido pelo som suave de uma orquestra ao vivo. Os formandos e convidados circulavam pelo espaço, trajando vestidos elegantes e smokings impecáveis. O ambiente era uma combinação perfeita de sofisticação e celebração.Sarah hesitou ao entrar, vestindo um longo vestido de cetim azul royal que realçava seus marcantes olhos verdes âmbar. Ela estava deslumbrante, mas seu coração estava pesado com a perspectiva de encontrar Thomas – e, provavelmente, Kathalina ao lad
Sarah entrou correndo na sala, atraída pelo tom intenso das vozes de seus pais. Ambos estavam sentados, imersos em uma discussão acalorada. Algo nas expressões frias e calculadas de seus rostos a fez parar no meio do caminho.— Filha, venha aqui — disse seu pai. A voz fria, como de costume, agora carregava uma gravidade incomum.Sarah se aproximou, hesitante. Antes que pudesse perguntar, ele disparou:— Hoje é um dia decisivo para nossa família. Você vai comparecer no lugar de sua irmã na cerimônia de casamento dela.Os olhos de Sarah se arregalaram, incrédulos.— O quê? — exclamou. — Isso não é possível! É o casamento da Anna! Ela precisa estar lá, não eu.Seu pai cruzou os braços e franziu o cenho.— Anna desapareceu. Resolveu nos abandonar no pior momento. Este casamento é um acordo comercial firmado há anos, e não podemos arcar com os custos da quebra do contrato.Sarah balançou a cabeça, tentando processar a situação.— Papai, isso não faz sentido! Vocês podem conversar com o noi
Sarah foi empurrada para o banco de trás de um carro que arrancou em alta velocidade. Cada solavanco na estrada era um lembrete cruel da situação em que ela havia sido colocada. Tudo parecia um pesadelo do qual não conseguia despertar.Ela perdeu a noção do tempo. Sempre que tentava erguer o véu para ver onde estava, uma mão pesada a impedia. Quando tentava falar, uma voz áspera cortava o silêncio com um:— Cala a boca!Aquelas palavras ecoavam em sua mente como uma ameaça constante.Seus dedos tremiam, e as palmas estavam encharcadas de suor.— "Como isso aconteceu? Como cheguei a esse ponto?" — pensou.Aquele dia deveria ser especial — era o seu aniversário de 18 anos. Em vez disso, ela estava sendo arrastada para um destino incerto. Nem mesmo seu pai, que sempre prometera protegê-la, parecia se lembrar disso.— "Papai disse que me buscaria depois da cerimônia..." — pensou Sarah, sentindo o desespero crescer. — "Então, por que me deixou com esse homem horrível?"O carro finalmente p
Acordei com o coração disparado, o corpo latejando em cada centímetro. Cada fibra do meu ser parecia gritar em dor, mas não sabia dizer se a dor física superava o peso esmagador no peito.Ao abrir os olhos, vi rastros de sangue pelo chão. Eles começavam na cama e terminavam onde eu estava caída. O sangue — seco e fresco — era um lembrete cruel do que eu havia suportado. A cabeça latejava, e o ar parecia denso, carregado de desespero.— O que restou de mim depois disso? — perguntei a mim mesma, tentando encontrar uma fagulha de força dentro do caos.O menor movimento fazia a dor aumentar. Meu corpo inteiro parecia prestes a ceder, mas a mente estava em frenético alerta, dividida entre a necessidade de sobreviver e a tentação de desistir.— Se nem mesmo minha família é capaz de me amar, quem mais poderia? Talvez essa dor seja tudo o que me resta agora.Com um suspiro derrotado, apoiei-me nos braços trêmulos e me obriguei a levantar. Cada passo era como um golpe contra a exaustão, mas eu
No hotel onde passei a noite, fiquei horas encarando o teto, incapaz de dormir. Meus pensamentos estavam presos aos acontecimentos da noite anterior.Não havia como escapar da verdade: eu havia ultrapassado todos os limites.O arrependimento queimava em meu peito. Descontei minha frustração, minha raiva e meus ressentimentos naquela mulher — uma completa estranha que não fazia ideia da extensão dos meus problemas.Deixei o álcool comandar minhas ações, entorpecendo minha mente e destruindo qualquer resquício de racionalidade.Levantei-me com um suspiro pesado e decidi voltar para casa. Não era apenas para verificar se o portão estava destravado — o que de repente passou a me incomodar — mas para confrontar as consequências das minhas ações.Sabia que precisava pedir desculpas; meu comportamento havia sido inaceitável, mesmo que eu quisesse justificar para mim mesmo que ela era parte de um jogo que nunca pedi para jogar.Quando estacionei, algo estranho chamou minha atenção: uma corda