Enquanto aguardava Manuela se arrumar, fiquei checando minhas redes sociais. Normalmente prefiro fazer isso em casa, pelo notebook, mas aproveitei que estava com tempo ocioso para responder as fãs e para postar algumas fotos que tirei dos presentes na noite anterior. O que me intrigou foram alguns comentários de fãs da Manuela na selfie que postei assim que cheguei na emissora. Fizeram uma marcação de hashtag #ManuelaMonteironatelemont, mas não encontrei fotos, nem outros comentários. Tentei outras hashtags semelhantes, cheguei a procurar pelo nome dela, a fim de encontrar o perfil, porém tudo em vão. Como pode uma atriz não ter redes sociais? Nem no Instagram eu a encontrei. Pensei em procurar Rafael para pergu
Assim que saí da emissora, fui direto para o albergue. Tinha muitos textos para estudar. Realmente pensei que o primeiro dia tinha sido de muito trabalho, porque tudo era novo pra mim. Mas Rafael foi bem claro comigo, disse que eu precisava me preparar para os próximos dias de gravação, pois seriam três vezes piores. Até que para minha primeira experiência como atriz, eu acho que me saí bem. Ao menos, melhor do que eu esperava. Mesmo com aquele episódio desnecessário com Julian. Pensei que ia cometer gafes, que não iria saber me portar em um estúdio com câmeras para todos os lados, pois foi bem diferente da sala que fiz o teste. Mas graças a Rafael e todos os seus esclarecimentos, eu consegui ter uma dimensão melhor de como funcionava a gravação e tudo ali dentro. Ele realmente tem muito conhecimento e, pelo que eu percebi, é muit
Nunca pensei que conseguiria abalar uma amizade de anos com apenas alguns minutos de impulso. Heitor me evitou a semana inteira. Por diversas vezes tentei fazer brincadeiras na intenção de melhorar o clima nas gravações, mas ele fez questão de demonstrar frieza.Sendo muito sincero, admito que se eu soubesse que seria assim, teria a beijado. De certa forma, a culpa que estou sentindo teria mais fundamento. Não estou me ausentando da responsabilidade, reconheço que o certo seria eu não ter me aproximado. Tampouco, poderia tentar justificar as minhas atitudes com a bebida, porque, por mais incrível que pareça, eu permaneci sóbrio. O álcool me faria esquecer os detalhes daquele momento, mas fiz questão de estar atento à Manuela, mesmo com Pietra ao meu lado. Prestei atenção em cada detalhe: o
Eu cresci acompanhando novelas, sempre me imaginava no lugar da personagem principal. Gostava da reviravolta das tramas mexicanas e misturava bastante a fantasia das histórias com a vida real. Agora estou vivendo o outro lado, preciso dizer que eu não tinha dimensão nenhuma da trabalheira que é contracenar. Achava maravilhoso as atrizes dando entrevistas, fazendo ensaios fotográficos e todo o deslumbre que há envolvendo a profissão. Mas é muito mais que isso, em apenas uma semana, posso afirmar que estou muito mais exausta do que quando morava com os meus pais e tinha uma vida que considerava agitada, cansativa e difícil. Eu não sei se é pelo fato de ser nova na profissão de atriz , mas está sendo bem mais confuso para mim separar a realidade da ficção. E agora estou me referindo a minha vida, que é bem pior.
A minha intenção era, de fato, me afastar e deixar o caminho livre para Heitor. Mas com o convívio no set de gravações, conheci uma Manuela que não consigo mais viver sem. Ela é incrível! Eu nunca tive facilidade em criar laços de amizade com o sexo oposto. Talvez… Certo, talvez não é a melhor resposta. O motivo é que sempre tive segundas intenções. Sim, eu admito, todas as mulheres que me rodearam, inclusive as da faculdade, eram meu alvo. Lembro que Heitor e eu ficávamos nessa competição idiota de quem ficaria com mais a cada término de semestre. Hoje eu acho bem ridículas algumas atitudes que eu tinha. Com a idade, o foco na carreira e até mesmo a fama fizeram essas disputas acabarem, precisei amadurecer em alguns aspectos. Mas o meu lado mulherengo, acho que deu uma pausa quando estava com Samantha e ag
Só eu mesma para achar que em uma festa de lançamento não teriam milhares de flashes me aguardando. Fui de táxi, mas assim que vi toda aquela movimentação na entrada do salão de festas, pedi para que o taxista retornasse e me deixasse quase um quarteirão de distância. Eu precisava pensar em como passar despercebida por todo aquele alvoroço. Já tem muita coisa em jogo. Estou vivendo uma vida dupla há dois meses, não posso colocar tudo em risco agora. O meu maior medo é de ser reconhecida pelos paparazzi, esses dependem de um deslize para se dar bem na profissão. Esse é o problema da mentira, não se vive em paz.Foi ridículo me esconder atrás de uma árvore, mas quando vi o
Estou até agora me perguntando o que aconteceu com Manuela ontem à noite. Passei o resto da festa tentando encontrá-la, porém em vão. Liguei centenas de vezes para o seu celular que só caia na caixa postal. Não tive outra alternativa a não ser ir procurá-la no hotel. Essa foi a parte mais perturbadora da minha noite:— Como assim não tem nenhuma Manuela Monteiro hospedada aqui?— Não tem, senhor Julian. Estou sendo bem franca. Eu não posso passar informações de hóspedes, mas essa moça que você procura não está hospedada aqui.— Eu não entendo. Como nã
Ainda me pergunto por que eu fui naquela bendita festa. Antes tivesse inventado uma boa desculpa para Edgar e ficado em casa. Depois que Rafael foi embora, fiquei uns dez minutos parada na porta do albergue pensando em uma boa desculpa para dizer a todos quando me questionassem o porquê de eu ter chegado tão cedo. Por sorte, quando entrei só Kito e Ellen estavam. O azar foi eles estarem bastante à vontade, então eu atrapalhei um pouquinho a situação. A noite não poderia acabar melhor para mim, eu ali estragando o clima alheio. O momento foi bem semelhante a uma vez que entrei no quarto dos meus pais sem bater e eles estavam seminus. Tão constrangedor e embaraçoso quanto.— Manu, o que faz aqui tão cedo? Cancelaram o casamento? — disse Kito, em um tom de desespero, tentando se cobrir com a almofada.<
O beijo mais intenso e eletrizante de toda a minha vida, me deu uma sensação de déjà-vu inexplicável. Porém durou poucos minutos, fomos interrompidos por palmas. Heitor nos olhava severamente.— Palmas, palmas aos pombinhos apaixonados. Eu sou muito otário mesmo!— Calma, cara! Vamos conversar. Somos todos adultos. — Tentei contornar.— Conversar? Vocês me tiraram de idiota! Estão juntos desde sempre e não me falaram nada.— Não é nada disso Heitor — disse Manuela.