2° O lobo

O dia amanheceu calmo, levantei da cama o sol começava a parecer por detrás das arvores e invadia a varanda, caminhei até ela e sem querer lembrei do corvo da noite passada, olhei para trás e vi o porta retratos de minha mãe que eu havia ganhado de minha tia na noite passada, a boneca de porcelana reconstruída estáva deitada sobre a cama, sai do quarto minha tia estáva na cozinha.

- Tia Helena?

Ela bebia um café forte.

-Você acordou...

Disse ela sorrindo.

-Não durmo até tarde.

-É bom queria falar com você antes de sair para o trabalho.

-Diga. – Falei me espreguiçando.

-Não quero que por hipótese alguma atravesse a ponte.

-Ponte?

-Fica perto daqui uma ponte feita de pedra, ela tem muito limo e está feita sobre um precipício, não quero que cruze ela, se quiser tirar fotos tire apenas da cachoeira, não suba na ponte, estamos entendidas?

Ela falava seriamente.

-Claro tia, pode deixar.

Ela me deu um beijo na testa e então saiu, eu escutei o barulho do ronco do carro, subi e peguei minha câmera fotográfica, e sai...

Tirei algumas fotos da casa para enviar para o orfanato, olhei para o bosque, as árvores eram como o metal e eu como o imã, alguma coisa que eu não podia controlar, eu queria entrar no bosque caminhar nele, tocar nos musgos e nos limos, vi uma bromélia que florescia vermelha no alto da arvore, subi em uma pedra para tirar a foto, pisei em falso sobre o limo e resvalei, mas me segurei antes que pudesse cair, desci da pedra e desisti de tirar a foto, resolvi entrar no bosque, eu provavelmente voltaria bem antes que minha tia e não devia ter problemas caminhar nele, eu só não podia atravessar a ponte, como minha tia havia me dito, ela não falou nada sobre não entrar no bosque.

As folhas secas em baixo dos meus pés estralavam quando eu pisava nelas, tirei algumas fotos, cada passo que eu dava eu percebia que o bosque ia se tornando mais fechado, não demorou muito para eu escutar o barulho da água devia ser a cachoeira que minha tia havia falado, andei por mais um tempo por ali e resolvi procurar a cachoeira, ela disse que eu podia tirar fotos dela, mas que não podia subir na ponte, segui as instruções corretamente, pisei em um galho de arvore que estáva no chão e escutei o barulho do galho que estralou, me assustei, por alguns segundos tive a certeza ver alguma coisa atrás de mim, comecei a andar mais rápido, em direção ao barulho da água, novamente aquela sensação de estar sendo seguida, lembrei do meu sonho e comecei a olhar tudo em volta,

aquele era o lugar do sonho as mesmas arvores eu era capaz de reconhecer até mesmo o cheiro delas, me virei, não vi nada, mas aquela sensação me perturbava, comecei a correr do nada, agora não era somais uma dúvida e sim um certeza eu estáva sendo seguida, olhei para trás meus olhos se encontraram com os olhos do lobo faminto que me olhava sério, droga, aquele não era um sonho, eu não ia acordar, eu não devia ter entrado no bosque, engoli seco, talvez se eu ficasse parada sem me mover ele não me visse, que idiota que eu era, eu não estáva lidando com rinoceronte cego da África e sim com lobo faminto no Canadá... O desespero foi maior que a razão e voltei a correr desesperadamente por entre as árvores, o lobo era bem mais ágil que eu, vi a ponte que surgiu no meio diante dos meus olhos, talvez ele tivesse medo de altura, esqueci completamente o que minha tia tinha me dito e subi na ponte, a ponte era

Toda feita de pedra e era muito velha, o limo que crescia sobre ela vinha do vapor da cachoeira que subia, me enganei o lobo não tinha medo de altura, ele me observava na ponta da ponte, olhei para baixo o precipício me puxava para dentro, voltei a me concentrar no lobo e dei alguns passos para trás, Deus! Onde eu tinha me enfiado, o que minha tia pensaria? E se eu morresse ali? O que ela faria, enlouqueceria, por que eu não fiquei em casa naquela manhã? Tia Helena ficaria tão decepcionada comigo...

Resvalei no limo e cai bem próxima do beiral da ponte, o lobo se aproximou lentamente, ele sabia bem que eu não tinha chances de escapar dele, não naquelas circunstancias, mas o lobo não era em todo igual ao do meu pesadelo, era um lobo comum, tinha o pelo cinza prateado, olhos comuns e dentes raivosos que sorriam para mim nada amigavelmente, estremeci, vi que ele desviou os olhos, ele olhava para outra coisa agora, para o que ele estaria olhando? Permaneci quieta sem me mover, o lobo começou a recuar aos poucos, o que ele tinha? Parecia estar com medo de alguma coisa, olhei para trás e vi outro lobo, negro de pelo longo ele tinha os olhos amarelos alaranjados iguais ao do meu sonho, meu coração disparou me segurei no beiral da ponte, mas o lobo negro não parecia estar nada interessado com a minha presença ali, ele se mantia concentrado no outro, seus olhos amarelos alaranjados me lembravam os olhos do corvo que eu virá, ele tinha a mesma postura calma e irritada ao mesmo tempo, ele cruzou por mim, e correu até o lobo cinza que disparou voltando para o bosque, respirei fundo, o lobo negro me olhou, o

pesadelo não tinha acabado, olhei para ele apavorada, mas ele tinha guardado os seus dentes e seus olhos não estavam mais alaranjados e sim amarelos e calmos, ele se sentou me observando em silêncio, talvez se aproveitando do meu pavor, o que afinal ele queria? Me matar lentamente? Ele caminhou em minha direção, fechei os olhos esperando o pior, mas nada aconteceu quando abri os olhos novamente vi que ele tinha cruzado por mim e voltado para o outro lado da ponte, o lado proibido por minha tia, me levantei, e o observei em silêncio, por que ele não tinha me atacado? O lobo olhou para mim novamente em um sinal de despedida e então entrou na mata sem fazer nenhum barulho, fiquei parada ali por alguns instantes, talvez, esperando para ver se ele não voltava, mas ele não voltou, e eu não tirei mais nenhuma foto, voltei para o outro lado do bosque, aquele lobo, por algum motivo que eu não sabia ao certo qual era tinha salvado a minha vida, eu não entendia o porquê dele ter feito isso, cheguei em casa, passei a mão pelos cabelos e tentei me acalmar, tentei pensar em coisas boas, mas os olhos amarelos não saiam da minha cabeça, tinha alguma coisa naquele olhar que não queria me deixar em paz.

Tomei um banho e depois preparei o almoço para minha tia, sentei no computador até ela voltar e descarreguei as fotos que havia tirado, me arrependia de não ter tirado nenhuma foto do lobo negro, mas por outro

Lado eu sabia que assim era melhor já que assim minha tia não desconfiaria que eu tinha ido até a ponte e subido nela, eu voltaria lá no dia seguinte, eu queria poder vê-lo de novo, pode parecer loucura, talvez eu estivesse procurando a morte, eu poderia ter morrido hoje, e tinha consciência disso, mas eu queria ver aquele lobo de novo. Para que? Para conversar com ele, sentar ao seu lado civilizadamente, talvez o convidas para tomar um chá? Que idiotice, eu devia ter ficado completamente louca.

Escutei o barulho do carro de minha tia e risadas também, abri aporta ela estáva acompanhada de um homem alto de cabelos pretos, ele devia ter uns trinta e tantos anos.

-Querida, quero lhe apresentar, este é Jhonny!

- O seu chefe?

-Sim, lembra disse a você que o traria aqui.

-É eu lembro.

Na verdade, eu tinha esquecido isso completamente, também depois de ser perseguida por um lobo, tinham poucas coisas na minha cabeça que elas não tinham sido esquecidas.

-É muito bom conhece-la...

Ele apertou a minha mão, tinha os olhos pequenos e usava óculos, entrou junto com minha tia.

-Querida você cozinhou?

-Sim, não tinha o que fazer...

-Eu podia ter feito isso quando chegasse.

Disse ela se sentindo na certeza mal interpretada pela noite passada quando a jantar não tinha saído tão bom.

-Está tudo bem tia, eu realmente não tinha o que fazer.

- Bom então parece que vamos ter comida de verdade para comer! – Comentou Jhonny na certeza falando da comida ruim que minha tia fazia.

- Jhonny, o que Alicia vai pensar de mim?

- A verdade, que você é uma péssima cozinheira...

Minha tia fez uma cara de ofendida enquanto nós dois riamos, só ela não tinha achado engraçado.

Ele era um cara legal, falava bastante e ria mais ainda, eu gostava disso por que eu era uma pessoa sem assunto, e admirava pessoas que sabiam sobre o que conversar.

Ele me olhou de repente.

-Vai gostar de conhecer Sophia.

Eu devo ter feito uma cara confusa, por que ele logo voltou ao assunto sem esperar minha resposta.

- Não acredito que não contou a ela Helena?

- Sobre o que?

- Sobre Sophia... E é claro sobre o colégio...

- Oh, devo ter me esquecido.

- Sophia é minha filha, conversei essa manhã com Helena e ela achou uma boa ideia vocês estudarem no mesmo colégio para você ter companhia.

-Oh...

Foi tudo o que eu disse, na verdade eu tinha medo que Sophia não gostasse de mim, como eu diria a Tia Helena que eu não sabia fazer amizades? Eu morei tantos anos no orfanato e as amigas que fiz foram às irmãs, nunca tive nenhuma amiga da minha idade, as garotas do orfanato gostavam muito de conviver em grupos e eu nunca conseguia me aproximar deles.

Caminhei até a janela o corvo não tinha voltado e o lobo tinha parado de assombrar os meus pensamentos, tirei da mesa, minha tia e Bill ficaram na sala conversando a tarde toda, anoiteceu cedo e eu fui para o meu quarto, chovia, estáva tudo um tédio eu devia estar entrando em estado vegetativo, pois não conseguia nem me mover de tenta preguiça, me arrastei até a cama, mas não consegui dormir, eu estáva cansada, mas não queria pegar no sono, fui até a biblioteca, tinha muitos livros lá um deles teria que me chamara atenção, passei pelas prateleiras sem olhar o título dos livros, minha mão se movimentou involuntariamente e peguei um livro de capa preta, não olhei o nome, simplesmente voltei com ele para o quarto, deitei novamente na cama e então li o título “Como afastar o demônio” que tipo de livro era aquele? Algum livro de respostas satânicas? Como eu não tinha visto antes de pegar, ri dos meus próprios pensamentos, li um pouco e então desisti de lutar o sono me venceu, dormi de tênis e de cabeça para baixo.

Acordei com o canto de minha tia que vinha da cozinha, ela cantava alto alguma coisa em alemão que eu não conseguia decifrar.

-Oh, querida eu acordei você...?

-É parece que sim.

- Desculpa.

- Sem problemas, não vai trabalhar hoje?

- Hoje é sábado.... Lembra?

Sim ela tinha razão, hoje era sábado, o tempo tinha passado mais rápido do que eu tinha imaginado que ele passaria.

- Vamos a casa de Bill mais tarde. - Para que?

- Bill quer que conheça Sophia, segunda é o seu primeiro dia de aula na escola nova lembra?

Droga, eu estáva morrendo de medo de conhecê-la, e se ela simplesmente me ignorasse ou me achasse uma chata? Eu não sei por que afinal eu estáva tão preocupada com isso, mas no fundo eu queria poder ter uma amiga.

Saímos depois do café, minha tia dirigia silenciosamente, o caminho não era longo, mas também não era perto, a casa dos Bill era bem diferente da de minha tia, não era no meio da reserva, pelo contrário tinha poucas

Arvores por perto, um enorme jardim de tulipas vermelhas e amarelas que davam um destaque a casa branca e grande, vi uma garota na janela, ela me olhou sorrindo, seria Sophia? Não sei, sumiu antes que eu pudesse ver mais, desci do carro, Bill nos esperava na porta sorrindo.

- Helena!

Ele a abraçou e depois me cumprimentou.

Entrei na casa, tinha muitas esculturas por dentro e vários quadros espalhados pelas paredes, com certeza alguém ali gostava muito de arte, a maioria das telas era de Van Goghe, uma garota de cabelos ruivos avermelhados desceu as escadas correndo, era a garota que eu tinha visto na janela, ela tinha os cabelos lisos pele branca e era bonita bastante diferente de Bill.

- Alicia, está é minha filha Sophia...

Sophia me abraçou antes que eu pudesse ter qualquer reação.

- É um prazer te conhecer.

Sorri correspondendo a ação dela, ela parecia ser legal e assim como Bill era bastante animada.

- Vem vou lhe mostrar a casa.

Ela pegou minha mão e saiu andando rápido quase que correndo pela casa.

- Vai ser legal ter você por perto, apesar de eu ser assim, não tenho muitos amigos no colégio e bom como sou filha única agora terei com quem conversar.

Eu não disse nada novamente, eu precisava puxar assunto com alguma coisa, mas nada parecia ser bom para se dizer.

- Vai estudar no mesmo colégio que eu, não é?

- Vou. Onde fica?

- Na cidade de Toronto, é um colégio legal, mas tem muitas pessoas metidas também...

- Acho que isso tem em todos os lugares.

- Em que ano está? – Disse ela ignorando o meu comentário.

- Terminando o segundo.

- Legal, seremos colegas, já sabe quais são suas turmas?

- Minha tia me passou uma lista, mas não lembro bem.

- Não se preocupe vou ajudar nisso.

- Vocês usam uniforme? Ela começou a rir.

- Uniforme? Que coisa ridícula, não é claro que não, por quê?

- Usávamos uniformes no orfanato.

- Você morava em um orfanato?

- É... Desde os oito anos...

- Que chato, não, não se preocupe não usamos uniformes.

Lembrei que eu não tinha muitas mudas de roupas, como sempre usei o uniforme do orfanato nunca precisei comprar roupas separadas, eu não saia a passeio, e nunca recebi visitas, então nunca me importei em ter várias roupas, mas eu tinha uma calça de jeans e uma blusa branca que eram legais, para o primeiro dia de aula aquilo deveria servir depois eu pediria para minha tia comprar algumas coisas para mim.

- Então já conheceu alguém?

- Na verdade, você e o Bill sãos primeiros.

- Sério? Então não foi para a cidade ainda?

- Não...

- Não se preocupe, ficaremos na cidade no primeiro dia de aula, vou lhe mostrar tudo, você está em ótimas mãos!

Ela falava euforicamente, na verdade ela falava demais, meu cérebro quase não conseguia processar tudo tão rápido, andávamos por um corredor longo agora, eu podia ver os detalhes da casa, mas não conseguia prestar muita atenção neles já que passávamos rápido demais.

- Vai vir no meu aniversário, não é?

Fiquei em dúvida, estaria ela me convidando?

- Não sei, quando é?

- Sábado!

Pensei comigo mesma, com certeza os amigos de Sophia eram bastante importantes para ela, e eu não era o tipo de pessoas que conseguiria ser aceita no grupo, sim eu precisava fazer compras, logo... analisei as roupas de Sophia,

ela andava da moda, mas tinha estilo próprio e descontraído, eu teria que parecer impecável...

- No que está pensando?

Disse ela, voltei a pôr os pés no chão, pude perceber que estávamos no quarto dela, todo esse tempo eu estive viajando, a quanto tempo estaria ela tentando chamar a minha atenção? Droga, eu precisava ser mais rápida.

- Imaginando como seriam os seus amigos...

- Não se preocupe, eles são bem legais, vai gostar deles...

- Certo.

Ela me olhou novamente.

- Você está preocupada com algo não está? Acho que confundi você, eu falo rápido demais quando estou nervosa...

- Nervosa?

- Fiquei com medo de que não gostasse de mim, então fiquei nervosa e comecei a falar de tudo... desculpe.

Percebi que Sophia estáva tão preocupada quanto eu, sim ela queria ser a minha amiga.

- Fale alguma coisa!

Ela disse, eu percebi que tinha ficado em silêncio, o que eu deveria falar? Droga, eu pensava demais.

- Sem problemas, também estáva nervosa em te conhecer.

- Sério? – Ela parecia aliviada.

- Aham...

Meu comentário foi horrível..., mas ela entendeu-o bem.

- Amanhã, irei à sua casa, sempre quis conhecer a casa de Helena, mas nunca tive um motivo, agora eu o tenho.

Isso me preocupou, lembrei que a casa de Helena não era exatamente uma casa normal, e um tanto bagunçada, eu teria que limpar tudo quando chagasse.

Helena notou minha excitação para limpar a casa, mas não fez nenhum comentário, abri uma das portas da estante de madeira que tinha no canto da sala, fotos velhas caíram no chão, nela eu reconheci logo minha mãe, abraçada em um homem que eu não sabia quem era.

- Quem é esse cara com a minha mãe?

Helena se distraiu e olhou para mim alguns minutos depois de eu fazer a pergunta seu sorriso se fechou, mas não com raiva ou nervosismo por eu ter encontrado a foto, mas com tristeza.

- É o seu pai.

Analisei novamente a foto, eu nunca tinha visto uma foto dele, ele morrerá muito cedo era impossível que eu guardasse a seu semblante, eu era muito pequena na época.

- Ele era bonito.

- É era sim.

Novamente as palavras saltaram de minha boca sem intenção nenhuma de pronunciá-las.

- Por que demorou tanto tempo para me trazer para morar com você? Ela ficou em silêncio, mas não tinha o rosto pensativo, ele continuava vazio e triste ao mesmo tempo.

- Acho que eu tinha medo de não saber cuidar de você, logo que sua mãe sofreu o acidente a polícia me ligou para que eu ficasse com você, mas eu não quis, disse que não podia cuidar de uma criança, fui um egoísta confesso, mas eu sei que eu errei e estou corrigindo o meu erro agora, por isso quero que tenha um ótimo ensino.

Pela primeira vez na vida eu vi a minha tia falando sério, sobre um assunto, acho que eu nunca a tinha visto daquele jeito, no fundo ela tinha um sentimento mais forte por mim, não que eu tenha chegado a duvidar disso alguma vez, mas eu tinha medo de confiar nela, agora eu sabia que podia contar sempre que precisasse.

- Vamos jantar?

Disse ela mudando completamente de assunto, nos sentamos à mesa em silêncio e ninguém disse nenhuma palavra o jantar inteiro, na certa estávamos as duas pensando no porquê de a vida ter mudado tão de repente.

Sophia chegou mais cedo do que eu esperava na noite seguinte ela tinha os olhos assustados e olhava para tudo na casa com admiração.

Eu fiquei pensando se isso era bom ou ruim.

- Essa casa é incrível! – Isso me aliviou, eu não estáva respirando melhor, mas eu sabia que o pior já tinha passado.

Mostrei a casa a Sophia que me ouvia com atenção, principalmente

Quando eu falava que a maioria das peças tinha sido desenhada por Helena.

- Trouxe umas coisas para você.

Disse ela quando entramos no meu quarto.

- O que é?

Disse abrindo a pacote cor de rosa rapidamente.

- Pensei que fosse a sua cara.

A caixa branca e grande tinha uma fita em volta dela, desfiz o tope, estáva curiosa para ver o que era, abri o pacote analisando com dúvida, eu não sabia ao certo o que dizer, deslizei a mão pelo tecido de seda, retirei da caixa, acho que minha cara devia estar muito estranha, pela pergunta de Sophia.

- Você está bem? Não gostou?

- É lindo...

Eu disse, o vestido era sem dúvidas perfeito, tinha babados e fitas, eu não usava muito vestido apesar de gostar muito, na verdade nunca mais usei um vestido depois dos meus oito anos de idade, aquele vestido me lembrava aquela data.

- Obrigado Sophia, você acertou, eu adorei.

- Estive pensando no que me disse, sobre você ter vivido em um orfanato, e sobre usar apenas o uniforme, pensei que ficaria sem jeito de ir no meu aniversário.

Conclui que Sophia era mais perceptiva do que ela imaginará, ela não errará na conclusão, havia sido simplesmente perfeita no seu conceito a meu respeito, fui obrigada a rir e admitir que ela estáva certa. Experimentei o vestido, ela passou o resto do dia em minha casa, conversamos muito e ela me falou como seriam as aulas no novo colégio, era escuro quando o pai dela veio buscá-la, o vi da porta acenar e esperei que o carro saísse para entrar para dentro novamente.

Helena tinha ido ao mercado, começava a escurecer, sai para ver se eu a via chegando, mas não a vi, olhei involuntariamente para a trilha que dava para a cachoeira, respirei fundo lembrei do dia que tinha sido perseguida pelo lobo e salva pelo outro lobo, minha tia iria demorar e eu não sabia ao certo quanto tempo isso levaria, resolvi entrar na mata. Segui pelo caminho de folhas secas, a paisagem não mudará desde a última vez que eu estive ali, percebi que o barulho da cachoeira começava a ficar mais forte a cada passo que eu dava, não demorou muito para que eu avistasse a ponte de pedra coberta pelo limo verde, gelado e úmido.

Subi na ponte e olhei para o precipício, caminhei até o meio, gostaria de poder ver no fim, mas era impossível, pois o vapor da cachoeira impedia a visão, queria poder tirar algumas fotos, da última vez não tinha tido oportunidade devido aos acontecimentos.

Olhei fixamente para baixo, forçando a visão ao máximo para ver se enxergava algo em vão.

- Droga! – Eu disse em voz alta. - Minha Tia vai ficar preocupada, ela me disse para não vir até aqui... – O melhor era eu voltar para casa e esquecer aquela ponte idiota.

- Se ela disse para você não vir, por que veio?

Escutei a voz forte soprar nos meus ouvidos tentadoramente, senti um arrepio e olhei para o lado para ver quem era.

O Homem estáva parado ao meu lado, foi impossível não olhar para ele, era alto, de cabelos pretos curtos molhados pelo sereno que começava a cair, estáva escuro, seus olhos em um tom amarelo, dourado reluziam no escuro como uma tocha de fogo, eram iguais aos do lobo, e consequentemente iguais aos do corvo, que comparação tola, ele não se parecia nada com nenhum daqueles animais, era muito perfeito para se parecer com um animal, ele sorriu, seus dentes eram perfeitos e ele tinha um jeito sedutor, respirei fundo e me controlei.

- Quem é você? – Essa sem dúvidas era a pergunta mais óbvia a se fazer.

- Caled. Moro perto da reserva e venho aqui às vezes e você?

Ele não tirava os olhos de mim, parecia tentar me seduzir com eles, desviei o olhar.

- Alicia. Minha tia trabalha na reserva e mora nela.

- Certo, por que mentiu para ela?

- O que?

- Por que veio até aqui, se ela não queria que viesse?

Novamente tomei fôlego e então pude sentir o cheiro que vinha da pele dele, era sem dúvidas irresistível.

- Eu... gosto daqui.

Ele sorriu, duvidando da minha resposta e abaixando o olhar para olhar para mim.

- Volte para casa Alicia, aqui não é muito seguro, você pode ter pesadelos...

Isso soou totalmente irônico fechei meus olhos com raiva e levantei a cabeça para responder, mas ele não estáva mais ali, olhei para todos os lados e corri

até o fim da ponte, ele simplesmente havia sumido, um ar gelado me cercou e eu fiquei com frio, resolvi voltar para casa, como a luz estáva ligada quando cheguei conclui que minha tia tinha voltado para casa.

- Alicia? Onde esteve? Tem ideia do quanto estive preocupada, liguei para Sophia, e ela me disse que havia ficado em casa, mas não lhe encontrei.

- Eu sei titia desculpe, tu trais a sua confiança. Ela me olhou com dúvida, prossegui.

- Não cumpri com a minha promessa, entrei na mata e fui até a ponte, foi irresistível, desculpe.

- Querida, por que foi até lá?

Fui sincera e olhei nos olhos dela para confessar minha fraqueza.

- Eu poderia mentir, dizendo que foi curiosidade. Mas é mentira por que

Não é a primeira vez que vou até lá, é a segunda, eu já havia ido uma vez, logo que cheguei você me pediu para não ir, mas eu fui queria conhecer tudo e então fui perseguida por um lobo e quase cai no precipício.

Ela se assustou com isso, quis falar algo, mas eu prossegui.

- Agora senti como se precisasse voltar lá, desculpe tia, não farei novamente...

Fui verdadeira.

Ela não me disse nada, mas me abraçou com carinho.

- Acredito em você, sei o quanto é tentador ouvir o barulho da cachoeira e não poder vê-la e sei o quanto ela é linda, mas se promete que não irá mais lá eu acredito em você, agora terei que falar com o Bill, sobre o lobo, não é permitido lobos nesta parte da reserva eles deveriam estar no Norte.

- Vão matá-lo?

- Não é proibido matar qualquer animal na reserva, mas mandaremos pessoas para fazerem buscas, ele pode estar ferido ou pior faminto, precisamos fazer algo.

- Obrigado por me entender tia.

- Você foi sincera, sei reconhecer isto.

Jantamos mais cedo do que o normal e então coloquei o vestido que ganhei de Sophia para mostrar a Helena, depois fui me deitar, eu teria bons sonhos naquela noite, ou pelo menos era o que eu pensara, não consegui dormir, tive pesadelos, pesadelos confusos que não tinham nem início nem fim, os olhos do lobo se misturavam aos olhos de Caled o cara da floresta, eu podia ver o sangue também, ao mesmo tempo em que o sonho me seduzia ele me destruía, eu era capaz de sentir uma dor enorme apesar de saber que ela não era real, foi uma das minhas piores noites desde que chegará a Toronto.

Acordei com olheiras enormes no dia seguinte minha cama estáva molhada de suor e eu tinha uma leve dor de cabeça, era um ótimo dia para se iniciar em um colégio novo onde eu não conhecia ninguém além de Sophia, vesti minha velha calça jeans de sempre e minha blusa branca, enquanto não comprava roupas novas teria que me acostumar com as velhas, mas eu não me importava muito com isso, o pai de Sophia cruzou em minha casa e nos levou ao colégio.

- Pai?

Disse Sophia no caminho, Bill se distraiu para ouvir a filha.

- O que é?

- Quando eu completar 16 anos vou poder ter o meu carro, não é?

- Claro! Já estou até pensando no modelo.

- Sério? Vai me dar ele nesse fim de semana?

- Se eu encontrar um que seja a sua cara, provavelmente sim...

Sophia deu um pulo de alegria no banco, ri dela e de sua felicidade.

O colégio era muito grande, tinha paredes bem sólidas e velhas, mas ao

Mesmo tempo eram modernas, caminhamos em silencio, quer dizer eu estáva em silêncio, Sophia não parava de falar um sequer segundo, mas eu não a ouvia,

apenas concordava com ela às vezes sem prestar atenção, meus olhos estavam voltados para o grande anjo em frente ao colégio.

- Que anjo é?

Ela pareceu ficar confusa e então percebeu que eu não a tinha ouvido, mas não disse nada a respeito, apenas respondeu a minha pergunta.

- Não sei, acho que é um dos patrimônios idiotas do colégio, não sei se tem alguma serventia.

- É muito bonito.

Concluí Sophia não parecia estar muito interessada em me contar a história do anjo.

Corredores, longos corredores e muitas salas, aquilo me lembrava o orfanato, mas de um jeito ruim eu não gostava de lembrar disso, a sala de aula era grande, não chamei atenção quando cheguei, Sophia tinha reservado um lugar para mim ao seu lado ela parecia eufórica para sermos colegas de classe, mas o professor cortou o barato dela.

- Senhorita Ângelus...

Virei-me o encarando.

- Creio que Sophia não seja uma boa Campânia, sente-se ao lado de Hulia.

Sophia fechou o rosto e ficou o encarando com raiva eu obedeci e fui me sentar na classe indicada às vezes eu dava uma olhada para Sophia e via que ela não estáva nada contente com aquela ideia, seus olhos faiscavam na certa estaria ela tramando alguma para me por ao lado dela na sala de aula, tentei m****r aqueles pensamentos para longe e me concentrar na aula, eu teria literatura no próximo horário precisava lembrar qual era o prédio, mas tudo me parecia igual, Sophia não tinha essa aula, mas eu perguntaria para ela aonde ficava a sala e se não encontrasse teria que ir até a diretoria mas isso me custaria tempo demais e eu acabaria me atrasando para a segunda aula, novamente me vi presa em assuntos desnecessários, Hulia não conversava comigo na verdade acho que ela era o tipo de pessoa de poucos amigos, por que era quieta demais eu quase não

conseguia ouvir ela respirar, e parecia que ela fazia um grande esforço para não se mover na cadeira ou para me irritar por que pedia desculpas o tempo todo.

O sinal tocou eu tomei a direção do prédio 2, andei pelos corredores por um longo tempo até perceber que estáva perdida, voltei correndo e encontrei a secretaria, sim eu devia ter pegado o mapa na entrada, porque eu não peguei o mapa? Porque eu não sabia que tinha um mapa! Droga! Meu primeiro dia de aula não estáva sendo bom, o prédio 4 de literatura ficava na direção contraria a que eu estáva cheguei no final da aula e não entrei na sala, fiquei sentada em um banco esperando o período terminar e então explicar ao professor o porquê do meu atraso.

O professor saiu às pressas da sala de aula, corri atrás dele.

- Hei! Professor Michells!

- Sim?

Se virou ele me olhando por cima dos óculos de meia lua, entreguei o papel de minha inscrição a ele.

- Certo, por que não veio a minha aula?

- Me atrasei o colégio é grande...

Ele não me deixou falar o resto.

- Por que não pegou um mapa?

- Eu não sabia que...

Novamente ele me cortou antes que eu pudesse responder.

- Alunos de hoje em dia, ah se fosse no meu tempo, escute garota estou atrasado, faça o trabalho que passei na aula de hoje e me entregue sim...

- Trabalho? Que trabalho?

Ele não respondeu e novamente seguiu em frente quase que correndo, era melhor eu não perturbar mais, eu precisava manter a calma, droga eu não

conhecia ninguém no colégio além de Sophia como eu ia fazer para entregar o maldito trabalho?

Respirei fundo mais uma vez peguei o mapa, precisava encontrar Sophia mas eu não fazia a mínima ideia de onde ela estáva, o corredor estáva totalmente cheio de gente, todo mundo esbarrando em todo mundo, eu passava despercebida no meio daquelas pessoas, estáva totalmente perdida, olhei para os lados, mas não podia ver nada, de repente ouvi uma voz grossa no meio das pessoas, olhei e vi um cara forte encostado em um dos pilares do colégio, ele era sério, vestia uma camiseta preta e seu cabelo era mais comprido do que o dos outros garotos, fazia um estilo mais largado, ainda assim era bonito.

- Você ta falando comigo?

- Seu cadarço, ta desamarrado.

Foi só o que ele disse depois acendeu um cigarro sentando no beiral do corredor, me abaixei para amarrar os cadarços.

- Obrigada.

Disse ao me levantar, ele soltou a fumaça devagar e fez um sinal com a cabeça mostrando que tinha me ouvido. Depois olhou para os livros que eu carregava.

- Literatura medieval, a história e seus tempos, mitos da constelação...

- Bíblia sagrada? Que tipo de garota lê esse tipo de coisa? Fiquei perdida.

- Bom, eu leio...

- Você já leu a Bíblia?

- Já... Várias vezes, e a carrego comigo, fui criada em um orfanato religioso, de freiras, aprendi a gostar desse tipo de coisa.

- Sei... Você acredita em Deus então?

- Claro...

Disse com convicção.

- Por quê?

- O que?

- Por que acredita em Deus?

Ninguém nunca tinha me feito essa pergunta, pensei um pouco em tudo o que tinha aprendido no orfanato, mas nada disso importava agora, eu tinha que dar uma resposta para mim, uma resposta minha sobre acreditar em Deus.

- Bom, Deus é uma parte de nós, deixar de crer nele é o mesmo que esquecer uma parte de você, como um braço, uma perna, é como perder algo.

Ele me olhava sério e ao mesmo tempo interessado no que eu dizia.

- Você é estranha garota.

- Está dizendo que eu sou louca?

- Não. Gosto da sua convicção, da sua fé, eu não tenho fé, não tenho Deus, não por que eu não quero, mas por que ele não me dá motivos exatos da existência dele.

- Como assim?

- Meus pais, se mataram, meu pai com um tiro e minha mãe caiu em depressão e se enforcou, meu pai era um fraco e ela uma boba, eu fui criado pelo meu tio que me ensinou desde pequeno que eu era um parasita na vida dele, desde meus seis anos eu tomo antidepressivos forçados e faço terapia, mas a verdade é que eu não preciso de nada disso, mas ninguém vê.

Sentei ao lado dele e peguei o cigarro que ele tinha na mão o jogando fora.

- Por que fez isso?

- Quis chamar sua atenção.

Pensei que ele fosse se irritar comigo, mas não ele respirou fundo.

- Você é mais inteligente do que muita gente que eu conheço, que idade você tem?

- 16.

- Se você não fosse de carne e osso, pensaria que é um anjo...

Coloquei o cabelo atrás da orelha sem jeito, eu sabia que ele não estáva falando isso para me impressionar, ele falava com sinceridade.

- Não sou um anjo. Na verdade, estou bem longe de ser um, não sou digna de uma pureza tão grande quanto a de um anjo, mas... obrigada mesmo assim.

- Alicia!

Escutei meu nome sendo chamado aos gritos, olhei assustada para o lado Sophia vinha correndo em minha direção.

- Sophia...

- Deus! Pensei que tivesse perdido você... por onde andou?

- Perdia aula de Literatura, tomei o rumo errado, mas ganhei um mapa do colégio agora não vou mais me perder.

- Que susto que você me deu...

- Desculpe.

O olhar de Sophia se voltou para o do rapaz.

- Quem é ele?

- Não sei, ele me avisou que meu tênis estáva desamarrado, e começamos a conversar, mas ele não me disse seu nome. Ele se levantou.

- Meu nome é Hélior.

- Obrigado por ter ajudado a minha amiga.

- Tudo bem.

Ele se afastou de nós e seguiu pelo corredor.

- Hei! Hélior!

Chamei-o.

- Não quer andar com a gente?

- Gosto de ficar sozinho.

Ele seguiu em frente.

- Ele parece ser um cara legal.

- É, parece, e então vamos a cidade depois da aula fazer compras?

- Hã... Claro!

Voltamos tarde da cidade, Sophia Iria dormir lá em casa naquela noite já que o pai dela e Helena teriam um coquetel para ir, ficaríamos sozinhas, Sophia já tinha preparado tudo, brigadeiro filme e pipoca.

Escutei um barulho de tambores.

- O que é isto?

- Devem ser a mulheres da aldeia.

- Aldeia?

- Helena não lhe contou?

- Sobre?

- Aqui perto tem uma aldeia de mulheres, são viúvas, separadas, crianças ou mulheres que por algum motivo ficaram sós...

- Mulheres sem homens...

- Isto, elas acreditam que seus maridos ou companheiros foram levados pelos Deuses, à verdade é que é uma história ridícula...

- Não, se elas acreditam nisso, quem sabe não é verdade...

- Você acredita nisso?

- Não, mas dizem que nós fazemos a nossa verdade a acreditamos naquilo que nos convém ou não, então..., mas por que os tambores? - Em noites de lua cheia

elas tocam os tambores em homenagem aos homens que perderam e a liberdade feminina, eu já fui lá, elas são loucas...

Olhei para Sophia ela contava a história rindo. - Do que você tanto ri...

- A mulher mais velha de lá a Dona Loca como a chamam, me convidou para morar lá...

- Morar como?

- Elas acreditam que as mulheres devem ser símbolos de pureza, entende que elas devem se guardar, é por isso que na aldeia só é aceito mulheres...

- Quando você diz se guardarem você se refere a que?

- Que elas devem permanecer virgens e puras pelo resto da vida, intocáveis...

- Nossa..., mas e se alguma delas se apaixonar? - Bom, ela é expulsa de lá...

- Isso é estranho.

- Muito, você tem que ver os rituais delas, um dia eu te levo lá para você conhecer acredite em você vai achar muito estranho.

Comecei a arrumar a mesa, Sophia se debruçou na janela olhando para o lado de fora pensando alto.

- Alicia quem era exatamente aquele cara que estáva falando com você no colégio hoje?

- Não sei.... Começamos a conversar do nada, mas não o conheço assim como não conheço ninguém por lá.... Por quê?

- Acho que nunca o vi antes no colégio, ele é bem bonito.

- Ah, é. É sim, o achei meio estranho, mas ele me pareceu ser alguém legal...

- Você acha que ele gostaria de vir até a minha festa de aniversário?

- Ele não me parece o tipo de pessoa que curte festas, Sophia.

- Eu sei, mas vou convidá-lo mesmo assim quem sabe ele não abre uma exceção.

- Talvez...

Eu sinceramente não acreditava que ele pudesse aceitar ao pedido dela, Hélior tinha deixado claro que não gostava de andar em grupo, e bom com certeza vir até uma festa de Sophia Bill era pedir para entrar para a sociedade.

- Alicia!

Virei-me novamente olhando para ela.

- O que foi?

- Você não quer ir até lá?

Pensei um pouco estaria ela falando de que? De Hélior? Eu nem ao menos sabia onde ele morava.

- Onde?

- Na aldeia, oras onde mais.

Acalmei-me, mas então olhei para ela com dúvida.

- Está tarde, Sophia, já começa a escurecer, acho que não é uma boa ideia.

- Seremos rápidas, prometo!

Seus olhos brilhavam em uma vontade louca de ouvir um sim, eu precisava aprender a ser mais dura, droga esse tipo de coisa não funcionava comigo.

Fechei a porta e em menos de cinco minutos já estávamos no meio da mata, o pouco de luz que entrava por entre as árvores não era o suficiente

Para localizar um caminho seguro, eu seguia Sophia ela era bem mais rápida que eu.

- Sophia, você tem certeza que isso é uma boa ideia, está escurecendo e eu não enxergo muito bem a noite é sério, talvez fosse melhor nós voltarmos, ainda está em tempo.

- Que bobagem, Alicia, até parece que você tem medo de alguma coisa.

- Só acho que não deveríamos desobedecer A Helena.

- Voltaremos antes deles eles nem perceberam que saímos.

- Certo então.

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