Damian VólkovO silêncio habitual do meu escritório nunca me incomodou. Era um refúgio, um lugar onde eu podia me perder em números, contratos e estratégias, evitando a desordem do mundo exterior. Mas hoje, pela primeira vez em anos, a monotonia pareceu... diferente.Celeste Moreau.O nome dela já era uma presença constante na minha mente. Desde o momento em que entrou em meu escritório com aquele batom vermelho vibrante e aquele olhar atrevido, algo dentro de mim percebeu que as coisas estavam prestes a mudar.Eu sempre tive controle absoluto sobre minha vida. A rotina era previsível, segura. Mas Celeste? Ela era um caos envolto em seda e perfume floral, uma força da natureza que não parecia intimidada pela minha presença. E pior ainda, ela se divertia me provocando.Por mais irritante que fosse admitir, eu gostava disso.Ela fazia perguntas demais. Comentava coisas que ninguém ousaria dizer para mim. Reclamava dos contratos, revirava os olhos, zombava da minha seriedade. E eu, ao in
Celeste MoreauO despertador tocou, mas eu já estava acordada, encarando o teto e me perguntando como sobrevivi ao meu primeiro mes na Vólkov Industries. Trabalhar para Damian Vólkov era como participar de um jogo perigoso, um onde cada palavra parecia ser um movimento calculado. Mas se ele achava que eu ficaria intimidada, estava muito enganado.Levantei-me, tomei um banho quente e, como de costume, escolhi meu batom vermelho vibrante. Era meu escudo, minha marca. Peguei minha bolsa e saí, pronta para enfrentar mais um dia ao lado do homem que parecia tão inabalável quanto uma montanha.Assim que cheguei ao prédio, os olhares se voltaram para mim. Damian já estava em sua sala, sentado em sua cadeira de couro preto, lendo um contrato como se fosse a coisa mais fascinante do mundo.— Bom dia, chefe — cumprimentei, jogando minha bolsa sobre a mesa.Ele ergueu os olhos para mim e, por um segundo, juraria que seu olhar pousou nos meus lábios pintados antes de voltar aos papéis.— Celeste.
Damian VólkovA sala estava carregada. O ar, denso, pulsava com uma energia que eu conhecia bem, mas que não sentia há muito tempo. A magia. Ela estava ali, rodopiando ao nosso redor como uma presença invisível, fria e opressora. Mas o que mais me incomodava era a origem.Celeste.Meus olhos estavam fixos nela, que agora piscava confusa, completamente alheia ao que acabara de acontecer. A voz que saíra de seus lábios não era dela. O jeito como seu corpo se enrijeceu, como se algo a possuísse por um breve momento, foi o suficiente para me colocar em alerta. Eu sabia que aquilo não era um truque. Eu já havia sentido aquilo antes.— Celeste... — chamei seu nome, mantendo minha voz firme, mas ela apenas franziu a testa, sua expressão levemente inquieta.— O quê? O que aconteceu? — sua voz voltou ao normal, cheia de dúvida e cansaço. Ela esfregou as têmporas como se sentisse uma dor de cabeça súbita.Por um instante, hesitei. Devia contar a ela? Não, não agora. Se ela realmente era a chave
Celeste MoreauAinda era cedo quando cheguei à Vólkov Industries. O café na minha mão já não estava mais quente, e eu tentava ignorar o peso na minha cabeça depois de uma noite mal dormida. Meu primeiro mês como assistente de Damian Vólkov tinha sido um teste constante de paciência e limites. Mas, por algum motivo, eu sempre voltava no dia seguinte, como se algo dentro de mim se recusasse a ceder.Assim que entrei no escritório, encontrei Damian no mesmo lugar de sempre: atrás da mesa de madeira escura, os olhos fixos na tela do computador. Ele sequer ergueu o olhar quando me aproximei, mas eu sabia que ele tinha percebido minha presença.— Está atrasada.Revirei os olhos, largando minha bolsa na cadeira.— Estou exatamente no horário.Ele finalmente levantou o rosto, um sorrisinho quase imperceptível brincando em seus lábios.— Mas não cinco minutos adiantada como de costume. Alguma coisa aconteceu?Cruzei os braços, ignorando a forma como o olhar dele parecia me analisar de um jeito
Celeste MoreauEu não conseguia mais ignorar o que estava acontecendo. Cada vez que pensava que estava em controle da situação, algo dentro de mim se rebelava, como se eu fosse apenas uma marionete presa a fios invisíveis. Damian Vólkov era como uma sombra em minha vida, e agora, essa sombra estava se tornando mais intensa, mais pesada, mais impossível de escapar.Aquela manhã, quando entrei na empresa, senti uma pressão no peito, como se tudo ao meu redor fosse uma grande mentira que eu estava começando a perceber, mas ainda não sabia como explicar. O olhar de Damian na noite passada ainda estava vivo em minha mente. Ele sabia mais do que estava me dizendo, e isso me aterrorizava. Mas o pior não era ele — o pior era a sensação de que ele estava certo. Que eu estava começando a ver coisas que não deveria.Me sentei à minha mesa, mas as palavras no computador pareciam dançar, distorcidas. Eu passei a mão pela testa, tentando afastar o peso do que parecia estar se aproximando. Eu estava
Damian VólkovEu não sabia o que me havia levado a agir daquela forma. Quando a encontrei desmaiada em sua casa, fragilizada e sem forças, algo dentro de mim despertou — e não era algo que eu estivesse preparado para enfrentar. O que aconteceu com ela não era normal. Eu sabia disso. Mas o que mais me inquietava era o fato de que, depois de tê-la trazido para minha casa e de vê-la em um estado tão vulnerável, algo dentro de mim se acendeu. Algo que eu não conseguia controlar.Eu observava Celeste enquanto ela dormia. A fragilidade dela me fazia querer protegê-la, uma ideia que eu desprezava. Eu nunca me preocupei com ninguém além de mim mesmo, mas agora, olhando para ela, era como se meu mundo estivesse sendo virado de cabeça para baixo. Ela estava fraca, os traços de sua beleza apagados pela palidez, mas havia algo nela que me atraía. Algo que me consumia sem que eu pudesse impedir.Meus olhos não se afastavam dela, e cada movimento seu fazia meu corpo reagir. Ela não sabia, mas eu pe
Damian VólkovO som do porteiro do meu prédio ecoou pela sala, cortando o silêncio pesado que pairava na casa. Eu estava sentado à mesa, olhando fixamente para o vazio, minha mente emaranhada de pensamentos sobre Celeste. Ela ainda estava fraca, inconsciente, repousando no sofá da sala. Eu não conseguia afastar a sensação de que algo estava profundamente errado. Algo mais do que a possessão da bruxa antiga. Algo mais que me ligava a ela, de maneira inexplicável, perigosa.Foi então que a porta se abriu, e Nick entrou. Ele era o único amigo que eu tinha e, para minha surpresa, o único com quem eu realmente poderia falar sobre o que estava acontecendo. Não que eu quisesse, mas de alguma forma, ele já estava envolvido demais.Ele me olhou com uma expressão séria, e logo seus olhos se fixaram em Celeste, deitada no sofá. Ele parecia perceber a tensão no ar, mas não disse nada de imediato. Caminhou até mim com passos firmes, mas devagar, como se estivesse absorvendo cada detalhe da cena.—
Sienna DeverauxSabe, eu sempre pensei que minha avó fosse apenas uma mulher excêntrica. Aquela avó que todos têm, sabe? Que coleciona coisas antigas, que tem um jeito único de ver o mundo e que guarda segredos, mas nunca os conta. Eu nunca imaginei que ela fosse guardando algo tão... grandioso e sombrio. Mas, como sempre, a curiosidade falou mais alto.Foi em um dia comum, na casa dela, que a desconfiança começou a me corroer. Não sei exatamente o que me fez questionar, talvez tenha sido aquele livro com capa de couro envelhecido que encontrei na estante, ou o símbolo estranho que apareceu em um de seus objetos decorativos. Algo não estava certo. Havia uma energia diferente no ar, uma sensação de que havia mais naquela casa do que eu podia ver.Eu sempre soubera que minha avó tinha muitos livros antigos, mas agora, olhando de perto, percebi que os títulos não faziam sentido. Eram escritos em línguas que eu nunca tinha visto antes, e cada página parecia pulsar com uma espécie de poder