Ela estendeu metade do corpo para fora da grade, parecendo um pouco perigosa. Um carro prateado passou, parou e começou a dar ré. Rodrigo, com seus olhos negros, fixou o olhar na mulher parcialmente fora da grade, acendeu um cigarro e se aproximou do carro. Ele saiu do veículo e caminhou na direção dela, dizendo: — Está pensando em pular?Beatriz, surpresa com a voz, virou-se para ver que era Rodrigo. Ela hesitou por um momento e respondeu: — Senhor Santos.Rodrigo olhou para ela com a mesma frieza de sempre e respondeu: — Senhora Silva.— Às tantas da noite, isso não é seguro. — Ele comentou com um tom preguiçoso.Beatriz ficou um pouco confusa, mas então sorriu e disse: — Você realmente acha que eu ia pular? Claro que não. — Ela apoiou os cotovelos na grade e riu de forma despreocupada.Rodrigo assentiu e disse: — Então, parece que eu entendi errado. Desculpe.A janela do carro desceu e uma voz feminina surgiu de dentro. Vera, olhando para fora, chamou: — Rodrigo, está quase na ho
— Beatriz, você acha que o Lucas vai ficar chocado quando te ver hoje?Beatriz abaixou a xícara de café e respondeu: — Sei lá.O presidente da InovaTec é o filho mais velho da família Pereira, Aaron Pereira.Beatriz ligou pro motorista pra buscá-la por volta de uma hora, enquanto Aaron estava sentado na cadeira, com os olhos fixos nela.Ela estava usando um vestido vermelho justo e uma camisa branca com dois botões abertos, nada parecida com a Beatriz séria e fria que ele conhecia. Agora parecia mais uma secretária bonitona.Mesmo tendo perdido a memória, Beatriz, com seu talento natural pra aprender, já estava mandando bem no trabalho em apenas uma semana na InovaTec, o que deixou Aaron bem satisfeito.De repente, ele se aproximou do ouvido de Beatriz e, com um sorriso no canto da boca, perguntou:— Qual perfume você tá usando? É muito cheiroso.Beatriz desligou o telefone, virou a cabeça, e sem se afastar, respondeu com um sorriso provocante:— Mr. D, uma colônia.Aaron assentiu: — Com
Ele lançou um olhar de esguelha para Lucas. Os dois nunca se deram bem e, se não fosse pelo negócio, ele nem se daria ao trabalho de sentar e conversar.Lucas também olhou para Aaron, frio e distante.Aaron puxou a cadeira para mais perto e disse: — E se eu gostar dela, o Presidente Moreno vai se importar?Ele não ligava para a posição de Beatriz; entre homem e mulher, ele achava que tudo era questão de acordo.Lucas respondeu com a voz grave: — Nem adianta tentar, mano.Aaron deu um riso seco: — Qual é? Cê tá ligado que eu sou bem mais maneiro que tu, seu iceberg ambulante. Tô certo ou tô errado, galera?Os outros empresários riram, mas preferiram não se meter.Lucas sorriu de leve: — Ela sabe que você tem amante.Aaron ficou em silêncio.Nessa hora, Beatriz voltou com os cigarros, tirou um e entregou para Aaron. Com seus dedos finos, ela acendeu o isqueiro e se inclinou para acender o cigarro dele. O vestido vermelho colado realçava suas curvas.Lucas estava encostado na cadeira, co
Aaron e Lucas são tipo água e óleo no trampo. Enquanto Lucas vive em função do trabalho, Aaron sabe equilibrar trabalho e lazer. Beatriz estava sentada no sofá, jogando no celular. A porta do quarto estava aberta. Aaron, que sabe equilibrar trabalho e lazer, estava dentro do quarto fazendo amor com sua amante Julia, enquanto Beatriz, sua secretária, esperava sentada no sofá para acompanhá-lo ao evento mais tarde. Profissional até demais, né?Beatriz olhou instintivamente para o relógio em seu pulso. Já havia passado um bom tempo. Aaron, com um cigarro na boca e um olhar frio, se abaixou para pegar as calças que estavam no chão e as vestiu. Julia, toda melosa, agarrava o braço dele: — Fica aqui hoje?Ela tava babando pelo corpão sarado do cara.Aaron fechou o cinto e tirou a mão dela de cima dele: — Hoje não rola.Com o peito nu e marcas de paixão ainda visíveis, ele saiu do quarto e chamou Beatriz: — Cadê minha roupa?Beatriz, na maior naturalidade, entregou o terno pra ele. Nem pis
Beatriz sorriu ao cumprimentar Vera. Enquanto Aaron e Thiago se sentavam, Beatriz permaneceu em pé atrás do sofá, sem interferir na conversa deles. Em uma ocasião dessas, uma secretária como ela não devia se juntar com os outros.Thiago notou a corrente nas mãos de Vera e perguntou: — Por que não colocou ainda?— Vocês chegaram tão rápido que eu estava prestes a pedir para o Rodrigo colocar para mim. — Respondeu Vera, em um tom doce que não era desagradável: — Mas parece que perdi a chance.Thiago riu: — Tenho a honra de ajudar você com isso?— Nem pensar. — Vera deu um olhar de reprovação para Thiago antes de puxar a manga de Rodrigo: — Rodrigo, você pode colocar para mim, por favor?Beatriz, ainda em pé atrás do sofá, ouviu e lançou um olhar para Rodrigo. O homem estava relaxado, com a gola da camisa levemente aberta. Ele apagou o cigarro no cinzeiro e disse: — Vou ao banheiro.Vera, sem se abalar, deu de ombros: — Rodrigo realmente não entende de romance.Ficava claro que eles tinh
O estacionamento estava ainda mais silencioso. A respiração do homem e da mulher era claramente audível.Rodrigo se afastou um pouco, com a camisa aberta e o rosto um tanto sombrio, emanando uma certa hostilidade. Ele olhou para os olhos confusos de Beatriz e percebeu que ela o havia chamado de Lucas. Rodrigo suspirou, e seus olhos ficaram mais escuros. Ele a pegou no colo.— Abre a porta. — Ele disse com uma voz rouca e fria.Um dos seguranças correu, evitando olhar diretamente, abriu a porta rapidamente. Rodrigo entrou no carro, ainda segurando Beatriz.— Vai pra Bela Vista. — Ele ordenou.Beatriz morava na Bela Vista. O carro saiu do estacionamento, passando por ruas iluminadas, com a luz da rua entrando e saindo pela janela, alternando entre claro e escuro.Rodrigo olhou para a mulher em seu colo, seus dedos longos passando pelos lábios vermelhos dela, quase provocantes.Quando chegaram ao prédio, Laura estava voltando de um passeio e reconheceu o carro de Rodrigo pelo número da pl
— Um pouco. Laura foi procurar um remédio para dor de cabeça. Quando Beatriz terminou o banho, foi para a sala, sentou-se, tomou o remédio e esfregou as têmporas, ainda se sentindo mal e com vontade de vomitar. Laura entregou-lhe um copo de água: — Bia, tá mal? — Sim, me dá uma máscara facial. — Beatriz pegou a máscara, colocou no rosto e abraçou uma almofada. Laura notou as marcas de beijo no pescoço de Beatriz: — Bia, você sabe quem te trouxe de volta hoje à noite?— Sei sim.— E você e o Rodrigo? — Bebi um pouco demais. Acho que confundi as coisas.— Vai descansar, tá tarde já. — Beatriz passou a mão na cabeça de Laura, com a máscara preta ainda no rosto, e foi para o quarto. Ela fechou a porta, respirou fundo, foi até a gaveta e a abriu. Beatriz pegou a foto ensanguentada de Bruno. Hoje à noite quase... — Desculpa, Bruno, eu errei. — Ela guardou a foto e pegou o celular, mandando uma mensagem para Lucas.Tamboré. Camila foi até o guarda-roupa, pegou o paletó de Lucas q
De manhã, a empregada trouxe um pacote.— Senhor, chegou um pacote.Lucas olhou para a caligrafia no bilhete preso ao pacote, e o nome do remetente. Era da Beatriz.Ele abriu o pacote e viu uma boneca lá dentro. Pediu para que a colocassem no quarto de Estrela.Camila desceu as escadas e acabou ouvindo o que Lucas disse.Ela olhou para a boneca requintada nas mãos da empregada e sorriu: — Quem mandou esse presente para a Estrela? A boneca é muito bonita.— Beatriz. — Respondeu Lucas, enquanto pegava o paletó que o mordomo lhe entregou e o pendurava no braço: — Estou indo para o trabalho.Camila ouviu o nome da Beatriz e, segurando a raiva, deu um beijo no rosto de Lucas, sorrindo: — Eu também vou participar de um evento mais tarde.Ela o acompanhou até o carro, e depois que o carro partiu, ela voltou para dentro, subiu as escadas e foi até o quarto da filha.Camila pegou a boneca e apertou seus olhos com as unhas, deixando marcas.Levou a boneca até o banheiro, abriu a torneira e a enc