Antigamente, sempre que Íris chorava, Cristina se revolvia e batia em Beatriz. Agora, Cristina estava tão furiosa que sentia dores no peito. — Beatriz, você enlouqueceu? Que absurdo é esse hoje?Beatriz virou a cabeça e sorriu: — Mãe, não estou louca. Não esqueci do que aconteceu com a família Costa e do que vazou na internet.Cristina sabia do que Beatriz estava falando e se sentia envergonhada. Ela queria que ninguém soubesse que Beatriz era sua filha. — Isso não tem nada a ver com a sua irmã. Ela não é do tipo que espalha fofocas. Você conhece nossos parentes; eles são os que espalham essas coisas. E, convenhamos, isso logo vai ser esquecido. Ninguém vai se lembrar disso.A lógica simples de Cristina fez Beatriz rir involuntariamente.Quando Cristina viu o sorriso de Beatriz, seu rosto endureceu: — Beatriz.— Mãe, por favor, peça à minha irmã para me soltar. Eu realmente não sei o que está acontecendo.Íris chorava com o nariz vermelho. Hoje, Beatriz estava realmente furiosa. Co
Beatriz mencionou um "antigo ponto de encontro", que, na verdade é um parque infantil abandonado. Antigamente, o lugar era movimentado. Ela e Bruno costumavam vender brinquedos para crianças na entrada do parque.Bruno, vestido com uma camisa branca e calças sociais pretas, segurava um buquê de rosas. Com um bastão para se apoiar, ele se aproximava lentamente da mulher, que estava parada no carrossel enferrujado.Bruno conheceu Beatriz quando ele tinha sete anos e ela oito, no orfanato. Ela usava um vestido vermelho desbotado e olhava para a mulher que estava deixando o orfanato. Ele, com uma mochila velha nos braços, observava-a.Ambos eram crianças abandonadas. O orfanato não era um lugar acolhedor. Bruno e Beatriz ouviram uma conversa entre o velho administrador do orfanato e um homem, que estava interessado em comprar córneas. No dia seguinte, o homem levou uma criança com olhos lindos, o que os deixou aterrorizados.Eles aprenderam a se disfarçar, aparentando uma aparência des
A estrada estava deserta e sem engarrafamentos.Rodrigo dirigia sozinho naquele dia. Com uma mão no volante e o cotovelo apoiado na janela, ele aumentava gradualmente a velocidade do carro. O vento que entrava pela janela batia em seu rosto esculpido com um toque de frieza. Ele estava inexplicavelmente irritado, pensando na imagem da mulher no carrossel abraçada ao homem elegante.Rodrigo parou o carro na entrada do Crocobeach. Lançou as chaves ao manobrista e entrou direto. O Crocobeach estava fechado durante o dia.Quando Thiago chegou, vindo de um encontro com uma bela mulher, Rodrigo estava de pernas abertas, segurando um cigarro e assistindo ao show de homens musculosos no palco. Era o único homem na plateia. Thiago ficou surpreso.— Você não vai ver um show de striptease feminino? Tá tudo bem com você?O homem no sofá olhou para Thiago com desdém e voltou a observar o show. Ele estava com as mangas arregaçadas, relaxado no sofá, fumando um cigarro. O tatuagem da cobra negra p
A noite caiu, e o carro seguiu em direção ao hotel. Thiago tomou um pouco de álcool, e Rodrigo também. Nenhum dos dois bebeu muito, mas o pouco que Thiago bebeu já foi o suficiente para despertar seu lado galanteador, e ele começou a falar mais do que o normal.Thiago estava determinado a convencer Rodrigo: — Você só acha essa mulher tão especial porque teve pouca. Experimente mais, e você vai ver.Rodrigo, de olhos fechados, tentava ignorar as palavras de Thiago, mas seus pensamentos ainda estavam em Bia, lembrando da imagem dela com aquele xuxinha vermelha preso na perna. E a sensação de segurar aquelas pernas, tão bonitas...Quinze minutos depois, já no quarto de hotel, Thiago tinha providenciado a presença de dez mulheres diferentes. Havia de todos os tipos: sedutoras, inocentes, doces, magras e curvilíneas. Cada uma mais bonita que a outra.— Rodrigo, escolha uma, ou quem sabe algumas? — Thiago sugeriu, entusiasmado.Rodrigo, relaxado no sofá, ergueu uma sobrancelha: — Parece qu
— Estou te esperando aqui na fora.— Não vou descer, estou ocupada.— Eu colei sua calcinha na porta da frente.Era impossível não ficar irritada com ele.— Não se esqueça de pegar.Do outro lado, o homem desligou o telefone, e Beatriz hesitou. Rodrigo era capaz de fazer uma coisa dessas. Ela ficou preocupada com a possibilidade de alguém passar pela porta de sua casa no dia seguinte e ver uma calcinha pendurada lá. Seria extremamente embaraçoso.Ela imaginou que Rodrigo estava no carro, não na porta do seu apartamento, mas decidiu conferir.Rodrigo estava parado na porta do apartamento de Beatriz como um caçador esperando pacientemente sua presa. Ele havia vindo com um único objetivo: esclarecer se ela realmente tinha aceitado o pedido de casamento de outro homem.Ele ouviu o som da porta se abrindo e, quando Beatriz o viu ali, os dois ficaram em silêncio por um momento.Rodrigo deu um leve sorriso, e, quando Beatriz tentou fechar a porta, ele rapidamente estendeu a mão e entrou. S
Na verdade, Beatriz já tinha apagado o número de Lucas. Então, quando o telefone dela tocou, só apareciam uma série de números. Mas ela sabia que era Lucas.Beatriz olhou para o sorriso de Rodrigo. Com essa expressão, ele devia saber que era o número de Lucas.— Atenda, não precisa ter medo de eu ficar com ciúmes. — Disse Rodrigo.Esse homem realmente pensa demais. Não era medo de ciúmes, mas sim do sorriso dele, que estava um pouco assustador.Beatriz atendeu e colocou no viva-voz, com a consciência tranquila.— Beatriz.A voz de Lucas parecia um pouco embriagada.— Minha cabeça dói.Beatriz fez uma cara de poucos amigos: — Tá doente? Vai procurar um médico.Desligou na cara dele. Antigamente, quando Lucas chegava em casa depois de beber e dizia que estava com dor de cabeça, Beatriz costumava dar um remédio para dor e ainda fazia uma massagem.Rodrigo olhou para ela com um olhar cortante, como se estivesse julgando. Ele sorriu e, com um tom de sarcasmo, disse: — Beatriz, minha cabe
Dessa vez, Beatriz falou, com a voz rouca: — Espera aí, por que você tá trazendo bagagem pra cá?Rodrigo fez sinal para a pessoa do outro lado da linha esperar e saiu da varanda para a sala: — Claro que os namorados têm que morar juntos.Ele falava como se isso fosse uma regra universal. Beatriz estava confusa. Quem tinha dito isso?Rodrigo não estava para brincadeira, agora que eram namorados ele não queria mais separações. Ele estava sendo bem dominador nesse momento.O assistente Martins, que estava na linha, ouviu a conversa entre o chefe e a Sra. Silva e não se atreveu a falar nada.Depois de desligar, Rodrigo foi até a cozinha, pegou um pote de mel e preparou uma xícara de chá de camomila para ajudar na garganta de Beatriz.Quando ele trouxe a bebida, Beatriz estava abaixada pegando uma caneta que tinha caído no chão. Ao se curvar, o pescoço dela, marcado com marcas de beijo, estava bem visível. Era um trabalho dele.Rodrigo tocou no local da marca, e Beatriz se encolheu: — O que
Beatriz mandou uma mensagem para Rodrigo e deu um sorrisinho. Enquanto isso, Bruno terminou de cozinhar o macarrão. Cada um comeu um prato de espaguete e eles começaram a conversar sobre o que fazer no futuro.— Bia, tô pensando em fazer lives cantando. — Disse Bruno, considerando sua condição física, com a única vantagem de ter uma voz naturalmente boa.— Beleza, eu cuido de compor as músicas pra você. — Respondeu Beatriz, que também já tinha seus próprios planos. Ela queria abrir uma cafeteria, nada muito grande, mas com plantas verdes do lado de fora, um lugar bem tranquilo pra galera relaxar: — Tô pensando em abrir uma cafeteria.Depois de decidirem seus planos, começaram a correr atrás. Bruno precisava criar uma conta pra live e comprar os equipamentos, enquanto Beatriz tinha que achar um ponto ideal pra sua cafeteria. Ela ligou pra Laura e a chamou pra sair, afinal, a menina vivia reclamando de tédio.Os três foram ao shopping de informática pra comprar os equipamentos. Depois da