Embora Vítor achasse que Beatriz parecia familiar, ele apenas murmurou para si mesmo. No momento, sua mente estava completamente em Inês.Vítor olhou para Vera, confuso, e perguntou: — Por que vocês foram à festa esta noite?A esposa nem tinha comentado sobre isso com ele. Inês nunca gostava de ir a eventos sociais.Vera, com os olhos vermelhos, disse: — Desculpe, foi culpa minha. Fui eu que insisti para que minha madrinha fosse.Vítor olhou para o semblante aflito de Vera e não teve coragem de repreendê-la:— Ainda bem que desta vez nada grave aconteceu. Vera, não se culpe. Você deve estar cansada. Vá descansar um pouco.— Eu quero ficar aqui e acompanhar minha madrinha.— Eu vou ficar, não se preocupe. Pode ir.Com Vítor ali, Vera não tinha motivo para insistir.Vítor pediu que Fabio levasse Vera para casa.— Claro, vou levá-la para casa.Fabio e Vera saíram do hospital. Assim que entrou no carro, Vera cobriu o rosto e começou a chorar.Fabio suspirou, pegou um lenço de papel e lhe en
Beatriz olhou para as têmporas grisalhas de Rodrigo, piscando os olhos, que estavam um pouco úmidos.Ela sorriu novamente, de maneira calma, e disse: — Eu posso repetir, não tem problema: eu e você já somos passado.— Beatriz e Rodrigo já são coisa do passado.Assim que terminou de falar, Rodrigo a levantou nos braços.O motorista e Gonçalo, que estavam no carro, ficaram chocados.A senhora Correia e o senhor Santos? E o Chris?Muito espertos, eles viraram a cabeça para o outro lado. Como se não tivessem visto nada.Rodrigo colocou Beatriz bruscamente dentro de seu carro. — Desçam do carro.Ele se dirigiu ao motorista e aos seguranças que estavam no veículo.O carro de Rodrigo tinha vidros escuros, proporcionando privacidade.As portas se fecharam.A luz interna foi acesa.— Bia, me diz, o Chris te ameaçou?Beatriz foi pega de surpresa sendo levada para dentro do carro, mas manteve a calma. Ela ajustou sua postura, recostando-se no banco de forma descontraída, com as pernas cruzadas.
Ela desceu da cama descalça, pegou um copo de água e bebeu vários goles seguidos antes de colocar o copo de volta no balcão.Beatriz perguntou, calmamente: — Você colocou alguém para me seguir, não foi?Chris arqueou uma sobrancelha, sem responder à pergunta, e mudou de assunto para falar de Andrea: — Eu mandei Andrea para o jardim de infância.Ele recolheu as pernas compridas, e falou algo que atingiu diretamente o coração de Beatriz:— A parte de pai e mãe no formulário dela está em branco.Beatriz lançou um olhar frio para Chris através da tela.Chris fez uma pausa de alguns segundos:— Está brava?Beatriz não respondeu.Ela sabia que ele estava a ameaçando.Com o rosto inexpressivo, Beatriz encerrou a ligação.Chris riu sozinho:— Esse temperamento é igualzinho ao da Andrea.Hoje, ele levou Andrea ao jardim de infância, e quando ela voltou para casa, percebeu que o patinho de estimação dela tinha sumido. A menina ficou brava e passou a noite toda sem falar com ele.Pequena, mas determ
Às três da tarde, Beatriz foi ao hospital com os presentes.Vera ouviu alguém bater na porta e, ao abri-la, viu Beatriz. Num instante, o sorriso de seus lábios se desfez:— Ah, é a senhora Correia.Beatriz não esperava encontrar Vera ali, então apenas assentiu:— Vim ver a senhora Reis.Vera, na verdade, não queria que Beatriz e a família Reis se aproximassem muito.A senhora Reis estava recostada na cama e, ao ver Beatriz, falou suavemente: — Vera, deixe a visita entrar.Vera deu passagem.Beatriz entrou sorrindo.Assim que entrou, percebeu que havia duas crianças no quarto, e um pressentimento lhe passou pela cabeça.Beatriz colocou os presentes na mesa e perguntou: — Senhora Reis, como está se sentindo hoje?— A mesma coisa de sempre. Ter passado mal na festa foi realmente uma vergonha.A senhora Reis realmente se sentia constrangida.Beatriz tentou tranquilizá-la: — Sua presença na festa foi uma alegria para todos nós do clã Correia.— Quer sentar para conversarmos?— A senhora Reis
Beatriz deixou o hospital e não voltou imediatamente para a empresa. Pediu ao motorista que a levasse à Canto do Café logo à frente.Ela pensou em Lucas, que havia visto recentemente.Beatriz deu um leve sorriso irônico. Ver aquele homem a deixava enojada.Perder é perder. Para quê fingir ser tão sentimental e tentar reconquistar a ex-esposa?Esse tipo de homem apenas se afundava em sua própria ilusão de sentimento. Era uma autopiedade ridícula. Uma palavra o descrevia bem: 'patético'.O carro parou.Gonçalo se virou e perguntou: — Presidente, chegamos ao Canto do Café."Beatriz olhou para a cafeteria e assentiu:— Vou descer e tomar um café.Gonçalo estava prestes a sair do carro para abrir a porta para Beatriz, mas ela recusou.Ela estava vestindo uma camisa simples e calça social. Sua silhueta alta e esguia chamava a atenção dos clientes quando entrou na cafeteria.— Bem-vinda!— O dono, com óculos de armação preta e espessa e um corpo arredondado, sorriu para Beatriz e perguntou o qu
Andrea não sabia onde estava o pai dela.Chris se abaixou, passou a mão na cabeça da pequena Andrea e disse: — Quando você crescer, eu te levo para conhecer seu pai.— Crescer?— Andrea inclinou a cabeça de lado, curiosa:— Quando Andrea vai crescer?— Logo.— Chris respondeu, pegando Andrea no colo:— Aquele patinho amarelo que você cuidava voltou para casa.Para Chris, todos os patinhos amarelos eram iguais, uma criança pequena nunca perceberia a diferença.Quando chegaram em casa, Andrea colocou sua mochila no chão, lavou as mãozinhas e correu para o quintal para ver o patinho.Chris mal tinha se sentado no sofá quando viu a menina correndo de volta, parada diante dele, os olhos marejados, a boca tremendo: — Você mentiu, esse não é o patinho da Andrea.— Esse é o filhote do seu patinho, Andrea. Você precisa cuidar dele agora, entendeu?— Filhote?— Andrea arregalou os olhos ainda cheios de lágrimas, surpresa.Muito fofa.— Isso mesmo, filhote! Assim como Andrea é o filhote da mamãe.— Chr
Charlestown era uma cidadezinha de um país pequeno. As ruas de manhã não tinham movimento nenhum. Chris escolheu morar ali por um tempo justamente porque não tinha muita agitação.De manhã, ele deixava Andrea no jardim de infância e, na volta pra casa, passava no mercado pra comprar algumas coisas. Hoje à noite ele ia cozinhar cenoura — que Andrea odiava — e também coxinha de frango, que ela adorava.Chris voltava pra casa, com uma sacola pequena, andando devagar. Ainda nem tinha colocado a chave na porta quando sentiu algo estranho. Se virou e percebeu que estava cercado.Ele ergueu a sobrancelha, tranquilo:— Rodrigo mandou vocês?Felipe não respondeu. Chris deu de ombros. Não precisava nem perguntar.Ele tirou a máscara e os óculos, pensou por um momento e, de repente, tudo fez sentido. Ah, então era isso... Esses cinco anos em que Rodrigo não conseguiu encontrá-lo, ele estava se achando o esperto. No fim, o iludido era ele.Mas Chris já tinha se preparado para o dia em que Rodrigo o
Beatriz saiu do restaurante e viu Rodrigo parado ao lado do carro, com a porta aberta. A luz iluminava seu rosto.Ele sorriu, contendo uma expressão de felicidade:— Bia, amanhã cedo vou pegar um voo para Charlestown para trazer a Andrea para casa.Os olhos de Beatriz se arregalaram, suas pupilas se contraíram. Rodrigo se aproximou e tocou levemente sua orelha, puxando-a de brincadeira, enquanto dizia baixinho: — Bia, ficou sem reação?Beatriz engoliu em seco:— Repete isso.— Amanhã, vou para Charlestown buscar nossa filha.— Os olhos de Rodrigo estavam levemente vermelhos; talvez poucos pudessem entender a culpa que ele carregava.Essa surpresa repentina fez Beatriz sentir que estava sonhando. Ela vivia no pesadelo criado por Chris há tantos anos.Ela beliscou o próprio braço. A dor a fez contorcer o rosto. Não era um sonho.Rodrigo a puxou para um abraço, segurando firme a parte de trás de sua cabeça, beijando seus cabelos.Assistente Martins, que estava por perto, hesitou antes de int