Nove meses de gravidez.Quando Beatriz deu à luz Andrea Silva, era exatamente setembro, início da primavera. Ela despertou sentindo o cheiro de desinfetante no ar e uma dor incômoda em seu corpo. Tinha sido um parto natural, e ela passou um dia e uma noite inteiros em trabalho de parto.— Você acordou. Está sentindo alguma coisa?— Perguntou Chris, que havia passado o dia anterior inteiro esperando do lado de fora da sala de parto. Ele parecia exausto.Beatriz não se sentiu tocada. Ela o encarou e perguntou com a voz rouca:— Onde está minha filha?— Você deve estar com fome. Vou pedir algo para você comer.— Chris massageou as têmporas e fez uma ligação.Assim que desligou, Beatriz insistiu, olhando fixamente para ele: — Chris, você não ouviu minha pergunta? Onde está minha filha? Responda!Ela encarava o homem, sentindo um aperto no peito, com medo de que ele pudesse fazer algum mal à sua filha.— Sou surdo do ouvido esquerdo, não é estranho não ouvir direito.— Chris serviu um copo d’
— Beatriz, me entregue a criança.Beatriz segurou a filha ainda mais forte, tremendo por inteiro. A ideia de ver sua filha, com apenas um mês de vida, sendo levada embora era um golpe no coração.— Não.— Beatriz, é melhor cooperar, ou vou te dar uma injeção para dormir um pouco.— Chris disse, sem nenhuma expressão no rosto, com uma frieza cruel.Os cílios de Beatriz tremeram levemente. Ela olhou para a filha em seu colo, chupando o dedão, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Seu coração estava em pedaços.Chris se aproximou, observando-a:— Eu prometo, vou cuidar bem da Andrea.As palavras dele não trouxeram nenhum conforto para Beatriz; ela não confiava em nada.— Entregue a criança.Chris começou a soltar um a um os dedos de Beatriz. Ela, por amor a Andrea, não ousou segurá-la com muita força.Chris então passou a menina para uma mulher que a aguardava. A mulher saiu do quarto com a criança nos braços.A porta se fechou.No instante em que perdeu a visão da filha, toda a calm
Vera até pensou em correr para confirmar se era realmente Beatriz, mas ao ver a senhora Reis chegando, desistiu da ideia por ora.A senhora Reis sorriu gentilmente:— Eu já disse que não precisava vir me buscar. E as crianças?— Elas estão no carro esperando a senhora, madrinha. Já faz meses que não nos vemos!A senhora Reis gostava muito de Vera e, dois anos atrás, a havia adotado como afilhada. — Você sempre tão doce. Trouxe presentes para as crianças.— E o meu presente? Por que só as crianças ganham?— Vera brincou, fingindo ciúmes.— Claro que não esqueci de você.As duas saíram do aeroporto conversando e rindo.Cinco anos atrás, o casal Reis teve uma conversa com Pedro. Vera, apegada aos gêmeos, não queria se afastar deles. Embora não pudesse morar com o clã Santos, tinha permissão para visitá-los e ver as crianças.— Vovó, a Érica sentiu muito sua falta!— Disse Érica, vestida como uma princesinha, estendendo os braços para um abraço. Vera a pegou no colo, e a menina levantou a ca
— Entendi.— Como você meio que caiu de paraquedas na empresa, é provável que os acionistas dificultem as coisas para você.— Sei.Quando Beatriz estava prestes a desligar, Chris mencionou Rodrigo: — Você sabia que, nesses anos todos, o Rodrigo não parou de mobilizar gente para te encontrar?Chris havia planejado manter Beatriz isolada naquela ilha justamente para evitar que Rodrigo a encontrasse.— Você acabou de desembarcar, e ele provavelmente já recebeu a notícia. Beatriz, se quer que a Andrea cresça em segurança, é melhor não tentar nenhuma gracinha.Chris sorriu e chamou carinhosamente: — Andrea.— Direcionando a palavra para que Beatriz escutasse como um alerta.Andrea, que estava dançando animadamente, parou ao ouvir o chamado e correu até ele:— Tio, o que você quer, me chamou por quê?Ao ouvir a voz doce da filha, Beatriz, que até então mantinha o olhar frio, suavizou o semblante.Ela respondeu a Chris: — Não precisa ficar me avisando. Sei muito bem o que fazer.Beatriz encerro
— Grupo Correia anunciou esta manhã que a nova presidente é Beatriz.Assistente Martins virou o tablet para Rodrigo.— Amanhã à noite, o clã Correia organizará uma festa no Hotel Speyer. Esta é a sua convocação.— Deixe o convite e saia.Rodrigo lutava para controlar sua raiva, uma fúria que não era direcionada a Beatriz, mas a si mesmo e, acima de tudo, a Chris!Ele esboçou um sorriso frio.O clã Reis também havia recebido o convite. Apesar de quase nunca comparecerem a esses eventos, os anfitriões sempre enviavam o convite como uma cortesia.A senhora Reis estava curiosa sobre a nova nora do clã Correia, já que sabia do passado entre Chris e Maria. Não esperava que, tantos anos depois, Chris finalmente tivesse superado Maria e se casado.Mesmo intrigada com Beatriz, ela não tinha muita vontade de ir à festa.Sentada ao lado dela, Vera também notou o convite para o evento do clã Correia e tinha visto as notícias sobre o Grupo Correia. Ela não sabia se deveria rir ou sentir inveja.Rir
Larissa pegou o primeiro voo da manhã para a cidade A. Ao desembarcar, tomou um táxi diretamente para o Grupo Correia, mas foi barrada pelos seguranças e impedida de entrar.Com os dentes cerrados, decidiu procurar Vera em busca de ajuda. Na madrugada anterior, Vera havia encaminhado para Larissa a notícia de que Beatriz assumira a presidência do Grupo Correia.Ao ver a notícia, Larissa ficou furiosa. A diferença entre sua vida atual e a de antes era gritante. Antes, ela era considerada da alta sociedade, sempre cercada por bajuladores. Agora, nem sequer podia entrar em lojas de luxo, pois não tinha mais dinheiro suficiente para sustentar o antigo estilo de vida.Larissa olhou ao redor do quarto onde agora morava, um lugar simples e modesto, com uma decoração básica e espaço limitado. O que restava do clã Moreno havia despencado para uma posição inferior à de terceira classe em cidade B, e tudo por causa de Beatriz. Rodrigo havia perseguido implacavelmente o Grupo Moreno para Beatriz.
Às seis horas, Beatriz seguiu para o hotel.Era a primeira vez em cinco anos que Beatriz via Rodrigo. O homem tinha os cabelos nas têmporas começando a ficar grisalhos. Aos trinta anos, ele parecia maduro e sério. Seus traços antes despreocupados agora estavam marcados e intensos. O olhar que lançou a Beatriz ainda carregava a mesma profundidade de sentimentos.Beatriz olhou para Rodrigo, sentindo um peso de tudo o que vivera até então. Pensou em Chris, o louco, e em sua filha, que ainda estava nas mãos dele.Ela recolheu seus pensamentos e sorriu, cumprimentando como se estivessem apenas se reencontrando como velhos amigos:— Obrigada, senhor Santos, por ter vindo à festa de hoje. Por favor, entre.Atrás de Rodrigo, outros convidados começaram a chegar.Rodrigo não queria criar problemas para Beatriz. Sua voz estava rouca quando ele respondeu, entrando no salão de festas.Assistente Martins estava ao lado do BOSS. Ele sorriu para Beatriz antes de seguir Rodrigo para dentro do salão.L
À entrada dos três anfitriões do clã Correia, todos os presentes se levantaram para cumprimentá-los. No entanto, não puderam deixar de se perguntar por que Chris não estava ali.Rémy Correia subiu ao palco e, depois de algumas palavras, explicou o motivo da ausência de Chris: — Meu filho está ocupado com assuntos no exterior. Mas, francamente, a presença dele hoje não é o mais importante. O que realmente importa é que estamos aqui para apresentar oficialmente nossa nora, Beatriz Silva.Beatriz, de braço dado com a Dona Correia, caminhou com elegância até o palco. Os olhos profundos de Rodrigo não desgrudavam daquela figura no palco.Beatriz pegou o microfone e sorriu.Era um sorriso belo, confiante e elegante. Ela disse algumas palavras, e a dona Correia pegou o microfone para também falar. Em seu discurso, a dona Correia não poupou elogios a Beatriz.Os três desceram do palco. Rémy foi até a outra mesa principal para acompanhar os convidados. Beatriz e a dona Correia sentaram-se à m