Capítulo 5
Serena disse: — É uma amiga minha, ela perdeu o passaporte e está me perguntando como fazer para tirar outro.

Nicanor deu dois passos rápidos e a abraçou apertado, — Que susto, achei que você ia viajar para fora e me deixar.

Serena virou a cabeça e vomitou novamente.

No corpo dele, havia um cheiro doce e enjoativo.

Misturado com o perfume de outra mulher.

Nicanor, preocupado, começou a esfregar suas costas, — O que te deram para comer de novo? Eu deixei claro que você não estava bem do estômago e precisava de cuidados... Espera, vou demitir todos eles agora mesmo!

Serena usou toda a sua força para empurrá-lo.

— Demite quem você quiser, mas não use meu nome como desculpa, tá?!

Nicanor ficou um pouco perdido com a explosão repentina dela, — Serena, você está brava comigo? Por eu ter estado ocupado com o trabalho o dia todo e não ter ficado com você?

Ele continuou: — Então, amanhã, vou cancelar todos os compromissos e ficar só com você, pode ser?

Serena riu de raiva.

"Ele enlouqueceu?"

— Só comigo?

— Sim, só com você.

Serena respirou fundo e soltou o ar lentamente, — Espero que cumpra com o que diz.

Aquela noite, sem aviso, começou a chover forte.

Desde que chegou em casa, Serena não parou de vomitar.

Nicanor tentou se aproximar dela, mas foi rejeitado com veemência, — Não chega perto, o cheiro de você me faz vomitar ainda mais.

Nicanor cheirou sua própria manga e disse: — Pode ser que você não goste do meu perfume, na próxima vez eu troco.

— Nicanor, você sabe muito bem que não é por causa do perfume!

— Certo, certo, não fique brava, não vou usar nenhum perfume daqui em diante, está bem assim?

Serena lavou o rosto com água fria e olhou para si mesma no espelho.

E do lado de fora do banheiro, Nicanor aguardava ansioso com uma xícara de chá quente.

Ela simplesmente não entendia como ele podia estar coberto pelo cheiro doce e íntimo de outra pessoa e ainda assim fingir tão bem que a amava.

"Ela não compreendia como Nicanor parecia se importar com ela, mas ainda assim traía seus sentimentos descaradamente."

"Será que o que diziam era verdade? Que homens podem se divertir fora, contanto que enganem bem as suas mulheres?"

"Ele havia julgado mal, ela não era tão ingênua assim."

"E não estava disposta a abrir mão de seus princípios."

"Se já não era um amor verdadeiro, então ela não queria nem um pouco dele."

Na manhã seguinte, Nicanor a levou para o hospital.

Após uma série de exames, o médico chegou à conclusão, — Parece ser uma gastrite emocional.

Nicanor perguntou: — O que é gastrite emocional?

— Significa que o paciente passou por um grande estresse emocional recentemente, afetando muito sua saúde, e causando a disfunção do sistema digestivo que leva ao vômito.

Nicanor questionou Serena, — Serena, você passou por algo chato recentemente? Me conta, talvez eu possa te ajudar.

Serena virou o rosto, evitando a proximidade dele, — Você não pode resolver.

— Conta para mim, há poucas coisas no mundo que eu não posso resolver.

"Sim, realmente, essa era uma que só ele poderia resolver."

Serena, por um momento, pensou em perguntar a ele se, caso ela e Sofia caíssem na água ao mesmo tempo, quem ele salvaria primeiro.

Mas então, ela refletiu...

"Ninguém deveria entregar seu destino nas mãos de outra pessoa. Quem se apoia em montanhas, desmorona. Quem se apoia em pessoas, é abandonado."

"Ela sabia nadar, ela podia se salvar."

"Ela já não precisava mais de Nicanor."

Na Noruega, ela havia se inscrito na escola de arte usando o nome de Fernanda.

Para se casar com Nicanor, ela havia abandonado seu sonho de continuar pintando, mas doravante, ela viveria por si mesma.

— Serena, que tal irmos ao cinema à tarde? Tem uma comédia em cartaz, você vai adorar.

— À tarde? Você não tem que trabalhar?

— Nós combinamos, lembra? Vou passar o dia inteiro com você, e eu cumpro o que prometo.

No segundo seguinte, o celular dele tocou.

Ele queria ignorar, mas depois de olhar para o nome no visor por um segundo, hesitou.

Serena observou a expressão dele mudar de irritação para constrangimento.

Ela sorriu, — Atende, as coisas do trabalho são importantes.

Nicanor disse: — Vai ser rápido, só preciso de cinco minutos.

— Tá bom.

Com o celular na mão, Nicanor ia sair, mas Serena o chamou: — Pode atender aqui mesmo, eu não entendo nada do seu trabalho, não se preocupe com segredos.

Nicanor parou, um pouco sem jeito.

Depois de hesitar por dois segundos, atendeu a chamada, com uma expressão de raiva no rosto, — Eu não te disse para não me ligar hoje? O que houve?

Não dava para ouvir o que diziam do outro lado.

Mas Serena percebeu vagamente o som de uma mulher chorando.

Nicanor, na frente dela, falou com cautela, — Tá, eu entendi, espera um pouco.

Ao desligar, Nicanor, com um certo ar de desculpas, disse a Serena, — Serena, tem um documento importante da empresa que eu preciso assinar. O gerente já trouxe para o hospital, está lá embaixo. Eu vou assinar e volto, não vai demorar mais de meia hora.

Serena assentiu.

Nicanor saiu quase correndo da sala de consulta.

O médico sorriu e comentou, — Sra. Almeida, o Sr. Almeida realmente ama você, largou até o trabalho por sua causa.

— É mesmo? — Serena sorriu meio sem jeito — Desculpe, doutor, eu preciso ir ao banheiro.

— Tudo bem.

Ao sair da sala, Serena viu Nicanor descendo as escadas apressadamente, sem esperar pelo elevador.

Ele realmente desceu.

Mas o andar de baixo...

Era a ala de obstetrícia.

Seu celular vibrou.

Sofia:[Sra. Serena, sinto muito, mas hoje ele não vai poder ficar com você~ Uma ligação minha e ele vem correndo pra mim.]
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App