Capítulo 3. Passado recente.
Leonardo narrando. Se antes tudo o que eu queria era seguir na paz e no silêncio que só um homem solitário saberia como aproveitar sem enlouquecer, depois que minha filha surgiu e encheu o minha vida de cor e de calor com minha neta, essa mesma paz e silêncio de antes começaram a me incomodar. Elena surgiu na minha vida no mesmo período em que estava vivendo uma relação intensa com o futuro rei de Solari, então, naturalmente, ela se casou logo depois que se resolveu com o príncipe. Minha filha amada passou alguns meses morando na mansão comigo e com o papai, mas obviamente foi embora com minha neta depois do casamento e deixou apenas o frio e o vazio de antes em cada cômodo da casa. Hoje em dia ela vem me visitar com frequência, mas ainda não é o suficiente, porque, depois de ter voltado a ter um motivo para acordar todos os dias, estou sedento por essas doses de alegria que Elena e a princesinha podem me dar. Até mesmo o meu velho pai está apaixonado pelas duas. Por estar me sentindo feliz e motivado pela primeira vez depois de vinte anos, não consigo me concentrar no processo no qual estou trabalhando no escritório. Tudo porque estou ansioso pela visita delas. Sempre me sinto dessa forma quando Elena liga avisando que está vindo. Gosto de conversar com a minha filha. Gosto de passar um tempo com a minha neta, que me adora. Por causa delas, descobri o quanto sentia falta de me sentir pelo menos um pouco vivo. **** — Senhor, a menina Elena chegou — Germana, a governanta e amiga do Duque, b**e na porta e me avisa. — Estou indo as receber — falo, me preparando para deixar o escritório. — Ela trouxe companhia — avisa. — O esposo? — Não — responde, e parece estar se divertindo com algo. — É melhor que o senhor veja por si mesmo. Quando ela me deixa sozinho, decido não perder tempo especulando na minha própria mente e decido ver por mim mesmo, como a senhora falou. Ao chegar no jardim da propriedade, avisto Elena com a Mirella nos braços. Ela está sorrindo de orelha a orelha e conversando com… Só pode ser algum tipo de castigo. Pérola! A prima da minha filha. Uma de suas melhores amigas. A outra é a irmã gêmea da Pérola. Essa é a gêmea má. Uma pedra no meu sapato, mesmo que tenhamos nos visto apenas duas vezes antes de hoje. Foi o suficiente. Quando me vê, a garota para de sorrir para a amiga e olha para mim. Tem um sorrisinho sacana no rosto agora. Aquele sorriso que deixa claro que vai ser uma dor de cabeça maior do que foi na última vez em que esteve aqui. Porque minha filha aparentemente não sabe existir sem Pérola andando ao seu lado. A garota nem mesmo mora aqui na capital! Na primeira vez em que a vi, o príncipe estava pedindo a minha filha em casamento. Mas não prestei atenção nela. Por que prestaria? Era só uma menina. Assim como a Elena. Mas acho que ela prestou atenção em mim, e muito, desde esse dia. A quem estou tentando enganar? Houve um olhar. Aquela troca de olhares que durou um segundo, antes que eu voltasse a mim. A segunda vez em que nos vimos foi no dia do casamento da Elena com o príncipe Rhuan. Pérola e eu esbarramos um no outro e o cheiro do seu perfume ficou gravado na minha memória, mesmo contra a minha vontade. Mas não foi somente o perfume. Vez ou outra, pensei nos seus olhos escuros me fitando e na pintinha sexy no canto da sua boca carnuda, que poderia tentar qualquer homem com sangue quente correndo nas veias. Só que eu não sou um homem com sangue quente nas veias há muito tempo. Claro que notei como a garota me cobiçou naquele dia, mas decidi apenas ignorar, porque não tenho nada para dar para ela e pensei que não voltaríamos a nos ver. Realidade: a vejo com mais frequência do que é saudável para nós dois. Na terceira vez em que nos vimos, foi há algumas semanas quando Elena veio me visitar como está fazendo hoje e trouxe a prima junto. Na ocasião, ela veio para passar a noite e eu tive que ser forte para suportar o tormento que foi lidar com uma criança de vinte anos tentando chamar a minha atenção. Pérola, com seu corpo espetacular, gostosa como não tinha o direito de ser, se tornou o diabo e começou a me provocar de todas as formas possíveis. E eu que jurei que ela era tímida quando esbarramos no casamento. Tímida? Apenas o olhar e no jeito como age com as outras pessoas. Quando se trata de algo que deseja muito? A menina se transforma em outra. E ela quer a mim. Não esconde dos meus olhos, embora tente fingir na frente da amiga. Garotinha gostosa e safada. Sim, nem mesmo eu, um homem que não transa há duas décadas, posso deixar de notar seu rosto perfeito e corpo especular. Um corpo feito para o pecado. Na última vez, a tática dela foi me encher de perguntas durante todas as refeições que fizemos à mesa. Então, Pérola também deu um jeito de passar na minha frente não usando nada além de uma pequena toalha na calada da noite. Não sei como ela conseguiu a proeza, considerando que os nossos quartos nem eram perto um do outro. Quando vi seu corpo úmido, meu corpo deu sinal de vida pela primeira vez em anos por causa de uma mulher. Como reação, apenas olhei feio para ela e fugi. Fiz de tudo para me esconder até a sua partida e desejei passar muito tempo sem ver seu rosto e suas tentativas de sedução baratas. Uma pirralha em forma de tormento. Mas, aqui está ela novamente dias depois. Se a forma como está me olhando for um indicativo, está pronta para me atacar. Mas é óbvio que não vou cair nos jogos de uma criança que está entediada o suficiente para tentar brincar com um homem que tem idade para ser o seu pai. **** — Filha, que bom que você chegou — cumprimento. Horas depois da chegada delas, já estou desesperado pela partida. Pérola é louca! Porra! O que essa menina pensa que está fazendo? Foi ideia dela todos darmos um passeio pelo jardim, inclusive papai e a pequena Mirella. Então, logo nos primeiros minutos, ela sumiu das nossas vistas e sei o que vai acontecer a seguir. A safada fez de propósito. — Pai, vá atrás da Pérola, por favor? Ela provavelmente se empolgou com a caminhada e deve estar perdida por aí. O problema é que o jardim não é tão grande assim. Ela não iria para os estábulos, iria? De repente, perco o fôlego e saio sem olhar para trás. Eu vou matar a pirralha. Eu só não a expulso da propriedade por causa da minha filha. Depois de um minuto inteiro caminhando em direção aos estábulos, ouço sua voz me chamando. Olho para o lado e vejo Pérola encostada no tronco de uma das árvores, tranquila como se não estivesse se esforçando para roubar a minha paz. Exasperado como nunca estive, marcho até ela e paro na sua frente, a um centímetro de distância do seu corpo pequeno, mas gostoso. Não posso negar. É uma diaba, mas uma diaba gostosa. — O que você pensa que está fazendo, menina? — pergunto. — Nada. E você, por que está tão irritado? — Não se faça de inocente, menina. Você está dando em cima de mim descaradamente desde o momento em que me viu pela primeira vez. Não se cansa? — Não. — Sorri com seus dentes perfeitos e dá de ombro. Moleca! — Pare com isso. Eu não gosto de crianças mal-criadas. — Tem certeza? — questiona e elimina o único centímetro que nos separava. — Não vou te comer, então exijo que desista desse jogo patético e pare de criar situações constrangedoras. Sou duro, porque é isso que essa safada merece. Em vez de sair correndo ou se constranger, Pérola chega a cabeça bem perto da minha. Ela tem que ficar na ponta dos pés, porque é muito mais baixa do que eu. Então a pirralha coloca uma das mãozinhas no meu peito e me obriga a encará-la. Ela me tenta, por mais que seja duro admitir. Por mais que seja a última coisa que eu queira, essa putinha me atrai. Muito. Só agora estou me dando conta de que ainda estou vivo nesse sentido também. Pena que estou me dando conta com a pessoa errada. — O que você quer de mim, garota? — rosno. — Você sabe o que eu quero — praticamente sussurra. — Procure alguém da sua idade — digo. O que Pérola faz? Ela desce a mão pelo meu peito e a deixa em cima do meu pau. — Ele está ficando duro. — Você é uma vadia — esbravejo, desconsiderando que corremos o risco de sermos vistos. — Mas você me quer. — Deveria respeitar a sua prima, que é minha filha — apelo para a Elena, porque essa moça está fora de controle. O meu pau também está, porque, aparentemente, não recebeu o memorando do meu cérebro de que essa menina é proibida. — Ela não vai saber. — Eu não vou te foder, pequena, vai procurar alguém da sua idade. — Um beijo. Se me der um beijo, desisto e te deixo em paz, prometo que nunca mais tento te seduzir. O quê? Que porra é essa? De onde essa garota saiu? — E se eu não aceitar? — Serei o seu pior pesadelo. Você já é! Penso. — Apenas um beijo. É claro que não é apenas um beijo. O beijo, que deveria ter sido apenas uma barganha, se torna o começo de uma história inesperada entre nós. Inesperada, inesquecível e insuperável. Quando pensei que o meu coração estava morto e não passava de um órgão oco, uma jovem cheia de vida vem para me mostrar como voltar a sorrir e ter esperança. É por isso que nunca a deixarei ir. Minha pequena. Meu anjo. Meu amor.Capítulo 4. Surpresa Inesperada.Pérola narrando.Depois de dias que pareceram meses, eu finalmente posso me mexer sem sentir dores no meu corpo, que está sendo um guerreiro, segundo os próprios médicos. Aparentemente, e estou feliz com isso, me livrei de algo mais sério, até mesmo de perder a vida por causa do acidente com o cavalo.Pelo pouco que sei, a esposa do Leonardo morreu dessa maneira, e talvez por isso ele estava tão diferente do seu modo habitual de agir quando veio me visitar há uns dias.Ele veio e foi o suficiente para mim. Deixou-me feliz e com vontade de sair logo dessa cama.Foi apenas uma visita que me deu energia para continuar o que eu tinha em mente antes. Posso ter perdido algumas memórias, mas lembro-me perfeitamente de que estava disposta a fazer o que fosse preciso para ser vista por ele. Leonardo não precisou mais do que um único olhar rápido em minha direção para chamar a minha atenção. Na primeira vez em que o vi, meu coração disparou e meu corpo todo
Capítulo 5. Quem é o pai?Leonardo narrando.Depois que voltei da Europa para Solari, passei a pegar apenas poucos casos como advogado criminalista e optei por trabalhar em casa, pois a dor da perda da mulher que eu amava me levou a um estado que não conseguia conviver com as pessoas. Fechei meu escritório e comecei a ser mais seletivo.Gosto de matar meu tempo com trabalho, mas simplesmente está sendo impossível me concentrar em qualquer coisa quando sei que minha mulher está em casa. Como fazer qualquer coisa quando sei que está tão perto e não posso estar com ela e a reivindicar como minha? As pessoas próximas de nós não sabem que estávamos começando algo. Ninguém tem conhecimento de que estávamos transando pelas costas de todos. Não tenho certeza se Pérola sabia antes do acidente que não era apenas sexo para mim. Não era apenas tesão. Acho que nunca foi. Nunca pensei que fosse ser fácil, mas a notícia da sua gravidez tornou tudo ainda mais complicado. Como dizer para a min
Capítulo 6. De volta para a realidade.Pérola narrando.Ele acabou de perguntar com todas as letras e pensei em contar a verdade, mas não consegui. Fiquei com medo. Eu estou com medo. Desesperada e sem saída.De repente, de virgem me tornei uma futura mãe. Como posso estar grávida se nem sei como isso aconteceu? Eu estou completamente apaixonada pelo pai da minha prima, esse homem que está na minha frente agora, me olhando como se eu tivesse atropelado o seu cachorro. Acordei de um pesadelo disposta a não mais ficar passiva e realmente usar de todas as armas para conquistar o viúvo, inclusive, sem considerar os problemas que poderia ter na hora de contar para a minha prima. Realmente tive tempo de pensar nisso no hospital e me enchi de coragem e esperança, porque percebi que seria preferível o risco de fracassar do que não tentar. Ia mesmo ser corajosa, então uma bomba caiu em cima do meu colo e não sei como me sentir. Na verdade, tudo o que sinto é vontade de me colocar em po
Capítulo 7. O calor que aquece o coração.Leonardo narrando.Embora fosse um sono tranquilo, ainda assim, eu estava conseguindo dormir.No entanto, de uma hora para outra, começo ficar incomodado e a me mexer de um lado para o outro sobre a cama.Então, flashes de momentos quentes e que eu não poderia jamais esquecer começam a encher a minha mente, é impossível que continue com o meu descanso. Passo a sentir muito calor e o suor se acumula no meu corpo. Ofegante com o coração disparado, sento-me na minha cama e passo os dedos rudemente no meu cabelo, penteando os fios para trás. — Que droga! Quando olho para o relógio, percebo que passa de uma da madrugada. Depois que deixei a mesa de jantar mais cedo, praticamente me obriguei a dormir, em uma tentativa de desligar o meu cérebro para que não pensasse mais naquela garota linda, que estava me olhando durante o jantar inteiro. Ela me encarou como se estivesse implorando para que eu rasgasse as suas roupas e a comesse ali mesmo na f
Capítulo 8. Ao seu encontro.Leonardo narrando.Ao acordar pela manhã, depois de ter gozado nos meus próprios dedos como um adolescente na puberdade, levanto-me com a cabeça latejando, como se estivesse de ressaca.Provavelmente estou mesmo, mas é uma ressaca moral. Fiquei no meu quarto sucumbindo as minhas fraquezas, quando deveria ter ido até o quarto da minha garota para mais uma vez tentar conversar com ela.A minha inércia até o momento foi uma mistura de covardia com o desejo de dar um tempo para ela, mas não sei se o que ela está precisando é de tempo. Sem querer parecer presunçoso, mas o que minha Pérola precisa é de mim. Ela tem a prima e a irmã gêmea, mas eu sou o pai do seu filho. Até o acidente, nós estávamos juntos e conversando sobre abrirmos o jogo para as nossas famílias, porque, estranho ou não para os outros, estávamos bem e queríamos de verdade tentar. Então sua vida virou de cabeça para baixo e os planos foram pausados. Depois da noite de ontem, depois de toda
Capítulo 9. Verdades que precisam ser ditas. Pérola narrando.— Eu… Não sei do que você está falando, Leonardo.O meu coração, esse está saindo pela boca e sinto que estou perdendo a força nas pernas.É simplesmente impossível fazer com que o meu corpo não reaja fortemente a presença e ao toque desse homem.Como poderia ser diferente se ele é tudo que eu sempre quis? — Tem alguém em casa? — A minha mãe e minha irmã foram trabalhar. Também fui, mas o meu chefe preferiu que eu voltasse para casa para descansar um pouco mais. Por que estou dando satisfação da minha vida para o pai da minha prima? Não deveria estar mandando ele ir embora agora mesmo? — Eu espero que você saiba que não voltará mais para esse trabalho — afirma, ao tirar os cabelos que estavam voando na direção do meu pescoço e o deixar livre para que encaixe a sua cabeça. A água que eu tomei mais cedo estava batizada? Eu só posso estar alucinando. Leonardo está me tocando com intimidade. Desejo isso desde o dia em
Capítulo 10. Faça uma escolha.Pérola narrando.Ele leva uma batida do meu coração para responder a pergunta mais importante que eu poderia fazer nesse momento, mas tenho a impressão de que demora uma eternidade até que abra a sua boca.— Eu sou o pai do seu bebê, pequena. Sei que você não permitiu que ninguém te tocasse além de mim. — Não sei o que dizer… — digo e, atordoada, tento me levantar para me afastar dele e respirar um pouco, mas Leonardo me segura pelo pulso e eu acabo caindo sentada em cima das suas pernas. — Não fuja, por favor. — Estou confusa. Estava desesperada por não saber a identidade do pai do meu filho. Estava com o coração partido, porque acreditava que não teria mais nenhuma chance de ficar com você, o primeiro homem que me fez realmente desejar me entregar de corpo e alma. Agora você está me dizendo que tudo que pensei em fazer foi feito, que nós ficamos juntos e que ainda engravidei. É muito para assimilar, Leonardo. — Eu sei, mas não me afaste nesse momen
Capítulo 11. Meu oxigênio.Leonardo narrando.Por mais que tenha esperado que a minha garota fosse ter a reação que ela teve quando eu disse a verdade, confesso que fiquei assustado pela forma como se afastou de mim. Naquele momento, sabendo que não podia a pressionar, mesmo que fosse o que eu queria fazer, para garantir que não houvesse qualquer chance de a perder novamente, eu recuei.Recuei, mas não por completo. Deixei a porta aberta quando disse que estaria a esperando até amanhã de manhã nesse quarto de hotel. Eu tive que fazer isso, porque não suportaria voltar para casa sem ter pelo menos um pouco de esperança. Desde o começo, a paixão dessa garota por mim foi intensa e tão quente que não pude ignorar. No fundo, havia mais do que esperança. No fundo, eu sabia que aquela chama quente nunca se apagou e que Pérola não deixaria de vir me encontrar. Eu vi há algumas horas e estou vendo agora novamente que continua confusa por tudo que contei, mas, ainda assim, está na minha fr