Sozinha no bar fico a divagar sobre minha existência conforme as doses vão passando, ao bater das onze o banco ao meu lado é ocupado por um rapaz de estatura mediana. Os cabelos pretos e a barba por fazer destacam o rosto jovem, ele pede uma garrafa de whisky e parece determinado a acabar com ela sozinho.
Observo fascinada a elegância com a qual ele serve uma dose a si mesmo e vira o copo como um cowboy do velho oeste, digno dos filmes que eu amava assistir durante a época do colégio.
A pouca dignidade que me resta me diz para parar de encará-lo e ir embora, mas meu cérebro insiste em continuar observando como se ele fosse um alienígena impressionante.
Estava tão fora da realidade que sequer percebi quando os olhos castanhos me notaram encarando seu rosto.
- Você parece fascinada. – Ele sorri discretamente me vendo enrubescer de vergonha.
- Desculpe. – Digo virando o líquido esverdeado sem me importar com os mil demônios dançando na minha garganta.
Minha consciência está destrancando suavemente a porta do inferno e de dentro dos portões negros a minha vadia interior surge com saltos vermelhos e um sorriso sacana. Pronta para seduzir qualquer um que seus olhos ardilosos puderem encontrar.
– Quer transar comigo?
O mesmo engasga com o líquido âmbar e eu o vejo tossir compulsivamente em busca de ar.
Seguro uma risada ao olhar a cara de surpresa dele.
- Isso foi meio repentino. – Ele sorriu me encarando constrangido.
- Você está sozinho, eu estou bêbada e sozinha. A comunidade das aranhas ficaria feliz com isso.
Ele sorri bebendo mais um drink e descendo do banco, seguro sua mão de um jeito confiante e o guio pela multidão em busca de um banheiro. No fundo meu lado pessimista me diz que vou estragar tudo e que estou fazendo papel de boba, mas lá no fundo o álcool está pouco se importando com isso.
Entramos no banheiro masculino às pressas e eu checo cada uma das cabines para ver se ninguém está atolado fazendo o número dois ou coisa pior. Seria humilhante ser flagrada por algo dessa estirpe.
– Tranca a porta.
Sorrindo como adolescentes eu o vejo se aproximando de mim e recosto meu corpo ao lado da pia, sua boca desliza pela minha com delicadeza e eu sinto o calor subir em meu corpo conforme suas mãos me acariciam.
Em situações como esta as pessoas costumam enrolar com papo furado por medo de rejeição, usando a velha desculpa de “quebrar o gelo”, para mim estas situações são bem simples, se o seu parceiro já deixou claro que os objetivos naquele local eram completamente sexuais você não precisa agir com constrangimento.
É irritante e uma completa perda de tempo.
Seus beijos traçaram o contorno do meu pescoço e os dentes deixaram mordidas nada leves na minha pele, no lugar de um arrepio que incediaria minha pele e me arrancaria suspiros nada glamourosos, eu sinto apenas o calor do hálito e a umidade da língua, queria poder protestar sobre como é desagradável, mas estou desesperada demais por sexo para reclamar.
A questão é que no sexo em si, as pessoas gostam de criar expectativa em seus parceiros para gerar interesse, exibindo suas habilidades com mérito quando na verdade não são capazes nem da metade do que dizem.
Em minhas poucas experiências aprendi que se você ignora as necessidades de seu parceiro sua missão sexual se torna um fracasso, ao invés de gemidos suaves e tremores sob a pele, você ganha chupões pegajosos e movimentos desajeitados em lugares pouco atrativos.
Desabotoei minha blusa expondo os seios torneados adornados pela lingerie bege, uma das cores mais sem graça da história do planeta, mas ele não pareceu se importar com ela. Quando há uma transa fácil em jogo a embalagem pouco importa. Por isso nunca perdi tempo com uma calcinha sensual ou qualquer coisa parecida, no fim das contas ela acaba amassada num canto sujo ou rasgada em algum lugar nojento.
Fato curioso, os homens não ligam se você tem estrias ou se está usando a última coleção da Victoria Secret 's, no ato sexual eles pensam apenas com a genitália, qualquer outra parte deve ser estimulada com visão ou audição, no final vai ser apenas o ato que importa. Pois é ali que ele se satisfaz.
É completamente injusto, mas funciona.
- Tem preservativo? – Ele pergunta, depositando beijos nos meus ombros me causando arrepios breves e rápidos.
- Não. – Se eu soubesse que iria transar hoje teria trazido uma dúzia, mas nas minhas condições é mais fácil ficar milionária jogando xadrez.
- Acho que tenho um na carteira. – Ele remexeu nos bolsos e tirou um pacotinho preto.
Meu estômago se agitava em expectativa conforme a minha excitação latente contemplava a cena batendo palmas, como um espetáculo feito apenas para mim.
Não se trata do produto em questão, para ser honesta eu costumo pensar no Antônio Banderas quando a pessoa não me atrai visualmente.
Mas nestas horas, não posso me dar ao luxo de protestar.
Eu vou transar. Numa quarta-feira à noite.
Eu não acredito muito em milagres, mas obrigado Deus.
Seus beijos urgentes me abandonam e o doce som de um cinto sendo aberto é ouvido, eu decido ser ousada e me ajoelho ajudando a baixar os jeans gastos, ao ver o objeto de todo meu desejo bem diante dos meus olhos meu cérebro trava destruindo tudo que imaginei nos últimos minutos.
Eu sou humana e sei o que é um tamanho médio, mas não consigo evitar de comparar com os belos espécimes que aparecem nos filmes pornográficos. Qualquer homem na história do planeta me julgaria por pensar assim, mas se você transa como um ator pornô e acha que é o melhor parceiro sexual da terra não tem o direito de me julgar.
Desculpa garotos, mas é um pensamento automático.
Só espero que a depilação esteja em dia.
Podem me chamar de crítica, mas nós mulheres temos um ritual básico de preparação, desde a limpeza geral a uma depilação adequada, sentimos que precisamos estar limpas para que o prazer masculino seja garantido.
Então imaginem a injustiça que seria passar uma hora se depilando no banheiro em todos os ângulos possíveis e se deparar com a selva escura e sombria na hora H, quase se pode ouvir o Tarzan nesses momentos e não é nada legal.
- Pode me ajudar. – Ele retira o preservativo do pacote e expõe o pedaço de plástico diante dos meus olhos, uma solicitação silenciosa de que eu devo fazer isso, agradeço internamente por não ter um único rastro de pelo pubiano à vista.
Seria desespero demais aceitar isto.
Percebo que ele quer que eu ponha o preservativo com a boca após ele traçar o contorno dos meus lábios vagarosamente com seu dedo. Eu já li sobre isso em algum lugar, em sites especializados que ensinam esses fetiches estranhos aos homens e mulheres, já ouvi até sobre casos em que as mulheres engoliram os preservativos por acidente.
Posiciono o preservativo em seu local adequado e tento ao máximo evitar que meus dentes se choquem na pele delicada. A expressão de prazer nos olhos dele conforme eu deslizo minha boca é fascinante, mas sinto meu corpo tencionar ao sentir algo prender quando tento tirar a boca ao terminar de posicionar o preservativo de forma adequada.
Quando eu tinha quinze anos precisei usar aparelho para corrigir o posicionamento dos dentes, após dois anos de tratamento ele foi removido e precisei usar uma contenção para manter o resultado. Isso me garantiu um sorriso perfeito que muitos elogiam nas raras vezes que tiro fotos.
Acontece que neste exato momento eu senti o látex da camisinha prender na minha contenção e como um plano amaldiçoado dos deuses, o cara achou que era a hora perfeita para adentrar de vez na minha boca, o movimento surpresa me fez entrar em pânico e num movimento automático eu acabei por mordê-lo com certa brusquidão.
O primeiro som que eu ouvi foi um rugido de dor, que seguiu com a remoção do mesmo dos meus lábios fazendo um buraco enorme na camisinha, em toda humilhação da situação a pior parte não era o fato de eu estar seminua num banheiro masculino com um caso grave diante dos meus olhos.
Pois tudo que eu conseguia pensar é que neste momento tem uma camisinha presa na minha boca. Nada na terra poderia ser mais humilhante que isto.
Los Angeles, Quinta-feira. O sol brilhava no céu às sete da manhã, as cortinas do pequeno kitnet estavam abertas quando Allie correu até o fogão para desligar a chaleira fervente. Saindo da cozinha com uma xícara fumegante de café ela seguiu para o espelho do corredor checando sua aparência. O uniforme da loja estava bem passado e as calças jeans serviam com maestria em suas coxas grossas, destacando os sapatos brancos que lhe davam um charme levemente feminino. Maquiada com nada além de um delineador de gatinho, ela seguiu até a janela tendo uma vista adorável de Church urinando em sua caixinha de areia. O gato de pelo cinzento se preparava para uma longa briga com as flores do vizinho do andar superior, seria
Para Allie, os dias foram regados a faxinas desagradáveis e maratonas de antigos seriados de comédia na televisão. A rotina triste de uma mulher solteira que nunca tem tempo de lavar a roupa. Quando o meio da semana chegou trazendo uma liquidação nova na loja, o caixa estava lotado com longas filas graças aos quarenta por cento de desconto que o gerente havia declarado em todas as roupas disponíveis. O dia havia sido um caos, Allie tinha ouvido mais reclamações sobre o limite do cartão de crédito do que jamais ouviu, os gritos de reclamação dos clientes a faziam querer ter a visão do Superman e desintegrar cada um deles ali mesmo. Quando se sentou no ônibus na volta para casa, agradecida por ter conseguido um assento no início da viagem, Allie se surpreendeu por seu celular ter vibra
Relato de Allie Edwards - Um mentiroso chamado Tyler Às vezes as coisas são ótimas, por isso amo a realidade criada por celulares. Eles te permitem falar o que pensa para alguém sem que ela te dê uns tapas de imediato. Eu comecei a escrever esses relatos porque sou incapaz de falar o que penso em voz alta, mas se está escrito e ninguém vai ler. Que todo mundo se dane! Eu não estou aqui para falar do meu hobbie secreto, estou aqui para falar do Tyler. O maravilhoso... Perfeito... Quando estacionou o carro na garagem do edifício ele suspirou vendo Church sentado sobre um ar condicionado no quinto andar, por dois minutos ele observou a estrutura se questionando como o gato havia parado em um lugar tão absurdo. Mas nada no mundo poderia responder aquilo, as leis da física simplesmente não se aplicavam aqueles animais pequenos e malévolos. Subindo até o elevador ele se surpreendeu ao ver Allie lá dentro com olheiras tão profundas que assustariam um demônio. Entrando na gigantesca bolha de constrangimento Gregory a observou analisar todos os pontos do elevador para evitar observá-lo. Se recordando da dívida que Allie teria com ele talvez pelo resto da vida graças ao animal medonho que ela criava em seu apartamento, Gregory soltou a bombaUm "não encontro" com o meu vizinho
Los Angeles, Quinta-feira Ainda pela manhã Allie estava parada diante das grandiosas janelas do Instituto de Publicidade Hilst, uma empresa multimilionária de Los Angeles responsável por grande parte das empresas da cidade. Camille havia lhe mandado um e-mail a dois dias lhe informando tudo sobre a sua reunião com Philip Majors. O co-fundador do IPH e seu amigo mais antigo, acontece que Philip estava estreando seu novo programa de estágios para jovens talentos e aquela era a oportunidade perfeita para testar as capacidades de Allie no ramo. Vestindo uma roupa social e usando um penteado formal, Allie esperou até que uma das secretárias a chamasse para sua reunião com Philip e Oliver, o supervisor de RH do instituto.
Ao entrar no apartamento, Allie se sentou no sofá completamente exausta, observando o teto, ela reparou na mancha cinza se formando ao lado da lâmpada e percebeu o quanto seu apartamento era ruim.Sentindo falta da correria sem fim de Church, Allie resolveu procurá-lo pelo apartamento, encontrando nada além tapetes revirados num rastro simbólico de que ele esteve ali o dia inteiro.Seguindo até a janela da sala em frente a escada de emergência, Allie se surpreendeu ao ver Gregory acariciando as orelhas de Church com uma escova de cabelos laranja.Havia um cheiro suave de chá de canela no ar, os cabelos de Gregory estavam molhados e caindo suavemente sobre sua testa numa franja infantil, a imagem de seu vizinho
Mais uma semana se passou e o departamento de publicidade da IPH estava animado com a chegada da convenção de cosméticos da Elvens. Allie e Sam se correspondiam o tempo todo trocando detalhes do evento e sobre o alcance da campanha nas mídias sociais. Por regras da empresa, que Mey Lee fez questão de deixar muito claro para Allie, apenas o Supervisor de projetos do departamento e o CEO tinham permissão de comparecer como representantes da empresa no evento. Aquilo havia frustrado Allie em proporções épicas, pois aquela era a sua chance de ver seu trabalho realizado, não só nas publicações virais na internet, mais na convenção. Então quando Sam lhe enviou o convite da convenção por e-mail no fim do dia, seu coração saltou do peito como se fosse u
Los Angeles, Quinta-feira.Duas semanas após o terrível incidente com Sam Evans, Allie ainda colhia os frutos do projeto da Elvens, finalizando seu primeiro mês no departamento de cosméticos com sucesso.Naquele manhã Philip havia lhe enviando um email com as notícias sobre sua nova instalação de trabalho, ele pretendia realizar uma rotatividade com Allie nos diferentes setores da empresa pelo período de seis meses, até que encontrassem um setor adequado para os talentos dela.Durante o café da manhã com Gregory em sua minúscula sala de estar, Allie relatava todos os detalhes sórdidos do evento da Elvens e todas as bonificaç&otil