Acordo em minha cama no orfanato, cercada por outras crianças que não têm pais. Mas eu não sou uma delas, porque minha mãe, a Carmen, é a dona deste orfanato. Ela é uma mulher bonita e gentil, com cabelos negros e olhos castanhos, mas eu simplesmente não gosto de estar aqui. Hoje é mais um dia normal no orfanato. Eu não ajudo minha mãe a cuidar das crianças, porque eu não quero. Prefiro ficar sozinha, lendo meus livros de aventura ou desenhando paisagens imaginárias. Às vezes, eu escondo algumas coisas das outras crianças ou faço pegadinhas, só para me divertir.
Eu não gosto das outras crianças no orfanato, elas são chatas e irritantes. Eu não gosto da menina chamada Sofia, que é quase da minha idade. Ela é tão boba e infantil que vive chorando por qualquer coisa e
Eu não quero ser gentil, não quero aprender a ser uma pessoa melhor, como mamãe sempre diz. Eu sou assim e não vou mudar! Enquanto observo o menino brincando com as outras crianças, sinto uma sensação de inveja e frustração. Percebo que, mesmo que eu tenha a minha mãe e pessoas ao meu redor, ainda me sinto sozinha. Eu sei que deveria tentar ser mais gentil, mas não quero ser, eu vejo a mamãe chorando no quarto dela, quando ela vai dormir. Pessoas boazinhas sofrem. Gosto de ser assim e não quero mudar, não quero ficar chorando como a mamãe. Eu continuo fazendo maldades com as outras crianças no orfanato e não me importo com as consequências. Fico de castigo, sem comer as coisas gostosas, levo algumas palmadas e não estou nem aí.••••••• 🌺🦋🌺 ••&bull
Hoje começou a nevar. Mais uma vez, o Ferrugem fugiu de mim. Já faz um ano que ele está aqui no orfanato e desta vez ele se escondeu no sótão. Ele é louco de subir lá em cima, é muito mais frio. Então me sento para assistir televisão e dou graças a Deus por esses pirralhos não estarem aqui brigando pelo controle. Vejo quando o Ferrugem desce as escadas correndo e minha mãe chama a atenção dele, mas ele não para e continua correndo. Vou até a janela e observo ele indo até o portão. Minha mãe vai atrás dele, já que está nevando. Então minha mãe abre o portão, pega algo enrolado em um pano e entra correndo. Ferrugem vem atrás com uma caixa nas mãos e ela sobe direto para o quarto. Então resolvo ir atrás para ver o que é. Uma bebê nova em uma caixa de papelão&h
Acredite ou não, não suporto a minha irmãzinha Ayumi, de apenas quatro anos, e faço questão de deixar isso bem claro. Mas há algo sobre a presença de Kaléo, uma das crianças do orfanato que a minha mãe cuida, que às vezes me faz querer agir como uma pessoa boa. É estranho, eu sei, mas eu gosto da atenção que recebo quando sou gentil na frente dele. Estamos brincando no quintal, Kaléo vem até nós. Ele vai fazer dez anos e eu onze, então acredito que veio nos convidar para seu aniversário, já que ele foi adotado por uma família rica. Só que ele sempre vem vê-la, parece que só tem olhos para a pirralha da Ayumi. Ela vê ele e corre em sua direção com seu sorriso doce e inocente, e eu finjo ser legal, afinal, quero chamar a atenção do Kaléo, ele é lindo e não se parece
Anos depois…A casa da Havah parecia um refúgio maravilhoso para passarmos o final de semana. Eu e Ayumi fomos convidadas, já que ela é amiga do Kaléo. A mãe dele, generosa como sempre, ofereceu-se para nos levar até a casa de praia. Seria uma festa incrível. Eu já não suporto mais os sorrisos entre a Ayumi e o Kaléo, como se fossem dois pombinhos. Porém, mal sabiam eles que minha presença estava longe de ser amigável. Estávamos sentados na toalha de piquenique, quando Kaléo se levanta.— Vou buscar mais suco.— Eu te ajudo. — Digo, me levantando e o seguindo pelas escadas.Assim que entramos e chegamos na cozinha, traço vários planos em minha mente, até que vejo uma excelente brecha, como uma raposa astuta. Ele pega a jarra de suco e eu me aproximo disfarçadame
O ressentimento cresce dentro de mim, alimentando minha determinação de acabar com ela de uma vez por todas. Enquanto Ayumi se delicia com o café da manhã, meu olhar se fixou nela, implacável. Eu sinto um prazer sádico ao imaginar seu sofrimento. Ao vê-la perder tudo o que conquistou. Eu faria qualquer coisa para que Kaléo voltasse sua atenção para mim, mesmo que isso signifique destruir Ayumi no processo. A inveja corroí minha alma, como um ácido corrosivo, consumindo qualquer resquício de bondade que pudesse existir em mim. Eu não me importo com as consequências dos meus atos, desde que consiga o que desejo. Ayumi é meu alvo, a representação de tudo o que eu odeio: alguém que tem tudo e não merece nada. A batalha entre nós está prestes a atingir um novo patamar. Eu estou determinada a provar que Ayumi não é digna do K
Ayumi, sempre tentando ser a heroína, decidiu levar o Carl para conhecer nossa mãe e eu. Ela realmente acha que pode mudar alguma coisa? Mas está muito enganada. Eu não suporto Ayumi e nada vai mudar isso. Vejo Ayumi chegando com Carl de mãos dadas, aquele sorriso bobo e irritante no rosto dela. Ela está tão ansiosa para nos apresentar seu novo “troféu”. Reviro os olhos, mal conseguindo conter minha irritação.— Olha só quem decidiu nos visitar — provoco. — Trouxe seu amiguinho para nos apresentar, Ayumi?— Sim, Amora. Queria que vocês o conhecessem — ela olha para ele sorrindo. — Ele é uma pessoa maravilhosa… Amora, mamãe, esse é o Carl, o meu namorado.— Muito prazer, senhora. — Ele estende a mão para a minha mãe que o cumprimenta e ele beija a mão dela.
— Não queria isso para mim, mamãe — respondo com frieza. — Cansei de ouvir que sempre tinha que ser a responsável, a correta, a perfeita. Eu cansei de sempre ouvir que tinha que dar o exemplo, ajudar a cuidar daquele monte de crianças. Era, para mim, receber atenção e amor… — minha mãe tenta se aproximar de mim, mas eu me afasto. — Você nunca vai entender, mãe! Nunca sentirá jamais a dor da humilhação por morar em um orfanato, por viver ao redor de várias crianças sem mãe e que te menosprezam por pensar que você era uma delas. A senhora nunca vai saber o que é passar horas no banheiro fedorento da escola fugindo de alunos que queriam te bater, só por você viver em uma casa cheia de crianças abandonadas. É tarde demais para isso tudo, nada do que fizer mudará os meus sentimentos ou as marcas que ficaram na minha alma. Você nunca fora capaz de me dar o que eu precisa, e agora é tarde demais para tentar consertar isso. Você foi uma mãe para todos, menos para mim, enquanto eu só queria
Dias atuais.Às vezes me pego pensando se realmente quero estar com ele, mas tenho o que sempre quis, sou notada, mimada e amada. Ele me ama de uma forma diferente, eu sei, porém, me sinto amada. Coisa que não me sentia quando ela estava por perto, aquela garota tomava tudo de mim, eu vivia a sua sombra e apenas ganhava as migalhas. Até mesmo a atenção da Carmem, tudo ela tomou de mim. Eu fiz de tudo para que ela não se sentisse da família, aquela menina nem mesmo tinha o nosso sangue, bastarda! Nem mesmo a mãe dela a quis e ainda roubou a minha.Mas agora sentada aqui na varanda deste quarto não acredito no que Carl me disse, ela não pode estar viva, não pode! Ayumi voltou do inferno para tomar a minha paz, a minha vida novamente. Eu não irei mais me esconder e viver atrás de sua sombra porque eu vou matá-la e nada vai me impedir, nem mesmo ele&h