Ingrid seguia viagem montada em seu cavalo branco, ao lado de seu pai. O silêncio entre eles era palpável, pesado e a angústia crescia dentro dela. Desde o encontro com a anciã, anos atrás, sua confiança em Gudrun havia se dissipado. Ele era um homem amante da cobiça e do poder, era capaz de tudo por eles. Quando jovem, ela foi tão apaixonada por ele e pela forma como comandava seu reino que ignorou os rumores sobre a morte de sua mãe.A ideia de seu pai ter entregue sua mãe em sacrifício aos deuses, em troca de poder, parecia absurda. Como ele poderia ser capaz de uma loucura dessa magnitude? Neste momento, refletia durante a caminhada e via que sim, ele poderia ter cometido tal atrocidade. A cobiça transforma as pessoas e ela se perguntava até onde um homem seria capaz de ir em nome da ganância e da ambição. Ela não queria pensar nisso, mas a verdade era que, anos atrás, ela própria havia cometido um ato similar, condenando duas vidas por um amor platônico. Será que valeu a pena?E
Nas Terras do Norte…Ragnar e Astrid acabavam de enterrar seu filho. Era doloroso demais. Ele se aproximou de seu pai, Bjorn, recebendo como consolo um abraço apertado. O rei do Reino do Relâmpago sentiu o corpo do filho tremer contra o seu e essa conexão era tudo o que ele precisava naquele momento. À distância, Erik estava abraçado a Sigrid e a dor que emanava dela era quase tangível. O elo entre eles era forte, profundo e intenso. Ragnar e Erik não eram apenas irmãos de coração, eram irmãos de alma, ligados por experiências e vidas passadas.Erik sentiu a tristeza de Sigrid enquanto ela suspirava fundo, ele a virou para si e ao olhar em seus olhos, percebeu que chorava. Compreendendo que ela precisava de um momento a sós, levantou-se e segurou o braço da namorada, guiando-a para um canto mais privado.— O que houve, meu amor? — ele perguntou, com a voz suave e encorajadora.Sigrid sorriu levemente ao ouvir o carinho em suas palavras. Olhou para Astrid que estava abraçada com Fr
Nas Terras do Norte…Agatha estava sentada ao lado da fogueira, observando o céu. Notou que as estrelas estavam ausentes e a lua ainda não ocupava seu lugar no alto. Um frio estranho percorreu sua espinha, como um presságio sombrio. Ela se abraçou lentamente, suspirando fundo, sentindo a dor de seu Meishu. Nunca havia visto Ragnar tão vulnerável, chorando em desespero enquanto era abraçado pelo pai. O grande líder, que sempre se mostrou forte, agora estava quebrado.Ela sentiu um alívio ao perceber que Ragnar finalmente havia encontrado sua rainha, a mulher que conseguiu penetrar em seu íntimo. Astrid era doce e forte e Agatha não conseguia imaginar como teria reagido se estivesse em seu lugar, enfrentando a perda de um filho. Suspirou, sonhando com um futuro que parecia cada vez mais distante: um lar, um esposo amoroso, um filho…Um leve sorriso surgiu ao imaginar se os guerreiros com quem havia se relacionado perceberam que, por trás de sua aparência dura e forte, existia uma mulh
No Covil da Bruxa…A lua estava no ponto mais alto do céu, lançando uma luz prateada e intensa sobre o local. Gunnhild se posicionava ao lado de Ingrid, preparando-a para o ritual. A morena, ainda tomada pela incerteza, sentia um turbilhão de emoções, mas sabia que precisava confiar em seu pai. A feiticeira havia explicado que, em determinado momento, ela teria que conjurar palavras em uma língua antiga e, em seguida, beber uma poção que a colocaria em um estado de torpor. Com um último suspiro, Ingrid ingeriu o líquido, desmaiando segundos depois.— Pronto. Agora vamos prepará-la para Jotun — disse Gunnhild, sorrindo para Gudrun.A feiticeira, cuidadosamente, colocou Ingrid sobre uma mesa que se assemelhava a um altar. Tochas foram acesas em cada canto do local, iluminando a escuridão de maneira sinistra. Gunnhild amarrou os braços e as pernas de Ingrid, imobilizando-a completamente. Ela então começou a arranjar os itens necessários para o ritual, incluindo os animais que seriam sa
Nas Terras do Norte…Astrid, Sigrid, Thyra e Ylva estavam reunidas na grande sala, o clima estava pesado, pois a dor da despedida do pequeno herdeiro, ainda pairava sobre elas e a tristeza se misturava à incerteza do futuro.Thyra foi até a janela e olhando para o céu, notou que não havia estrelas, apenas a lua brilhava intensamente no alto. Um arrepio percorreu sua espinha e seu poder começou a oscilar, inquieto. Uma angústia se formou em seu peito, pressentindo que algo muito ruim estava prestes a acontecer.Rolf, percebendo que sua amada não estava bem, levantou-se e se aproximou dela, envolvendo-a em um abraço acolhedor.— <
Nas Terras do Norte…Inga partiu rumo às montanhas geladas do norte. Ela precisava de um lugar para se esconder e decidiu que o covil da bruxa era o mais adequado. Sabia que precisava se afastar da fúria de Ragnar, certamente ele viria atrás dela.Era hora de pensar e se aliar aos inimigos do selvagem, Gunnhild se tornava um deles. Sabia também que Gudrun desejava poder e imortalidade e que o príncipe do Reino da Água queria a princesa Astrid. Assim, ela faria alianças com os três.Não tinha nada a perder.Não era mais bem-vinda no reino do Norte, Não tinha mais ninguém. Era dona de sua própria vid
Nas montanhas geladas do norte…Gudrun despertou e percebeu que estava deitado numa cama bastante conhecida. Gunnhild se encontrava ao seu lado e o observava de maneira curiosa. Vendo a hesitação da mulher, o homem se levantou e foi logo perguntando:— O que aconteceu?— Você desmaiou. Acredito que seu corpo ainda está se acostumando com o seu poder. Você precisa doutrinar os poderes das bestas, precisa conectar os seus poderes com os delas. Elas são um pouco temperamentais, por isso no início será um pouco difícil. Vai precisar de minha ajuda p
Nas Montanhas Geladas do Norte…Ragnar estava em seu quarto, observando a lua através da janela. Seus pensamentos estavam tumultuados por tudo o que havia ocorrido nos últimos dias: a dor de ter enterrado seu filho, o sofrimento de sua rainha e a guerra que se aproximava. Entretanto, um sorriso surgiu em seu rosto ao recordar que, em meio a tantas desgraças, uma boa notícia tinha surgido. Ele descobrira quem era seu pai. Quando Bjorn compartilhou as histórias sobre sua mãe, Ragnar absorveu cada palavra. Já ouvira relatos de seus feitos, como era querida e admirada pela aldeia e como seu jeito forte e temperamental a tornava única. Mas ouvir seu pai falar sobre o amor que eles compartilhavam aquietou seu coração.Às vezes, ele sent