129. O Peso do Silêncio

Alice

O abraço de Emilie aperta meu peito de um jeito que nenhuma palavra consegue descrever. Sinto o soluço dela contra meu ombro, seu corpinho tremendo, o desespero silencioso de uma criança que carrega dores grandes demais para sua idade.

Meu olhar encontra o de Filipe. Ele entende. Todos ali entendem. Mas ninguém sabe o que dizer.

— Você não está sozinha, meu amor — sussurro, deslizando a mão pelos seus cachinhos castanhos.

Ela não responde. Apenas esconde o rosto em mim, como se fugir do mundo fosse possível ali, nos meus braços.

PG se inclina sobre a mesa, encarando Emilie com aquela expressão séria, mas carregada de cuidado.

— Cachinhos, quem te disse que seu pai te abandonou porque não te ama?

Ela balança a cabeça.

— Ninguém. Mas se ele me amasse, ele estaria aqui, né? — sua voz sai embargada.

Silêncio. Um silêncio cruel. Daqueles que fazem os segundos parecerem horas.

Olho para meu pai. Ele engole em seco, claramente afetado pelas palavras de Emilie.

— Nem sempre é
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