NARRADORA— Mas eu não confio nela...— Pode estar mentindo, e a matilha do pântano não é brincadeira...— E daí se ela estiver mentindo? Vamos embora daqui e problema resolvido. Melhor ainda, façam um cronograma pra ver quando cada um vai dar uma trepada. Depois eu conto quem ela cavalga melhor.Callum falou sorrindo de lado, com malícia.Nada a ver com a carinha de bom moço que ele mostrava pra Inna.Depois voltou correndo para o seu vagão.Estaria muito ocupado nas próximas horas.— Sergy? — todos ficaram meio indecisos e perguntaram ao comerciante veterano.— Vamos, vamos sair daqui logo. Tem algo que não tô gostando e tô com um pressentimento muito ruim.Respondeu olhando para os limites do pântano e correndo rápido pra movimentar a caravana.Sergy já estava se arrependendo de ter trazido o filho do Alfa nessa aventura.Aquele idiota ia meter todos eles numa encrenca.*****Alguns dias depois, gemidos ambíguos ecoavam dentro de um dos vagões da caravana de comerciantes.Inna cava
NARRADORAAlgo se aproximava em disparada ao comboio parado na estreita estrada de terra.Patas velozes avançavam na direção deles e o vento trazia o cheiro de lobos poderosos.— Alarme, todo mundo de pé! Porra, levantem, estamos sendo atacados!Gritaram, chamando todos, que mal tiveram tempo de despertar antes de serem cercados por olhos lupinos e caninos ameaçadores vindos das sombras da floresta.— Irmãos lobos, o que desejam? Não invadimos território de nenhuma matilha! Somos apenas humildes comerciantes!Sergy gritou na direção de onde sentiu o cheiro do lobo Alfa mais forte.Por dentro, não estava nada tranquilo. Algo lhe dizia que essa desgraça tinha a ver com aquela mulher.Ele tinha sido o único que não a tocou.Era emparelhado com sua companheira e não se interessava por outras fêmeas.— Tem uma mulher na sua caravana que pertence à minha matilha. Quero ela de volta agora ou se prepare para perder a cabeça — Hakon saiu da escuridão, mortal e feroz.Seu corpo impressionante,
NARRADORAOlhos negros agonizantes olhavam para o céu escuro, o sangue manchava o rosto deformado cheio de cicatrizes, músculos visíveis sob uma pele queimada em carne viva."Se ao menos eu não tivesse feito isso."Se arrependeu amargamente enquanto sua consciência a abandonava, libertando-a da dor.As Centúrias cercaram os pedaços do cadáver esquartejado de Inna.Uma delas se aproximou da cabeça arrancada, jogada de lado como um resto humano, e lançou uma bola de fogo para incinerá-la.Nada parecia suficiente para aplacar sua fúria, mas morderam, arranharam, queimaram e despedaçaram repetidamente, pedaço por pedaço, durante horas.Um uivo lupino ecoou no meio da floresta, seguido pelo som de patas correndo pela grama.Os enormes machos do gelo que acompanhavam as Centúrias voltaram para o lado delas, seguidos pelos guerreiros do pântano.Todos estavam voltando para casa, com menos peso no coração.*****Vincent não sabia como entregar as frutas para Raven sem ser mal interpretado.Se
A AMEAÇA DO CONTINENTE PROIBIDONARRADORA— É o continente mais selvagem e perigoso de que se tem notícia.Aaron se colocou diante de todos no salão do trono e começou a relatar o que sabia.Tudo já havia sido explicado ao conselho privado do Rei, do qual Hakon agora também fazia parte.— Assim que cheguei ao Continente dos Bruxos e pude investigar, tentei descobrir algo sobre aquela criatura que me deixou profundamente impressionado. O nome dela é Drakmor — disse.Todos o olhavam intrigados.Não tinham visto a parede de gelo, e a história parecia tão irreal.No entanto, ali estava, diante deles, nada menos que o Druida de um Clã que todos acreditavam extinto.— Os Drakmor são criaturas sanguinárias, vis, astutas. Cobertos de escamas negras duríssimas, com vários olhos vermelhos como sangue, que vigiam tudo ao redor.— Por sorte, não andam em grandes grupos, no máximo dois ou três, mas acreditem, isso já basta para espalhar o caos em nosso reino. Mesmo em seu próprio continente, são t
NARRADORAVincent nem perdeu tempo tentando se explicar.Além disso, como explicar o inexplicável?Amber realmente era sua companheira destinada e ele não pensava em abrir mão dela.Cedrick se transformou no ar, rasgando as roupas e se lançando contra o Beta em sua forma de enorme lobo branco.Artemis também tomou o controle do corpo humano, liberando sua forma de lobo negro como azeviche, e começou a lutar com garras e presas para se defender.Sempre tinha resistido bravamente à ferocidade de Eamon, mas hoje, totalmente furioso, os ataques eram ainda mais implacáveis e letais que o normal.— Aaaaah, esse homem me tira do sério às vezes e depois chama o Hakon de selvagem! Já chega, Cedrick! Deixe Vincent em paz!Raven chegou quase correndo junto com os anciãos para assistir à briga.Seu ventre latejava com um incômodo desconfortável.O pelo de ambos os lobos estava coberto de sangue, mas principalmente Artemis, que agora rosnava lutando debaixo do corpo de seu Alfa.Apesar de morder c
NARRADORA— Não fale besteira e se cubra direito, você está na frente da minha fêmea! — Cedrick rosnou, bufando irritado logo em seguida.— Admito que não existe homem melhor para cuidar da minha Amber do que você. Confiaria minha vida a você, como já fiz outras vezes com minha família. Mas... por que ela tinha que te reconhecer tão cedo?— Pelo menos devia ter me dado 18 anos para tê-la só para mim, caralh0, Vincent! Você sabe tudo que perdi com Aidan! Ela é minha pequena, minha filhote, e agora vou ter que te aguentar babando por ela o tempo todo!— O quê?! Você sabe que não a verei dessa forma até ela ser adulta! Que tipo de doente mental você acha que eu sou?! Eu só quero protegê-la, faço o mesmo com Aidan!Vincent apertou o nariz entre os dedos, tentando organizar os pensamentos.— Cedrick, eu entendo seu ciúme de pai, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. O carinho é diferente.— Eu não vou desistir da Amber. Vou esperá-la pacientemente até que seja adulta. Mas a sua fil
NARRADORAUm enorme predador Drakmor projetou sua gigantesca cabeça para fora da caverna, enquanto a escuridão tomava conta do pântano.Seus olhos escarlates vasculhavam os arredores, em busca de fontes de vida, farejando o ar.Saiu com cautela da caverna, caminhando sobre quatro patas poderosas com garras afiadas, e logo atrás, uma fêmea Drakmor, menor, o seguiu.Há anos lutavam contra aquela barreira de gelo e sabiam muito bem que atrás dela havia um banquete suculento.Por que teria caído de repente?Não eram tolos. Suspeitavam de uma emboscada, mas não tinham medo.Sua armadura de escamas era praticamente impenetrável.Avançaram, adentrando a alta vegetação e se movendo em direção às águas rasas do pântano.Nem o som dos animais se ouvia — toda a vida parecia ter desaparecido. Ainda assim, a brisa trouxe o cheiro das presas: estavam numa ilha próxima, talvez desprevenidas e dormindo.«Ssshhh», um sibilar ecoou na escuridão, uma ordem trocada entre as duas bestas colossais.O macho
NARRADORAO rugido de dor ecoou do Drakmor macho ao ser perfurado pelas extremidades pontiagudas de gelo, que finalmente atravessaram algumas de suas escamas protetoras.“Não fiquem paradas como idiotas, corram para um lugar seguro! Isso só vai detê-lo por um segundo!”Aaron gritou em suas mentes, e então as Centúrias reagiram, saltando para galhos próximos.O enorme Alfa do Pântano também aterrissou na ilha mais próxima, soltando Alondra.Ela estava assustada e ferida na perna — mais pela mordida de Hakon do que por outra coisa — mas ao menos estava viva, e aquilo não era nada comparado ao que poderia ter acontecido.“Não posso perder nenhuma de vocês, meninas! Suas Betas me matariam! Protejam suas costas, não saltem direto para o perigo!”Hakon ordenou em suas mentes, e as Centúrias lhe agradeceram do fundo do coração.O Drakmor macho enfureceu-se terrivelmente.Mordeu ferozmente as pontas de gelo para se libertar e perseguir sua presa, mas eles não iam perder essa oportunidade.Alé