NARRADORADalila a encontrou meio moribunda e enlouquecida, e ficou com as poucas Centúrias sobreviventes para curar seu corpo e sua mente.Nessa guerra absurda, ambos os lados haviam perdido vidas inocentes, e se Anastasia seguia sua Alfa com tanta fidelidade e devoção, era porque Raven havia conquistado isso — com sua justiça e sua coragem.Essa geração de Centúrias estava cansada de tanto ódio. Tudo o que queriam era viver em paz… e que sua raça, os lobisomens, as perdoasse e as aceitasse.*****— Raven, você está muito mal! — O círculo de runas se iluminou e Cedrick apareceu abraçando com força Raven, que respirava com dificuldade.Dalila gritou assim que os viu, e as feromônias do cio os atingiram no rosto como um tapa.O tio de Cedrick imediatamente saiu da caverna de gelo e se escondeu em outra sala mais interna, para evitar qualquer confronto com o Alfa, já que a fêmea estava em cio tão próxima.Era o instinto natural — e Cedrick estava se controlando muito bem ao permitir que
NARRADORASilvana observava do alto de uma colina as enormes letras flamejantes desenhadas com magia acima do castelo.Podiam ser vistas de longe, era uma mensagem, e ela sabia muito bem que era direcionada a ela.“Mortimer está aqui”Era o que dizia, uma isca clara para atraí-la. E é claro que estava interessada — achava que ele estava morto, mas agora tinha esperanças. E se ele estivesse vivo, ela o reconquistaria.Aquele homem era dela.Será que aquela maldita também sobreviveu?Não, não, não. Ela mesma se encarregou de sugar até a última gota da magia de fogo daquela vadia! Eles não podiam estar felizes e juntos!Os olhos vermelhos de Silvana fitavam o castelo, onde ao longe, as defesas estavam sendo reforçadas.Era bom que aquelas mulheres de fogo estivessem preparadas, porque já que tiveram a ousadia de atraí-la, agora teriam que lidar com as consequências dos próprios atos.Ela libertaria os homens-gelo do jugo em que viviam. Eles só estavam confundidos por causa daquelas cadel
NARRADORA— Filho, vai com o vovô ali na frente, a mamãe já volta.A mulher disse ao menino, ajudando-o a se levantar e limpando as lágrimas com as mãos sujas, forçando um sorriso falso para acalmá-lo — um sorriso que, na verdade, partia o coração.Por manter seu filhote vivo, ela faria qualquer coisa.Por um pedaço de pão duro e um pouco de água para sobreviver, deitaria com aquele nojento desprezível.— Não, não quero, não mamãe, aquela mulher foi embora e nunca voltou! — o filhote começou a gritar, tentando se agarrar a ela de novo, lembrando da mulher que ficava ao seu lado e que, no dia anterior, outro guarda tinha levado quase arrastada. Nunca mais apareceu.— Vai, vai, eu vou ficar bem, vai… — ela o empurrava desesperada para os braços do ancião mais próximo, com medo de que o espancassem.— Cala a boca, pirralho! — a paciência do brutamontes de pelo castanho-avermelhado estava se esgotando e ele já levantava a mão para dar uma boa surra naquele fedelho.Tanto drama só pra fode
NARRADORAO sabor forte de almíscar e peixe a sufocava, as ânsias ameaçavam fazer com que vomitasse a bílis do estômago.Ela não aguentava mais. Esse era o seu limite.O lobo achava que agora sim iria aproveitar aquela mulher que vinha cobiçando fazia tempo.Suas ancas estavam prestes a começar a se mover naquela boquinha delicada quando, de repente…— AAAAAAHHHHH MALDITA, AAAAAHHH ME SOLTA, ME SOLTA, AAAAAHHH FILHA DA PUTA!Gritou feito louco, sem coragem de se afastar de uma vez, quando os caninos afiados da loba Clárens se fecharam em sua virilidade com tanta força que quase a arrancaram por completo, deixando-a pendurada por um fio de músculos e ligamentos.O sangue das grossas veias espirrou no rosto de Clárens, mas o ódio era tanto que ela só queria devorar aquela carne, rasgá-lo por completo.No meio de sua agonia, o homem finalmente sentiu a morte se aproximando.Estava tão mergulhado na luxúria e nos pensamentos perversos que nem mesmo seu lobo percebeu que estavam sendo caça
NARRADORA“Eu sabia! Continua sendo um cachorrinho do Alfa Walker. Devia ter te matado quando te tive nas mãos, mas nunca é tarde pra eliminar o lixo!”O enorme lobo bicolor de Theodor se aproximava rosnando, apoiando seu guerreiro, que agora se fazia de herói, quando segundos antes só pensava em fugir.Artemis finalmente se levantou, sacudindo com força a cabeça para se livrar da tontura e alongando os músculos do seu corpo poderoso.Seus caninos estavam expostos, rosnando em alerta.“SE RENDA AOS MEUS PÉS, EU SOU SEU ALFA!” Theodor não hesitou em continuar atormentando.“Jamais! Você nunca foi meu verdadeiro Alfa e nunca… vai ser!” Artemis sentia como se milhares de agulhas perfurassem sua mente, correntes tentando dobrar sua vontade.Um fio de sangue escorreu do seu nariz escuro, mas ele apenas sacudia a cabeça, frenético, resistindo ao comando com todas as forças.Cedrick jamais usaria seu poder de Alfa assim. Ele nunca machucava sua espécie como um tirano que abusa de estar no to
NARRADORAQuase todas eram lobas, e alguns poucos lobos mais velhos e calejados.Fracos, de pé apenas pela força da vontade, da vingança e da raiva.Sangue por sangue, carne por carne.A loba era Clárens.“Deixe esse guerreiro conosco. Estamos fracas, mas somos muitas. Depois te ajudamos contra o Alfa. Resista.”Ela falou pelo vínculo comum entre os lobos, ao mesmo tempo em que um círculo de morte se fechava ao redor do guerreiro, que olhava nervoso por onde escapar.Era um macho mais forte e treinado, mas estava sozinho — e os inimigos eram ao menos dez.Vincent assentiu, grato, e então concentrou toda sua força novamente no Alfa.Não importava o que tivesse acontecido, agora iriam colidir mais uma vez, mas desta vez as coisas não seriam iguais.Um adversário antes forte, preciso e letal havia se tornado hesitante, cometendo erros e sofrendo ferimentos desnecessários.Theodor estava horrorizado por dentro — não conseguia controlar praticamente nada do seu corpo!Sentia-se como uma ma
NARRADORAA lua se escondia no céu, mas mesmo assim ela o reconheceu...Era o Alfa que supostamente estava morto! O tal do Theodor!Vincent a empurrou por reflexo e já se preparava para desviar rapidamente, porém era tarde demais para escapar das garras da morte.PUFF!Um jorro de sangue saiu com pressão de seus lábios e, nas costas, uma dor lancinante e horrível o invadiu.Sentiu as garras afiadas de Theodor se cravarem, rasgando músculos e carne, perfurando em busca do coração para arrancá-lo do corpo.O outro braço musculoso do Alfa rodeou seu pescoço, imobilizando-o e mantendo-o preso contra si.Vincent resistia com tudo, rosnando e lutando, mas não entendia de onde um homem, que até instantes atrás era um cadáver, tirava tamanha força descomunal para dominá-lo.“Artemis, muda, Aaahhh! MUDA AGORA, PORRA!!”Vincent gritava desesperado em sua mente para o lobo, rangendo os dentes com a dor aguda, sem parar de lutar contra o adversário às suas costas, acertando cotoveladas e socos pa
VINCENT— Já não temos nada aqui. Um dos nossos correu até a matilha enquanto você estava inconsciente… e todos os outros… foram assassinados, como você disse.Ela baixou o olhar e falou com a voz embargada.O restante também estava com os olhos vermelhos e cabisbaixos.— Recolham os sobreviventes, as provisões deixadas pelos guerreiros. Vamos ao castelo pela passagem das montanhas! — exclamei diante de todos.— Ao palácio? Agora é um ninho de Centúrias. Você acha mesmo que vão acolher refugiados como nós?— Aquelas mulheres são assassinas…— Ó deusa, pra onde vamos agora? Só temos velhos, crianças e algumas mulheres… assim não podemos formar uma nova matilha…Soluços e lamentos. Palavras de desconfiança.Eu também não confio nas Centúrias, mas confio em Cedrick e em Raven. Ela é uma boa mulher… e é uma Centúria.— A própria Rainha Centúria os convida ao palácio. Nada lhes acontecerá. Dou minha palavra.— Têm meia hora. Se até lá não decidirem, irei sozinho — e com isso, saí para o ar