NARRADORAO imenso salão de jantar estava decorado com todos os detalhes glamorosos do palácio do Rei.Fileiras e mais fileiras de mesas retangulares longas estavam alinhadas para que os convidados compartilhassem o último dia do banquete, que coincidentemente era o aniversário do monarca.O Rei Alfa os observava de uma plataforma elevada, também sentado em uma longa mesa perpendicular à dos convidados, onde estava acompanhado de sua família mais próxima e dos membros do conselho.O Rei ainda não tinha uma Rainha.Raven e Cedrick se sentaram estrategicamente, assim como todos os outros aliados.Comiam e riam, conversavam, mas por debaixo da superfície, correntes subterrâneas de conspiração corriam soltas.“Alfa, já está na hora” — de repente Vincent disse em sua mente, e Cedrick ficou tenso.O que ele menos gostava em toda essa situação era a ideia de se separar de sua mulher, de mandá-la sozinha para assumir riscos, apesar de que, teoricamente, o maior perigo estaria com eles ao enfr
NARRADORAAntes que Raven pudesse dar um passo para trás, ele a agarrou com força pelo braço.— “Um lobo solitário não é nada sem sua matilha, um Rei sem sua Rainha…”— “Só se senta num trono vazio” — Raven completou a frase, suspirando por um momento de alívio. Ao que tudo indicava, este era o espião. No entanto, ainda faltava uma última verificação.Ela segurou o mesmo braço com o qual ele a mantinha presa e puxou a manga longa sem nem pedir permissão.Relaxou um pouco mais ao ver um dos sinais secretos que Cedrick havia dito para verificar.O homem tinha a pele coberta de cicatrizes de queimaduras por todo lado, causadas por um acidente do qual Cedrick havia salvado sua vida.Em seu braço direito, uma cicatriz enorme de mordida.Raven, sem desviar o olhar, aproximou o rosto da cicatriz e a cheirou, além de observar o formato dos caninos.“É do meu Alfa, é do Eamon.”Sena confirmou para ela e, finalmente, Raven deixou cair a última pedra de desconfiança em seu coração.Era mesmo o e
NARRADORAE ela sentiu a luz do túnel escurecer ainda mais quando o homem cobriu parcialmente a entrada com um barril, por precaução, caso alguém entrasse no depósito e visse a entrada do duto.“Certo, lá vamos nós” — suspirou e começou a avançar em direção ao seu destino. Logo chegaria o momento dos presentes... e tinham preparado um bem especial para o Rei.*****RAVENQuando eu já estava quase tonta pelo cheiro de coisa velha e decomposição, finalmente Sena me avisou que mais adiante era possível ouvir muitas vozes e o cheiro de comida se espalhava.— Certo, esta é a sétima bifurcação... e é para a esquerda — murmurei, falando sozinha.Entre os dois buracos escuros, escolhi o da esquerda.Até agora, eu me sentia muito inquieta, não só pela responsabilidade de assassinar o Rei, mas porque ali, naquele túnel tão estreito, eu não tinha muito espaço para fugir, caso algo desse errado.Aquele homem tinha ficado para trás, e isso também não me agradava, mas ao ver a pequena grade à minha
RAVENAinda assim, só tinha uma coisa na minha mente: assassinar o Rei. Não podia decepcionar o Cedrick!! Não podia!!Forcei meu poder a sair, mas também não consegui atacar, e quanto mais tentava forçar, mais dor sentia. A pior dor física que já senti atravessou meu peito.— Aaahhh, maldit0, sai, sai, maldit0 fogo!!! O que você fez comigo?! O que foi que fez?!Eu não conseguia respirar, e meu lobo de fogo parecia encarcerado. A magia, prestes a sair, ficou presa no meu braço, me queimando por dentro.— Cedrick, Cedrick, foge, é uma armadilha, foge!! — gritava feito louca agarrada à grade. Mas lá embaixo, o som da luta e dos combates abafava meus gritos frenéticos.Todos rugiam, rosnavam, e os gritos dos convidados que não estavam envolvidos ecoavam por todo lado, enquanto tentavam sair ao mesmo tempo pela porta de entrada que permanecia fechada.Eu sentia tanta dor... Mas o que mais doía era o que meus olhos viam através das lágrimas.O Rei se recuperou num segundo e se transformou n
CEDRICK“Eamon, se concentra, maldit0!!”Grrrgggrr Aaaauuuu!Estávamos sendo arrastados pela pata traseira, deixando um rastro de sangue. Eamon se virou, lutando furioso com os caninos expostos, tentando se mover para trás e alcançar a garganta do lobo negro.Eamon lhe deu uma patada, ferindo-o no focinho sensível já ensanguentado, fazendo-o afrouxar um pouco o aperto. No entanto, antes que pudéssemos escapar completamente, fomos lançados de repente contra a parede do fundo do salão.BAM!Nossa cabeça atordoada, e assim que conseguimos nos erguer, quatro lobos guerreiros me cercaram, rosnando, prontos para lutar, impedindo que eu voltasse a enfrentar o Rei.“Lute de frente, sozinho, seu covarde maldit0! Você é uma vergonha para toda a nossa raça!”Mas ele apenas me olhava de lado, e nos olhos escuros de seu lobo, eu via o cinismo estampado.Estava ferido, e era impossível lutar contra quatro guerreiros — eu também não era invencível.Caí no chão, dominado à força, com quatro corpos en
NARRADORAMarco estava muito ferido, mas mais do que o corpo, o que realmente doía... era o próprio orgulho.Teve que fingir no final, para não morrer de vez.Só queria falar com Raven naquela noite, inclusive se arriscou a entrar no quarto dela, mas ao sentir o cheiro das feromônias misturadas dos dois, a luxúria e o sexo ainda nos lençóis e no corpo dela, se deixou dominar pelos ciúmes, que nublaram sua razão.Ela era dele, não podia ser de mais ninguém!Só ele podia rejeitá-la e pegá-la de volta quando quisesse, e Raven deveria amá-lo incondicionalmente porque ele era seu companheiro. Ninguém podia lutar contra o laço da Deusa!Tentou controlar sua fúria e se concentrar no que faria a seguir.Então, essa desgraçada queria matá-lo... Desde o início, nunca deveria ter se aliado a essa traidora.Levantou-se da cama sem fazer barulho, ouvindo ela tagarelar sobre todos os planos e tudo o que faria quando voltasse para a matilha.Na única coisa em que concordava com ela, era que um dos d
NARRADORAMarco respirava ofegante pelo esforço, mas por mais que seu corpo reclamasse e o ferimento no pescoço começasse a manchar o curativo com sangue, ele não podia perder tempo — precisava fugir.A primeira coisa que o Rei faria ao capturar Raven seria marcá-la para controlá-la e, claro, por ser o seu companheiro destinado, viriam matá-lo para romper o vínculo entre eles e facilitar tudo.Ele carregou o corpo de Verena e o colocou na cama, cobrindo-a dos pés à cabeça com o lençol branco, fingindo que era ele dormindo ali.Tirou a capa larga que ela usava e a vestiu para tentar se esconder e passar despercebido.Escapou rapidamente por uma das janelas de vidro da enfermaria e olhou ao redor, com medo de que a qualquer momento viessem procurá-lo.A guarda estava relaxada, pois todos haviam sido chamados para proteger o Rei da rebelião.Em meio ao caos, conseguiu subir em uma das carroças que haviam trazido mantimentos para a celebração dentro do castelo.Antes que os portões de fer
NARRADORAO Rei a puxou para perto de si e segurou com força as duas bochechas dela, apesar da resistência, obrigando-a a encará-lo nos olhos — dois poços sem fundo.— É melhor você começar a entender quem é seu novo dono. Lutar só vai te trazer mais dor — disse ele bem perto, e Raven sentiu náuseas ao sentir seu hálito no rosto e suas feromônios tão dominantes e agressivas, esmagando-a sem piedade.Sua cabeça pulsava de dor.— Se você já é o Rei, pra que me quer? Eu nem consigo usar meu poder, sou só uma iniciante! Nem consegui te matar, desgraçad0! — ela resistiu quando ele apertou ainda mais, ao ponto de achar que ele iria deslocar sua mandíbula.— Você é uma loba brava… do jeitinho que eu gosto. Guarda essa energia pra quando eu estiver te montando nessa cama. Gosto de ser um pouco selvagem — sussurrou com os lábios bem próximos aos dela, e Raven nem conseguia virar o rosto para o lado.— Como eu vou usar o seu poder é problema meu. Você só precisa ser uma loba obediente. Escuta b