ALFA RAVEN de Escrava a Rainha
ALFA RAVEN de Escrava a Rainha
Por: Luna Nova
00. PRÓLOGO

Raven

Caminhei pelos corredores dessa mansão enorme.

Minhas mãos tremiam e suavam de nervosismo.

Meu corpo ainda estava coberto de feridas, principalmente as do abdômen, que quase tiraram minha vida.

Eu estava a caminho de ver meu salvador, o homem a quem devo estar viva hoje. Mas, acima de tudo, o único homem que pode me dar vingança e redenção.

Fui conduzida até uma sala enorme e, no final, quase como se estivesse num trono, o vi sentado, revisando alguns papéis sobre uma mesa gigantesca.

Só de estar na presença dele eu já me sentia intimidada. Ele é um Alfa puro. Mas eu... eu também não sou qualquer coisa, não mais. Então, busquei coragem dentro de mim e caminhei até o Alfa Walker.

— Disseram que você pediu uma audiência comigo, que era algo muito importante — ele disse com aquela voz profunda, sem nem levantar os olhos do que estava lendo.

— Eu tenho uma proposta pra te fazer — soltei depois de engolir em seco, e minha loba me dava forças, mesmo que a pressão do Alfa a mantivesse submissa.

— Que proposta você acha que pode me fazer que realmente me interesse? — ele finalmente levantou os olhos e me olhou com aqueles olhos azuis, frios e indiferentes, que pareciam congelar até a alma.

— O trono do Rei Alfa. É isso que eu posso te dar — respondi, e agora sim, eu tinha a atenção dele.

Por um segundo achei que ele fosse rir na minha cara, mas não. Ele apenas continuou me encarando, fazendo minhas pernas começarem a ceder.

Mas eu não vou mostrar fraqueza. Nunca mais.

— Isso é conversa grande pra uma lobinha escrava que quase morreu dias atrás. Você acha que eu tenho tempo pra perder com piadas? — a temperatura na sala começou a cair.

— Eu não tô brincando, Alfa Walker. Eu, Raven Centuria, sou descendente do Clã Centuria, Doma-Lobos de Fogo, e posso provar isso.

— Meu poder pode te levar até o trono que você tanto deseja.

Fez-se um silêncio na sala, e ele continuava me encarando, como se quisesse despir minha alma.

Mesmo com a vontade de baixar a cabeça, aguentei a intensidade e a dominação dele o máximo que pude.

Devolvi o olhar com toda a segurança que consegui mostrar, porque eu não estava mentindo.

— Digamos que eu acredite. Que você seja descendente de um Clã que eu só ouvi falar em lenda.

— Suponhamos que as provas me convençam e que você realmente me leve ao trono com seu poder... o que você quer em troca?

— Quero vingança. Quero proteção da sua matilha e poder, enquanto restauro o meu. Não quero mais ser pisada por ninguém — respondi sem hesitar nem por um segundo.

— Se você é descendente das Centurias, então já deveria ser poderosa. Mas, sinceramente, você mal consegue manter a própria vida. Isso me faz pensar de novo que está brincando comigo. E espero, por seu bem, que não seja o caso.

— Meu poder ainda não foi restaurado por completo. Ficou selado por muito tempo. Existem coisas que preciso fazer pra fortalecê-lo. Eu estaria muito vulnerável no início, como estou agora. E é por isso que preciso da sua ajuda — confessei, mordendo o lábio inferior, nervosa, porque o que vinha a seguir era a parte mais crítica.

Negociar com esse Alfa imponente não é pra quem tem problema no coração.

Vi ele olhar pra minha boca com aqueles olhos azuis frios e cortantes, e apertei ainda mais minhas mãos ao lado do corpo, rezando pra que ele não me expulsasse da matilha quando eu dissesse o que vinha a seguir.

— Então, pequena Raven... por que não para de rodeios e me diz logo o que realmente quer de mim? — a voz rouca dele ecoou, e por um segundo eu jurei que ele podia ler meus pensamentos.

— Eu... eu quero que me aceite como sua Luna — disse, e por um instante, percebi surpresa na expressão que sempre parecia congelada.

— Isso é impossível. Esse cargo é só da minha companheira destinada, quando eu encontrá-la — ele respondeu depois de alguns segundos.

— Eu não quero pra sempre. Seria só provisório. Eu preciso de algumas coisas... pra acelerar meu poder... coisas que só um Alfa poderoso pode me dar... — gaguejei um pouco, com o rosto queimando de vergonha. Eu devia estar vermelha como um tomate.

— Quando todos tivermos o que queremos, eu vou embora. Vou partir sem olhar pra trás. Nunca vou ser um peso na sua vida e renunciarei à posição de Luna falsa — prometi logo em seguida.

— Se sua companheira aparecer antes, eu também vou renunciar. Vou achar outro jeito de alcançar meus objetivos. Jamais vou ocupar um lugar à força, que sei que não me pertence.

— Seria apenas um acordo entre nós dois. Uma farsa. Nada mais que isso. Sem sentimentos envolvidos.

— Ninguém precisa saber que estamos nos usando — continuei prometendo, cada vez mais nervosa, porque ele tinha se levantado e estava vindo na minha direção.

O corpo imponente dele, com quase dois metros de altura, praticamente me cobria inteira.

Os cabelos loiros platinados, na altura dos ombros, balançavam enquanto ele caminhava com passos firmes, me envolvendo completamente com sua presença, com aquele cheiro de floresta selvagem e tundra, que sempre dominava meus sentidos quando ele estava por perto.

Se não fosse porque já partiram meu coração em mil pedaços, e porque sei muito bem que esse Alfa não é pra mim, eu cairia sem pensar duas vezes nos encantos dele. Qualquer mulher cairia.

— Se tudo o que você me disse for verdade, se me provar que pode mesmo se tornar alguém tão poderosa, então eu vou te tornar minha Luna e te dar o poder e a vingança que você quer agora — ele me prometeu, tão perto, que o hálito quente dele tocou meu rosto.

Tive coragem de levantar a cabeça e encará-lo diretamente. Poucos ousavam fazer isso.

Se existe um Alfa capaz de restaurar minha herança, é esse homem magnífico na minha frente.

— Ao ser sua Luna, tem que saber que seria em todos os sentidos, com todas as obrigações que isso traz.

— Eu vou cumprir as minhas com a sua matilha, mas preciso que cumpra as suas... na... na... intimidade — quase engasguei no final da proposta mais vergonhosa que já fiz na vida.

Se não fosse pelas malditas condições pra liberar e dominar meus poderes, nunca estaria pedindo isso a um homem.

Ainda mais depois da minha única e primeira experiência, que foi um desastre total nesse sentido.

— Acho que não vou ter nenhum problema com as minhas obrigações... na intimidade — ele respondeu num tom baixo, e senti o olhar dele percorrendo meu corpo, que se arrepiou — e não foi de medo.

Em vez de me irritar com a ousadia dele, senti um fogo começando a se acender dentro de mim.

— Então, Alfa Walker... se eu provar meu potencial... temos um acordo?

— Temos um acordo, Raven Centuria.

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