— Isso é ridículo! Você não é meu pai!
Encarei Alexandre furiosa, enquanto ele se mantinha firme de braços cruzados.
— Posso ficar a noite inteira aqui.
— Por mim pode ir para o ...
— Que escândalo é esse na frente da minha boate?
Jean Pierre saiu da boate encarando a mim e a Alexandre, a fila da Éden já chegava até a esquina e os seguranças encaravam nos dois, na dúvida de deixar ele entrar ou não, que era nossa briga.
— Ele quer entrar. – disse simplesmente.
— Ora, querida... Ele salvou sua vida, mais do que merece entrar.
— Obrigado.
Alex sorriu parecendo muito satisfeito por vencer daquela vez.
— Isso, não... não pode fazer isso!
— Já está feito, docinho.
Jean Pierre sorriu docemente, feito um anjo, qu
ALEXANDREMelissa era uma incógnita, quanto mais tentava cavar e descobrir respostas, mais e mais perguntas surgiam.Imaginei que conhecer seu pai me daria resposta sobre seu comportamento e jeito de viver a vida, mas fora ser meio avoado, não notei nada de estranho naquele homem.Exceto como a própria filha o encarava, como se ele fosse um estranho, e cada uma de suas atitudes a surpreendesse. Não fazia sentido.Pensei então que Marcos tivesse uma outra mulher, ou namorada, mas as negativas dela me provaram o contrário. E por fim esbarrei novamente com o assunto intocável, a mãe dela.Já tinha imaginado todas possibilidades, mas nenhuma parecia ser tão ruim que fizesse Melissa odiar a própria mãe.Já tinha cogitado divórcio, traição, morte e a neglig
MELISSAEle era extremamente insistente, e na minha atual situação, qualquer distração era bem vinda, então depois de me perseguir por todo dia, deixei que Fernando ficasse ao meu lado durante o intervalo e me entretece com histórias de sua “época de surfista” – palavras dele – em que ele tinha gasto muito dinheiro para se quer conseguir ficar de pé sobre uma prancha.Tinha que admitir que ele podia ser engraçado, e seu tom, tornava as histórias interessante e por alguns minutos consegui rir e me esquecer de Alexandre.— Você brigou com professor perfeição?— Suponho que esteja falando de Alexandre. E esse apelido de péssimo gosto, não reflete a verdade, ele não tem nada de perfeito.— O conhece bem assim?— E
ALEXANDREVocê até pode repetir uma mentira mil vezes, mas ela continuara sendo exatamente isso, uma mentira.Melissa tinha beijado Fernando, pareceu que ela queria que eu os visse juntos, o que era ridículo já que ela nunca me dava nenhuma chance de entender seus sentimentos, ou parecia me querer por perto.Talvez fossemos fisicamente compatíveis, e isso sim era um grande inconveniente, e por isso resistir um a outro fosse diferente, mas sentir algo, ao menos da parte dela, parecia absurdo.E mesmo que eu estivesse com Sabrina e suas amigas a minha volta, não consegui fingir neutralidade enquanto observava os dois juntos.Sem pensar fui na direção deles, mas antes que eu se quer estivesse perto ela se foi, me deixando com Fernando.Tudo bem, se ela iria dificultar para mim, eu também teria que faz
ALEXANDRETinha uma sirene em minha mente me dizendo que algo estava muito errado, nunca, em todo tempo que convivi com Melissa a vi agir daquela forma. Era como se ela não pudesse mais aguentar e tivesse explodido, não a culpava, de jeito nenhum. Só me preocupava o que isso poderia significar para ela.Milhares de coisas poderiam acontecer e não tinha certeza se nenhum daqueles cenários me agradava. Peguei meu carro e fui atrás dela, primeiro rodeando a faculdade e seus arredores e expandindo até estar a muitos quarteirões do ponto inicial.Uma chuva começou a cair forte, e era difícil enxergar qualquer coisa a minha frente, talvez devesse desistir, estava quase indo para casa e dando aquele dia como um completo desastre quando avistei uma figura em meio a chuva.Não sei o que me fez reconhecer talvez os cabelos, ou as roupas, aqueles &o
MELISSAEu me sentia inútil e fraca. Ainda envergonhada por ter chegado a aquele estado sem notar, a ponto de precisar que Alexandre cuidasse de mim. Só que aquela, por mais constrangedor que fosse, era a parte boa. Saber que ele se preocupava, que cuidaria de mim, mesmo naquela situação.A parte ruim era atestar que papai não se importava, não me notava, mesmo que eu quase tivesse morrido, mesmo com dois dias longe de casa.Ele ainda me parecia um arremedo de homem, metade, ou nem isso do que já tinha sido. Estávamos os dois quebrados, mas nele era mais fácil ver isso, e mais triste. Seus olhos transbordavam sua dor de tal modo que encará-lo por muito tempo me deixava magoada.— Estou cansada de te perdoar... de ouvir suas promessas vazias. Para mim chega papai! Estou cansada disso!— Melissa... eu
ALEXANDREColoquei Melissa que estava adormecida em sua cama e a cobri. Ela tinha chorado até dormir, conseguia entender o que ela sentia, seu pai – aparentemente – tinha se dado conta de que iria perde-la para sempre se continuasse naquele caminho e resolveu procurar ajuda. Parecia algo positivo, esperava que ele de fato pretendesse levar aquilo até o fim do contrario só magoaria ela ainda mais.E apesar das lágrimas, sabia que no fundo ela se sentia aliviada, mas imaginava que ficar sem a única pessoa que foi sua família por tantos anos, o único com que ela de fato convivia era assustador, e solitário.Para ser franco sentia que sua presença também me fazia falta. As visitas no hospital, as milhares de conversas banais e os sorrisos que consegui arrancar dela, me fizeram falta. Mesmo que só tivéssemos ficado lo
MELISSATentei me concentrar no livro que lia, precisava terminar para fazer um resumo tinha que entregar logo, tinha uma pilha de trabalhos, resumos e coisas atrasadas para entregar, mas não conseguiu me concentrar em nada que não fosse em Lizz. Minha Lizz.Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha. A garotinha mais doce, meiga e alegre que eu já tinha conhecido em toda minha vida.Ainda no ensino médio eu tinha me voluntariado em um hospital para passar algumas horas com crianças com câncer, no inicio era só um dia na semana. Mas pouco a pouco me apaguei aquelas crianças e passei a vibrar com suas pequenas conquistas, e a me alegrar quando elas se curavam. Mas por algum motivo, Lizz era especial para mim. Talvez porque nunca tinha visto ninguém da sua família , e um dia ela me disse que os pais tinham morrido e o &ua
ALEXANDREOuvi quando Lizz pediu que Melissa lhe contasse uma história e vi as duas desaparecem das minhas vistas. Terminei de ajeitar as coisas e fui bisbilhotar o que aquela duas estavam aprontando.— Era uma vez... – a voz de Melissa recitava – Uma linda e talentosa bailarina, mas ela não era qualquer bailarina. Não ela era especial, pois quando dançava ela era capaz de levar toda dor e sofrimento embora.Encostei na parede, sem querer que ela interrompesse a história.— Todos amavam a bailarina, a queria por perto... e sempre que alguém sofria, não demorava para que ela aparecesse para curar todas as dores.Fechei os olhos, sentindo toda a dor, e ao mesmo tempo esperança contidas naquela história inocente. Ela floreou, inventou, misturou a verdade com a fantasia, mas era sua história, sua vida, seus anseios.