MELISSA
Eu me sentia inútil e fraca. Ainda envergonhada por ter chegado a aquele estado sem notar, a ponto de precisar que Alexandre cuidasse de mim. Só que aquela, por mais constrangedor que fosse, era a parte boa. Saber que ele se preocupava, que cuidaria de mim, mesmo naquela situação.
A parte ruim era atestar que papai não se importava, não me notava, mesmo que eu quase tivesse morrido, mesmo com dois dias longe de casa.
Ele ainda me parecia um arremedo de homem, metade, ou nem isso do que já tinha sido. Estávamos os dois quebrados, mas nele era mais fácil ver isso, e mais triste. Seus olhos transbordavam sua dor de tal modo que encará-lo por muito tempo me deixava magoada.
— Estou cansada de te perdoar... de ouvir suas promessas vazias. Para mim chega papai! Estou cansada disso!
— Melissa... eu
ALEXANDREColoquei Melissa que estava adormecida em sua cama e a cobri. Ela tinha chorado até dormir, conseguia entender o que ela sentia, seu pai – aparentemente – tinha se dado conta de que iria perde-la para sempre se continuasse naquele caminho e resolveu procurar ajuda. Parecia algo positivo, esperava que ele de fato pretendesse levar aquilo até o fim do contrario só magoaria ela ainda mais.E apesar das lágrimas, sabia que no fundo ela se sentia aliviada, mas imaginava que ficar sem a única pessoa que foi sua família por tantos anos, o único com que ela de fato convivia era assustador, e solitário.Para ser franco sentia que sua presença também me fazia falta. As visitas no hospital, as milhares de conversas banais e os sorrisos que consegui arrancar dela, me fizeram falta. Mesmo que só tivéssemos ficado lo
MELISSATentei me concentrar no livro que lia, precisava terminar para fazer um resumo tinha que entregar logo, tinha uma pilha de trabalhos, resumos e coisas atrasadas para entregar, mas não conseguiu me concentrar em nada que não fosse em Lizz. Minha Lizz.Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha. A garotinha mais doce, meiga e alegre que eu já tinha conhecido em toda minha vida.Ainda no ensino médio eu tinha me voluntariado em um hospital para passar algumas horas com crianças com câncer, no inicio era só um dia na semana. Mas pouco a pouco me apaguei aquelas crianças e passei a vibrar com suas pequenas conquistas, e a me alegrar quando elas se curavam. Mas por algum motivo, Lizz era especial para mim. Talvez porque nunca tinha visto ninguém da sua família , e um dia ela me disse que os pais tinham morrido e o &ua
ALEXANDREOuvi quando Lizz pediu que Melissa lhe contasse uma história e vi as duas desaparecem das minhas vistas. Terminei de ajeitar as coisas e fui bisbilhotar o que aquela duas estavam aprontando.— Era uma vez... – a voz de Melissa recitava – Uma linda e talentosa bailarina, mas ela não era qualquer bailarina. Não ela era especial, pois quando dançava ela era capaz de levar toda dor e sofrimento embora.Encostei na parede, sem querer que ela interrompesse a história.— Todos amavam a bailarina, a queria por perto... e sempre que alguém sofria, não demorava para que ela aparecesse para curar todas as dores.Fechei os olhos, sentindo toda a dor, e ao mesmo tempo esperança contidas naquela história inocente. Ela floreou, inventou, misturou a verdade com a fantasia, mas era sua história, sua vida, seus anseios.
MELISSAAssim que entrei na sala os olhares se cravaram em mim, por um segundo achei que estava sendo paranoica. Estavam mesmo me olhando. Sentei no meu lugar de costume, e sem dar maior atenção para os olhares comecei a arrumar meu material.— Você deve ser Melissa. – Uma voz disse acima de mim.Ergui os olhos encarando um rapaz que me encarava.— Não é da sua conta! Cai fora!— Vamos lá, pare com essa ceninha. Você parecia bem à vontade com menos roupa e diante de todas aquelas pessoas, vai fazer a difícil agora?Senti meu sangue gelar, mas mantive a calma.— Não faço ideia do que você está falando. Me deixa em paz!Juntei minhas coisas e tentei sair dali. Ele segurou meu braço.— Quanto você quer? Para dança
ALEXANDRENão sabia se ficava preocupado por ela ser daquele jeito ou orgulhoso. Melissa era forte e decidida, independente demais. Mas isso também era arriscado. Não tinha nada de errado dançar, o corpo era dela e isso deveria ser seu direito, fazer o que bem entendesse, mas eu sabia que as pessoas não pensavam dessa forma.A maioria aplaudiu sua atitude e notei alguns olhares de admiração em meio a multidão, algumas jovens se aproximaram provavelmente parabenizando sua atitude, longos minutos se passaram até que ela estivesse livre.Seus olhos encontraram os meus e ela caminhou para longe, sabia o que isso significava e a segui para um lugar mais afastado.— Problema resolvido. – ela disse com um sorriso convencido nos lábios.— Não acredito nisso. – me aproximei ainda mais, sab
MELISSAMeu coração batia descompassado, mas a única coisa em que conseguia pensar era em como desejava mais daquilo, daquele sentimento que ele tinha mostrado. Poucas vezes tinha visto Alex perder o controle, ser só... um homem.Um homem com desejos, um arrepio desceu pela minha coluna, que me desejava.Eu tinha tentando esquecer aquilo, mas era obvio que ele não me deixaria em paz, então ao menos poderia aproveitar aquilo, não?O que estava fazendo?Respirei fundo algumas vezes deixando que meu coração voltasse a bater normalmente. Quando finalmente fui capaz de respirar sai do carro e fui para minha aula.Não fui capaz de prestar atenção na aula, mas tentei fingir que o fazia durante todo o dia. Sarah me perguntou algumas vezes se eu estava b
MELISSAAssim que entrei na sala os olhares se cravaram em mim, por um segundo achei que estava sendo paranoica. Estavam mesmo me olhando. Sentei no meu lugar de costume, e sem dar maior atenção para os olhares comecei a arrumar meu material.— Você deve ser Melissa. – Uma voz disse acima de mim.Ergui os olhos encarando um rapaz que me encarava.— Não é da sua conta! Cai fora!— Vamos lá, pare com essa ceninha. Você parecia bem à vontade com menos roupa e diante de todas aquelas pessoas, vai fazer a difícil agora?Senti meu sangue gelar, mas mantive a calma.— Não faço ideia do que você está falando. Me deixa em paz!Juntei minhas coisas e tentei sair dali. Ele segurou meu braço.— Quanto você quer? Para dança
ALEXANDRENão sabia se ficava preocupado por ela ser daquele jeito ou orgulhoso. Melissa era forte e decidida, independente demais. Mas isso também era arriscado. Não tinha nada de errado dançar, o corpo era dela e isso deveria ser seu direito, fazer o que bem entendesse, mas eu sabia que as pessoas não pensavam dessa forma.A maioria aplaudiu sua atitude e notei alguns olhares de admiração em meio a multidão, algumas jovens se aproximaram provavelmente parabenizando sua atitude, longos minutos se passaram até que ela estivesse livre.Seus olhos encontraram os meus e ela caminhou para longe, sabia o que isso significava e a segui para um lugar mais afastado.— Problema resolvido. – ela disse com um sorriso convencido nos lábios.— Não acredito nisso. – me aproximei ainda mais, sabia que j&aacut