Retornou para o carro com o rabo entre as pernas. Sentou-se debruçado no volante, encarando o amigo que tinha uma expressão derrotada na face.
Sabia que era errado, mas por uma pequena fração de segundos, pôde idealizar uma criança tão bonita quanto ela, tocando piano da mesma maneira que ela tocava.
— Porque não me disse que ela era professora de piano ?
Cassiel primeiro arregalou os olhos, logo depois os normalizando e riu alto.
— Ela ainda dá aula? Puts, achei que tinha parado!
Foi através do piano que começou sua amizade com a morena. Aula de Artes na faculdade, e ao entrar na sala de música para estudar, lá estava
— É impressão minha ou você tem se tornado mais ansioso que o normal ? — Amara perguntou curiosa.Talvez sim, talvez não. O sentimento estranho de afobação ainda era uma incógnita para Alaric. Poderia até afirmar que a provável causa seria por seguir Dafne até as aulas de piano, poder vê-la tocar tão magnificamente e vê-la rodeada de tantas crianças. O instigava automaticamente a criar imagens manipuladas em sua cabeça, trocando seus pequenos alunos por uma criança com suas próprias características físicas.Era apaixonado por piano e ver alguém tão apaixonado quanto ele, lhe dava certo conforto.— Impressão sua, mãe! — Sentad
— Você já foi mais pontual, Daf — Um sorriso branco preencheu sua visão, acompanhado de olhos avelãs e cabelos loiros entre o cobre e o dourado. Ela nem mesmo parecia ter envelhecido.— Srta Lofield, você nunca envelhece ?A amiga riu, envergonhada, porém feliz com o elogio discreto.— Usei da mesma receita que você! — Vitória sorriu depois de dar um gancho em seu braço direito a arrastando entre os corpos impacientes para entrar, mas para sua surpresa elas direcionaram-se para o início da fila onde um homem com talvez quatro vezes o seu tamanho as permitiu entrar.O lugar era espaçoso, e de fora era impossível perceber, entre
— Não precisa de táxi, posso te dar uma carona. — Seu olhar mal parava no rosto assustado de Dafne. Transitava pelos fios de cabelos castanhos até o pé.— Yuri… — Ela sussurrou tão assustada com sua presença quanto com a força que ele usava em seu pulso. — Não quero incomodar.Seu coração deu um salto quando o viu passar a língua nos lábios e olhar para os lados procurando alguma objeção que obviamente não era a dela, mas procurando “alguém” que pudesse defendê-la dele.— Seria um prazer, Dafne. — Seu nome n
— Ual, você é corajosa. — Vitória exclamou surpresa enquanto tomava goles quente do café na xícara vermelha de Dafne, que estava sentada no sofá de canto da sala com um olhar apreensivo aguardando uma resposta sobre tudo o que ela havia acabado de contar.Locfield havia chegado ali pela manhã cedo e antes de se sentar para ouvir a razão de muita coisa, ela foi paciente em fazer o café.— Eu não queria ter mentido ontem, Vic. Me desculpe.— Eu não devia ter ficado tão longe, Daf. Eu poderia ter ajudado você.
A porta se abriu e a cabeleira ruiva tomou conta da luz de dentro.Era Greeta.— Daf, querida! — Os braços finos e quentes a aconchegaram em um aperto saudoso — Fico feliz que tenha vindo.— Meus parabéns! — Seus olhos percorreram a ruiva e logo atrás dela uma mesa de presentes, droga. — Eu realmente fui pega de surpresa com o convite, mas vou mandar algum presente através de Cassiel.— Sabe que eu não ligo para essas coisas, mas caso insista uma garrafa de vinho será bem vinda. — Cordial demais, mas nem toda essa cordialidade podia esconder o furacão que Greeta era. Seus olhos pareciam estar colados um ao outro de tanto cansaço, ela tossiu pela secura na garganta e logo depois um espirro soou alto no quarto quieto. Céus, uma maldita gripe se aproximava. Culpa do tempo indeciso de Seattle. Seu telefone gritava embaixo do travesseiro.— Alôoo — Sua voz estava completamente amarrotada pelo sono.— Deus, Dafne. São quase 11hrs da manhã, ainda esta dormindo ? — Vitória e seu militarismo de acordar mais cedo que as galinhas.Esfregou os olhos algumas vezes, cambaleando pelo chão duro e frio da casa.No dia anterior havia passado boa parte dos dias procurando construtoras que pudessem reformar sua casa para vendê-la e no fim de17
O mundo era um infinito obscuro, uma imensidão de nada, da escuridão e do limbo. Conforme os segundos passavam parecendo horas, no fim do túnel medonho uma luz trepidava, como faíscas no escuro, e a medida que a luz culminava pelas beiradas da escuridão, um cheiro cítrico alcoólico queimava sua narinas como as labaredas de fogo consumidas no inferno.A luz se rompeu, machucando seus olhos e devolvendo o mundo externo, libertando-a de sua própria mente, o subconsciente tenebroso quase intocável de sua mente. Um bip soava em seus ouvidos, com alguns tilintares próximos, próximos demais zunindo como abelhas.— Ela está acordando, chame a enfermeira! — A voz estava surpresa
Havia um bebê dentro de seu corpo, evoluindo, crescendo e se tornando saudável.Não sentia nada de especial, nem um sintoma ou resquício de que uma vida se alimentava dela. Sua última consulta havia dado negativo, como poderia estar grávida depois de um exame de boa precisão ? Não era possível, mas Alaric não era um homem de mentiras. Se ele dissesse que dinossauros andavam sobre a terra, então dinossauros estariam andando sobre a terra, e ele teria razão no final.Seus olhos continuavam a se abrirem à medida que o bip ainda acelerava.— Impossível... o...o...o exame deu negativo, Alaric! — Sussurros, sua voz era apenas sussurros agora.Último capítulo