Laura A casa está um caos. Javier anda de um lado para o outro, incapaz de esconder a angústia. Mateus, por outro lado, tenta manter a calma, mas o aperto na mandíbula revela sua tensão. Eu me sinto no limite, mas sei que preciso ser a voz da razão. Sempre fui. O carro que Luna usou foi encontrado em uma pista clandestina de pouso. Isso só confirma o que já sabíamos, ela não está mais aqui. Mas para onde foi? E por quê? — Como é que ninguém viu nada? — Javier explode, socando a mesa. — Minha filha sai sem avisar, pega um carro, e simplesmente desaparece?! Mateus, sentado no braço do sofá, cruza os braços com um suspiro pesado. — Pai, você sabe quem ela é. A neta da La Serpiente. — Ele diz isso com uma tranquilidade desconcertante. — Se tem uma coisa que Luna sabe fazer, é desaparecer sem deixar rastro. Ela deve ter tirado uns dias para esfriar a cabeça. — Isso não me tranquiliza! — Javier rebate, os olhos brilhando de frustração. — Ela está lá fora, sozinha! — Ela não está
Laura — Itália... — E o que você está fazendo aí, Luna? — Visitando o passado, mãe. Precisei vir. — Sua voz quebra por um momento, e meu coração aperta ainda mais. — Vou avisar a todos para suspenderem as buscas! — Luna... — Tento buscar palavras que a consolem, mas ela continua. — Eu li a carta.. Aquelas palavras... elas não saem da minha cabeça. Eu sinto que preciso cavar mais fundo, descobrir tudo. O que aconteceu com meus pais, quem eles realmente eram. Por que tudo aconteceu daquela forma. — E você acha que isso vai te trazer paz? — Não sei. — Confessa, com um suspiro. — Mas preciso tentar. Não consigo ignorar isso. — Luna, por favor, tome cuidado. — Minha voz sai embargada. — Esse caminho que você está trilhando é perigoso. — Eu sei. — Mas estou sob proteção da máfia italiana. Estou segura. E não se preocupe. Não deixei rastros. Eu respiro fundo, tentando absorver tudo. — Luna... você ainda é tão jovem. Não precisava carregar esse peso sozinha. — Eu
Laura Após um dia muito movimentado, entro em contato com Jordana, Maria, Martina para tomarmos um mate e termos que colocar nossos assuntos em dia. Faz tempo que não tiramos um tempo para nós, decidimos nos reunir em uma das suítes para colocar o assunto em dia, como nossos assuntos incluem pessoas não tão banais que são nossos maridos, temos que ter cuidado onde nos reunimos. Também precisamos nos organizar para o casamento da Luna que está me preocupando, ela é sempre muito explosiva, voluntariosa e sentir que tem algo muito estranho no ar quando ela encontrou o Théo. Martina como sempre primorosa no gerenciamento da cozinha, a mesa está perfeita. Há várias geleias, sucos, cremes, patês, bolos e pães. Isso vai nos fazer engordar alguns gramas a mais, temos que pensar que já não somos tão mocinhas assim. Não leva muito tempo e minhas amigas começam a chegar. Sinto a alegria que cada reunião provoca em nós, é um momento que nós estreitarmos os laços que nos une e que nos mantém
Laura E assim o nosso encontro continua, as meninas estão alegres e eu observo que mesmo com a passagem do tempo continuamos lindas e ativas. Realmente cada fase da vida tem o seu ápice e nós estamos no nosso. Vejo a Jordana totalmente diferente da mulher que conheci, hoje realizada, feliz, independente, cheia de iniciativa e planos, totalmente diferente da mulher depressiva dependente do sentimento de outra pessoa. A Maria está exultante com a realização do seu trabalho ela nunca imaginou que seria capaz de administrar tão bem um local como hotel, e tudo aqui é perfeitamente organizado estrategicamente decorado para a satisfação de pessoas super exigentes, ela é a responsável por tudo isso. Maria, hoje vive uma realização profissional e continua amando o Heitor, na mesma forma de quando os conheci, os seus olhos brilham e há sempre um sorriso em seus lábios. A Martina é totalmente outra, após viver as incertezas que viveu em seu casamento. Com sua chegada na fazenda para um s
Laura –O QUE!!!! MAIS POR QUE? PERGUNTOU AFLITO HORÁCIO. –DÁ ONDE SAIU ESSAS IDEIAS???? INQUIRIU Ó HEITOR –VOCÊS ESTÃO BEM??? FALA PREOCUPADO O JAVIER. – VOCÊ FICOU MALUCA!!! EU NUNCA MAIS FARIA ISSO AFIRMA TEODORO. Olhando agora para aquele momento foi até engraçado eles ficaram tão desesperados com que nós estávamos pensando mas o que que eles esperavam, meses em silêncio sem nos falar nada e nós somente observando toda aquela movimentação imensa. Nossa mente fértil teve que dar asas à imaginação já que estávamos casados com mafiosos que eram envolvidos com boates e redes de prostituição nada mais lógico do que um prostíbulo de luxo localizado em um lugar que não levasse risco para pessoas de alta visibilidade. Até que Javier explicou toda a situação –Vocês está achando que nós compramos essa fazenda e vamos transformá-la em um prostíbulo perto de nossas mulheres? –Vocês enlouqueceram? Ele olha na direção do Heitor do Horácio e do Teodoro e fala rindo: A única coisa b
Theo O dia começou agitado igual ao meu estado de espírito há dias que eu voltei do Uruguai e aquela garota não me sai da cabeça, vive ocupando minhas lembranças a cada instante, sem contar que agora ela ainda é minha noiva! Só de pensar nisso eu já fico com urticária cada vez que lembro o modo que nós conhecemos O meu sangue ferve e a imagem dela que vem à memória aquela menina faz com que o meu sangue de tesão e de raiva Ela é tão irritante que tem conseguido até me tirar a concentração do meu trabalho Cada vez que relembro o nosso jantar de noivado eu fico abismado, não sei como nossos pais não perceberam o clima pesado entre nós, ainda bem que ela segurou a onda, porque senão Dona Jordana me mataria e me botaria na churrasqueira ali mesmo isso com toda certeza! Ela é a mulher mais irritante que eu já conheci, mas também é a mais bela! E a que eu mais desejo, recordo-me do beijo que trocamos e meu corpo aquece na mesma hora. Terei que controlar o meu ímpeto ao lidar com a
Luna Confissões e DecisõesGiovana já saiu para a escola, e agora estou sozinha com Dinorá e Marcelo. A casa está silenciosa, e a luz suave da manhã entra pelas janelas, iluminando o ambiente de forma quase reconfortante. Estamos sentados na sala de estar, com xícaras de café quentes entre as mãos. Dinorá me observa com um olhar acolhedor, enquanto Marcelo parece atento, como se esperasse pelas palavras que eu sei que preciso dizer.Respirando fundo, começo.— Estou noiva. — As palavras saem de forma firme, mas não sem um peso.Os dois se entreolham, surpresos.— Noiva? — Dinorá pergunta, a voz carregada de curiosidade e preocupação.— Sim, é complicado. Não foi uma escolha por amor, se é isso que estão pensando. — Dou um sorriso triste antes de continuar. — É um acordo entre máfias. Algo que garante alianças e mantém a paz.Dinorá não tenta esconder o desconforto em seu rosto, mas Marcelo apenas balança a cabeça levemente, como se entendesse perfeitamente o que isso significa.— E
LunaAs lágrimas caem livremente enquanto falo. Consegui externar muitas coisas, falar com ela e talvez até sentir a sua presença, eu precisava disso para seguir em frente, foi um grande desabafo, uma necessidade que até o momento em que cheguei aqui, não sabia que tinha.Há uma dor em meu peito que não consigo descrever, mas ao mesmo tempo, sinto que me libertei de algo e cresce uma determinação inexplicável dentro de mim.Fico ali por um tempo, chorando e falando com minha mãe, como se ela pudesse me ouvir. Dinorá não diz nada. Apenas me observa de longe, respeitando o meu momento.Quando finalmente me levanto, enxugo as lágrimas e respiro fundo, é como se ali, naquele túmulo, eu tivesse renascido, diferente, mais forte e mais insensível, agora pronta para os inimigos…— Pronta? — Dinorá pergunta suavemente.— Não — respondo, olhando para o túmulo uma última vez. — Mas eu vou ficar.Ela sorri tristemente, segurando minha mão enquanto voltamos para o carro. O peso da minha decisão é