Paco não obteve nenhuma resposta. Dandara não poderia e nem queria revelar os seus planos, porque a realidade era que nem ela sabia o que pretendia. Tudo que Dandara sabia, é que precisava descobrir mais sobre Michaela, e sobretudo, queria estar à frente de qualquer possível ameaça que ela poderia arquitetar.E assim, seguiu aquela tarde. E logo quando a noite caiu, o motorista de Dandara já a esperava em frente a empresa. Assim que Dandara entrou no carro, notou que não estava sozinha.— Você. — Ela sussurrou ao dá de cara com Paco, sentado nos bancos traseiros.Dandara engoliu em seco ao estar em frente aquele homem novamente, próxima o suficiente para notar o perfume amadeirado e de sândalo que ele exalava, o mesmo aroma que a fizera perder o raciocínio horas antes. — Está corada. — é tudo que Paco diz ao notar a expressão de Dandara e ele faria de tudo para descobrir o que se passava em sua mente naquele instante. — O que está fazendo aqui? — Dandara ignora sua pergunta, po
Dandara não fazia ideia de quanta raiva sentia até sair pisando em fundo de sua sala. Em passos rápidos, ela se encontrou do lado de fora de sua casa. Seu peito queimava de fúria, não poderia entender como Paco havia feito aquela pergunta a ela, como poderia suspeitar que o seu coração ainda batesse por Curtis?Dandara se sentia completamente ofendida por aquela insinuação, porque aquilo significava que Paco não a conhecia como ela pensava, e ela percebe que todos os avanços que acreditava ter conquistado justo a Paco, eram apenas coisas de sua cabeça.Por isso, respirando fundo, Dandara seguiu até o jardim de sua casa, almejando estar sozinha após um longo dia. No entanto, seu plano cai por terra quando olhou em frente e avistou um homem ali. Não existia mais ninguém ao redor, exceto aquela figura masculina e extremamente alta, de costas para Dandara.E mesmo com todos os motivos para se afastar daquele lugar, os pés de Dandara tiveram vida própria e ela seguiu em frente. Até para
A atmosfera se mostrou hostil enquanto aqueles dois homens se encaravam. Paco olhava para Curtis com aversão, estava presente naquele homem tudo que Paco detestava em vida. Ao passo em que Curtis fitava-o com a maior indiferença exposta em suas írises castanhas. O fato de Paco estar ali, em sua frente, o enfrentando com hostilidade só demonstrava que ele via o Curtis como um adversário, um rival competente. E só esse detalhe fez com que o ego que existia em Curtis se expandisse. — Talvez você tenha esquecido de falar o mesmo para sua mulher. — Curtis quebrou o silêncio, enfatizando a frase de Paco contra ele. — Foi ela quem veio até a mim. Talvez você não esteja sendo o suficiente. Ao ouvir aquela provocação, Paco teve que lutar o máximo possível para se controlar. Cerrando os punhos, e se forçando para não atingir o rosto daquele homem, ele decidiu agir do único modo possível: apático. Paco não daria ouvidos a provocação de Curtis, porque naquele instante, tudo que importava
— Me diga, o que mais ele tirou de você? — Paco pergunta, outra vez insistindo em uma questão que Dandara jamais poderia revelar a ele. Ou a ninguém. A verdade era que ela sempre havia sido uma mulher reservada, não costumava esbanjar os detalhes de sua vida, mas também jamais tivera um segredo que precisaria manter só para ela, guardado a sete chaves.Entretanto, naquela altura da sua vida, Dandara sentia todo o peso do mundo sobre seus ombros. Sentia-se exausta por carregar tantos segredos e dores sozinha, sem poder compartir suas amarguras mais profundas com ninguém. E sobretudo, com o homem em sua frente.Dandara enxergava nos olhos de Paco, uma versão de si mesma mais vulnerável, mais genuína, e extremamente transparente. Por isso, naquele momento, enquanto ela pondera o que diria a ele, tudo parece esmagar em seu peito, porque ela parecia ser incapaz de mentir para Paco, de ocultar a menor coisa que fosse. Porque, por alguma razão louca, Dandara sentia que mesmo nas suas pio
Assim que Dandara e Paco retornam ao salão de festas da mansão, ela percebe que não há nenhuma razão a vista para o total estardalhaço que ouviu minutos antes. Ao contrário, todos os olhares daqueles convidados pausam nela, seguidos de sorrisos e de aplausos discretos.Dandara se encontra um tanto confusa pela recepção calorosa, mas logo que olha em frente, avista o seu pai, e ele está prestes a fazer um brinde enquanto a fita diretamente.Ronald bate lentamente os dedos no cristal de sua taça, tomando a atenção para si, revelando que está prestes a fazer um grande anúncio.— Boa noite a todos que estão aqui. — O seu pai começa. — Como todos devem saber, nós estamos aqui para celebrar a última conquista das Indústrias LeBlanc. Mas nós jamais teríamos conseguido isso, sem uma pessoa específica. Sem a minha filha, Dandara LeBlanc.Ele sorri em sua direção, e Dandara sente sua bochecha pegando fogo, jamais soubera como reagir a elogios. Sobretudo, frente ao amplo público que também a
Capítulo 40Dandara não tinha muito tempo para pensar sobre qual seria o seu próximo passo. De modo que, em questões de segundos, ela abriu a porta de um dos quartos naquele corredor e se escondeu ali, esperando que sua presença não tivesse sido notada.No mesmo momento, Michaela vira o rosto na direção oposto daquele corredor. Sente-se vigiada, e a desconfiança que invade o seu peito a deixa em alerta. No entanto, o que Michaela recebe é o absoluto vazio, um silêncio que lentamente a fez acreditar que estava tudo bem, que não estava sendo perseguida e o que o seu segredo ainda estava protegido. Mas Michaela jamais havia sido uma mulher de riscos: ela premeditava suas ações e sempre arquitetava como reagir se algo a pressionasse. Por isso, Michaela decide sair daquela casa, ir para algum lugar seguro onde ninguém espreitasse o seu verdadeiro “eu”.Dandara, escondida do outro lado da porta, ouve os seus passos se distanciando e percebe que aquela seria a sua melhor chance de sair
Por mais que Dandara fosse uma mulher valente e destemida, ao se dar conta de que estava a sós em um cômodo escuro, com um homem certamente perigoso a segurando com força, ela não pôde evitar vacilar por um instante e todos os pelos do seu corpo se eriçaram.Os olhos de Curtis seguiam presos nos dela, enquanto em sua mente, Dandara se forçava a pensar racionalmente e falar qualquer coisa que tirasse o foco de Curtis dela.— Essa é a hora em que você deve falar, Dandara. — Curtis insiste e tem um sorriso enigmático e sombrio em seu rosto.A verdade era que Dandara não fazia ideia do que falar. Porque tudo que saiu da sua boca minutos antes, não passara de insinuações e suspeitas. Ela tem a plena consciência de que havia falado demais, que havia agido irracionalmente, no entanto, agora que ela estava enfiada naquela bagunça a cada segundo mais. Ela não tinha opções além de tentar virar aquela situação ao seu favor. — Eu apenas estou tentando alertar você, Curtis. — Dandara sussurra
Dandara estava em pé no seu quarto tão pronto quanto os primeiros raios de sol pintaram em sua janela. Mais uma vez, ela não havia conseguido dormir, mais uma noite acordada sendo assombrada pelos demônios do seu passado e a insegurança do seu futuro. Acordou cedo e preparara sua própria mala com tudo que achava que iria precisar pelos próximos dias, enquanto vivesse abaixo do mesmo teto dos Benrouissi.— Você está bem? — Paco pergunta de repente e a atenção de Dandara volta para ele.Eles estavam no carro, indo em direção a mansão de sua família e pelo modo que Dandara mordia os próprios lábios com força e encarava através da janela, Paco poderia apostar que ela estava se arrependendo de sua decisão.— Eu estou bem. — Mas é isso que Dandara responde, mesmo que estivesse inquieta internamente. — Estou tentando criar alguém espécie de meditação que certamente irei precisar pelos próximos dias.Paco a olhou de lado, os olhos instigantes, tentando descobrir tudo que estava por trás