A mente de Dandara se encontra em um intenso desnorteio enquanto tenta assimilar o que toda aquela história significa. Todavia, existe algo em toda essa situação em que não encaixa em sua mente. Toda essa confusão e ira contida está visível em seu rosto e o garoto em sua frente é veloz ao percebê-las. — O que você tem, senhora Dandara? — Carlito pergunta, os pequenos olhos curiosos a analisam. — Eu fiz ou disse algo errado? Assim que ouve aquelas palavras, instantaneamente Dandara balança a cabeça em negação e encara aquele garoto. Ela tenta de toda forma disfarçar o rancor que guarda dentro de si, pois tem a plena ciência do quão negativo era esse sentimento e jamais passaria isso para aquela criança. Por isso, Dandara sorri para ele, e tenta explicar para o garoto o que se passava de um jeito menos obscuro possível. — Você não fez nada de errado, Carlito. Na verdade, você me ajudou. — Dandara começa e o menino a observa, atento. — Alguém tentou me prejudicar ontem à noite,
Por mais que tudo que Dandara necessitasse naquele instante, enquanto sentia o chão se abrir embaixo dos seus pés, fosse se esconder nos braços firmes daquele homem, a sua coragem vacilou. Assim que Dandara parou em frente a Paco, uma timidez desconhecida tomou conta do seu corpo. Ela realmente estava feliz, aliviada até, em vê-lo em sua frente, porque de algum modo, mesmo que todo o seu futuro parecesse incerto naquele momento, ela olhou profundamente nos olhos de Paco. E bem ali, na imensidão cintilante dos seus olhos de avelã, ela enxergou esperança. — Oi. — Ela finalmente respondeu, mesmo que sua voz tivesse falhado. Paco sorriu ao perceber o seu visível embaraço e quão consternada Dandara parecia se encontrar. Por mais que aquele não fosse o momento adequado, e ele sabia perfeitamente bem disso, Paco não pôde evitar a admirar. Dandara estava dentro de um vestido rosa que se colava em seu corpo, desenhando toda as suas curvas enquanto seus espessos fios negros caíam sobre s
Dandara encarou profundamente os olhos de Paco, e mesmo que a proximidade absurda dos seus lábios frente ao deles, fosse agonizantemente quente, ela conseguiu se manter racional. — Estou ciente do quanto você pode ser perigoso, senhor Benrouissi. — Ela sussurrou, os olhos presos em seus lábios. — Sobretudo, quando tenta de todas as formas se manter tão próximo a mim. Aquele comentário divertiu Paco, que não teve opção além de um sorriso preguiçoso e astuto esticar em seus lábios carnudos e rosados. Ele sentia o quão afetada Dandara se encontrava, em cada pequena vez em que ele invadia o seu espaço daquele jeito. No entanto, o modo que o seu peito subia e descia, que a sua respiração ofegante soava como uma canção quente em seus ouvidos, e o sangue corria até as bochechas de Dandara, a deixando vermelha e quente... Era um caminho traiçoeiro, como uma areia movediça. Porque não importava o quanto sua racionalidade o informava que deveria recuar, ele queria mais. E nesse ímpeto
Dandara se limitou a refazer mentalmente todos os pontos de sua apresentação. Na última noite, ela tentou excessivamente descansar, mas sua mente estava alta e direcionada ao quarto anexo ao lado. Decidida em não permitir que sentimentos vãos dominassem a sua vida, ela definiu outra vez todo o controle em suas mãos. Aquele era um novo dia, o dia em que Dandara provaria de modo definitivo todo o seu valor. Por isso, enquanto estava em frente a todos os investidores daquele novo projeto, ela respirou profundamente e entregou o seu melhor. Enquanto Dandara apresentava o seu trabalho, ela pôde notar os olhares de satisfação e até de surpresa de todos reunidos naquela sala de conferência. Muitos investidores ali se perguntaram como em tão pouco tempo, Dandara havia conseguido aquele feito, dentro do curto prazo e sem arranjar nenhuma desculpa em sua produção. A verdade era que Dandara sabia perfeitamente tudo que estava em jogo, era muito além do seu nome ser reconhecido, do suce
Capítulo 34 Em questões de segundos, Dandara se levantou da sua mesa, em alerta. Ela sentia o sangue queimando em suas bochechas, envergonhada e sobretudo, sentia toda a sua compostura esvaindo dela, ao ter cedido ao desejo intenso que percorreu o seu corpo. Enquanto tentava se recompor e tratava de organizar o seu vestido e cabelos desalinhados, Paco bem ao seu lado sorria. Dandara não pôde observar o modo que ele a olhava, mas Paco a bebia com o seu olhar. A fome que estava dentro dele, agora mais que nunca, estava em completa ânsia. Paco ainda a queria, o seu corpo naquele instante estava ardendo, como se estivesse em seu pico mais forte de febre. E aquela febre intermitente estava a ponto de consumir tudo ao redor dos dois, quando foram bruscamente interrompidos. Paco esperou que Dandara mandasse quem quer que fosse embora, e voltasse para o que haviam começado. Mas ela se afastou dele com tanta urgência, como se lutasse pela própria vida. — Entre! — Dandara proferiu, mesmo que
Paco não obteve nenhuma resposta. Dandara não poderia e nem queria revelar os seus planos, porque a realidade era que nem ela sabia o que pretendia. Tudo que Dandara sabia, é que precisava descobrir mais sobre Michaela, e sobretudo, queria estar à frente de qualquer possível ameaça que ela poderia arquitetar.E assim, seguiu aquela tarde. E logo quando a noite caiu, o motorista de Dandara já a esperava em frente a empresa. Assim que Dandara entrou no carro, notou que não estava sozinha.— Você. — Ela sussurrou ao dá de cara com Paco, sentado nos bancos traseiros.Dandara engoliu em seco ao estar em frente aquele homem novamente, próxima o suficiente para notar o perfume amadeirado e de sândalo que ele exalava, o mesmo aroma que a fizera perder o raciocínio horas antes. — Está corada. — é tudo que Paco diz ao notar a expressão de Dandara e ele faria de tudo para descobrir o que se passava em sua mente naquele instante. — O que está fazendo aqui? — Dandara ignora sua pergunta, po
Dandara não fazia ideia de quanta raiva sentia até sair pisando em fundo de sua sala. Em passos rápidos, ela se encontrou do lado de fora de sua casa. Seu peito queimava de fúria, não poderia entender como Paco havia feito aquela pergunta a ela, como poderia suspeitar que o seu coração ainda batesse por Curtis?Dandara se sentia completamente ofendida por aquela insinuação, porque aquilo significava que Paco não a conhecia como ela pensava, e ela percebe que todos os avanços que acreditava ter conquistado justo a Paco, eram apenas coisas de sua cabeça.Por isso, respirando fundo, Dandara seguiu até o jardim de sua casa, almejando estar sozinha após um longo dia. No entanto, seu plano cai por terra quando olhou em frente e avistou um homem ali. Não existia mais ninguém ao redor, exceto aquela figura masculina e extremamente alta, de costas para Dandara.E mesmo com todos os motivos para se afastar daquele lugar, os pés de Dandara tiveram vida própria e ela seguiu em frente. Até para
A atmosfera se mostrou hostil enquanto aqueles dois homens se encaravam. Paco olhava para Curtis com aversão, estava presente naquele homem tudo que Paco detestava em vida. Ao passo em que Curtis fitava-o com a maior indiferença exposta em suas írises castanhas. O fato de Paco estar ali, em sua frente, o enfrentando com hostilidade só demonstrava que ele via o Curtis como um adversário, um rival competente. E só esse detalhe fez com que o ego que existia em Curtis se expandisse. — Talvez você tenha esquecido de falar o mesmo para sua mulher. — Curtis quebrou o silêncio, enfatizando a frase de Paco contra ele. — Foi ela quem veio até a mim. Talvez você não esteja sendo o suficiente. Ao ouvir aquela provocação, Paco teve que lutar o máximo possível para se controlar. Cerrando os punhos, e se forçando para não atingir o rosto daquele homem, ele decidiu agir do único modo possível: apático. Paco não daria ouvidos a provocação de Curtis, porque naquele instante, tudo que importava